Enquanto Adam explicava sobre o projeto, Nora tentava se concentrar, mas seus pensamentos insistiam em vagar até Andrew. A culpa a consumia; ela se sentia egoísta por estar ali, quando ele mal tinha alguns meses de vida, segundo o médico. A data marcada para a morte de Andrew se aproximava rapidamente, e só de pensar em perdê-lo, uma angústia apertava seu coração. Finalmente, incapaz de continuar, Nora interrompeu Adam com um leve aceno. "Sinto muito, senhor Adam. Eu... não posso aceitar o trabalho. Desculpe, mas eu preciso ir." Ela se levantou apressada e saiu do restaurante, pegando o primeiro táxi que avistou. Durante o trajeto, a ansiedade tomou conta; tudo o que queria era chegar até ele. Assim que entrou no prédio da Haartcorp, memórias vieram à tona. Foi ali que conheceu Andrew, naquele mesmo local, onde tudo começou. Seu coração acelerou conforme se aproximava da porta do escritório dele. Quando finalmente entrou, Andrew estava sentado, perdido em pensamentos, a expressã
Enquanto Andrew e Nora entravam em casa, a noite já havia caído e o silêncio tomava conta do ambiente. Nora abriu a porta e, ao cruzar o limiar, sentiu um arrepio involuntário percorrer sua espinha. Parou por um instante, observando cada detalhe do hall de entrada."Tem alguma coisa errada," murmurou, com uma expressão de estranheza.Andrew franziu a testa, olhando para ela com um sorriso de lado, quase cético. "O que foi, Nora? Está tudo exatamente como deixamos."Ela olhou em volta novamente, tentando decifrar o que lhe causava aquela sensação incômoda. "Não sei… Só parece que alguém esteve aqui."Ele riu levemente, tentando acalmá-la. "Provavelmente só coisa da sua cabeça. Fica tranquila."Nora deu de ombros, tentando afastar a sensação e seguiu para a cozinha, enquanto Andrew subia as escadas. "Vou tomar um banho rápido," avisou ele."Ok, vou preparar algo pra gente comer," respondeu ela da cozinha, ainda sentindo uma vaga inquietação. Enquanto lavava os legumes, tentava concentra
Um novo dia se iniciava, mas o clima entre Andrew e Nora estava longe de ser leve. A tensão entre eles ainda pairava no ar após a discussão da noite anterior. Nora, sentada à mesa da cozinha, tomava seu café da manhã em silêncio, ainda sentindo o peso da discussão. Estava frustrada com a teimosia de Andrew em não iniciar o tratamento, enquanto ele, por outro lado, sentia-se atacado e incompreendido por ela insistir tanto.No quarto, Andrew dormia profundamente, tentando se recuperar das emoções intensas que o haviam exaurido. Subitamente, foi despertado por uma sequência de notificações no celular. O som contínuo e insistente o tirou do sono, e ele, ainda sonolento, pegou o celular do lado da cama.Ele mal conseguia acreditar no que via: dezenas, talvez centenas de mensagens e ligações não atendidas. Notificações de mensagens, e-mails e até menções nas redes sociais explodiam na tela do celular. Confuso e alarmado, ele começou a abrir algumas mensagens, tentando entender o motivo daqu
Andrew ficou em choque. Sentado no sofá, ele olhou ao redor, sentindo o vazio da casa como se ela estivesse se fechando em torno dele. Ele murmurou, quase sem perceber que estava falando em voz alta: "A casa é dela... ela saiu... e eu fiquei." A culpa começou a consumir seus pensamentos, e ele murmurou para si mesmo, com uma pitada de arrependimento: "O que eu fiz?" Desorientado, abaixou a cabeça, deixando os ombros caírem. A notícia do tumor agora era de conhecimento público, e ele sabia que as pessoas falariam, especulariam e julgariam. Tudo parecia estar desmoronando ao redor dele. Enquanto isso, Nora caminhava pela rua em estado de choque, sem saber para onde ir. Sentia-se traída, vazia e sem forças. Olhava para os lados, vendo rostos desconhecidos, cada um parecendo carregado de curiosidade e julgamento. As vozes das pessoas a chamavam, perguntando coisas que a faziam sentir-se ainda mais vulnerável. "Nora Allins? É você, não é? A namorada do bilionário Andrew Haart?" "É verd
