Andrew e Nora estavam deitados na cama, envolvidos por um silêncio confortável, mas que, por vezes, era quebrado pela respiração compassada de ambos. A luz suave do abajur iluminava o quarto de forma delicada, realçando os traços serenos de Nora. Andrew, com um leve sorriso, acariciava os cabelos dela, observando como cada fio deslizava por entre seus dedos. Ele adorava aquele momento de paz entre os dois, mas não pôde deixar de notar a expressão pensativa de Nora, os olhos perdidos em algum lugar além do quarto. "O que você tem, meu amor? Parece que está em outro planeta," Andrew perguntou, sua voz baixa e carregada de ternura. Nora piscou, como se estivesse saindo de um transe. "Eu só estava pensando... na Michelle. Por onde será que ela anda? Tenho muito medo dela voltar," respondeu ela, sua voz tremendo ligeiramente. Andrew suspirou, a menção de Michelle despertando memórias desagradáveis. "A polícia está procurando por ela. Mais cedo ou mais tarde, eles vão encontrá-la. Você n
Nora decidiu dar espaço para Andrew e Tobias. "Vou até a cafeteria comer alguma coisa," ela disse, colocando uma mão delicada no rosto de Andrew. "Converse com seu irmão, por favor." Antes de sair, deu-lhe um selinho rápido, deixando um toque de ternura no momento. Andrew observou Nora se afastar e, em seguida, voltou-se para Tobias. "Me acompanhe," ele disse, a voz carregada de neutralidade. Tobias assentiu, e os dois seguiram em silêncio para o elevador. O trajeto até o escritório de Andrew foi silencioso e carregado. O som do elevador parecia amplificar a tensão entre os dois. Nenhum deles ousava quebrar aquele muro invisível de orgulho e ressentimento que os separava há anos. Andrew mantinha o olhar fixo no painel de controle, enquanto Tobias parecia nervoso, mexendo nos punhos da camisa. Quando chegaram ao andar de Andrew, ele abriu a porta de seu amplo escritório. As paredes de vidro ofereciam uma vista magnífica da cidade, mas o clima dentro da sala era quase opressor. Andre
Andrew e Nora chegaram ao hospital em silêncio, um peso quase palpável pairando entre eles. Apesar da fama e do prestígio que Andrew carregava como um dos maiores colaboradores do local, naquele momento ele era apenas mais um paciente lutando contra o inevitável. A recepcionista, visivelmente nervosa, os conduziu rapidamente até o consultório do Dr. Ramos, o médico responsável por seu caso. Assim que entraram, o doutor levantou-se, com um sorriso discreto, tentando quebrar a tensão. "Venham, Andrew, senhorita Nora... Por favor, sentem-se." Ambos obedeceram, mas o ambiente parecia eletrificado. Nora segurava a respiração, e Andrew, embora calmo por fora, parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. "Até que enfim você decidiu fazer o tratamento," disse Dr. Ramos, com um tom quase paternal. Ele então se voltou para Nora. "Acredito que devo agradecer a você por isso, senhorita Nora. Fez um bem danado a ele." Ela respondeu com um sorriso cansado. "Eu faço o que posso, doutor." And
Nora estava sentada em um pequeno sofá ao lado da cama de Andrew, suas mãos entrelaçadas às dele, como se aquele simples toque pudesse garantir que ele ficaria bem. O quarto de hospital era silencioso, exceto pelo som suave dos monitores que indicavam os batimentos cardíacos dele. A luz fraca da manhã entrava pelas persianas entreabertas, iluminando suavemente os rostos cansados, mas esperançosos. Ela não desgrudava os olhos do rosto dele, ansiosa pelo momento em que ele acordaria. Quando percebeu seus dedos se movendo levemente, Nora se levantou num salto, inclinando-se sobre ele. "Andrew?" sussurrou, sua voz cheia de expectativa e emoção. Ele abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz suave. Sua expressão era fraca, mas sua determinação de viver era clara. Nora segurou sua mão com mais força, trazendo-a aos lábios e beijando-a com carinho. "Meu amor, você acordou!" ela exclamou, sua voz misturando alívio e felicidade. Andrew tentou sorrir, embora ainda estivesse fraco. Co
