2 - Respostas...

Miguel Rodrigues

O menino não para de chorar, chamando a sua mãe. Ele engasga à medida que fala, e suas lágrimas não param de molhar o seu rosto pequeno. 

— Mama… mama… — ele repete sem parar, e começa a coçar os seus olhos. 

“ Droga… em que situação eu fui me meter… como esse garoto pode ser o meu filho?” Penso enquanto olho para ele. 

— Rita, o leite dele está pronto? — olho para os lados, esperando que ela se aproxime.

Seus passos vêm ligeiramente até a sala, e ela me estende o copo azul dele, com tampa e um canudo que vem instalado no copo, próprio para crianças da idade dele. 

Assim, será fácil para ele ingerir o leite mais rápido. 

Pego o copo agradecendo.

— Obrigado. — Ela apenas assente sorrindo para mim, mas sorrindo de nervoso, consigo ver isso claro em seu rosto. 

Me viro para a criança e a coloco sentada em meu colo, a chamo e mostro o leite a ele. 

— Olha… por favor, não chora. Aqui, tem um leite bem gostoso para você. Então, pare de chorar, hum? 

Mostro o copo de leite em sua direção e o garotinho abre os seus olhos, parando de os coçar, começando a pedir o leite, com os olhos inchados de tanto chorar. 

— Mamar… quelu mamar… — eu então falo antes de entregar.

— Eu vou te dar, mas não chore mais, viu, garotinho?

A criança faz um beiço para mim, esticando sua mão pequena, querendo o leite, sem dar atenção ao que digo.

Entrego para ele, o garoto começa a tomar e encosta sua cabeça em meu peito. Fechando lentamente os seus olhos. 

“ Espero que minha mãe chegue logo, eu estou apavorado. Não sei o que fazer.” 

Ao ouvir passos, viro o meu rosto para ver quem é e vejo minha mãe. 

Um sorriso se alarga em meu rosto e escuto a sua voz.

— Meu filho, eu… — ela para na mesma hora quando olha para o garoto. Acompanho o seu olhar, sem entender o que ela está olhando. 

— O que foi, mãe? — A chamo e minha mãe olha para mim e depois para ele. 

Franzo a sobrancelha, não entendendo, e olho para baixo, vendo o menino quase terminar o seu leite, e seus olhos já estão se fechando devido ao sono. 

— Meu filho… esse garoto parece muito com você… eu não acredito. — Ela cobre a boca com sua mão, parecendo surpresa. 

Lágrimas começam a escorrer do seu rosto e faço uma careta, não acreditando no que ela disse. 

“ Por que ela está chorando assim?” 

— Mãe, para de chorar, ele não é meu filho. — Tento fazer parar. 

Mas ela me cala assim que se aproxima de mim e coloca a sua mão sobre a cabeça do garoto. 

— Seus cabelos, na idade dele, eram assim, quase brancos. Você era branco como ele, o rosto é idêntico ao seu, meu filho. É muita coincidência para ele não ser seu filho. Eu sou avó, não acredito. 

Ela diz, limpando suas lágrimas, me olhando sorrindo. 

“Mas, eu ainda não acredito nisso, eu não posso ter tido um filho. Com quem eu tive? Não faço a mínima ideia.” 

— Me deixe segurá-lo. — Ela estica sua mão, ela se senta ao meu lado e minha mãe pega o garoto, que se acomoda no colo dela, continuando a tomar o seu leite que está quase acabando. 

Eu me levanto passando a mão em meus cabelos, frustrado. 

Olho para minha mãe que faz carinho na cabeça do garoto, o mimando. 

“ Não acredito que ela pense que ele é meu filho.” Bufo por um momento e digo a minha mãe. 

— Eu já volto. Preciso resolver uma coisa. — Assim que digo, pego a mochila da criança, a levando comigo, saio da sala depressa e vou até o meu quarto. 

Me sento na minha cama e começo a teclar no meu celular. 

Minha vida, nesse momento, virou de cabeça para baixo de uma hora para outra, decidi ligar para meu advogado, só ele pode me confirmar se aquele garoto é meu.

— Boa noite, Senhor Rodrigues, como vai? — Vou direto ao ponto, e começo a falar. 

— Boa noite, Afonso, desculpe pelo horário, mas aconteceu algo inesperado, e preciso da sua ajuda. Alguns funcionários do governo e policiais apareceram na minha porta, alegando que tenho um filho. Preciso que consiga o melhor investigador da cidade, legalmente. Preciso saber se o que falaram é a verdade. 

— Entendo, Senhor, vou precisar do nome da criança e número da certidão dele.

Procuro na mochila dele e encontro apenas a caderneta da criança, que continha algumas informações sobre ele, mas sobre a mãe, nada. Como se tivessem tirado o nome dela da caderneta e o número dela. “Que Droga…” 

Passo tudo para Afonso e ele responde. 

— Certo, essas informações irão ajudar, Senhor. Entro em contato o mais rápido possível. Tenha uma boa noite! 

Me despeço dele e me deito na cama, suspirando fundo.

“ Esse garoto chamado Hugo, quero saber se ele é meu filho mesmo, se for, minha vida toda irá mudar.” Fecho os olhos com força, não gostando nada disso. 

Decidi voltar para a sala para ver como estava tudo, e quando chego na sala, minha mãe está acariciando o garoto que dorme tranquilamente no colo dela.

Me aproximo dela, falando. 

— Mãe, não se apegue tanto ao garoto, ainda não temos certeza. 

Falo firme a ela, que apenas sorri para mim, confiando em suas palavras. 

— Está óbvio que ele é seu filho, você vai ver, meu filho. Eu tenho certeza de que ele é seu filho. E qual o nome dele? 

Ela pergunta, sorrindo, para o garoto adormecido. 

— Hugo. — falo sério, cruzando os braços.

Minha mãe continua a sorrir, gostando do nome dele, e reviro os olhos, falando a Rita. 

— Por favor, prepare um quarto para o garoto, a mochila dele está no meu quarto, tire de lá e deixe no quarto onde ele irá dormir. 

Rita assente e caminha até o corredor que leva aos quartos.

— Meu filho, enquanto esperamos que tudo se resolva, que você descubra se Hugo é mesmo o seu filho, mesmo eu tendo a certeza… — ela arqueia a sobrancelha e continua. — Vou contratar uma babá para cuidar dele. Você fica o dia todo no banco e eu não vou conseguir cuidar dele o dia todo, não tenho energia para cuidar de uma criança pequena como ele. 

Minha mãe tem mais de 60 anos, e eu nunca iria deixar ela cuidar dele o dia todo. Ela tem razão, precisamos de uma babá até tudo se resolver.  

Eu concordo, e ela finaliza. 

— Amanhã cedo já providencio tudo, não se preocupe. Você pode ir ao seu trabalho amanhã cedo e vou ficar na sua casa esperando todas elas virem para a entrevista, ok? Não se preocupe com isso e, agora, vá dormir. Eu coloco ele na cama quando o quarto dele estiver pronto. 

— Obrigada, mãe. Se não fosse por você, não sei o que teria feito. — Vou até ela beijando sua testa. Minha mãe olha para mim, alisando meu rosto e depois para o garoto. 

— Não tem por que agradecer, agora vai lá. Vá descansar. — Ela sorri para mim e apenas concordo, balançando a cabeça e saio da sala, indo até o meu quarto. 

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