DANTEAcordei com o irritante toque do meu celular. Sabia que não deveria ter saído e nem me lembrava direito da hora que havia chegado em casa. Provavelmente tia Tabatha havia me dado um belo e longo sermão sobre bebidas. Porém, eu não podia vir para Dakota e não falar para meus antigos amigos, nem festejar um pouco minha chegada nada desejada ou planejada.É claro que eu não imaginei que meus avós me jogariam realmente para tia Tabatha. Apesar das ameaças, eu fui o famoso Tomé, precisei ver para crer e aqui estava eu, sendo obrigado a acordar cedo, muito mais cedo que um aluno comum. Massageei minhas têmporas e me ergui, desligando o alarme do celular. Milagrosamente Amberthy não havia invadido meu quarto e me cobrindo de reclamações por encher o saco da sua querida mãe, já que minha prima sentia prazer em tentar fazer com que eu me sentisse mal por atrapalhar os planos da minha tia. Tomei um banho rápido e desci as escadas, chegando à cozinha e observando minha tia, que já estava
— Infelizmente — falou ela. Sua voz era melodiosa e me causou um estranho arrepio na nuca. — Vem comigo e tira esse sorrisinho da cara antes que eu te deixe plantado aqui.Ela me surpreendeu mais uma vez, quem diria que uma garota tão sorridente teria uma língua tão afiada? Caminhei ao lado dela enquanto seguíamos pelo grande corredor. A garota parecia um pouco aérea em sua tarefa e por um momento eu achei que ela tinha esquecido que estava me ajudando a encontrar meu armário. Tive a certeza que ela se distraiu por alguns instantes quando me encarou, piscando repetidas vezes e fazendo um bico discreto.— Qual seu nome? — perguntou em seguida, me fazendo sorrir novamente, vendo suas sobrancelhas se unirem, provavelmente imaginando que eu estava pensando besteira, e talvez eu estivesse mesmo. — Para encontrarmos seu armário — se justificou rapidamente. — Dante — respondi após alguns instantes, sorrindo levemente e recebendo um novo olhar irritado, acompanhado por passos rápidos.A gar
— Bem, a diretora me mandou falar com você, ela disse que veio com ótimas recomendações da sua antiga escola — falou ele, sem muita enrolação. Clay parecia tão retraído e desconfiado quanto eu. — Por isso, se quiser, estamos indo fazer um treino básico agora, pode fazer um teste, quem sabe entrar no time se tiver interesse.— Não me parece uma má ideia, eu acho.Clay não disse mais nada, ele só começou a caminhar para fora da sala e eu o segui em silêncio. Depois de passarmos por alguns corredores, finalmente chegamos a uma quadra interna. O local era grande, havia enormes arquibancadas e a estrutura era ótima para qualquer um que almejasse jogar algumas partidas ou um campeonato. Depois de me trocar e da chegada de mais seis garotos, Clay explicou como o treino funcionaria e me apresentou aos demais jogadores.Após dividir o time em duas equipes pequenas, o jogo começou. Apesar de ser um jogo de aquecimento ou, como o capitão havia dito, um treino leve, todos pareciam bastante compet
AURORA— Será que podemos estudar? — perguntou Emily, pela terceira vez. — Temos prova na segunda pessoal, se fosse para ficar de bobeira eu tinha ficado em casa. Eu entendia a irritação dela. Emily era, sem dúvidas, a maior CDF da turma de literatura e, para seu terror, a última coisa que queríamos fazer era estudar. Enquanto ela tentava nos convencer, Megan, Clay e eu estávamos perambulando pela cozinha. Megan estava ajoelhada de frente para o forno esperando pacientemente os cookies terminarem de assar, Clay decidia qual filme veríamos, e eu terminava de preparar nosso chocolate quente, afinal, a tarde estava um pouco fria.— Vocês são impossíveis! — Reclamou Emily, suspirando e passando as mãos nos seus cabelos escuros, que eram bem curtos e ondulados. — Nem sei por que acreditei que iríamos mesmo estudar dessa vez.— Cadê a Evangeline, Rora? — perguntou Megan, tirando a forma do forno e a colocando cuidadosamente no balcão de mármore.— Ela saiu com um amigo, não me lembro o nom