Nora, em toda a sua vida, teve apenas um namorado antes de conhecer Andrew: Victor. Ele era um homem honesto e trabalhador, empregado como contador em uma empresa de médio porte. Apesar de não ganhar um grande salário, sempre foi íntegro e nunca tentou se aproveitar da fama ou da riqueza de Nora, tampouco da influência da família dela. No início, o relacionamento dos dois era encantador, um verdadeiro conto de fadas. Victor era atencioso, presente, e Nora sentia que tinha encontrado o parceiro ideal. Porém, com o passar dos anos, o brilho do relacionamento começou a se apagar. As rotinas ocupadas dos dois foram criando uma distância emocional. Nora, que até então era uma renomada escritora de ficção, decidiu mudar sua carreira para a escrita de biografias de figuras importantes, o que demandava constantes viagens e dedicação. Victor, por sua vez, estava cada vez mais consumido pelo trabalho. Nesse período de afastamento, Victor conheceu outra mulher. O que começou como uma distraç
"canalha! Eu estive a noite toda com Andrew! Como você tem coragem de falar uma coisa dessas?" Nora explodiu, a indignação evidente em sua voz. Ela estava revoltada, mal acreditando no que ouvia. Victor, com seu sorriso cínico, apenas balançou a cabeça Você pode dizer o que quiser, Nora, mas as imagens falam por si. "Acha que Andrew vai acreditar apenas na sua palavra? Ele já viu as fotos." Andrew respirava pesadamente, a raiva fervilhando sob a pele. Tudo o que ele conseguia pensar era em como Victor era ousado. A armação era óbvia, mas Victor agia com tanta confiança que até parecia acreditar em suas próprias mentiras. "Andrew, olha para mim!" Nora implorou, lágrimas brilhando nos olhos. "Não aconteceu nada entre mim e ele. Você me conhece. Eu jamais faria isso!" Andrew caminhou até ela, pegando suas roupas jogadas no chão e ajudando-a a se vestir. Nora estava confusa, assustada e completamente perdida. As lágrimas corriam livremente por seu rosto, refletindo a dor
A tarde estava silenciosa. Nora, cansada do dia agitado, estava deitada no sofá da sala com as mãos repousando sobre a barriga ligeiramente saliente. Andrew descansava no quarto, exausto após mais uma sessão de tratamento. De repente, o som da campainha rompeu a tranquilidade. Nora franziu a testa, levantando-se devagar. "Quem será a essa hora?" pensou, ajeitando os cabelos antes de abrir a porta. Ao girar a maçaneta, ficou surpresa ao encontrar os pais ali, com expressões emocionadas. "Filha!" exclamou sua mãe, os olhos marejados, enquanto a puxava para um abraço apertado. Nora ficou estática por um momento, absorvendo a inesperada demonstração de carinho. "Pai... Mãe... o que estão fazendo aqui?" perguntou, hesitante, mas sem afastar o abraço. "Viemos para pedir perdão, Nora," respondeu a mãe, afastando-se para olhar nos olhos da filha. "Nós sentimos tanto por tudo que aconteceu, por termos nos afastado. Estávamos errados. Você sempre foi nossa menina, e nunca deveríamos ter t
Não demorou muito para o médico de Andrew aparecer no quarto, sua expressão grave, mas tentando manter a serenidade. Nora, mesmo acostumada com os altos e baixos do tratamento, não conseguia evitar a ansiedade enquanto ouvia as palavras dele. "Andrew precisa permanecer no hospital por alguns dias," o médico explicou. "Ele está fraco, e sem conseguir se alimentar direito, precisaremos usar uma sonda para garantir que receba os nutrientes necessários. É essencial nesse momento." Nora assentiu, sentindo uma mistura de alívio e preocupação. "Eu entendo. Só quero que ele fique bem." Após algumas palavras de apoio, o médico saiu, deixando Nora sozinha com seus pensamentos. Minutos depois, ela convenceu seus pais a voltarem para casa e descansarem, mas sua mãe hesitou. "Filha, amanhã eu venho e fico com ele. Você precisa descansar, cuidar de si e do bebê," sua mãe insistiu, com olhos preocupados. Nora sorriu suavemente, mas sabia que não conseguiria sair do lado de Andrew naquela noite