O silêncio entre eles era sufocante. Aurora sentia o peso do olhar de Darius sobre si, intenso e predatório. Seu corpo respondia ao chamado do laço, cada célula ansiando por ele, mas sua mente se recusava a ceder.
Não podia ser ele.
Ela deu um passo para trás, tentando recuperar o fôlego.
— Eu não sou sua. — Sua voz era mais firme desta vez.
Darius franziu o cenho, seu lobo rosnando dentro dele. O ar ao redor pareceu vibrar com sua fúria reprimida.
— Não minta para mim, Aurora. — Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. — Você sentiu. Eu sei que sentiu.
Ela engoliu em seco. Sim, sentiu. O vínculo era inegável, ardia em sua pele como uma marca invisível. Mas aceitar isso significava aceitar um homem que, até aquele momento, ela só conhecia por sua fama.
Ela cruzou os braços, tentando esconder o tremor nas mãos.
— Eu não confio em você.
As palavras foram um golpe mais forte do que qualquer ferimento. Os olhos de Darius brilharam em fúria e algo sombrio passou por seu rosto. Ele inspirou profundamente, como se tentasse controlar a tempestade dentro de si.
— Você não me conhece. — Sua voz saiu mais rouca, carregada de algo que Aurora não conseguiu decifrar.
Ela soltou uma risada seca.
— Eu conheço sua fama. E isso já é o suficiente.
Darius fechou os punhos. Seu lobo estava inquieto, à beira da tormenta. Ele nunca precisou provar nada a ninguém, nunca precisou convencer ninguém de sua lealdade ou de sua verdade. Mas agora, com sua companheira diante dele, resistindo ao vínculo que os unia, ele percebeu que pela primeira vez… ele teria que lutar por algo que realmente queria.
Ou melhor, por alguém.
Aurora não esperou sua resposta. Virou-se para sair, para fugir antes que seu próprio lobo a traísse e a fizesse se jogar nos braços daquele Alfa.
Mas antes que pudesse dar mais de dois passos, um rosnado profundo reverberou atrás dela.
Instintivamente, ela congelou. O instinto de sobrevivência de seu lobo gritou para que não desafiasse a fúria de um Alfa. Mas Aurora não era uma fêmea submissa.
Ela se virou para encará-lo, e o que viu fez seu coração disparar.
Os olhos de Darius estavam completamente dourados, seu lobo à beira do colapso. Suas presas estavam ligeiramente expostas, os músculos rígidos.
Ele não gostava da ideia de vê-la indo embora.
— Você não pode fugir de mim, Aurora. — Sua voz saiu mais gutural, carregada de posse e desejo reprimido.
Ela engoliu em seco.
— Eu posso tentar.
Darius deu um sorriso perigoso.
— Então corra, minha pequena loba. Mas saiba de uma coisa… — Ele deu um passo à frente, sua aura se espalhando como uma onda, poderosa e esmagadora. — Eu sempre vou te encontrar.
Ela queria acreditar que suas palavras não a afetavam, mas algo dentro dela vibrou com a promessa. Seu coração martelava, sua respiração acelerada. Era como se o próprio universo estivesse contra ela, forçando-a a aceitar o que não queria.
— Você não pode me obrigar a aceitar isso, Darius. — Aurora forçou sua voz a soar firme. — Um laço não é suficiente para construir confiança.
Darius fechou os olhos por um segundo, como se estivesse se segurando para não perder o controle. Quando voltou a encará-la, havia algo mais ali—não apenas a fúria do lobo, mas a frustração do homem.
— Eu nunca toquei em nenhuma outra mulher. — Sua voz saiu baixa, mas cada palavra carregava peso. — Nunca.
Aurora arregalou os olhos, surpresa.
— Você espera que eu acredite nisso? — Ela deu uma risada nervosa. — O grande Darius Blackwood, o cafajeste da alcateia, dizendo que sempre esteve esperando por sua companheira?
O maxilar dele enrijeceu.
— Acredite no que quiser, Aurora. Mas a verdade continua sendo a mesma.
Ela sentiu algo revirar dentro dela. Se aquilo fosse verdade…
Não. Ela não podia cair nessa.
Virando-se novamente, Aurora começou a se afastar, sua mente um caos. Mas então, um movimento chamou sua atenção.
A poucos metros dali, um grupo de lobos da outra alcateia observava a cena com um interesse perigoso. Um dos homens, alto e forte, sorriu de canto ao cruzar os braços.
