O dia amanheceu quente e abafado. O sol já estava alto, e a aldeia parecia ainda estar em silêncio, como se aguardasse algo importante acontecer. Aurora acordou cedo, mas o peso do que aconteceu na noite anterior ainda a assombrava.
Ela não conseguia parar de pensar em Darius. Cada olhar, cada palavra, cada toque… Tudo isso estava gravado em sua mente como uma marca indelével. Ela tentou se convencer de que o melhor seria afastar-se, evitar mais confrontos com ele, mas sua mente teimava em voltar àquele instante, ao calor do seu corpo perto do dela.
A verdade era que, por mais que se esforçasse para manter o controle, ela sabia que não poderia negar o vínculo por muito mais tempo.
Aurora se levantou e vestiu um vestido simples de algodão, tentando ignorar a sensação de ansiedade que se formava em seu estômago. Quando caminhou até a porta, hesitou por um momento, antes de dar um passo para fora, encontrando a luz da manhã.
A aldeia estava silenciosa. Os poucos lobos que passavam por ela pareciam dar-lhe espaço, como se a sua presença fosse algo a ser observado. Aurora sentiu o peso de todos os olhares, mas não os evitou. Ela estava decidida a enfrentar o que quer que estivesse por vir.
No entanto, ao virar uma esquina, ela parou abruptamente.
Darius estava ali, encostado em uma árvore próxima, observando-a com a intensidade que ela já conhecia muito bem. Seu olhar a percorreu da cabeça aos pés, e ela sentiu um calor subir pela sua pele.
Ele sorriu, mas não era um sorriso amigável. Era uma expressão cheia de cumplicidade, como se soubesse que o jogo que ela começara ainda não tinha fim.
— Eu sabia que você não conseguiria fugir de mim por muito tempo. — Ele disse, sua voz baixa e grave.
Aurora tentou manter a postura, mas as palavras de Darius a atingiram com força. Ela sabia que ele estava certo. Não podia mais ignorar a atração, nem o vínculo que crescia entre eles.
— Não estou fugindo. — Ela respondeu com firmeza, forçando seu tom a não vacilar.
Darius se aproximou, os passos lentos, como se estivesse jogando com ela. Ele parou a poucos centímetros, o calor de seu corpo a envolvendo.
— Então, o que está fazendo aqui, se não está fugindo? — Ele perguntou, o sorriso se alargando.
Aurora não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos nos dele, tentando encontrar alguma fraqueza, alguma rachadura na confiança que ele exibia. Mas não havia nada ali. Darius era forte, seguro e implacável.
— Eu não sou sua para ser conquistada como uma caça. — Ela disse, a voz mais firme, mas ainda com um toque de desafio.
Ele a observou com um olhar calculador.
— Mas você já foi marcada, Aurora. O destino fez sua escolha. Não há volta. — Ele se aproximou ainda mais, e ela não pôde evitar sentir o cheiro do seu lobo, a madeira e a terra misturados com o incômodo desejo que ela não conseguia controlar.
Aurora tentou se afastar, mas Darius a alcançou com uma rapidez impressionante, colocando a mão sobre o seu braço de maneira suave, mas firme.
— Você pode lutar contra isso, pode resistir, mas eu estarei sempre aqui. — Ele sussurrou em seu ouvido, e o toque de sua respiração fez Aurora estremecer.
Sua reação não passou despercebida. Darius sorriu satisfeito, como se tivesse conquistado mais um pedaço dela.
— Você está se entregando aos poucos, Aurora. Isso só vai ficar mais difícil para você.
Ela olhou para ele, os olhos brilhando de um fogo desafiador.
— E você acha que eu vou me deixar dominar tão facilmente?
Darius soltou uma risada baixa, quase um ronronar.
— Eu não quero dominar você, Aurora. Quero conquistar você. E isso é muito mais complicado. — Ele a soltou lentamente, mas ainda permaneceu próximo, a tensão entre eles palpável.
Aurora queria dizer algo mais, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ela sabia que ele estava certo. Não era apenas uma questão de resistência. Algo nela queria ceder, queria deixar-se levar pela corrente que o destino traçara para ela. Mas sua cabeça ainda lutava contra aquilo. Ela não queria ser apenas mais uma em sua longa lista de conquistas.
Antes que pudesse dar mais um passo para se afastar, o som de passos pesados e o farfalhar das folhas a fez virar rapidamente.
Vários lobos apareceram na trilha, liderados por Caleb, que a observava com um olhar que era, no mínimo, curioso.
Darius virou-se na mesma hora, sua postura defensiva, mas sem demonstrar qualquer preocupação. Aurora sentiu um arrepio. Caleb ainda estava por perto.
— O que está acontecendo aqui? — Caleb perguntou com um sorriso malicioso, olhando de Aurora para Darius.
