Aurora não conseguia dormir naquela noite.
Desde o momento em que os olhos dourados de Darius encontraram os seus, algo dentro dela se partiu e se reconstruiu ao mesmo tempo. O vínculo os ligava de uma maneira que ia além da lógica, além de qualquer coisa que ela pudesse controlar.
Mas aceitar aquilo significava abrir mão de sua própria vontade?
Deitada sobre os lençóis, ela fechou os olhos e tentou ignorar a sensação persistente de que não estava sozinha. Seu lobo estava inquieto, ansiando pelo toque do Alfa, pelo calor de sua presença.
Ele ainda estava lá fora.
Ela se levantou devagar e caminhou até a janela de seu quarto. Como esperava, a figura alta e imponente de Darius estava encostada contra uma árvore, os braços cruzados sobre o peito, os olhos brilhando na escuridão.
Aurora sentiu um arrepio percorrer seu corpo.
Ele estava vigiando-a.
Parte dela queria se irritar com aquela obsessão possessiva, mas outra parte…
Ela engoliu em seco e desviou o olhar.
Respirando fundo, abriu a porta e desceu os degraus de madeira da pequena casa que sua família mantinha na aldeia da alcateia. O ar da noite estava frio, mas não o suficiente para apagar o calor que queimava dentro dela.
Darius não se moveu até que ela estivesse perto o suficiente para ouvir sua respiração.
— Você não precisa fazer isso. — Sua voz saiu mais suave do que pretendia.
Darius a observou em silêncio por um longo momento antes de responder.
— Eu não preciso. Mas eu quero.
Os olhos de Aurora se estreitaram.
— Você está tentando me sufocar.
Ele deu um sorriso de canto, mas não havia humor ali.
— Eu estou protegendo o que é meu.
Ela cerrou os punhos.
— Eu não sou sua.
Darius não respondeu imediatamente. Em vez disso, deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Seu calor era esmagador, sua presença, impossível de ignorar.
— Diga isso de novo, Aurora. — Sua voz era baixa, um desafio.
Ela abriu a boca, mas as palavras ficaram presas na garganta. Mentira. Ela podia dizer qualquer coisa, mas o vínculo queimava dentro dela, exigindo a verdade.
Darius ergueu uma das mãos e roçou os dedos contra a pele de seu braço. O simples toque enviou um choque de eletricidade por todo o seu corpo, e Aurora se odiou por estremecer sob o contato.
— Você pode lutar contra isso o quanto quiser. — Ele murmurou, os olhos fixos nos dela. — Mas no final, nós dois sabemos para onde isso vai nos levar.
Aurora tentou se afastar, mas a mão de Darius envolveu seu pulso com firmeza, sem força suficiente para machucá-la, mas o suficiente para impedi-la de fugir.
— Eu quero que você me prove. — Ela finalmente disse, desafiadora.
Os olhos de Darius brilharam com algo perigoso.
— Provar o quê?
— Que você não é quem dizem que é. Que você não é apenas um lobo impulsivo e possessivo que quer me trancar em uma jaula.
Darius soltou uma risada baixa.
— Você quer que eu te conquiste.
Aurora ergueu o queixo.
— Quero que você me mostre que eu sou mais do que um instinto para você.
O Alfa a observou por um longo momento. Então, sem aviso, puxou-a pela cintura. O gesto foi firme, mas sem brutalidade. O corpo de Aurora colidiu com o dele, e um suspiro escapou de seus lábios antes que pudesse impedi-lo.
O cheiro de Darius a envolveu—madeira, terra e algo puramente masculino. Seu coração batia freneticamente, e ela sabia que ele podia sentir isso.
Os lábios de Darius roçaram a lateral de seu rosto, tão perto que Aurora podia sentir seu hálito quente contra sua pele.
— Eu vou te provar isso, Aurora. — Sua voz era um sussurro rouco, carregado de promessa. — Mas quando eu fizer, você não terá mais desculpas para fugir.
Ela queria responder. Queria dizer que isso nunca aconteceria.
Mas quando ele se afastou, deixando um vazio doloroso em seu lugar, Aurora percebeu algo aterrorizante.
Ela queria que ele provasse.
