AURORA— Eles precisam mesmo treinar tanto? — perguntei a Sharon, enquanto entrava com ela em seu carro, me acomodando no banco do carona e jogando minha bolsa no banco de trás. — Tanto quanto nós — ela disse dando de ombros e dando a partida. — Você tá muito hiperativa hoje, tomou quantos litros de café? Ou será que está agitada assim por causa do Dante? — Não seja ridícula — resmunguei, me encolhendo no banco. — Em parte é por ele… Mas eu fiquei de encontrar Brian mais tarde, precisamos conversar sobre as coisas e… — E você está completamente ferrada porque o cara que era seu amor de infância apareceu do nada quando você estava começando a ficar afim da pior espécie de macho que existe — Sharon completou, fazendo a curva e rindo. — Sua sorte sempre foi péssima. Suspirei, ela estava certa, eu sempre tive uma sorte terrível e, na minha vida, não existe nada ruim que não possa piorar. Como se já não bastasse a paixão ridiculamente forte que estava sentindo por Dante, Theo aparecend
BrianEstar ali, com ela era estranho, o que não significava que não era bom. Aurora sempre foi a garota dos meus sonhos de infância, claro que depois da faculdade, dos anos longe eu me envolvi com outras pessoas, mas nenhuma que me fizesse sentir o que ela fazia, mesmo quando eu era tão novo. Como eu, ela também seguiu a vida mas não parecia ter dado tão certo, ao menos era o que eu via. Os olhos dela, aqueles grandes e encantadores olhos castanhos, carregavam algo de diferente agora não eram mais tão brilhantes. Eu a conhecia muito bem para saber que algo havia acontecido, que ela não era mais a mesma garotinha de antes. Mas eu também não era o mesmo, então tudo bem. O silêncio no carro era um pouco pesado, eu estava nervoso, mas ela também parecia estar, mesmo que fingisse que não. Então, preferi não forçar uma conversa, não me importava com o silêncio, desde que, depois, consiga falar para ela tudo o que planejei. Segui pela avenida em direção ao centro, passando pelas ruas mo
AuroraAs horas com Brian foram incríveis, muito melhor do que imaginei mesmo com o acontecido estranho. Encontrar Dante ali foi uma grande surpresa, principalmente com Marcela, eles pareciam um casal e, mesmo que eu não quisesse, aquilo me incomodou um pouco. A conversa que tivemos foi longa e meio constrangedora mas foi boa o suficiente para dar um panorama geral para ele do que tinha acontecido, não com todos os detalhes é claro, algumas coisas eu prefiro não contar ao menos não ainda. Quando chegamos em minha casa, Brian me deixou na porta, trocamos nossos telefones e ele prometeu que viria me visitar, nada com segundas intenções, mas quem sabe o que o futuro nos reservava? Realmente agora eu começava a pensar na hipótese que Sharon estava certa e de que eu deveria tentar. Entrei em casa e vi que meus pais ainda não havia chegado, então subi para meu quarto e fui tomar um banho, tentando acalmar minha cabeça. Não demorei muito no banho, coloquei uma roupa quente e confortável e
Aurora Quando deixei a lanchonete, Clay foi direto para a sua casa preferindo não passar para me deixar em casa a fim de evitar qualquer conflito com Eva. Eu segui sozinha para casa e quando cheguei, estava tudo silencioso. Não vi minha irmã em lugar algum, ao menos não do andar de baixo, por isso, subi as escadas e caminhei devagar até a porta do quarto dela. Parei em frente a porta e bati duas vezes, girando a maçaneta em seguida, abrindo a porta e colocando a cabeça para dentro. Eva estava deitada em sua cama com o rosto afundado em seu travesseiro, eu sabia que ela havia me escutado, mas como não protestou, entrei no quarto e me sentei ao lado dela na cama, olhando-a enquanto a ouvi fungar. — Eva… — comecei, erguendo a destra e apoiando-a em seus cabelos claros, acariciando seus fios macios. — Eu sei que é difícil… Sei que não era o que você esperava e…— Não vem com essa — ela ergueu o rosto, me encarando com seus olhos marejados cheios de raiva. — Por que acha que eu quero u
