Os homens saíram e foram ajudar os demais com os abrigos improvisados, Lucine e Rosina ficaram sentadas no sofá, em silêncio, cada uma digerindo seu inferno particular. — Eu não consigo engolir e nem entender essa maldita guerra, todo esse ódio entre esses clãs. Lucine desabafou meio que para si mesma, pois tinha certeza que Rosina estava novamente em um mundo à parte, longe dali. Mas para sua surpresa, a amiga respondeu depois de um tempo.— Isso é algo mais antigo do que podemos imaginar, e vai além de tudo que achamos ter conhecimento. É um ódio tão antigo quanto os costumes, é o que aprendemos desde criança por aqui. Uma rixa indissolúvel, uma irá que não pode ser acalmada em aplacada por nada e nem ninguém. Eu costumava achar que tudo isso não passava de exagero, mas hoje tive provas de que não é. — Rosina virou lentamente a cabeça para olhar Lucine nos olhos antes de continuar falando. — Quando eu te conheci, pensei que tudo podia ficar bem, que você era um presente para todos
Aram ficou parado diante da paisagem desoladora, observando o que restava após o desastre. Chamas haviam devorado quase tudo, deixando para trás apenas algumas casas resistindo à destruição. Os betas chegavam apressados, carregando lonas e utensílios para erguer abrigos improvisados. Ao redor, outros sobreviventes carregavam pesadas cargas de madeira, o eco dos passos marcando um ritmo triste e solene. Szafir foi rapidamente assumir seu lugar nas construções, e ajudar os sobreviventes.A culpa pesava sobre os ombros de Aram, uma sombra escura em sua mente. Seus olhos perdiam-se na cena enquanto os betas começavam a armar as lonas, criando um frágil escudo contra o céu ameaçador. Em meio à agitação da reconstrução, Aram não conseguia escapar do turbilhão de pensamentos em sua cabeça.Enquanto observava as atividades ao seu redor, ele se via mergulhado em um mar de confusão e dor. As lembranças da brincadeira despreocupada com Lucine ecoavam, tornando-se dolorosamente irônicas agora. A
Quando juntou seus poucos pertences em uma mochila, Lucine não sabia ao certo para onde ir, então resolveu ir para o único lugar possível. Quando chegou ao que um dia havia sido a casa de sua família, parecia fazer uma eternidade que havia sido levada dali. O lugar estava abandonado, mas aparentemente intacto. Ela ainda encontrou molho de chaves reserva debaixo do mesmo vaso em que havia deixado no passado, antes de haverem saído para o que fora a grande emboscada de Aram. Ela sentou-se no sofá empoeirado, largando a mochila ao seu lado. Olhou ao redor e se sentiu extremamente sozinha e perdida.Tinha certeza que nunca havia pertencido a aquele lugar e mesmo depois de tudo ainda não parecia fazer sentido permanecer ali. Contudo, ela simplesmente não tinha para onde ir, não tinha parentes vivos ou opções. Lucine não tinha ninguém! Ela se levantou e foi tomar um banho, para descansar. Já havia comido em uma lanchonete no caminho, agora precisava dormir um pouco, para pensar com clareza
O tempo passou também na aldeia do clã das montanhas, Aram e o clã trabalharam arduamente para reconstruir as moradias destruídas, bem como os galpões de suprimentos. Nesse meio tempo ele havia mandado alguns betas sondar sobre os lobisomens que estavam nas proximidades,e se eles seriam uma ameaça.Pelo que puderam descobrir, o grupo que os atacou era uma vertente que não desejava trégua e nem a paz. Era o mesmo grupo que havia entregue Lucine como uma forma de trégua e distração. Não havia outros clãs de lobisomens nas proximidades, e os outros que existiam não tinham o menor interesse no território, nem nenhuma rivalidade com o clã de lycans das montanhas.Porém uma coisa que todo o grupo havia aprendido na prática, era que lobisomens não eram de confiança. Nunca se deveria baixar a guarda para aqueles vermes que andavam sobre quatro patas. Quando Lucine foi embora, ninguém mais ousou falar sobre a Luna, era como se ela jamais tivesse existido. No início houveram alguns comentários