— Parece que sua fêmea não quer você, Alfa. — A voz carregava deboche.
Aurora sentiu um arrepio de alerta. Mas foi a reação de Darius que realmente a fez prender a respiração.
O rosnado que saiu de sua garganta foi diferente de todos os outros—selvagem, ameaçador, letal.
E antes que Aurora pudesse reagir, ele já estava avançando.
O lobo de Darius estava à beira da tormenta, e nada o impediria de proteger o que era seu.
O rosnado de Darius ecoou pela clareira, fazendo até mesmo os lobos mais experientes estremecerem. Sua postura era predatória, cada músculo tenso, pronto para atacar. Os olhos dourados brilhavam com fúria enquanto ele encarava o homem que ousara desafiá-lo.Aurora sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O poder de um Alfa era avassalador, e ali, diante dela, estava um dos mais temidos e respeitados de toda a região.Ela conhecia aquele lobo. Caleb Vaughn, um guerreiro arrogante da alcateia do norte, sempre à procura de uma briga. Ele não era um Alfa, mas sua sede por domínio o tornava perigoso.— Eu só disse a verdade. — Caleb sorriu de canto, cruzando os braços. — Sua fêmea não parece muito entusiasmada com essa união. Quem sabe ela prefira um lobo menos… impulsivo?Darius avançou antes mesmo que Aurora pudesse processar as palavras.Rápido como um raio, ele agarrou Caleb pelo colarinho e o ergueu alguns centímetros do chão. O outro lobo grunhiu, surpreso, mas não teve tempo de reag
Aurora não conseguia dormir naquela noite.Desde o momento em que os olhos dourados de Darius encontraram os seus, algo dentro dela se partiu e se reconstruiu ao mesmo tempo. O vínculo os ligava de uma maneira que ia além da lógica, além de qualquer coisa que ela pudesse controlar.Mas aceitar aquilo significava abrir mão de sua própria vontade?Deitada sobre os lençóis, ela fechou os olhos e tentou ignorar a sensação persistente de que não estava sozinha. Seu lobo estava inquieto, ansiando pelo toque do Alfa, pelo calor de sua presença.Ele ainda estava lá fora.Ela se levantou devagar e caminhou até a janela de seu quarto. Como esperava, a figura alta e imponente de Darius estava encostada contra uma árvore, os braços cruzados sobre o peito, os olhos brilhando na escuridão.Aurora sentiu um arrepio percorrer seu corpo.Ele estava vigiando-a.Parte dela queria se irritar com aquela obsessão possessiva, mas outra parte…Ela engoliu em seco e desviou o olhar.Respirando fundo, abriu a
O dia amanheceu quente e abafado. O sol já estava alto, e a aldeia parecia ainda estar em silêncio, como se aguardasse algo importante acontecer. Aurora acordou cedo, mas o peso do que aconteceu na noite anterior ainda a assombrava.Ela não conseguia parar de pensar em Darius. Cada olhar, cada palavra, cada toque… Tudo isso estava gravado em sua mente como uma marca indelével. Ela tentou se convencer de que o melhor seria afastar-se, evitar mais confrontos com ele, mas sua mente teimava em voltar àquele instante, ao calor do seu corpo perto do dela.A verdade era que, por mais que se esforçasse para manter o controle, ela sabia que não poderia negar o vínculo por muito mais tempo.Aurora se levantou e vestiu um vestido simples de algodão, tentando ignorar a sensação de ansiedade que se formava em seu estômago. Quando caminhou até a porta, hesitou por um momento, antes de dar um passo para fora, encontrando a luz da manhã.A aldeia estava silenciosa. Os poucos lobos que passavam por el
A aldeia estava mais movimentada naquele dia. Aurora se sentia cada vez mais presa entre seus próprios sentimentos e o comportamento possessivo de Darius. O vínculo entre eles era inegável, mas a ideia de ser forçada a se render a algo que ela ainda não entendia a deixava inquieta. Cada vez que ela olhava para ele, sentia uma mistura de desejo e medo, algo que a fazia querer fugir e, ao mesmo tempo, se aproximar.Aurora passou os últimos dias evitando Darius o máximo possível. Ele estava sempre perto, sempre vigiando, mas ela não queria ceder. Ela precisava de espaço. Precisava entender o que estava acontecendo com ela.Foi então que ela conheceu alguém novo.Durante um evento da alcateia, um lobo próximo a Darius chegou com um sorriso tranquilo no rosto, suas feições suavizadas por uma aura de calma que imediatamente se destacou. Ele se chamava Elias, e seu olhar era de uma intensidade serena que contrastava com o fogo voraz de Darius. Ele era, sem dúvida, alguém de confiança, e sua
