Não podia negar que, inicialmente, a presença de Dante era incômoda. Não tinha nada contra ele, mas seu comportamento cheio de si era irritante e me trazia péssimas lembranças. Dante era muito parecido com um alguém que precisava, para o meu bem e de Aurora, se manter no passado.Mas não podia fazer nada além de mantê-lo sob o controle, ao menos com relação à Aura. Era claro que seu nome era sinônimo de confusões e a última coisa que precisávamos era de mais um cara encrenca por aqui. O dia passou rápido demais para tudo o que precisava ser feito, porém, o grande grupo de alunos deu conta da maior parte da arrumação, já que as líderes de torcida haviam adiantado boa parte do trabalho coordenadas por Aura, quando chegamos, havia somente os serviços mais pesados e partes da decoração. Desse modo, passei boa parte da tarde colando morcegos e corações, arrastando poltronas para áreas temáticas, no entanto, não me passou despercebido quando Dante seguiu em direção ao túnel com algumas cai
— Já tentou parar de pensar um pouco nas coisas e viver? — o tom dela era acusatório, enquanto acertava um tapa em meu ombro, Aurora suspirava pesadamente. — É um baile da escola, o que pode dar errado? Além disso, você precisa de uma folga, ser meu melhor amigo em tempo integral é muito cansativo!Aquela pergunta não me parecia nem um pouco retórica, porém, suspirei, derrotado. Talvez, pensar na possibilidade de convidar a irmã da minha melhor amiga para o baile não fosse tão ruim, quem sabe assim o que não passou de uma troca de olhares por mais de um ano se tornasse algo que gerasse, ao menos, boas lembranças. Não demoramos muito para chegar à casa de Aura, a rua estava silenciosa e o sol estava quase se pondo. Quando descemos do carro, assim que chegamos à porta de entrada, o cheiro delicioso do jantar chegou até nós e não foi difícil imaginar que Tia Victoria estava em casa. Passamos pela entrada e seguimos em direção à cozinha, Aura foi conversar com o pai e eu aproveitei o m
Os preparativos para o baile tomaram boa parte da minha semana. Todo o tempo livre que eu tinha, estava voltado para decoração, planejamento e até contato com alguns fornecedores de bebidas, comidas e a busca incessante por um DJ disponível. Apesar de toda a agitação, a semana passou como um foguete e eu quase não tive tempo de arcar com todos os meus compromissos. — Tem certeza que tá legal? — Perguntei para Clay, girando na frente do espelho e me olhando fixamente por alguns instantes. Me sentia completamente insegura. — Quantas vezes vou precisar repetir que você está maravilhosa? — Ele perguntou, me encarando com seus grandes olhos castanhos, de uma forma que eu conhecia bem. — Admito que não acreditei que você faria isso, mas veja só, me surpreendeu pela primeira vez. — Clay sorriu, se levantando de minha cama e parando ao meu lado, de frente para o espelho.Acho que nunca levei algo tão a sério quanto essa fantasia, talvez por isso eu estivesse tão bonita. Meu vestido tinha be
AURORANão demorei a ver Sharon assim que entrei no salão. Sua fantasia tomava proporções quase eróticas, talvez um pouco justa demais para uma festa do ensino médio, mas não podia negar que estava bonita vestida de mulher gato e parecia feliz arrastando Dillan de um lado para o outro. Aparentemente, eles haviam se acertado de novo. Fugindo do esperado, a loira mal parou para falar comigo, apenas elogiou o trabalho e a organização, arrastando o namorado, que estava em uma fantasia de bombeiro igualmente sexy, para a pista de dança eles não combinavam em nada com relação às roupas e, conhecendo Sharon como conheço, aquilo certamente foi motivo para uma discussão.Depois da aparição rápida dela, nada mais me chamou atenção constatei que tudo estava em seu lugar e, finalmente, eu podia me divertir. Porém, infelizmente, eu não gostava tanto assim de festas. Sem Clay comigo eu provavelmente acabaria passando a noite encostada em uma parede qualquer bebendo esse ponche de qualidade duvidosa