DanteContra minha vontade, Aurora não sai da minha cabeça. Vê-la hoje a tarde desestabilizou meu dia, meu humor, depois de encontrá-la, nada pareceu mais tão interessante ou divertido, a companhia de Marcela já não era nada empolgante e tudo o que eu conseguia pensar era no por que ela estava ali com ele, por que não comigo?A resposta sobre isso era muito clara, eu provavelmente não era o tipo com quem uma menina como ela se envolver. Mas saber disso não tornava aquela uma verdade mais fácil de aceitar. Estava sentado em uma das minhas lanchonetes favoritas desde que cheguei a cidade tentei encontrar lugares onde eu gostaria de passar o tempo, já que conhecia muito pouco de tudo e até hoje ainda me perdia algumas vezes. Não queria ficar em casa, minha tia não estava e minha prima ainda insistia em me olhar torto sempre que nos batemos em algum lugar, então, pra que estar onde não era desejado? Estava bebendo um café, precisava de algum lugar para ir, algo para fazer qualquer coisa
Dante Aurora me encarou por alguns instantes, ainda desconfiada, mas finalmente cedeu e, descendo da moto, esperou que eu montasse para que ela subisse também. Senti suas mãos pequenas agarrarem minha cintura, pressionando seu corpo ao meu no momento em que dei a partida, ela ainda parecia ter medo da moto, o que era engraçado para mim, já que eu sentia uma incrível sensação de liberdade enquanto corria pelas ruas. Sabia exatamente onde levá-la, não conhecia bem a cidade mas assim que cheguei, em uma de minhas noites de exploração encontrei um recanto especial que eu sabia existir, só não sabia onde ficava. Vaguei pelas ruas com minha moto até encontrar usando como pistas apenas o que ouvi da minha mãe em suas histórias sobre como conheceu meu pai e onde foi o primeiro encontro deles. Quando finalmente encontrei, me senti em paz, era como se estivesse com ela de novo, sentindo o perfume dela e o conforto que só ela me trazia. Era para lá que queria por algum motivo, levar Aurora.
DanteExpliquei a ela como aquele lugar funcionava com a ajuda de alguns moradores e que cuidava da estufa desde que encontrei o lugar. Expliquei também que o lugar era um ponto turístico há anos, mas que com o tempo foi esquecido e agora era usado apenas pelos moradores e com pouca frequência. Aurora ouvia tudo com atenção, atenta a cada palavra e perguntando vez ou outra sobre como era cuidar de um lugar como aquele e se eu recebia para fazer aquilo. De fato eu recebia, era bem pouco, mas no fim eu fazia aquilo por querer estar ali, não pelo dinheiro. Saímos do tapete e começamos a caminhar pelo imenso local, não haviam apenas flores, mas uma infinidade de plantas, algumas que eu sequer sabia o nome. Aurora tocava nas pétalas com todo cuidado, se enfiava entre as grandes plantas como uma desbravadora do mundo e gargalhava sempre que algo não saia como o planejado, como os momentos em que ela acabou caindo ou se assustando com algum inseto. Subimos uma pequena escada que dava para
Quando meus pulmões precisavam de ar, deixei os lábios dela e deslizei os meus por seu pescoço, deixando beijos molhados enquanto sentia seu perfume e seu calor, ouvindo-a arfar enquanto suas mãos desciam por minhas costas. — Você não deveria fazer isso, sabia? — sussurrei, mordiscando o lóbulo da orelha dela, percebendo os pelos finos do corpo dela se arrepiarem. — Eu sou um cafajeste, lembra? — Eu sei… — ela respondeu levando uma das mãos para meu queixo e me puxando de volta para si, beijando meus lábios e depois de se afastar apenas um pouco, sussurrou: — Tenho uma terrível atração por cafajestes…Não sei por quanto tempo ficamos ali, nos beijando conversando, nos conhecendo de um jeito que jamais imaginei. Falamos sobre a briga dela com a irmã sobre a escola, sobre filmes, músicas favoritas, gostos, sobre tudo. Aurora descobriu que moro com minha tia que me mudei por causa do falecimento dos meus pais e porque Tabatha era a única com coragem suficiente para criar o filho proble