DANTEAurora uniu as sobrancelhas, fazendo uma expressão confusa que eu não poderia classificar como nada menos que adorável. Parecia estar menos irritada e muito mais surpresa agora, me analisando com seus grandes e bonitos olhos castanhos. Ao menos não parecia querer me matar. Ponto para mim. — E por que eu dançaria com você? — ela perguntou, um tanto quanto rude, cruzando os braços. — Porque não tem nada melhor para fazer — comecei, aproximando-me um pouco mais e estendendo a mão. — E porque eu não vou sair daqui até que aceite — fiz uma pausa, encarando-a e erguendo as sobrancelhas, abrindo um sorriso. — Não vai morrer por uma dança, cupido.Observei Aurora pensar, seus olhos castanhos mostravam o conflito em que ela se encontrava. Não entendia o porquê de sempre estar na defensiva quando eu me aproximo, porém, estava decidido a quebrar um pouco de sua resistência hoje, por pura implicância. Talvez não somente por implicância. Vacilante a vi descruzar os braços e devagar, pou
AURORAEstaria mentindo se dissesse que a dança não me abalou. Dante era sensual, gostoso no sentido mais puro da palavra, ele exalava algo que me deixava fora de mim, isso me deixava em alerta. Assim, movida pelo meu instinto de proteção, fiz de tudo para não esbarrar com ele durante o resto da festa. Tudo estava perfeito, mas estamos na Sant 's Paul não é ?E um baile não é um baile sem a coroação do rei e da rainha. Provavelmente, Dillan e Sharon subiriam no palco improvisado, onde uma banda iniciante tocava, e eu não estava nem um pouco animada para ver aquilo, minha noite estava começando a ficar entediante de novo. Mas antes o tédio que o nervosismo e todas as sensações que ele me provocava e das quais eu queria fugir. Então, entediada, saio do ginásio e sigo pelo jardim, caminhando sem um destino certo ou pressa. A brisa levava meus cabelos para trás enquanto meus olhos se fixavam no céu, que estava bonito e extremamente estrelado. — Estou quase me arrependendo de ter deixad
DANTEEstava frustrado, não havia como expressar o que sentia se não a frustração. Ainda sentia a vibração do toque dela em minha pele, ouvia a respiração suave e seu sorriso ainda estava gravado em minha mente, mesmo quando a festa estava quase acabando e eu sequer a via por ali. Passei boa parte da noite sentado em uma mesa conversando com algumas pessoas, até dancei uma ou duas vezes com Marcela, mas nenhuma das danças se comparava a que eu tive com Aurora e aquilo me irritava. Claro que não estava apaixonado, porém, quanto mais rápido eu conseguisse o que queria, mais rápido pararia de pensar nela, ao menos era o que eu esperava.Quando a coroação começou e todos começaram a gritar e comemorar, aplaudindo os coroados e voltando a dançar, percebi que a festa já não tinha mais graça para mim e que precisava procurar um lugar melhor para ir, ou alguém mais interessante para conversar. O baile não demoraria muito mais para acabar, no entanto, antes que eu seguisse para fora, observe
AURORADepois de um tempo, eu já não tinha saco para conversas, para festa, para nada! Não consegui ficar no ginásio por muito tempo, quando o alvoroço da coroação começou e todos se distraíram, me esgueirei para fora, não queria estragar a diversão de ninguém, sabia que ficariam preocupados. Segui pelo túnel e sai do local, caminhando até o grande jardim, me escondendo entre as sombras das árvores, aproveitando o silêncio pacifico e a privacidade que eu raramente tinha na escola. Não entendia como as coisas podiam dar tão errado em um período de tempo tão curto. Quando a noite começou, eu estava orgulhosa e animada, feliz e eufórica. Agora tudo o que consigo pensar é em como lidar com um fantasma do passado que acreditei já estar esquecido. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e um bolo se formar em minha garganta enquanto meu coração se retorcia em meu peito. Depois de todo esse tempo, saber o quanto aquele passado me afetava me deixava ainda pior.“Não, Aurora, você não vai