Aurora estava atordoada. O beijo de Darius, feroz e imponente, a havia deixado sem palavras, com o corpo ainda tremendo sob o toque dele. Ela tentava processar tudo o que acabara de acontecer. A intensidade daquele momento havia deixado uma marca indelével nela, e o conflito dentro dela só aumentava. Sua mente gritava que não podia ceder a ele, mas seu corpo… seu corpo parecia clamar por mais. Ela sentia a conexão com ele, mas ao mesmo tempo, a raiva e a frustração estavam esmagando sua racionalidade.Ela recuou alguns passos, ainda respirando pesadamente, tentando organizar seus pensamentos. Darius a observava com um olhar penetrante, seus olhos dourados brilhando intensamente, como se ele soubesse que o que acabara de acontecer não havia sido apenas físico. O vínculo entre eles estava crescendo, e isso fazia o alfa sentir algo que ele nunca quis enfrentar: vulnerabilidade.— Aurora… — a voz dele era suave agora, quase como um sussurro, mas carregada de um desejo profundo. — Não pode
— Você não devia estar aqui. — Ela disse, mas sua voz soou fraca, sem convicção.Darius sorriu de canto, um brilho perigoso no olhar.— E você não devia querer que eu estivesse. — Ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre eles.O coração de Aurora tropeçou no peito. Ela recuou instintivamente, mas suas costas logo encontraram a parede. Seu erro.Darius aproveitou, apoiando as mãos ao lado da cabeça dela, prendendo-a entre seus braços. Seu cheiro envolvia Aurora, uma mistura de madeira e algo puramente masculino que a fazia querer se perder.— Eu sei o que você está sentindo. — Ele murmurou, sua voz vibrando contra a pele dela. — Sei que seu corpo me quer tanto quanto o meu quer você.— Você está errado. — Aurora sussurrou, mas o tremor em sua voz a denunciou.Darius riu baixo, sua respiração quente roçando o rosto dela.— Então por que você não me manda embora?Aurora engoliu em seco, lutando para manter a compostura. Mas seus olhos traíam sua batalha interna, refletindo
O vento cortante carregava o cheiro de sangue e terra molhada. Darius liderava o grupo de guerreiros da matilha pela floresta, seus sentidos aguçados captando cada detalhe ao redor. A tensão era palpável. Algo estava errado.Os limites do território estavam marcados por sinais de uma luta recente. Árvores caídas, pegadas espalhadas no solo e o inconfundível cheiro de lobos que não pertenciam à alcateia.Elias estava ao lado de Darius, sua expressão séria.— Isso não foi um ataque aleatório. Eles queriam ser notados.Darius rosnou em concordância. Os invasores haviam deixado rastros de propósito. Mas por quê?— Há algo mais. — Um dos guerreiros se aproximou, segurando um pedaço de tecido rasgado entre os dedos. Estava sujo de sangue e carregava um símbolo estranho bordado em fios dourados.Darius o pegou, franzindo a testa.— Eu já vi isso antes…Elias estreitou os olhos.— Isso pertence à Matilha da Lua Negra.O nome fez o ar parecer mais pesado.A Matilha da Lua Negra era conhecida p
A casa de Aurora estava silenciosa, envolta pela escuridão da floresta ao redor. O caminho até ali foi feito em silêncio, mas a tensão entre ela e Darius era palpável, como uma corrente invisível puxando os dois na mesma direção. Ele caminhava ao lado dela, os olhos brilhando no escuro, como os de um predador que encontrou sua presa e não pretende deixá-la escapar.Aurora sentia o corpo quente, os lábios ainda formigando pelo beijo que haviam compartilhado. Era errado se sentir assim? Confusa, desejando algo que, até pouco tempo atrás, parecia impossível?Darius parou assim que chegaram à porta. Seus dedos roçaram levemente no pulso de Aurora, um toque quase hesitante, diferente da força bruta com que sempre se impunha. Ela olhou para ele, vendo algo diferente em seu olhar – não apenas desejo, mas um tipo de necessidade que a fazia estremecer por dentro.— Me deixe entrar. — A voz dele era baixa, grave, carregada de algo primal.Aurora não sabia o que responder. Sabia que permitir que