Aurora Quando deixei a lanchonete, Clay foi direto para a sua casa preferindo não passar para me deixar em casa a fim de evitar qualquer conflito com Eva. Eu segui sozinha para casa e quando cheguei, estava tudo silencioso. Não vi minha irmã em lugar algum, ao menos não do andar de baixo, por isso, subi as escadas e caminhei devagar até a porta do quarto dela. Parei em frente a porta e bati duas vezes, girando a maçaneta em seguida, abrindo a porta e colocando a cabeça para dentro. Eva estava deitada em sua cama com o rosto afundado em seu travesseiro, eu sabia que ela havia me escutado, mas como não protestou, entrei no quarto e me sentei ao lado dela na cama, olhando-a enquanto a ouvi fungar. — Eva… — comecei, erguendo a destra e apoiando-a em seus cabelos claros, acariciando seus fios macios. — Eu sei que é difícil… Sei que não era o que você esperava e…— Não vem com essa — ela ergueu o rosto, me encarando com seus olhos marejados cheios de raiva. — Por que acha que eu quero u
DanteContra minha vontade, Aurora não sai da minha cabeça. Vê-la hoje a tarde desestabilizou meu dia, meu humor, depois de encontrá-la, nada pareceu mais tão interessante ou divertido, a companhia de Marcela já não era nada empolgante e tudo o que eu conseguia pensar era no por que ela estava ali com ele, por que não comigo?A resposta sobre isso era muito clara, eu provavelmente não era o tipo com quem uma menina como ela se envolver. Mas saber disso não tornava aquela uma verdade mais fácil de aceitar. Estava sentado em uma das minhas lanchonetes favoritas desde que cheguei a cidade tentei encontrar lugares onde eu gostaria de passar o tempo, já que conhecia muito pouco de tudo e até hoje ainda me perdia algumas vezes. Não queria ficar em casa, minha tia não estava e minha prima ainda insistia em me olhar torto sempre que nos batemos em algum lugar, então, pra que estar onde não era desejado? Estava bebendo um café, precisava de algum lugar para ir, algo para fazer qualquer coisa
Dante Aurora me encarou por alguns instantes, ainda desconfiada, mas finalmente cedeu e, descendo da moto, esperou que eu montasse para que ela subisse também. Senti suas mãos pequenas agarrarem minha cintura, pressionando seu corpo ao meu no momento em que dei a partida, ela ainda parecia ter medo da moto, o que era engraçado para mim, já que eu sentia uma incrível sensação de liberdade enquanto corria pelas ruas. Sabia exatamente onde levá-la, não conhecia bem a cidade mas assim que cheguei, em uma de minhas noites de exploração encontrei um recanto especial que eu sabia existir, só não sabia onde ficava. Vaguei pelas ruas com minha moto até encontrar usando como pistas apenas o que ouvi da minha mãe em suas histórias sobre como conheceu meu pai e onde foi o primeiro encontro deles. Quando finalmente encontrei, me senti em paz, era como se estivesse com ela de novo, sentindo o perfume dela e o conforto que só ela me trazia. Era para lá que queria por algum motivo, levar Aurora.
