Aram ficou parado diante da paisagem desoladora, observando o que restava após o desastre. Chamas haviam devorado quase tudo, deixando para trás apenas algumas casas resistindo à destruição. Os betas chegavam apressados, carregando lonas e utensílios para erguer abrigos improvisados. Ao redor, outros sobreviventes carregavam pesadas cargas de madeira, o eco dos passos marcando um ritmo triste e solene. Szafir foi rapidamente assumir seu lugar nas construções, e ajudar os sobreviventes.A culpa pesava sobre os ombros de Aram, uma sombra escura em sua mente. Seus olhos perdiam-se na cena enquanto os betas começavam a armar as lonas, criando um frágil escudo contra o céu ameaçador. Em meio à agitação da reconstrução, Aram não conseguia escapar do turbilhão de pensamentos em sua cabeça.Enquanto observava as atividades ao seu redor, ele se via mergulhado em um mar de confusão e dor. As lembranças da brincadeira despreocupada com Lucine ecoavam, tornando-se dolorosamente irônicas agora. A
Quando juntou seus poucos pertences em uma mochila, Lucine não sabia ao certo para onde ir, então resolveu ir para o único lugar possível. Quando chegou ao que um dia havia sido a casa de sua família, parecia fazer uma eternidade que havia sido levada dali. O lugar estava abandonado, mas aparentemente intacto. Ela ainda encontrou molho de chaves reserva debaixo do mesmo vaso em que havia deixado no passado, antes de haverem saído para o que fora a grande emboscada de Aram. Ela sentou-se no sofá empoeirado, largando a mochila ao seu lado. Olhou ao redor e se sentiu extremamente sozinha e perdida.Tinha certeza que nunca havia pertencido a aquele lugar e mesmo depois de tudo ainda não parecia fazer sentido permanecer ali. Contudo, ela simplesmente não tinha para onde ir, não tinha parentes vivos ou opções. Lucine não tinha ninguém! Ela se levantou e foi tomar um banho, para descansar. Já havia comido em uma lanchonete no caminho, agora precisava dormir um pouco, para pensar com clareza
O tempo passou também na aldeia do clã das montanhas, Aram e o clã trabalharam arduamente para reconstruir as moradias destruídas, bem como os galpões de suprimentos. Nesse meio tempo ele havia mandado alguns betas sondar sobre os lobisomens que estavam nas proximidades,e se eles seriam uma ameaça.Pelo que puderam descobrir, o grupo que os atacou era uma vertente que não desejava trégua e nem a paz. Era o mesmo grupo que havia entregue Lucine como uma forma de trégua e distração. Não havia outros clãs de lobisomens nas proximidades, e os outros que existiam não tinham o menor interesse no território, nem nenhuma rivalidade com o clã de lycans das montanhas.Porém uma coisa que todo o grupo havia aprendido na prática, era que lobisomens não eram de confiança. Nunca se deveria baixar a guarda para aqueles vermes que andavam sobre quatro patas. Quando Lucine foi embora, ninguém mais ousou falar sobre a Luna, era como se ela jamais tivesse existido. No início houveram alguns comentários
Lucine já estava a um mês em sua nova vida, quando começou a se sentir muito doente. Perdeu um turno de serviço porque simplesmente não conseguia se manter em pé ou parar de vomitar. No outro dia, estava um pouco melhor, mas por insistência de todos foi procurar um médico que pediu alguns exames e constatou que ela estava grávida. — Isso é impossível! Ela contradisse o médico quando este lhe deu a notícia.— Bem, de acordo com seus exames é exatamente isso que está acontecendo com você. Um falso positivo é bastante improvável! Tem realmente certeza que não é possível você estar grávida?Ela parou para pensar no seu cio, e nas ervas que havia tomado. Talvez por ser uma Alfa Suprema, seu organismo funcionasse de forma diferente, tirando o efeito delas no seu corpo. Ou talvez tivesse se esquecido de tomar alguma das vezes. Ela não fazia ideia do que podia ter acontecido, mas o fato é que poderia sim estar esperando um filho.— Me desculpe, doutor, é óbvio que é possível! Eu só fui peg