E isso era mais perigoso do que qualquer lobo sedento por sangue.
O dia amanheceu quente e abafado. O sol já estava alto, e a aldeia parecia ainda estar em silêncio, como se aguardasse algo importante acontecer. Aurora acordou cedo, mas o peso do que aconteceu na noite anterior ainda a assombrava.Ela não conseguia parar de pensar em Darius. Cada olhar, cada palavra, cada toque… Tudo isso estava gravado em sua mente como uma marca indelével. Ela tentou se convencer de que o melhor seria afastar-se, evitar mais confrontos com ele, mas sua mente teimava em voltar àquele instante, ao calor do seu corpo perto do dela.A verdade era que, por mais que se esforçasse para manter o controle, ela sabia que não poderia negar o vínculo por muito mais tempo.Aurora se levantou e vestiu um vestido simples de algodão, tentando ignorar a sensação de ansiedade que se formava em seu estômago. Quando caminhou até a porta, hesitou por um momento, antes de dar um passo para fora, encontrando a luz da manhã.A aldeia estava silenciosa. Os poucos lobos que passavam por el
A aldeia estava mais movimentada naquele dia. Aurora se sentia cada vez mais presa entre seus próprios sentimentos e o comportamento possessivo de Darius. O vínculo entre eles era inegável, mas a ideia de ser forçada a se render a algo que ela ainda não entendia a deixava inquieta. Cada vez que ela olhava para ele, sentia uma mistura de desejo e medo, algo que a fazia querer fugir e, ao mesmo tempo, se aproximar.Aurora passou os últimos dias evitando Darius o máximo possível. Ele estava sempre perto, sempre vigiando, mas ela não queria ceder. Ela precisava de espaço. Precisava entender o que estava acontecendo com ela.Foi então que ela conheceu alguém novo.Durante um evento da alcateia, um lobo próximo a Darius chegou com um sorriso tranquilo no rosto, suas feições suavizadas por uma aura de calma que imediatamente se destacou. Ele se chamava Elias, e seu olhar era de uma intensidade serena que contrastava com o fogo voraz de Darius. Ele era, sem dúvida, alguém de confiança, e sua
Aurora estava atordoada. O beijo de Darius, feroz e imponente, a havia deixado sem palavras, com o corpo ainda tremendo sob o toque dele. Ela tentava processar tudo o que acabara de acontecer. A intensidade daquele momento havia deixado uma marca indelével nela, e o conflito dentro dela só aumentava. Sua mente gritava que não podia ceder a ele, mas seu corpo… seu corpo parecia clamar por mais. Ela sentia a conexão com ele, mas ao mesmo tempo, a raiva e a frustração estavam esmagando sua racionalidade.Ela recuou alguns passos, ainda respirando pesadamente, tentando organizar seus pensamentos. Darius a observava com um olhar penetrante, seus olhos dourados brilhando intensamente, como se ele soubesse que o que acabara de acontecer não havia sido apenas físico. O vínculo entre eles estava crescendo, e isso fazia o alfa sentir algo que ele nunca quis enfrentar: vulnerabilidade.— Aurora… — a voz dele era suave agora, quase como um sussurro, mas carregada de um desejo profundo. — Não pode
— Você não devia estar aqui. — Ela disse, mas sua voz soou fraca, sem convicção.Darius sorriu de canto, um brilho perigoso no olhar.— E você não devia querer que eu estivesse. — Ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre eles.O coração de Aurora tropeçou no peito. Ela recuou instintivamente, mas suas costas logo encontraram a parede. Seu erro.Darius aproveitou, apoiando as mãos ao lado da cabeça dela, prendendo-a entre seus braços. Seu cheiro envolvia Aurora, uma mistura de madeira e algo puramente masculino que a fazia querer se perder.— Eu sei o que você está sentindo. — Ele murmurou, sua voz vibrando contra a pele dela. — Sei que seu corpo me quer tanto quanto o meu quer você.— Você está errado. — Aurora sussurrou, mas o tremor em sua voz a denunciou.Darius riu baixo, sua respiração quente roçando o rosto dela.— Então por que você não me manda embora?Aurora engoliu em seco, lutando para manter a compostura. Mas seus olhos traíam sua batalha interna, refletindo