AURORALevando em conta o lado lógico da coisa, eu deveria ter tirado uma péssima nota na prova de biologia. Porém, graças ao ótimo sistema de ensino do Saint 's Louis, eu estava bastante contente com meu B +. O fim de semana foi agradável, depois da tarde de sábado regada a filmes de comédia romântica e bastante besteiras, tudo o que fiz foi dormir bastante e estudar um pouquinho para a prova na noite de domingo. Clay havia passado o domingo na casa da avó e eu acabei privada de sua maravilhosa companhia até a segunda pela manhã, quando ele foi me buscar em casa para irmos à escola. Tudo estava calmo demais, principalmente se eu levasse em conta que o baile estava próximo demais e a organização não estava nem um pouco organizada. Não havia nada oficialmente decidido e a única coisa que era de consenso era que o tema seria “Festa a fantasia”. Um pouco infantil? Talvez, mas vai ser bem divertido. Todos ainda estavam meio distraídos. As meninas ainda estavam “animadas” com a chegad
AURORA— Chegamos! — A voz de Clay ecoou por todo o ginásio e eu sabia que ele não estava sozinho.— Até que enfim! Meninas, mandem os meninos cuidarem das caixas com as estátuas e dos móveis, mostrem onde eles devem colocar cada coisa. — Falei, descendo da escada e tirando a caneta dos cabelos, o que fez com que os fios castanhos se soltassem do coque mal feito. — Ah! Acendam as luzes do túnel? Preciso ir verificar algumas coisas e colocar esses enfeites por lá.Dito isto peguei a caixa mediana e segui para o túnel escuro, era uma estrutura de papelão e malha preta. Por dentro haviam imitações de teia de aranha, pisca-pisca por todo lado e alguns retalhos de papel coloridos pelo chão. Quando eu cheguei o local ainda estava escuro, coloquei a caixa no chão e peguei meu celular, mandando uma mensagem para Tawny, lembrando das luzes.Estava segurando uma caixa com alguns morcegos, chaves envelhecidas com asinhas, bem parecidas com aquelas que aparecem em Harry Potter, e uma placa de Boa
Não podia negar que, inicialmente, a presença de Dante era incômoda. Não tinha nada contra ele, mas seu comportamento cheio de si era irritante e me trazia péssimas lembranças. Dante era muito parecido com um alguém que precisava, para o meu bem e de Aurora, se manter no passado.Mas não podia fazer nada além de mantê-lo sob o controle, ao menos com relação à Aura. Era claro que seu nome era sinônimo de confusões e a última coisa que precisávamos era de mais um cara encrenca por aqui. O dia passou rápido demais para tudo o que precisava ser feito, porém, o grande grupo de alunos deu conta da maior parte da arrumação, já que as líderes de torcida haviam adiantado boa parte do trabalho coordenadas por Aura, quando chegamos, havia somente os serviços mais pesados e partes da decoração. Desse modo, passei boa parte da tarde colando morcegos e corações, arrastando poltronas para áreas temáticas, no entanto, não me passou despercebido quando Dante seguiu em direção ao túnel com algumas cai
— Já tentou parar de pensar um pouco nas coisas e viver? — o tom dela era acusatório, enquanto acertava um tapa em meu ombro, Aurora suspirava pesadamente. — É um baile da escola, o que pode dar errado? Além disso, você precisa de uma folga, ser meu melhor amigo em tempo integral é muito cansativo!Aquela pergunta não me parecia nem um pouco retórica, porém, suspirei, derrotado. Talvez, pensar na possibilidade de convidar a irmã da minha melhor amiga para o baile não fosse tão ruim, quem sabe assim o que não passou de uma troca de olhares por mais de um ano se tornasse algo que gerasse, ao menos, boas lembranças. Não demoramos muito para chegar à casa de Aura, a rua estava silenciosa e o sol estava quase se pondo. Quando descemos do carro, assim que chegamos à porta de entrada, o cheiro delicioso do jantar chegou até nós e não foi difícil imaginar que Tia Victoria estava em casa. Passamos pela entrada e seguimos em direção à cozinha, Aura foi conversar com o pai e eu aproveitei o m