Aurora tentou manter a calma, mas o desconforto de ver Caleb ali era inegável.
— Nada que te interesse, Vaughn. — Darius respondeu, a voz fria.
Caleb olhou para Aurora, seus olhos brilhando com um misto de interesse e malícia.
— Não seja tão rápida em dispensar o que está diante de você. Às vezes, os Alfas têm o que merecem. — Ele deu um sorriso largo, se afastando lentamente.
Aurora queria protestar, mas sabia que não valeria a pena. Darius estava sempre no controle, e ela… bem, ela ainda estava tentando entender o quanto ele a afetava.
Quando Caleb e os outros lobos se afastaram, Darius se virou de novo para Aurora, o sorriso agora mais fechado.
— Você está segura com ele longe. — Ele disse, sua voz mais suave, mas a intensidade de seu olhar ainda dominava o ambiente.
Aurora engoliu em seco, tentando se manter firme.
— Não é ele que me preocupa. — Ela sussurrou.
Darius deu um passo para mais perto.
— Então o que te preocupa, Aurora?
Ela não respondeu, mas sabia que a resposta estava mais perto do que ela imaginava.
A aldeia estava mais movimentada naquele dia. Aurora se sentia cada vez mais presa entre seus próprios sentimentos e o comportamento possessivo de Darius. O vínculo entre eles era inegável, mas a ideia de ser forçada a se render a algo que ela ainda não entendia a deixava inquieta. Cada vez que ela olhava para ele, sentia uma mistura de desejo e medo, algo que a fazia querer fugir e, ao mesmo tempo, se aproximar.Aurora passou os últimos dias evitando Darius o máximo possível. Ele estava sempre perto, sempre vigiando, mas ela não queria ceder. Ela precisava de espaço. Precisava entender o que estava acontecendo com ela.Foi então que ela conheceu alguém novo.Durante um evento da alcateia, um lobo próximo a Darius chegou com um sorriso tranquilo no rosto, suas feições suavizadas por uma aura de calma que imediatamente se destacou. Ele se chamava Elias, e seu olhar era de uma intensidade serena que contrastava com o fogo voraz de Darius. Ele era, sem dúvida, alguém de confiança, e sua
Aurora estava atordoada. O beijo de Darius, feroz e imponente, a havia deixado sem palavras, com o corpo ainda tremendo sob o toque dele. Ela tentava processar tudo o que acabara de acontecer. A intensidade daquele momento havia deixado uma marca indelével nela, e o conflito dentro dela só aumentava. Sua mente gritava que não podia ceder a ele, mas seu corpo… seu corpo parecia clamar por mais. Ela sentia a conexão com ele, mas ao mesmo tempo, a raiva e a frustração estavam esmagando sua racionalidade.Ela recuou alguns passos, ainda respirando pesadamente, tentando organizar seus pensamentos. Darius a observava com um olhar penetrante, seus olhos dourados brilhando intensamente, como se ele soubesse que o que acabara de acontecer não havia sido apenas físico. O vínculo entre eles estava crescendo, e isso fazia o alfa sentir algo que ele nunca quis enfrentar: vulnerabilidade.— Aurora… — a voz dele era suave agora, quase como um sussurro, mas carregada de um desejo profundo. — Não pode
— Você não devia estar aqui. — Ela disse, mas sua voz soou fraca, sem convicção.Darius sorriu de canto, um brilho perigoso no olhar.— E você não devia querer que eu estivesse. — Ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre eles.O coração de Aurora tropeçou no peito. Ela recuou instintivamente, mas suas costas logo encontraram a parede. Seu erro.Darius aproveitou, apoiando as mãos ao lado da cabeça dela, prendendo-a entre seus braços. Seu cheiro envolvia Aurora, uma mistura de madeira e algo puramente masculino que a fazia querer se perder.— Eu sei o que você está sentindo. — Ele murmurou, sua voz vibrando contra a pele dela. — Sei que seu corpo me quer tanto quanto o meu quer você.— Você está errado. — Aurora sussurrou, mas o tremor em sua voz a denunciou.Darius riu baixo, sua respiração quente roçando o rosto dela.— Então por que você não me manda embora?Aurora engoliu em seco, lutando para manter a compostura. Mas seus olhos traíam sua batalha interna, refletindo
