O rosnado de Darius ecoou pela clareira, fazendo até mesmo os lobos mais experientes estremecerem. Sua postura era predatória, cada músculo tenso, pronto para atacar. Os olhos dourados brilhavam com fúria enquanto ele encarava o homem que ousara desafiá-lo.
Aurora sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O poder de um Alfa era avassalador, e ali, diante dela, estava um dos mais temidos e respeitados de toda a região.
Ela conhecia aquele lobo. Caleb Vaughn, um guerreiro arrogante da alcateia do norte, sempre à procura de uma briga. Ele não era um Alfa, mas sua sede por domínio o tornava perigoso.
— Eu só disse a verdade. — Caleb sorriu de canto, cruzando os braços. — Sua fêmea não parece muito entusiasmada com essa união. Quem sabe ela prefira um lobo menos… impulsivo?
Darius avançou antes mesmo que Aurora pudesse processar as palavras.
Rápido como um raio, ele agarrou Caleb pelo colarinho e o ergueu alguns centímetros do chão. O outro lobo grunhiu, surpreso, mas não teve tempo de reagir antes que Darius o lançasse para trás com um único golpe.
O corpo de Caleb atingiu o chão com força, levantando poeira. Um segundo depois, ele já estava de pé, os olhos brilhando em desafio.
— Então é assim? — Caleb cuspiu no chão, limpando um filete de sangue do canto da boca. — O grande Alfa Blackwood mostrando as presas por causa de uma fêmea que nem mesmo o quer?
Darius rosnou, sua voz baixa e perigosa.
— Você ousa falar sobre minha companheira como se ela fosse um prêmio a ser disputado?
— Se ela fosse verdadeiramente sua, você não precisaria lutar por ela. — Caleb abriu um sorriso provocador. — Ela estaria ao seu lado. Mas veja só… — Ele olhou para Aurora, os olhos avaliando-a com interesse. — Ela está hesitante. Talvez ela esteja esperando uma outra opção.
Aurora sentiu o lobo de Darius explodir em fúria antes mesmo de vê-lo se mover.
Em um piscar de olhos, ele já estava sobre Caleb. O impacto fez o outro lobo cambalear para trás, mas Darius não parou. Seus punhos encontraram o rosto do adversário com força brutal, um golpe após o outro. O som dos ossos se chocando ecoou na clareira.
— Você não. Fala. Sobre ela. — Darius rosnou entre os golpes.
Seu lobo estava à beira da transformação. Os instintos primordiais exigiam sangue, exigiam que ele protegesse sua fêmea, que eliminasse qualquer ameaça.
Os outros lobos assistiam em silêncio, sem ousar interferir. O confronto entre machos dominantes era sagrado.
Aurora, no entanto, não podia ficar parada.
— Darius, pare!
Sua voz cortou o ar como uma lâmina, forte e autoritária.
Por um momento, tudo ficou em silêncio.
Darius ofegava, os punhos cobertos de sangue, os olhos brilhando em fúria e desejo de destruição. Ele queria acabar com Caleb. Queria garantir que ninguém jamais olhasse para sua companheira com aquela ousadia.
Mas então, seus olhos encontraram os de Aurora.
Ela não parecia assustada. Não parecia frágil. Ela o encarava com firmeza, como se desafiasse seu lobo a provar que ainda tinha controle.
— Isso não é necessário. — Aurora deu um passo à frente. — Ele não é uma ameaça.
Darius hesitou. Seu instinto dizia o contrário. Seu lobo gritava para ele acabar com qualquer um que ousasse cobiçar sua companheira.
Mas a maneira como Aurora o olhava… o fez querer ser mais.
Ele soltou Caleb com um último empurrão. O outro lobo caiu de joelhos, tossindo, enquanto Darius se afastava, tentando recuperar o controle.
— Se eu pegar você olhando para ela novamente, não terei tanta misericórdia. — Sua voz era um rosnado baixo.
Caleb riu, cuspindo sangue.
— Você já a perdeu antes mesmo de tê-la.
Darius avançou um passo, mas Aurora estendeu uma mão, tocando seu braço levemente.
Foi o suficiente para fazê-lo parar.
Seu lobo se acalmou instantaneamente com aquele simples toque. O calor da pele dela contra a sua era como uma âncora, trazendo-o de volta.
Ele se virou lentamente para encará-la.
— Você não precisava fazer isso. — A voz dela era baixa.
— Eu preciso proteger o que é meu.
Ela apertou os lábios.
— E eu preciso que você me deixe respirar.