Tudo o que Nora precisava naquele momento era de um pouco de espaço. Conviver com o câncer de Andrew, estava deixando sua vida completamente abalada, e o amor que sentia por ele parecia ao mesmo tempo a coisa mais linda e mais cruel que já experimentara. A ideia de perdê-lo era insuportável, e a maneira como ele lidara com a situação apenas aumentava sua dor. Acusada injustamente de ter exposto seu segredo, Nora sentia-se magoada e, acima de tudo, esgotada. Ela fechou os olhos, tentando acalmar o coração acelerado, e respirou fundo antes de olhar para Andrew com o rosto carregado de tristeza. "Andrew, eu... preciso ficar sozinha por uns dias," ela disse, com a voz trêmula. "Volta pra sua casa, por favor. Eu só... preciso de um tempo pra pensar." Andrew olhou para ela, completamente desamparado, a dor e o desespero nítidos em seus olhos. Ele passou a mão pelos cabelos, tentando conter a aflição que o consumia. "Nora, meu amor... o que você quer que eu faça? Me diz, eu te imploro!" A
Nora Lins observava a grandiosidade da Haartcorp através das amplas janelas de vidro que se erguiam até o teto. Paris parecia pequena vista dali, o topo do mundo corporativo, onde Andrew Haart reinava. Um homem que transformara uma simples empresa em um império, mas que, aos olhos dela, guardava algo mais do que poder e sucesso. Ela foi recebida por uma assistente que a levou até o último andar, onde o CEO bilionário a aguardava. O elevador, envidraçado e silencioso, revelou a magnitude da estrutura que Andrew havia construído, mas, ao mesmo tempo, tudo parecia frio e vazio. Ao sair, a porta dupla do escritório abriu-se lentamente, revelando um espaço moderno e minimalista. No centro, Andrew estava sentado em sua poltrona de couro, os olhos fixos nela, como se já soubesse que aquele encontro era mais do que apenas uma negociação de trabalho. "Nora Lins", ele disse, levantando-se e estendendo a mão. "Obrigada por aceitar este projeto." Ela apertou a mão dele, notando o toque fi
Andrew abriu a porta do carro para Nora com um gesto suave, mas calculado. Seus olhos cruzaram por um breve segundo, e ele fez questão de manter a compostura, ainda que algo dentro dele estivesse em constante alerta desde o momento em que haviam começado a trabalhar juntos. "Obrigada pela gentileza", Nora disse, sorrindo enquanto entrava no carro com a mesma elegância discreta que ele havia notado desde o início. Andrew deu um leve aceno de cabeça, fechando a porta atrás dela antes de dar a volta e entrar no lado oposto. O motorista já os aguardava, e assim que ambos se acomodaram, o carro começou a seguir em direção ao restaurante. Durante o trajeto, o silêncio se instalou entre eles, mas não era um silêncio desconfortável, pelo menos não para Andrew. Enquanto o carro deslizava pelas ruas de Paris, ele não conseguia evitar o olhar que lançava de forma sutil para Nora. A postura ereta dela, a maneira como os cabelos caíam suavemente sobre os ombros, a delicadeza de suas expressõ
A água quente caía sobre o corpo de Andrew, escorrendo pelos músculos tensos, mas sua mente estava em outro lugar. As gotas quentes não conseguiam afastar os pensamentos insistentes que voltavam para Nora. Ele fechou os olhos e a imagem dela surgiu nítida em sua mente. Ele imaginou os dois ali, no banheiro, juntos, a água misturando-se com seus corpos entrelaçados, o calor aumentando. Sentiu o desejo pulsar, crescendo a cada detalhe que sua mente criava, e, por um instante, quase pôde tocá-la. Mas de repente, uma forte tontura o tomou de assalto. Andrew segurou-se na parede do chuveiro, respirando fundo enquanto a visão se tornava embaçada. O coração acelerou, e ele soube que não era apenas cansaço. Com esforço, ele desligou a água e saiu do chuveiro, pegando a toalha às pressas. Ainda com a cabeça girando, vestiu-se rapidamente e pegou o celular. O médico precisava vir. --- "Dr. Ramos? Sou eu, Andrew. Eu preciso que venha me ver. Agora." Do outro lado da linha, o médico resp