DANTEAcordei sentindo os braços pequenos enrolados a minha cintura, por um momento pensei que tudo havia sido um sonho, mas ao inclinar minha cabeça pude ver o rosto sereno de Aurora repousando em meu peito, os cabelos bagunçados e o lençol fino cobrindo seu corpo, tão linda como sempre foi.Aquela visão me alegrou e, ao mesmo tempo, colocou um peso sobre meu peito.Me levantei com cuidado e a afastei, procurando não acordá-la para aproveitar um pouco mais a visão, não queria estourar a bolha que nos envolvia, mas eu estava ciente de que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer. Apesar de querer, eu sabia que jamais conseguiria sustentar isso por muito mais tempo, eu nunca conseguia..Mas estava decidido a aproveitar ao máximo, mesmo que, no fim, as coisas acabem uma merda.— Acorda — chamei, deixando vários beijos por seu corpo, a puxando para meus braços. — Se você disser que não quer voltar pra casa ainda hoje, vou adorar ficar o resto da noite aqui com você. — É uma ótima propo
AURORAQuando voltei para baixo, Dante já havia ido embora e Eva parecia um pouco tensa enquanto recebia Emma. A garota abraçou minha irmã e depois correu até mim com olhinhos brilhantes, sorrindo enquanto perguntava milhares de coisas sobre a festa da Sharon, sobre os bailes do ensino médio e se eu estaria na cidade no próximo ano para ajudá-la a conseguir um par para os bailes quando estivesse no ensino médio. Eu sabia que ela iria me encher de perguntas, conversar com Emma era como ser interrogada pelo FBI, a diferença é que não havia nenhum assunto realmente sério e tudo o que ela queria saber era sobre garotos e sobre romances, nada que eu já não estivesse acostumada. O assunto Dante não entrou em pauta, muito menos o assunto Clay, Emma fingiu que ele não existia na vida de Eva e eu agradeci por isso, afinal, sabia que minha irmã precisava de um tempo para engolir toda a discussão e reorganizar a própria cabeça, e eu não queria uma nova briga com Eva, já estava agradecida pelo c
AURORAOs dias vieram e passaram rapidamente e, quando a manhã daquela terça-feira chegou, me levantei decidida de que meu amigo já teve espaço pessoal o suficiente. Sabia que tinha aula para ir, mas, naquele momento, a escola não importava tanto, Clay continuava sem aparecer e seus pais eram evasivos quando eu perguntava sobre ele, então, era hora de dar um pulinho lá. — Vai na casa dele? — Evangeline perguntou enquanto tomávamos café, depois daquela noite em que cheguei com Dante, recebemos uma mensagem de nossos pais avisando que passariam as próximas semanas em uma viagem de trabalho e que, se precisássemos de algo, poderíamos falar com nossa vizinha, Alba. Eles costumavam fazer viagens longas vez ou outra, e sempre que o faziam deixavam a nossa vizinha, que adorava molhar as plantas do jardim para ficar de olho em nós, tomando conta das coisas. Ela não costumava vir a não ser que chamássemos, mas notificava meus pais caso alguma coisa estranha estivesse acontecendo. — Vou sim
DANTEO dia letivo já estava no fim e eu me preparava para ir para casa, Aurora não havia aparecido e eu preferi não perguntar ou enviar mensagens, não sabia o que tínhamos e, apesar de gostar muito dela, não tinha certeza sobre como deveria, ou poderia, agir. De um jeito ou de outro, não estávamos em um relacionamento, certo?Subi em minha moto, mas não fui para casa, pilotei devagar pela primeira vez em meses e a deixei na oficina próximo ao centro da cidade, pegando um táxi de la e, só então, seguindo para casa. Cheguei rápido em casa e ouvi, enquanto ainda estava do lado de fora, Lionheart tocando no volume máximo, destranquei a porta e não me surpreendi com a imagem da minha tia com uma vassoura, cantando a plenos pulmões enquanto fazia o cabo de madeira de microfone. — The strory binds us — ela cantava alto, ainda não havia me notado. Discretamente, caminhei até o aparelho e abaixei um pouco o volume, apenas para mostrar que havia chegado. — Boa tarde — falei sorrindo.Min