Aquelas palavras atingiram Darius de uma forma que ele não esperava.
Ele achava que poderia simplesmente reivindicá-la, e tudo ficaria bem. Mas Aurora não era uma fêmea qualquer. Ela era sua companheira.
E ele teria que conquistá-la.
Darius respirou fundo, tentando acalmar os instintos que ainda rugiam dentro dele.
— Isso não muda nada, Aurora. Você pode lutar contra isso, mas no final… — Ele inclinou-se levemente para ela, sua voz um sussurro grave. — O destino sempre vence.
Os olhos dela brilharam com uma mistura de desafio e algo mais profundo. Algo que ela não queria admitir.
Porque, no fundo, ela sabia que ele estava certo.
O destino sempre vence.
Aurora não conseguia dormir naquela noite.Desde o momento em que os olhos dourados de Darius encontraram os seus, algo dentro dela se partiu e se reconstruiu ao mesmo tempo. O vínculo os ligava de uma maneira que ia além da lógica, além de qualquer coisa que ela pudesse controlar.Mas aceitar aquilo significava abrir mão de sua própria vontade?Deitada sobre os lençóis, ela fechou os olhos e tentou ignorar a sensação persistente de que não estava sozinha. Seu lobo estava inquieto, ansiando pelo toque do Alfa, pelo calor de sua presença.Ele ainda estava lá fora.Ela se levantou devagar e caminhou até a janela de seu quarto. Como esperava, a figura alta e imponente de Darius estava encostada contra uma árvore, os braços cruzados sobre o peito, os olhos brilhando na escuridão.Aurora sentiu um arrepio percorrer seu corpo.Ele estava vigiando-a.Parte dela queria se irritar com aquela obsessão possessiva, mas outra parte…Ela engoliu em seco e desviou o olhar.Respirando fundo, abriu a
O dia amanheceu quente e abafado. O sol já estava alto, e a aldeia parecia ainda estar em silêncio, como se aguardasse algo importante acontecer. Aurora acordou cedo, mas o peso do que aconteceu na noite anterior ainda a assombrava.Ela não conseguia parar de pensar em Darius. Cada olhar, cada palavra, cada toque… Tudo isso estava gravado em sua mente como uma marca indelével. Ela tentou se convencer de que o melhor seria afastar-se, evitar mais confrontos com ele, mas sua mente teimava em voltar àquele instante, ao calor do seu corpo perto do dela.A verdade era que, por mais que se esforçasse para manter o controle, ela sabia que não poderia negar o vínculo por muito mais tempo.Aurora se levantou e vestiu um vestido simples de algodão, tentando ignorar a sensação de ansiedade que se formava em seu estômago. Quando caminhou até a porta, hesitou por um momento, antes de dar um passo para fora, encontrando a luz da manhã.A aldeia estava silenciosa. Os poucos lobos que passavam por el
A aldeia estava mais movimentada naquele dia. Aurora se sentia cada vez mais presa entre seus próprios sentimentos e o comportamento possessivo de Darius. O vínculo entre eles era inegável, mas a ideia de ser forçada a se render a algo que ela ainda não entendia a deixava inquieta. Cada vez que ela olhava para ele, sentia uma mistura de desejo e medo, algo que a fazia querer fugir e, ao mesmo tempo, se aproximar.Aurora passou os últimos dias evitando Darius o máximo possível. Ele estava sempre perto, sempre vigiando, mas ela não queria ceder. Ela precisava de espaço. Precisava entender o que estava acontecendo com ela.Foi então que ela conheceu alguém novo.Durante um evento da alcateia, um lobo próximo a Darius chegou com um sorriso tranquilo no rosto, suas feições suavizadas por uma aura de calma que imediatamente se destacou. Ele se chamava Elias, e seu olhar era de uma intensidade serena que contrastava com o fogo voraz de Darius. Ele era, sem dúvida, alguém de confiança, e sua
Aurora estava atordoada. O beijo de Darius, feroz e imponente, a havia deixado sem palavras, com o corpo ainda tremendo sob o toque dele. Ela tentava processar tudo o que acabara de acontecer. A intensidade daquele momento havia deixado uma marca indelével nela, e o conflito dentro dela só aumentava. Sua mente gritava que não podia ceder a ele, mas seu corpo… seu corpo parecia clamar por mais. Ela sentia a conexão com ele, mas ao mesmo tempo, a raiva e a frustração estavam esmagando sua racionalidade.Ela recuou alguns passos, ainda respirando pesadamente, tentando organizar seus pensamentos. Darius a observava com um olhar penetrante, seus olhos dourados brilhando intensamente, como se ele soubesse que o que acabara de acontecer não havia sido apenas físico. O vínculo entre eles estava crescendo, e isso fazia o alfa sentir algo que ele nunca quis enfrentar: vulnerabilidade.— Aurora… — a voz dele era suave agora, quase como um sussurro, mas carregada de um desejo profundo. — Não pode