O vento cortante carregava o cheiro de sangue e terra molhada. Darius liderava o grupo de guerreiros da matilha pela floresta, seus sentidos aguçados captando cada detalhe ao redor. A tensão era palpável. Algo estava errado.Os limites do território estavam marcados por sinais de uma luta recente. Árvores caídas, pegadas espalhadas no solo e o inconfundível cheiro de lobos que não pertenciam à alcateia.Elias estava ao lado de Darius, sua expressão séria.— Isso não foi um ataque aleatório. Eles queriam ser notados.Darius rosnou em concordância. Os invasores haviam deixado rastros de propósito. Mas por quê?— Há algo mais. — Um dos guerreiros se aproximou, segurando um pedaço de tecido rasgado entre os dedos. Estava sujo de sangue e carregava um símbolo estranho bordado em fios dourados.Darius o pegou, franzindo a testa.— Eu já vi isso antes…Elias estreitou os olhos.— Isso pertence à Matilha da Lua Negra.O nome fez o ar parecer mais pesado.A Matilha da Lua Negra era conhecida p
A casa de Aurora estava silenciosa, envolta pela escuridão da floresta ao redor. O caminho até ali foi feito em silêncio, mas a tensão entre ela e Darius era palpável, como uma corrente invisível puxando os dois na mesma direção. Ele caminhava ao lado dela, os olhos brilhando no escuro, como os de um predador que encontrou sua presa e não pretende deixá-la escapar.Aurora sentia o corpo quente, os lábios ainda formigando pelo beijo que haviam compartilhado. Era errado se sentir assim? Confusa, desejando algo que, até pouco tempo atrás, parecia impossível?Darius parou assim que chegaram à porta. Seus dedos roçaram levemente no pulso de Aurora, um toque quase hesitante, diferente da força bruta com que sempre se impunha. Ela olhou para ele, vendo algo diferente em seu olhar – não apenas desejo, mas um tipo de necessidade que a fazia estremecer por dentro.— Me deixe entrar. — A voz dele era baixa, grave, carregada de algo primal.Aurora não sabia o que responder. Sabia que permitir que
A noite estava carregada de promessas não ditas, de desejos reprimidos que agora explodiam com a força de uma tempestade. Dentro da casa de Aurora, o silêncio era quebrado apenas pela respiração acelerada dos dois. O beijo entre eles era feroz, um duelo de vontades e instintos, onde nenhum dos dois queria ceder, mas ao mesmo tempo, ansiavam pela rendição do outro.Darius a pressionou contra a parede, suas mãos deslizando pela cintura dela, segurando-a como se temesse que ela desaparecesse. Aurora não resistiu. Não mais. Seu corpo respondia ao dele de maneira primitiva, como se a recusa não fosse uma opção.— Você sente isso? — A voz de Darius saiu rouca, carregada de algo que ele próprio tentava controlar.Aurora fechou os olhos por um instante. Claro que sentia. O vínculo entre eles era uma chama que queimava sem piedade, consumindo qualquer resquício de racionalidade que ainda restasse.Mas ao mesmo tempo, algo dentro dela gritava que não deveria ser assim.— Eu… — Ela tentou falar,
O silêncio da noite foi quebrado apenas pelo farfalhar das folhas ao vento. Aurora sentia seu coração martelar contra o peito, ainda tentando compreender o que acabara de acontecer. Darius estava ali, diante dela, esperando… E essa espera a consumia por dentro.Ele havia recuado, mas a intensidade de seu olhar continuava queimando sobre sua pele. Era um jogo de paciência, um embate entre desejo e razão, mas Aurora sabia que, mais cedo ou mais tarde, essa barreira iria ruir.— Vou ficar no limite do meu controle por você, Aurora. Mas não me teste além do que posso suportar. — Darius disse, a voz carregada de algo sombrio e perigoso.Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Parte dela queria ver até onde poderia empurrá-lo, queria brincar com esse fogo que ardia entre os dois. Mas a outra parte, a racional, sabia que estavam pisando em terreno instável.Aurora não conseguiu responder. Ela apenas desviou o olhar, tentando ignorar o calor que tomava conta de seu corpo. Darius suspirou