DanteExpliquei a ela como aquele lugar funcionava com a ajuda de alguns moradores e que cuidava da estufa desde que encontrei o lugar. Expliquei também que o lugar era um ponto turístico há anos, mas que com o tempo foi esquecido e agora era usado apenas pelos moradores e com pouca frequência. Aurora ouvia tudo com atenção, atenta a cada palavra e perguntando vez ou outra sobre como era cuidar de um lugar como aquele e se eu recebia para fazer aquilo. De fato eu recebia, era bem pouco, mas no fim eu fazia aquilo por querer estar ali, não pelo dinheiro. Saímos do tapete e começamos a caminhar pelo imenso local, não haviam apenas flores, mas uma infinidade de plantas, algumas que eu sequer sabia o nome. Aurora tocava nas pétalas com todo cuidado, se enfiava entre as grandes plantas como uma desbravadora do mundo e gargalhava sempre que algo não saia como o planejado, como os momentos em que ela acabou caindo ou se assustando com algum inseto. Subimos uma pequena escada que dava para
Quando meus pulmões precisavam de ar, deixei os lábios dela e deslizei os meus por seu pescoço, deixando beijos molhados enquanto sentia seu perfume e seu calor, ouvindo-a arfar enquanto suas mãos desciam por minhas costas. — Você não deveria fazer isso, sabia? — sussurrei, mordiscando o lóbulo da orelha dela, percebendo os pelos finos do corpo dela se arrepiarem. — Eu sou um cafajeste, lembra? — Eu sei… — ela respondeu levando uma das mãos para meu queixo e me puxando de volta para si, beijando meus lábios e depois de se afastar apenas um pouco, sussurrou: — Tenho uma terrível atração por cafajestes…Não sei por quanto tempo ficamos ali, nos beijando conversando, nos conhecendo de um jeito que jamais imaginei. Falamos sobre a briga dela com a irmã sobre a escola, sobre filmes, músicas favoritas, gostos, sobre tudo. Aurora descobriu que moro com minha tia que me mudei por causa do falecimento dos meus pais e porque Tabatha era a única com coragem suficiente para criar o filho proble
EvangelineMinha cabeça latejava, Clay havia ido embora e Aurora sumiu já faz horas. A situação estava totalmente fora do controle, minha cabeça estava uma zona e eu confesso que não deveria ter descontado minha raiva em Aurora, sei que estava errada, mas, no fim, tudo o que eu disse estava entalado em minha garganta há tanto tempo que me senti aliviada, pelo menos por algum tempo. Sei que ela só queria ajudar, mas Aurora precisa entender que ela não pode consertar tudo e todos, principalmente levando em consideração que ela mesma está quebrada. Mas, mesmo com toda a situação, o sumiço repentino da minha irmã não deixou de me preocupar. A contragosto, peguei meu telefone e mandei uma mensagem para a única pessoa que eu imaginei que saberia onde ela estava, ou que poderia estar com ela. Meus dedos tremiam enquanto eu digitava, precisar falar com ele menos de duas horas depois de um “término” me deixava novamente irritada com minha irmã. “Aurora está com você?”, enviei a mensagem e es
ClaySabia que, em algum momento, uma conversa mais contida precisaria acontecer. Não iria me isentar da culpa de magoá-la, no fim, eu deveria ser mais responsável que Eva, mais maduro que ela, maduro o suficiente para saber que, desde o início, aquela história não daria certo. Minha cabeça doía e meu coração estava pesado, mas, assim que recebi as mensagens de Eva, minha preocupação foi direcionada a outro lugar. Eu sabia que só estava procurando uma desculpa para me esconder daquele conflito e o sumiço de Aura foi a preocupação perfeita para isso. Ela não costumava andar por aí sozinha, nem costumava sair na companhia de alguém que não fosse do nosso ciclo mais íntimo de amigos. Por isso, mandei mensagens para as garotas com as quais ela mais conversava e, depois de receber uma negativa de todas elas, sai do meu quarto e passei pela sala encontrando meus pais dormindo no sofá. Deixei um bilhete na geladeira avisando que iria à casa de Aurora, peguei as chaves do jipe e dirigi até
Senti todo meu corpo relaxar, mas continuei ali, de pé. Minhas mãos ficaram inertes ao lado do meu corpo, minha mente foi inundada por imagens daquele mesmo sorriso ao longo de todos esses anos e, o que antes era irritação se tornara um misto tristeza e alegria. Estava triste por perceber que aquele sorriso havia desaparecido desde o primeiro ano do ensino médio, e feliz por vê-la sorrir assim novamente, mesmo que para alguém como Dante. Meus olhos se embaçaram levemente pelas lágrimas, mas consegui contê-las com muito custo. Então apontei para o corredor e falei:— É por ali — minha voz saiu quase inaudível. Dante me olhou confuso, tive que inspirar novamente e falar, agora mais alto. — O quarto dela é por ali — aponto para o corredor, começando a subir as escadas. Dante confirmou e caminhou em direção a primeira porta tentando desajeitadamente abri-la, a cena seria engraçada se não fosse preocupante o fato dele estar ali, fazendo tudo aquilo. Era como um déjà vu, mas ela parecia