DANTE — O centro tá meio parado, né? — comentei com minha tia, havia pegado uma carona com ela até a oficina onde tinha deixado minha moto ela precisava de uma revisão e algumas coisas eu, infelizmente, não posso fazer sozinho. — É o parque, chegou tem três dias e sempre que ele vem, todo o resto fica parado. A gente podia marcar para fazer um passeio em família, o que acha? — Tabatha perguntou enquanto estacionava na frente da oficina, me olhando com um ar esperançoso que me impediu de negar o convite. — Podemos sim, acho que seria uma boa ideia — respondi, sorrindo para ela e recebendo um sorriso de volta. Minha tia passou a mão em meus cabelos, me fazendo encolher os ombros levemente. Ela tinha o péssimo habito de me tratar como um garotinho às vezes, o mesmo hábito que minha mãe também tinha. — Você parece estar gostando daqui… — ela comentou, no tom que sempre usava quando queria falar sobre coisas sérias. — Seu tio ligou, disse que queria saber quando você iria v
AuroraMordi meu lábio inferior e suspirei, sabia que aquela história não daria certo, bem, ao menos eu acho que não queria que desse. Não controlava meus sentimentos e, infelizmente, meu coração adolescente parecia não gostar tanto assim de príncipes agora. “Vamos deixar para depois, hoje tenho compromisso!”, enviei a mensagem e voltei a olhar para frente, encarando o estacionamento a minha frente e o procurando. Assim que cheguei a área onde as motos ficavam, eu o vi, de pé ajeitando sua jaqueta preta e olhando o retrovisor da moto. Caminhei até Dante mas meu trajeto foi interrompido por cabelos loiros e um olhar de desprezo já bem conhecido por mim. Marcela estava de pé em minha frente com os braços cruzados e o nariz em pé, uma postura que não era incomum para ela e que eu já conhecia muito bem. A loira jogou os cabelos para trás e olhou o moreno por sob o ombro, ele não havia nos notado e agora, parecia entretido no celular. Nesse mesmo momento uma notificação fez o aparelho
DANTE— Tudo bem? — perguntei, aproximando-me no exato momento em que Marcela deixou o estacionamento com uma cara de quem mataria o primeiro que se colocasse em sua frente. — Aconteceu alguma coisa? — Tá tudo bem — ela sorriu, mas era notável que as coisas não estavam bem. — O que faz aqui? — Vim te buscar para irmos em um lugar, vamo, coloca o capacete — não dei espaços para negativas ou perguntas, a puxei comigo e, pouco depois, coloquei o capacete em sua cabeça, afivelando a trava. — Acho melhor avisar a sua irmã, vamos demorar um pouco.Ela uniu as sobrancelhas e me encarou por alguns instantes, parecia estar em uma guerra interna, no entanto, depois de alguns instantes, ela pegou o celular, enviou uma mensagem para a irmã e, depois, subiu em minha moto. Dei a partida e segui em direção ao centro, cortando os carros e sentindo os braços de Aurora me apertarem levemente. O caminho foi feito em silêncio, Aurora ficou colada a mim o tempo inteiro e, depois de alguns minutos, cheg
AURORA Depois do passeio aterrorizante na montanha-russa e da parada na praça de alimentação, Dante e eu nos direcionamos para a roda gigante, no caminho ele comprou um algodão-doce para mim. A fila naquele brinquedo também não era tão grande, composta em sua maioria por casais e mães com suas filhas pequeninas. Não demorou nada para chegar nossa vez de embarcar no brinquedo, que era um dos meus favoritos no parque.Então, depois que todos haviam embarcado, a roda gigante começou a girar, no seu ritmo lento e calmo. Dante colocou sua mão sobre a minha e senti o brinquedo parar, nosso assento acabou ficando na parte mais alta, nos dando uma visão mais que privilegiada do parque, uma confusão de cores e brilho em meio a um por do sol maravilhoso. Essa confusão me fez recordar de todos os momentos daquele dia e um sorriso leve brincou em meus lábios.— Por que está rindo assim ? — ouvi Dante sussurrar ao meu ouvido, o olhei e vi que seus olhos estavam sobre mim.— Estou lembrando do nos