DANTEAurora uniu as sobrancelhas, fazendo uma expressão confusa que eu não poderia classificar como nada menos que adorável. Parecia estar menos irritada e muito mais surpresa agora, me analisando com seus grandes e bonitos olhos castanhos. Ao menos não parecia querer me matar. Ponto para mim. — E por que eu dançaria com você? — ela perguntou, um tanto quanto rude, cruzando os braços. — Porque não tem nada melhor para fazer — comecei, aproximando-me um pouco mais e estendendo a mão. — E porque eu não vou sair daqui até que aceite — fiz uma pausa, encarando-a e erguendo as sobrancelhas, abrindo um sorriso. — Não vai morrer por uma dança, cupido.Observei Aurora pensar, seus olhos castanhos mostravam o conflito em que ela se encontrava. Não entendia o porquê de sempre estar na defensiva quando eu me aproximo, porém, estava decidido a quebrar um pouco de sua resistência hoje, por pura implicância. Talvez não somente por implicância. Vacilante a vi descruzar os braços e devagar, pou
AURORAEstaria mentindo se dissesse que a dança não me abalou. Dante era sensual, gostoso no sentido mais puro da palavra, ele exalava algo que me deixava fora de mim, isso me deixava em alerta. Assim, movida pelo meu instinto de proteção, fiz de tudo para não esbarrar com ele durante o resto da festa. Tudo estava perfeito, mas estamos na Sant 's Paul não é ?E um baile não é um baile sem a coroação do rei e da rainha. Provavelmente, Dillan e Sharon subiriam no palco improvisado, onde uma banda iniciante tocava, e eu não estava nem um pouco animada para ver aquilo, minha noite estava começando a ficar entediante de novo. Mas antes o tédio que o nervosismo e todas as sensações que ele me provocava e das quais eu queria fugir. Então, entediada, saio do ginásio e sigo pelo jardim, caminhando sem um destino certo ou pressa. A brisa levava meus cabelos para trás enquanto meus olhos se fixavam no céu, que estava bonito e extremamente estrelado. — Estou quase me arrependendo de ter deixad
DANTEEstava frustrado, não havia como expressar o que sentia se não a frustração. Ainda sentia a vibração do toque dela em minha pele, ouvia a respiração suave e seu sorriso ainda estava gravado em minha mente, mesmo quando a festa estava quase acabando e eu sequer a via por ali. Passei boa parte da noite sentado em uma mesa conversando com algumas pessoas, até dancei uma ou duas vezes com Marcela, mas nenhuma das danças se comparava a que eu tive com Aurora e aquilo me irritava. Claro que não estava apaixonado, porém, quanto mais rápido eu conseguisse o que queria, mais rápido pararia de pensar nela, ao menos era o que eu esperava.Quando a coroação começou e todos começaram a gritar e comemorar, aplaudindo os coroados e voltando a dançar, percebi que a festa já não tinha mais graça para mim e que precisava procurar um lugar melhor para ir, ou alguém mais interessante para conversar. O baile não demoraria muito mais para acabar, no entanto, antes que eu seguisse para fora, observe
AURORADepois de um tempo, eu já não tinha saco para conversas, para festa, para nada! Não consegui ficar no ginásio por muito tempo, quando o alvoroço da coroação começou e todos se distraíram, me esgueirei para fora, não queria estragar a diversão de ninguém, sabia que ficariam preocupados. Segui pelo túnel e sai do local, caminhando até o grande jardim, me escondendo entre as sombras das árvores, aproveitando o silêncio pacifico e a privacidade que eu raramente tinha na escola. Não entendia como as coisas podiam dar tão errado em um período de tempo tão curto. Quando a noite começou, eu estava orgulhosa e animada, feliz e eufórica. Agora tudo o que consigo pensar é em como lidar com um fantasma do passado que acreditei já estar esquecido. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e um bolo se formar em minha garganta enquanto meu coração se retorcia em meu peito. Depois de todo esse tempo, saber o quanto aquele passado me afetava me deixava ainda pior.“Não, Aurora, você não vai