DANTE — O centro tá meio parado, né? — comentei com minha tia, havia pegado uma carona com ela até a oficina onde tinha deixado minha moto ela precisava de uma revisão e algumas coisas eu, infelizmente, não posso fazer sozinho. — É o parque, chegou tem três dias e sempre que ele vem, todo o resto fica parado. A gente podia marcar para fazer um passeio em família, o que acha? — Tabatha perguntou enquanto estacionava na frente da oficina, me olhando com um ar esperançoso que me impediu de negar o convite. — Podemos sim, acho que seria uma boa ideia — respondi, sorrindo para ela e recebendo um sorriso de volta. Minha tia passou a mão em meus cabelos, me fazendo encolher os ombros levemente. Ela tinha o péssimo habito de me tratar como um garotinho às vezes, o mesmo hábito que minha mãe também tinha. — Você parece estar gostando daqui… — ela comentou, no tom que sempre usava quando queria falar sobre coisas sérias. — Seu tio ligou, disse que queria saber quando você iria v
AuroraMordi meu lábio inferior e suspirei, sabia que aquela história não daria certo, bem, ao menos eu acho que não queria que desse. Não controlava meus sentimentos e, infelizmente, meu coração adolescente parecia não gostar tanto assim de príncipes agora. “Vamos deixar para depois, hoje tenho compromisso!”, enviei a mensagem e voltei a olhar para frente, encarando o estacionamento a minha frente e o procurando. Assim que cheguei a área onde as motos ficavam, eu o vi, de pé ajeitando sua jaqueta preta e olhando o retrovisor da moto. Caminhei até Dante mas meu trajeto foi interrompido por cabelos loiros e um olhar de desprezo já bem conhecido por mim. Marcela estava de pé em minha frente com os braços cruzados e o nariz em pé, uma postura que não era incomum para ela e que eu já conhecia muito bem. A loira jogou os cabelos para trás e olhou o moreno por sob o ombro, ele não havia nos notado e agora, parecia entretido no celular. Nesse mesmo momento uma notificação fez o aparelho
DANTE— Tudo bem? — perguntei, aproximando-me no exato momento em que Marcela deixou o estacionamento com uma cara de quem mataria o primeiro que se colocasse em sua frente. — Aconteceu alguma coisa? — Tá tudo bem — ela sorriu, mas era notável que as coisas não estavam bem. — O que faz aqui? — Vim te buscar para irmos em um lugar, vamo, coloca o capacete — não dei espaços para negativas ou perguntas, a puxei comigo e, pouco depois, coloquei o capacete em sua cabeça, afivelando a trava. — Acho melhor avisar a sua irmã, vamos demorar um pouco.Ela uniu as sobrancelhas e me encarou por alguns instantes, parecia estar em uma guerra interna, no entanto, depois de alguns instantes, ela pegou o celular, enviou uma mensagem para a irmã e, depois, subiu em minha moto. Dei a partida e segui em direção ao centro, cortando os carros e sentindo os braços de Aurora me apertarem levemente. O caminho foi feito em silêncio, Aurora ficou colada a mim o tempo inteiro e, depois de alguns minutos, cheg
AURORA Depois do passeio aterrorizante na montanha-russa e da parada na praça de alimentação, Dante e eu nos direcionamos para a roda gigante, no caminho ele comprou um algodão-doce para mim. A fila naquele brinquedo também não era tão grande, composta em sua maioria por casais e mães com suas filhas pequeninas. Não demorou nada para chegar nossa vez de embarcar no brinquedo, que era um dos meus favoritos no parque.Então, depois que todos haviam embarcado, a roda gigante começou a girar, no seu ritmo lento e calmo. Dante colocou sua mão sobre a minha e senti o brinquedo parar, nosso assento acabou ficando na parte mais alta, nos dando uma visão mais que privilegiada do parque, uma confusão de cores e brilho em meio a um por do sol maravilhoso. Essa confusão me fez recordar de todos os momentos daquele dia e um sorriso leve brincou em meus lábios.— Por que está rindo assim ? — ouvi Dante sussurrar ao meu ouvido, o olhei e vi que seus olhos estavam sobre mim.— Estou lembrando do nos