Lucine já estava a um mês em sua nova vida, quando começou a se sentir muito doente. Perdeu um turno de serviço porque simplesmente não conseguia se manter em pé ou parar de vomitar. No outro dia, estava um pouco melhor, mas por insistência de todos foi procurar um médico que pediu alguns exames e constatou que ela estava grávida. — Isso é impossível! Ela contradisse o médico quando este lhe deu a notícia.— Bem, de acordo com seus exames é exatamente isso que está acontecendo com você. Um falso positivo é bastante improvável! Tem realmente certeza que não é possível você estar grávida?Ela parou para pensar no seu cio, e nas ervas que havia tomado. Talvez por ser uma Alfa Suprema, seu organismo funcionasse de forma diferente, tirando o efeito delas no seu corpo. Ou talvez tivesse se esquecido de tomar alguma das vezes. Ela não fazia ideia do que podia ter acontecido, mas o fato é que poderia sim estar esperando um filho.— Me desculpe, doutor, é óbvio que é possível! Eu só fui peg
Alguns dias depois, ao final do turnos delas, Lira perguntou a Lucine o que ela faria na tarde de folga que ambas teriam no final de semana.— Não sei, na verdade meus planos estavam entre organizar a casa, assistir tv ou trabalhar na minha horta.— Nossa, olha para essas opções, fico entediada só de imaginar. Nada disso, que tal irmos à praia tomar um sol e beber uns refrescos enquanto jogamos conversa fora?A ideia parecia boa, estava mesmo precisando pegar um pouco de sol para melhorar seus níveis de vitamina E.— Tudo bem, nos encontramos lá ou você quer que eu te busque em casa?— Me pega lá em casa, e vamos juntas.Lucine foi buscá-la no horário combinado e as duas se instalaram com suas cadeiras em um local sem muitas pessoas ao redor, não muito longe de um quiosque que vendia bebidas. Lira buscou um drinks para si e algo sem álcool para Lucine.— Nossa eu preciso começar, achei que você não iria aceitar o meu convite. Mas me conta, você tem realmente uma horta? Quem tem tempo
Ultimamente Aram detestava a visita do tio, na verdade, detestava qualquer visita que viesse interromper o seu bem-sucedido e satisfatório calvário de dor e autopiedade. Yasmina havia partido para a vida além da vida e ele merecia todo aquele sofrimento pois não a tinha protegido. A Deusa Lua o havia abençoado quando a colocou em seu destino e ele não fora digno daquela graça, às vezes, escolher permanecer vivo era muito mais difícil do que morrer.Agora ele teria que viver o resto de seus dias sob o peso de ter sido indiretamente responsável por sua morte e a dor de não ter mais a sua Luna destinada. Para viver seu suplício, ele só precisava ficar sozinho, o que era muito difícil, visto que ainda era o Alfa daquele clã, apesar de vir há meses negligenciando seus deveres. Ele não fazia questão de ouvir os muitos lamentos do tio, que vinha trazer notícias do conselho de anciãos. O homem disse a Aram que os mais velhos estavam a ponto de desistir dele e já estavam procurando uma saída p
A menina chegou ao vilarejo uma semana depois do acordo entre o Lycan e os lobisomens ser firmado. Aram mandou seus betas que possuíam melhor treinamento em combate para ir buscá-la, ele ainda não estava certo que aquele acordo não se tratava de alguma armadilha.Szafir era o beta de confiança de Aram, haviam lutado diversas batalhas e construíram juntos uma estabilidade para o clã. O amigo era um lobo de honra, em quem ele podia confiar. Se fosse realmente uma armadilha, ele era a pessoa certa para identificar e neutralizar o ataque.Porém, tudo ocorreu de forma tranquila. Quando o grupo de betas chegou no local indicado para pegar a garota, seu líder, Szafir, ficou muito impressionado com o aspecto da fêmea que seria a nova Luna da alcateia. Ela realmente parecia bastante jovem e assustada, era óbvio que não era uma convidada bem-vinda naquela matilha de lobisomens. Estava com as mãos e os pés amarrados e a boca amordaçada. Aquilo parecia um tanto exagerado, dado a constituição frág