O vento cortante carregava o cheiro de sangue e terra molhada. Darius liderava o grupo de guerreiros da matilha pela floresta, seus sentidos aguçados captando cada detalhe ao redor. A tensão era palpável. Algo estava errado.Os limites do território estavam marcados por sinais de uma luta recente. Árvores caídas, pegadas espalhadas no solo e o inconfundível cheiro de lobos que não pertenciam à alcateia.Elias estava ao lado de Darius, sua expressão séria.— Isso não foi um ataque aleatório. Eles queriam ser notados.Darius rosnou em concordância. Os invasores haviam deixado rastros de propósito. Mas por quê?— Há algo mais. — Um dos guerreiros se aproximou, segurando um pedaço de tecido rasgado entre os dedos. Estava sujo de sangue e carregava um símbolo estranho bordado em fios dourados.Darius o pegou, franzindo a testa.— Eu já vi isso antes…Elias estreitou os olhos.— Isso pertence à Matilha da Lua Negra.O nome fez o ar parecer mais pesado.A Matilha da Lua Negra era conhecida p
A casa de Aurora estava silenciosa, envolta pela escuridão da floresta ao redor. O caminho até ali foi feito em silêncio, mas a tensão entre ela e Darius era palpável, como uma corrente invisível puxando os dois na mesma direção. Ele caminhava ao lado dela, os olhos brilhando no escuro, como os de um predador que encontrou sua presa e não pretende deixá-la escapar.Aurora sentia o corpo quente, os lábios ainda formigando pelo beijo que haviam compartilhado. Era errado se sentir assim? Confusa, desejando algo que, até pouco tempo atrás, parecia impossível?Darius parou assim que chegaram à porta. Seus dedos roçaram levemente no pulso de Aurora, um toque quase hesitante, diferente da força bruta com que sempre se impunha. Ela olhou para ele, vendo algo diferente em seu olhar – não apenas desejo, mas um tipo de necessidade que a fazia estremecer por dentro.— Me deixe entrar. — A voz dele era baixa, grave, carregada de algo primal.Aurora não sabia o que responder. Sabia que permitir que
A noite estava carregada de promessas não ditas, de desejos reprimidos que agora explodiam com a força de uma tempestade. Dentro da casa de Aurora, o silêncio era quebrado apenas pela respiração acelerada dos dois. O beijo entre eles era feroz, um duelo de vontades e instintos, onde nenhum dos dois queria ceder, mas ao mesmo tempo, ansiavam pela rendição do outro.Darius a pressionou contra a parede, suas mãos deslizando pela cintura dela, segurando-a como se temesse que ela desaparecesse. Aurora não resistiu. Não mais. Seu corpo respondia ao dele de maneira primitiva, como se a recusa não fosse uma opção.— Você sente isso? — A voz de Darius saiu rouca, carregada de algo que ele próprio tentava controlar.Aurora fechou os olhos por um instante. Claro que sentia. O vínculo entre eles era uma chama que queimava sem piedade, consumindo qualquer resquício de racionalidade que ainda restasse.Mas ao mesmo tempo, algo dentro dela gritava que não deveria ser assim.— Eu… — Ela tentou falar,
O silêncio da noite foi quebrado apenas pelo farfalhar das folhas ao vento. Aurora sentia seu coração martelar contra o peito, ainda tentando compreender o que acabara de acontecer. Darius estava ali, diante dela, esperando… E essa espera a consumia por dentro.Ele havia recuado, mas a intensidade de seu olhar continuava queimando sobre sua pele. Era um jogo de paciência, um embate entre desejo e razão, mas Aurora sabia que, mais cedo ou mais tarde, essa barreira iria ruir.— Vou ficar no limite do meu controle por você, Aurora. Mas não me teste além do que posso suportar. — Darius disse, a voz carregada de algo sombrio e perigoso.Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Parte dela queria ver até onde poderia empurrá-lo, queria brincar com esse fogo que ardia entre os dois. Mas a outra parte, a racional, sabia que estavam pisando em terreno instável.Aurora não conseguiu responder. Ela apenas desviou o olhar, tentando ignorar o calor que tomava conta de seu corpo. Darius suspirou
O silêncio da casa de Aurora era quase ensurdecedor. Depois do que acontecera entre ela e Darius, sua mente se recusava a encontrar descanso. Sentada na beira da cama, ela sentia a respiração pesada, os lábios ainda formigando do beijo feroz que haviam compartilhado.Ela deveria sentir raiva.Deveria odiá-lo por invadir sua vida, por não lhe dar espaço, por confundi-la de maneiras que ninguém jamais havia feito.Mas, em vez disso, ela sentia falta.Falta do calor de seu corpo.Falta da maneira como ele olhava para ela, como se ela fosse algo precioso e, ao mesmo tempo, perigoso.E isso a deixava furiosa consigo mesma.Seus dedos apertaram os lençóis enquanto tentava encontrar alguma lógica na situação. O vínculo entre eles era poderoso, mas será que era só isso? Será que seu corpo estava reagindo apenas ao chamado da ligação sobrenatural, ou havia algo mais ali? Algo mais profundo… algo que ela temia reconhecer?Antes que pudesse afundar ainda mais em sua confusão, um som do lado de f