Um novo dia se iniciava, mas o clima entre Andrew e Nora estava longe de ser leve. A tensão entre eles ainda pairava no ar após a discussão da noite anterior. Nora, sentada à mesa da cozinha, tomava seu café da manhã em silêncio, ainda sentindo o peso da discussão. Estava frustrada com a teimosia de Andrew em não iniciar o tratamento, enquanto ele, por outro lado, sentia-se atacado e incompreendido por ela insistir tanto.No quarto, Andrew dormia profundamente, tentando se recuperar das emoções intensas que o haviam exaurido. Subitamente, foi despertado por uma sequência de notificações no celular. O som contínuo e insistente o tirou do sono, e ele, ainda sonolento, pegou o celular do lado da cama.Ele mal conseguia acreditar no que via: dezenas, talvez centenas de mensagens e ligações não atendidas. Notificações de mensagens, e-mails e até menções nas redes sociais explodiam na tela do celular. Confuso e alarmado, ele começou a abrir algumas mensagens, tentando entender o motivo daqu
Andrew ficou em choque. Sentado no sofá, ele olhou ao redor, sentindo o vazio da casa como se ela estivesse se fechando em torno dele. Ele murmurou, quase sem perceber que estava falando em voz alta: "A casa é dela... ela saiu... e eu fiquei." A culpa começou a consumir seus pensamentos, e ele murmurou para si mesmo, com uma pitada de arrependimento: "O que eu fiz?" Desorientado, abaixou a cabeça, deixando os ombros caírem. A notícia do tumor agora era de conhecimento público, e ele sabia que as pessoas falariam, especulariam e julgariam. Tudo parecia estar desmoronando ao redor dele. Enquanto isso, Nora caminhava pela rua em estado de choque, sem saber para onde ir. Sentia-se traída, vazia e sem forças. Olhava para os lados, vendo rostos desconhecidos, cada um parecendo carregado de curiosidade e julgamento. As vozes das pessoas a chamavam, perguntando coisas que a faziam sentir-se ainda mais vulnerável. "Nora Allins? É você, não é? A namorada do bilionário Andrew Haart?" "É verd
Tudo o que Nora precisava naquele momento era de um pouco de espaço. Conviver com o câncer de Andrew, estava deixando sua vida completamente abalada, e o amor que sentia por ele parecia ao mesmo tempo a coisa mais linda e mais cruel que já experimentara. A ideia de perdê-lo era insuportável, e a maneira como ele lidara com a situação apenas aumentava sua dor. Acusada injustamente de ter exposto seu segredo, Nora sentia-se magoada e, acima de tudo, esgotada. Ela fechou os olhos, tentando acalmar o coração acelerado, e respirou fundo antes de olhar para Andrew com o rosto carregado de tristeza. "Andrew, eu... preciso ficar sozinha por uns dias," ela disse, com a voz trêmula. "Volta pra sua casa, por favor. Eu só... preciso de um tempo pra pensar." Andrew olhou para ela, completamente desamparado, a dor e o desespero nítidos em seus olhos. Ele passou a mão pelos cabelos, tentando conter a aflição que o consumia. "Nora, meu amor... o que você quer que eu faça? Me diz, eu te imploro!" A
Andrew saiu da entrevista com um peso nos ombros que parecia maior do que ele conseguia suportar. Seu coração estava apertado, e ele sentia um nó na garganta, uma mistura de culpa, cansaço e saudade de Nora. No banco traseiro do carro, ele encarava o nada, enquanto o motorista aguardava pacientemente que ele dissesse para onde ir. Após alguns minutos de silêncio desconfortável, o motorista finalmente perguntou: "Senhor Haart, para onde deseja ir?" Andrew permaneceu quieto, ainda perdido em seus pensamentos. Ele se perguntava como havia deixado as coisas chegarem àquele ponto. Nora era sua âncora, a pessoa que mais amava, e ele a tinha afastado com acusações injustas. O silêncio no carro se arrastava, até que ele, quase num sussurro, murmurou: "Para a casa da Nora." O motorista assentiu e deu partida no carro. Andrew olhou pela janela, as luzes da cidade passando rápido enquanto sua mente estava em um turbilhão. Ele sabia que tinha errado, sabia que sua insegurança e o medo do fim