— Você não devia estar aqui. — Ela disse, mas sua voz soou fraca, sem convicção.Darius sorriu de canto, um brilho perigoso no olhar.— E você não devia querer que eu estivesse. — Ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre eles.O coração de Aurora tropeçou no peito. Ela recuou instintivamente, mas suas costas logo encontraram a parede. Seu erro.Darius aproveitou, apoiando as mãos ao lado da cabeça dela, prendendo-a entre seus braços. Seu cheiro envolvia Aurora, uma mistura de madeira e algo puramente masculino que a fazia querer se perder.— Eu sei o que você está sentindo. — Ele murmurou, sua voz vibrando contra a pele dela. — Sei que seu corpo me quer tanto quanto o meu quer você.— Você está errado. — Aurora sussurrou, mas o tremor em sua voz a denunciou.Darius riu baixo, sua respiração quente roçando o rosto dela.— Então por que você não me manda embora?Aurora engoliu em seco, lutando para manter a compostura. Mas seus olhos traíam sua batalha interna, refletindo
O vento cortante carregava o cheiro de sangue e terra molhada. Darius liderava o grupo de guerreiros da matilha pela floresta, seus sentidos aguçados captando cada detalhe ao redor. A tensão era palpável. Algo estava errado.Os limites do território estavam marcados por sinais de uma luta recente. Árvores caídas, pegadas espalhadas no solo e o inconfundível cheiro de lobos que não pertenciam à alcateia.Elias estava ao lado de Darius, sua expressão séria.— Isso não foi um ataque aleatório. Eles queriam ser notados.Darius rosnou em concordância. Os invasores haviam deixado rastros de propósito. Mas por quê?— Há algo mais. — Um dos guerreiros se aproximou, segurando um pedaço de tecido rasgado entre os dedos. Estava sujo de sangue e carregava um símbolo estranho bordado em fios dourados.Darius o pegou, franzindo a testa.— Eu já vi isso antes…Elias estreitou os olhos.— Isso pertence à Matilha da Lua Negra.O nome fez o ar parecer mais pesado.A Matilha da Lua Negra era conhecida p
A casa de Aurora estava silenciosa, envolta pela escuridão da floresta ao redor. O caminho até ali foi feito em silêncio, mas a tensão entre ela e Darius era palpável, como uma corrente invisível puxando os dois na mesma direção. Ele caminhava ao lado dela, os olhos brilhando no escuro, como os de um predador que encontrou sua presa e não pretende deixá-la escapar.Aurora sentia o corpo quente, os lábios ainda formigando pelo beijo que haviam compartilhado. Era errado se sentir assim? Confusa, desejando algo que, até pouco tempo atrás, parecia impossível?Darius parou assim que chegaram à porta. Seus dedos roçaram levemente no pulso de Aurora, um toque quase hesitante, diferente da força bruta com que sempre se impunha. Ela olhou para ele, vendo algo diferente em seu olhar – não apenas desejo, mas um tipo de necessidade que a fazia estremecer por dentro.— Me deixe entrar. — A voz dele era baixa, grave, carregada de algo primal.Aurora não sabia o que responder. Sabia que permitir que
A noite estava carregada de promessas não ditas, de desejos reprimidos que agora explodiam com a força de uma tempestade. Dentro da casa de Aurora, o silêncio era quebrado apenas pela respiração acelerada dos dois. O beijo entre eles era feroz, um duelo de vontades e instintos, onde nenhum dos dois queria ceder, mas ao mesmo tempo, ansiavam pela rendição do outro.Darius a pressionou contra a parede, suas mãos deslizando pela cintura dela, segurando-a como se temesse que ela desaparecesse. Aurora não resistiu. Não mais. Seu corpo respondia ao dele de maneira primitiva, como se a recusa não fosse uma opção.— Você sente isso? — A voz de Darius saiu rouca, carregada de algo que ele próprio tentava controlar.Aurora fechou os olhos por um instante. Claro que sentia. O vínculo entre eles era uma chama que queimava sem piedade, consumindo qualquer resquício de racionalidade que ainda restasse.Mas ao mesmo tempo, algo dentro dela gritava que não deveria ser assim.— Eu… — Ela tentou falar,