O silêncio dentro da caverna era sufocante. A escuridão era quebrada apenas por tochas presas às paredes de pedra, espalhando uma luz fraca e tremulante. Aurora não sabia dizer quanto tempo havia passado desde que Elias a trouxe para aquele lugar. Seu corpo ainda doía da luta que travou contra ele, mas sua mente se recusava a ceder.Ela sentia nojo. Nojo dele, nojo da forma como ele olhava para ela, nojo do toque dele, sempre invasivo, sempre querendo mostrar que estava no controle.Elias a observava do outro lado do cômodo improvisado como um lar. Ele estava sentado em uma cadeira de madeira, como se fosse o rei daquele pequeno universo deturpado que havia criado.— Você vai acabar gostando daqui, Aurora. — Ele disse, quebrando o silêncio. — Não precisa ter medo.Ela riu sem humor, sua voz carregada de veneno.— Medo? Eu sinto repulsa.Os olhos dele brilharam por um instante, e o sorriso tranquilo que carregava vacilou. Elias odiava resistência.Ele se levantou devagar, caminhando at
Aurora manteve sua expressão serena enquanto Elias a observava com um brilho satisfeito nos olhos. Seu sorriso era o de um homem convencido de que havia vencido, de que finalmente a havia dobrado. Mas ela sabia a verdade: era apenas uma questão de tempo até que ele percebesse que estava sendo enganado.No entanto, até que esse momento chegasse, Aurora precisava ser convincente.— Quero tentar, Elias. — Sua voz saiu suave, como se estivesse se rendendo ao destino que ele havia escolhido para ela. — Mas preciso de tempo.Elias ergueu a mão e acariciou seu rosto. Aurora conteve o impulso de se afastar, de cuspir no chão e gritar que jamais se submeteria a ele.Ele acreditou.— Eu sabia que você veria as coisas pelo meu ponto de vista. — Elias murmurou, deslizando os dedos pela linha de seu maxilar.Ela forçou um sorriso e desviou o olhar, fingindo estar tímida.— Você quer que eu cozinhe alguma coisa? — Ela perguntou, tentando parecer dócil.Elias riu.— Já está se comportando como minha
O uivo ecoou pela floresta, fazendo os pelos dos braços de Aurora se arrepiarem. Darius. Ele a havia encontrado.Seu coração disparou em alívio e desespero ao mesmo tempo. Elias arregalou os olhos por um breve momento, mas logo franziu a testa, sua expressão se transformando em pura fúria.— Não... Ele não pode estar aqui! — Elias rosnou, soltando Aurora de imediato e indo até a porta da cabana.Aurora sentiu seu corpo tremer com a mistura de emoções. Ela havia segurado sua farsa por tempo suficiente, mas agora tudo estava prestes a explodir.Darius não perderia tempo. Ele viria como uma tempestade, e Elias não era páreo para ele.A adrenalina queimava dentro de Aurora, mas ela soube que não poderia simplesmente esperar Darius resgatá-la. Ela precisava agir.— Elias... — Sua voz saiu suave, tentando chamar sua atenção de volta.Ele se virou, os olhos brilhando com um misto de raiva e obsessão.— Não vou deixar ele te levar, Aurora. — Ele cuspiu as palavras, aproximando-se rapidamente.
Aurora acordou cedo na manhã seguinte, a luz suave do sol penetrando pelas cortinas da janela do seu quarto. Ela se sentia estranha, como se sua mente ainda estivesse presa em um pesadelo que ela não conseguia escapar. As imagens da noite anterior ainda estavam frescas em sua memória. Elias, a luta entre ele e Darius, e, acima de tudo, a tensão que permeava tudo aquilo. A sensação de ser um peão em um jogo que ela não entendia completamente estava consumindo seus pensamentos.Darius estava com ela, como sempre. Mesmo quando ele não estava fisicamente presente, ela sentia a sua presença. Era como se estivesse constantemente vigiando, controlando cada passo que ela dava. Ela não sabia se isso era reconfortante ou sufocante, mas a verdade era que, em algum nível, ela se acostumara com a intensidade do vínculo. Seu coração ainda estava confuso, entre o medo e o desejo, entre a liberdade e a possessividade que ele lhe impunha.Aurora se levantou da cama, vestiu-se e caminhou até a cozinha.