Andrew e Nora estavam deitados na cama, envolvidos por um silêncio confortável, mas que, por vezes, era quebrado pela respiração compassada de ambos. A luz suave do abajur iluminava o quarto de forma delicada, realçando os traços serenos de Nora. Andrew, com um leve sorriso, acariciava os cabelos dela, observando como cada fio deslizava por entre seus dedos. Ele adorava aquele momento de paz entre os dois, mas não pôde deixar de notar a expressão pensativa de Nora, os olhos perdidos em algum lugar além do quarto. "O que você tem, meu amor? Parece que está em outro planeta," Andrew perguntou, sua voz baixa e carregada de ternura. Nora piscou, como se estivesse saindo de um transe. "Eu só estava pensando... na Michelle. Por onde será que ela anda? Tenho muito medo dela voltar," respondeu ela, sua voz tremendo ligeiramente. Andrew suspirou, a menção de Michelle despertando memórias desagradáveis. "A polícia está procurando por ela. Mais cedo ou mais tarde, eles vão encontrá-la. Você n
Nora decidiu dar espaço para Andrew e Tobias. "Vou até a cafeteria comer alguma coisa," ela disse, colocando uma mão delicada no rosto de Andrew. "Converse com seu irmão, por favor." Antes de sair, deu-lhe um selinho rápido, deixando um toque de ternura no momento. Andrew observou Nora se afastar e, em seguida, voltou-se para Tobias. "Me acompanhe," ele disse, a voz carregada de neutralidade. Tobias assentiu, e os dois seguiram em silêncio para o elevador. O trajeto até o escritório de Andrew foi silencioso e carregado. O som do elevador parecia amplificar a tensão entre os dois. Nenhum deles ousava quebrar aquele muro invisível de orgulho e ressentimento que os separava há anos. Andrew mantinha o olhar fixo no painel de controle, enquanto Tobias parecia nervoso, mexendo nos punhos da camisa. Quando chegaram ao andar de Andrew, ele abriu a porta de seu amplo escritório. As paredes de vidro ofereciam uma vista magnífica da cidade, mas o clima dentro da sala era quase opressor. Andre
Andrew e Nora chegaram ao hospital em silêncio, um peso quase palpável pairando entre eles. Apesar da fama e do prestígio que Andrew carregava como um dos maiores colaboradores do local, naquele momento ele era apenas mais um paciente lutando contra o inevitável. A recepcionista, visivelmente nervosa, os conduziu rapidamente até o consultório do Dr. Ramos, o médico responsável por seu caso. Assim que entraram, o doutor levantou-se, com um sorriso discreto, tentando quebrar a tensão. "Venham, Andrew, senhorita Nora... Por favor, sentem-se." Ambos obedeceram, mas o ambiente parecia eletrificado. Nora segurava a respiração, e Andrew, embora calmo por fora, parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. "Até que enfim você decidiu fazer o tratamento," disse Dr. Ramos, com um tom quase paternal. Ele então se voltou para Nora. "Acredito que devo agradecer a você por isso, senhorita Nora. Fez um bem danado a ele." Ela respondeu com um sorriso cansado. "Eu faço o que posso, doutor." And
Nora estava sentada em um pequeno sofá ao lado da cama de Andrew, suas mãos entrelaçadas às dele, como se aquele simples toque pudesse garantir que ele ficaria bem. O quarto de hospital era silencioso, exceto pelo som suave dos monitores que indicavam os batimentos cardíacos dele. A luz fraca da manhã entrava pelas persianas entreabertas, iluminando suavemente os rostos cansados, mas esperançosos. Ela não desgrudava os olhos do rosto dele, ansiosa pelo momento em que ele acordaria. Quando percebeu seus dedos se movendo levemente, Nora se levantou num salto, inclinando-se sobre ele. "Andrew?" sussurrou, sua voz cheia de expectativa e emoção. Ele abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz suave. Sua expressão era fraca, mas sua determinação de viver era clara. Nora segurou sua mão com mais força, trazendo-a aos lábios e beijando-a com carinho. "Meu amor, você acordou!" ela exclamou, sua voz misturando alívio e felicidade. Andrew tentou sorrir, embora ainda estivesse fraco. Co