Era estranho precisar usar aquela fantasia, mas me diverti durante as horas que levei para arrumar tudo e, com toda certeza, o baile seria um evento muito bom, principalmente por saber que Eva iria comigo. Estava usando uma calça marrom justa, botas pretas com fivelas e uma blusa verde que ia até metade das minhas coxas, com algumas folhas coladas aqui e ali. Meus cabelos estavam o mais alinhados possível, o resultado geral até era interessante, apesar de ainda me sentir estranho vestido de Peter Pan. Peguei as chaves do Jipe, o corsage e caminhei para fora do quarto de Aura, parando na porta do quarto de Eva e dando três toques. Estava nervoso, apesar de saber que ela queria ir ao baile comigo, ainda me sentia estranho por sair com a irmã da minha melhor amiga, por mais que Aura fosse a maior apoiadora daquela relação. Antes que o meu nervosismo me levasse à loucura, Eva abriu a porta, sorrindo timidamente para mim enquanto saía, parando ao meu lado e me encarando. Ela estava per
Sem nos dar tempo para responder, ela seguiu em direção a Sharon, que parecia reclamar de algo com um grupo de meninas. Não prestei atenção na confusão, somente guiei Eva até uma das mesas e me sentei ali com ela, um pouco sem jeito, não sabia o que fazer.Eva parecia tão sem jeito quanto eu, então, coloquei a mão sobre a dela, que estava apoiada na mesa, e, acariciando seus dedos delicadamente, me levantei, apontando para a mesa de bebidas.— Vou pegar algo para a gente, já volto! — Expliquei, vendo-a assentir. Me distanciei rapidamente me aproximando da mesa de bebidas e escolhendo com o barman dois coquetéis de frutas vermelhas. Enquanto esperava, a observei de longe. Estava um tanto quanto encolhida na cadeira, ainda um pouco tímida diante do ambiente novo e das pessoas desconhecidas. Ao longe, notei Aura, Emily e Megan cochichando em um canto, me encarando e fazendo caras e bocas enquanto riam. Certamente, meu par e eu éramos o assunto da noite das três. Aura e eu éramos próxi
AURORAIr andando até em casa não era uma opção, apesar da festa ainda estar agitada, já passava das nove da noite e andar sozinha a essa hora não seria nada seguro, por isso, chamei um táxi.Estava aérea, minha mente viajava entre o passado e o presente enquanto eu torcia para que a aparição de Theo fosse somente momentânea, para que ele sumisse novamente e me deixasse em paz. Ficar tão fragilizada com um diálogo de dois minutos só provou, mais uma vez, que eu não havia superado e isso me deixava ainda pior.Assim que o táxi chegou à minha casa eu desci, caminhando o mais silenciosamente que pude, passando pelo portão de entrada e fazendo a volta até chegar à porta dos fundos. Torcia para que meus pais já estivessem dormindo, já que, com toda certeza, perceberiam que eu não estava em um dos meus melhores dias. Abri a porta lentamente, caminhando na ponta dos pés em direção às escadas, porém, antes que eu chegasse até elas, ouvi a voz da minha mãe ecoando pela sala e só então perceb
DANTEAssim que coloquei os pés fora do ginásio me deparei com a confusão. Boa parte do time estava reunido em uma parte do jardim e, de frente para eles, estava um cara que nunca havia visto por ali, ele parecia extremamente a vontade, mesmo com toda a tensão que crepitava no ar. Marcela tencionou o corpo ao meu lado e, assim que viu o rapaz, parou de falar seja lá o que era que estava tagarelando desde que saímos. — Quem é ele? — perguntei, sem olhar para a loira ao meu lado. Ao longe, pude ver Clay encabeçando o grupo de rapazes, que parecia tentar intimidar o estranho, no entanto, ele não parecia se importar nem um pouco com a clara ofensiva dos seis garotos que o encarava com ódio.— Poxa, Clay, é assim que me recebe depois de todo esse tempo? Éramos tão amigos — o ouvi dizer, com sarcasmo, fazendo o avançar um passo para frente. Marcela não respondeu, ela encarava abismada a cena, como se estivesse vendo uma assombração. Seja lá quem for, com certeza, não é desejado por aqui