Alguns dias depois, ao final do turnos delas, Lira perguntou a Lucine o que ela faria na tarde de folga que ambas teriam no final de semana.— Não sei, na verdade meus planos estavam entre organizar a casa, assistir tv ou trabalhar na minha horta.— Nossa, olha para essas opções, fico entediada só de imaginar. Nada disso, que tal irmos à praia tomar um sol e beber uns refrescos enquanto jogamos conversa fora?A ideia parecia boa, estava mesmo precisando pegar um pouco de sol para melhorar seus níveis de vitamina E.— Tudo bem, nos encontramos lá ou você quer que eu te busque em casa?— Me pega lá em casa, e vamos juntas.Lucine foi buscá-la no horário combinado e as duas se instalaram com suas cadeiras em um local sem muitas pessoas ao redor, não muito longe de um quiosque que vendia bebidas. Lira buscou um drinks para si e algo sem álcool para Lucine.— Nossa eu preciso começar, achei que você não iria aceitar o meu convite. Mas me conta, você tem realmente uma horta? Quem tem tempo
A reconstrução das casas estava terminada, e as dos armazéns de suprimentos estava em fase final. Aram estava exausto fisicamente e com o psicológico abalado. Foram meses de muito trabalho árduo, e a incerteza do amanhã. Finalmente as coisas estavam se encaminhando. Os homens já haviam começado a trabalhar novamente por turnos na madeireira e estavam recebendo o suficiente para comprar alimentos. Ele e os betas não pegaram turnos, pois estavam à frente de todo o trabalho de reforma.Mais alguns dias e a vida poderia seguir para o clã, o mais próximo da normalidade que fosse possível. Mas seguir adiante não seria uma tarefa fácil para ninguém, todos deveriam se acostumar com a falta de muitos rostos amigos e queridos. Muitos teriam que se habituar a não ter a quem amavam por perto, exatamente como Aram vinha fazendo. Esses meses serviram acima de tudo para ele ter certeza que amava Lucine, e estava quase enlouquecendo com a falta dela. Com a ligação de Alfa e Luna ele poderia locali
Aram encontrou Szafir saindo a passos largos de sua antiga casa, que agora ambos dividiam com Rosina.— Sério Aram, me deixar encarregado dessa maluca não foi nada legal da sua parte. Ela vai acabar me enlouquecendo, ou me matando enquanto durmo.— Não exagere cara, é só uma garota ferida e traumatizada. Você com certeza já lidou com coisa pior que isso, e mais perigosa.— Eu estou dizendo, ela não é apenas uma vítima. Alguma coisa aconteceu com ela que parece ter alterado a química do seu cérebro. Passe algum tempo com ela e verá, até o olhar dela está diferente. Eu propus que ela finalmente saísse e fizesse algo útil, ajudasse em algo. Sabe o que ela respondeu? Disse que a única coisa útil que poderia fazer é deixar de ser uma maldita vítima. Insistiu para que eu a ensinasse a lutar, atirar, cortar algumas cabeças. Sim, exatamente com essas palavras.Szafir comentou quando viu a cara de espanto de Aram.— Aquele novo olhar gelado, e aquela cicatriz que desce do olho que ficou levant
Aram dirigiu até a pequena cidade onde sabia que Lucine estava, encontrando um ambiente muito diferente daquele que deixou na sua aldeia. O clima ameno e agradável contrastava com o frio congelante das montanhas de onde vinha, mesmo sendo noite. Ao chegar na madrugada, decidiu não procurar um hotel, optando por dormir um pouco no carro, até o amanhecer.Ao tentar sair da praça onde parou para se orientar em direção à casa dela, o carro não ligou, indicando que o motor, que tinha enfrentado bravamente a longa viagem, finalmente se entregou. Tentou descansar no carro, mas o calor não o deixou dormir confortavelmente. Decidiu trancar o veículo, pegar sua mochila e seguir a pé até a casa de Lucine.A caminhada durou quase uma hora, ela vivia em um bairro afastado quase no meio de um bosque, revelando uma beleza peculiar. A casa dela era a última antes da mata, com poucas residências na vizinhança.Aram admirou o pequeno chalé amarelo, uma joia entre as árvores. A varanda convidativa na fr