Aurora sentia o peso do tempo sobre seus ombros. A cada dia que passava dentro daquela cabana isolada, sua esperança oscilava entre a certeza de que Darius a encontraria e o medo de que Elias fosse longe demais. Ele estava cada vez mais obcecado, cada vez mais certo de que ela era sua.Nos primeiros dias, Aurora resistira. Recusara suas palavras doces, afastara suas mãos, ignorara os sorrisos encantadores que ele tentava lhe oferecer. Mas isso só piorava a situação.Elias não se irritava com sua resistência; ele via isso como um desafio.— Você só precisa de tempo — ele dizia com paciência, segurando suas mãos contra a mesa para que ela não fugisse. — Precisa entender que Darius nunca te trataria com o amor que eu posso te dar.As palavras dele eram veneno. Um veneno que, para sua própria sobrevivência, Aurora precisava fingir que aceitava.Então, no quinto dia, ela mudou de estratégia.Naquela manhã, ela acordou e, pela primeira vez, não se afastou quando Elias se aproximou.— Como v
A noite se arrastava lentamente dentro da cabana. Aurora mantinha sua expressão dócil, o corpo relaxado enquanto fingia estar rendida à ilusão de Elias. Mas, por dentro, seu coração martelava como um tambor de guerra.Ela sabia que Darius estava perto. Sentia isso na pele, como um trovão prestes a explodir. A marca sutil de seu cheiro na porta era um chamado silencioso, um aviso para o alfa que a reivindicara.Agora, só restava esperar.Elias, por outro lado, estava completamente absorto na fantasia que criara. Caminhava pela cabana com um brilho satisfeito nos olhos, tocando Aurora com ternura, como se já fosse seu.— Amanhã, vamos sair para uma caminhada — ele disse, segurando sua mão. — Quero te mostrar um lago que fica mais ao norte. Lá, podemos começar a planejar nossa nova vida.Ela forçou um sorriso e assentiu.— Eu adoraria.Ele trouxe sua mão aos lábios e depositou um beijo suave.— Estou tão feliz, meu amor. Você finalmente entendeu que pertencemos um ao outro.Aurora escond
xO vento frio da noite cortava a pele de Aurora conforme Darius a carregava para longe da cabana. O cheiro de sangue ainda impregnava o ar, misturado ao perfume amadeirado dele, algo que a fazia se sentir estranhamente segura. Suas mãos se agarravam ao peito do alfa, como se temesse que ele desaparecesse.Darius não soltava uma única palavra. Seus passos eram pesados, firmes, enquanto ele a levava de volta à aldeia. Ela sabia que a luta com Elias o afetara não só fisicamente, mas de um jeito mais profundo, mais primitivo.Afinal, um alfa nunca gostava de ter sua liderança desafiada.A tensão entre eles era quase palpável, crescendo a cada metro que avançavam pela floresta. Aurora sentia o calor do corpo dele contra o seu, sentia o ritmo acelerado de seu coração. Ele estava furioso, mas por baixo da raiva, havia outra coisa—um medo silencioso, uma necessidade desesperada de tê-la ali, sã e salva.Eles finalmente chegaram à casa dele. A porta foi empurrada com força, e Darius entrou, f
Os dias seguintes ao resgate de Aurora foram intensos. O vínculo entre ela e Darius estava mais forte do que nunca, como se a ausência e o medo de perdê-la tivessem quebrado qualquer barreira entre eles. Havia uma necessidade palpável no ar, algo que transcendia desejo e se transformava em dependência.Darius não queria mais esconder. Ele não podia.Aurora sentia o mesmo. Por mais que tivesse lutado contra o destino, contra o laço que os unia, agora não havia mais espaço para fuga. Mas isso não significava que tudo seria fácil.O mundo ao redor não aceitaria esse amor sem resistência.A notícia do sequestro de Aurora havia se espalhado rapidamente entre as matilhas vizinhas, e com ela veio o burburinho sobre o Alfa da Lua ter cometido um erro ao não eliminar Elias quando teve a chance. Para os lobos mais tradicionais, permitir que um traidor como ele vivesse era um sinal de fraqueza. Darius sabia que sua alcateia confiava nele, mas também sabia que liderar não significava apenas ser f