THEO— Tem certeza que esse tá bom? — Lanna me perguntou pela milésima vez enquanto se olhava no espelho de corpo inteiro do seu quarto, analisando sua roupa para a festa e passando as mãos nos cabelos recém-pintados. — Eu tenho que estar perfeita Theo.— Esta ótimo, Lan, agora para de frescura porque já está tudo organizado! — Revirei os olhos e peguei meu celular.— Você acha que ele vai aparecer? — Ela me encarou com dúvida no olhar. — Sei lá, toda essa coisa com aquela garota, ele parece realmente gostar dela.— Gostando ou não, ele vem, Lan — Dei de ombros. — Afinal, é só uma festa… — sorri para ela, claro que Dante viria, e eu esperava que ele fizesse tudo que eu planejava, assim eu poderia provar a todos o quão certo eu estava sobre ele.Claro que convidá-lo foi uma ideia minha e eu não precisei me esforçar muito para que Lanna comprasse a ideia. Ela não sabia muito sobre Aurora e tinha certeza que o convite repentino ao cara com quem eu quase troquei uns socos era apenas uma
DANTEQuando o dia amanheceu, acordei preguiçosamente, mas não demorei mais que alguns minutos para lembrar que tinha compromisso hoje. A tarde de ontem foi incrível, cada segundo ao lado de Aurora era inexplicável para mim, e eu me sentia bem ao lado dela de uma forma que jamais me senti com outra pessoa, mas não sabia o que tínhamos, nem sabia se queria mesmo ter algo. Talvez ela também não soubesse, já que nunca nos comprometemos, então que mal havia em ir uma festa?Talvez estivesse apaixonado, mas uma certeza que tinha era que eu não estava morto.Enquanto me dividia entre ir ou não ir, ouvi batidas na porta e, pouco depois, Amberthy entrou em meu quarto, com o ar emburrado de sempre. Ela parou na minha frente, depois de revirar os olhos para garantir que expressou seu desprezo, falou: — Já que vamos para o mesmo lugar, se quiser, podemos ir juntos. — Esse é seu jeito de pedir uma carona? — alfinetei, erguendo uma das sobrancelhas e vendo-a bufar de irritação. — Tudo bem, poss
THEOAs coisas iam exatamente como eu planejei, mesmo que minha amiga não soubesse desse plano. Observei enquanto os dois dançavam e enchiam a cara, logo estavam bêbados e loucos na pista, voltei a me misturar com as pessoas em e a curtir a festa, já que sabia que oque eu estava querendo não aconteceria agora, afinal, apesar de meio bêbado, Dante ainda estava sóbrio demais opara ouvir sua consciência.Cheguei a pista de dança e passei as mãos pela cintura de alguém que eu conhecia bem, Amberthy dançava sozinha e, assim que sentiu minhas mãos em sua cintura, relaxou um pouco mais o corpo, colando as costas em meu peitoral. — Não imaginei que fosse mesmo acatar meu pedido — falei, ao seu ouvido, percebendo sua pele se arrepiar. — Fala de mim, mas sabia muito bem o que eu queria com ele aqui, não é?— Não tenho nada a ver com isso — ela resmungou, movendo o quadril no ritmo da música. — Dante é idiota se cair na sua arapuca, e eu só queria uma carona para a festa, só isso. — Claro com
CLAYNo momento em que Aura me pediu uma carona, eu sabia que as coisas não dariam certo. Tudo estava calmo demais, pacifico demais, depois da última turbulência nossa vida entrou em uma calmaria que eu quase acreditei que duraria mais que duas semanas. Mas o que eu podia fazer? Ela estava ao meu lado o tempo inteiro, eu estaria ao lado dela também. Cheguei a sua casa e dirigi com ela em silêncio enquanto via como ela estava ansiosa, talvez até empolgada. Por mais que ela negasse Aura estava apaixonada, talvez apaixonada como nunca antes, e eu tinha medo de como essa historia iria acabar. Pela primeira vez torcia para que alguém fosse mais do que aparentava, eu torcia para que Dante fosse mais do que aparentava. Mas nem toda torcida do mundo nos livrou do que estava bem na nossa frente. Eu perguntaria alguma coisa se não a conhecesse, se não soubesse quase que exatamente o que havia acontecido quando Aura entrou no carro e se jogou em meus braços, somente por isso eu não perguntei