Miguel Rodrigues
O menino não para de chorar, chamando a sua mãe. Ele engasga à medida que fala, e suas lágrimas não param de molhar o seu rosto pequeno. — Mama… mama… — ele repete sem parar, e começa a coçar os seus olhos. “ Droga… em que situação eu fui me meter… como esse garoto pode ser o meu filho?” Penso enquanto olho para ele. — Rita, o leite dele está pronto? — olho para os lados, esperando que ela se aproxime.Seus passos vêm ligeiramente até a sala, e ela me estende o copo azul dele, com tampa e um canudo que vem instalado no copo, próprio para crianças da idade dele. Assim, será fácil para ele ingerir o leite mais rápido. Pego o copo agradecendo.— Obrigado. — Ela apenas assente sorrindo para mim, mas sorrindo de nervoso, consigo ver isso claro em seu rosto. Me viro para a criança e a coloco sentada em meu colo, a chamo e mostro o leite a ele. — Olha… por favor, não chora. Aqui, tem um leite bem gostoso para você. Então, pare de chorar, hum? Mostro o copo de leite em sua direção e o garotinho abre os seus olhos, parando de os coçar, começando a pedir o leite, com os olhos inchados de tanto chorar. — Mamar… quelu mamar… — eu então falo antes de entregar.— Eu vou te dar, mas não chore mais, viu, garotinho?A criança faz um beiço para mim, esticando sua mão pequena, querendo o leite, sem dar atenção ao que digo.Entrego para ele, o garoto começa a tomar e encosta sua cabeça em meu peito. Fechando lentamente os seus olhos. “ Espero que minha mãe chegue logo, eu estou apavorado. Não sei o que fazer.” Ao ouvir passos, viro o meu rosto para ver quem é e vejo minha mãe. Um sorriso se alarga em meu rosto e escuto a sua voz.— Meu filho, eu… — ela para na mesma hora quando olha para o garoto. Acompanho o seu olhar, sem entender o que ela está olhando. — O que foi, mãe? — A chamo e minha mãe olha para mim e depois para ele. Franzo a sobrancelha, não entendendo, e olho para baixo, vendo o menino quase terminar o seu leite, e seus olhos já estão se fechando devido ao sono. — Meu filho… esse garoto parece muito com você… eu não acredito. — Ela cobre a boca com sua mão, parecendo surpresa. Lágrimas começam a escorrer do seu rosto e faço uma careta, não acreditando no que ela disse. “ Por que ela está chorando assim?” — Mãe, para de chorar, ele não é meu filho. — Tento fazer parar. Mas ela me cala assim que se aproxima de mim e coloca a sua mão sobre a cabeça do garoto. — Seus cabelos, na idade dele, eram assim, quase brancos. Você era branco como ele, o rosto é idêntico ao seu, meu filho. É muita coincidência para ele não ser seu filho. Eu sou avó, não acredito. Ela diz, limpando suas lágrimas, me olhando sorrindo. “Mas, eu ainda não acredito nisso, eu não posso ter tido um filho. Com quem eu tive? Não faço a mínima ideia.” — Me deixe segurá-lo. — Ela estica sua mão, ela se senta ao meu lado e minha mãe pega o garoto, que se acomoda no colo dela, continuando a tomar o seu leite que está quase acabando. Eu me levanto passando a mão em meus cabelos, frustrado. Olho para minha mãe que faz carinho na cabeça do garoto, o mimando. “ Não acredito que ela pense que ele é meu filho.” Bufo por um momento e digo a minha mãe. — Eu já volto. Preciso resolver uma coisa. — Assim que digo, pego a mochila da criança, a levando comigo, saio da sala depressa e vou até o meu quarto. Me sento na minha cama e começo a teclar no meu celular. Minha vida, nesse momento, virou de cabeça para baixo de uma hora para outra, decidi ligar para meu advogado, só ele pode me confirmar se aquele garoto é meu.— Boa noite, Senhor Rodrigues, como vai? — Vou direto ao ponto, e começo a falar. — Boa noite, Afonso, desculpe pelo horário, mas aconteceu algo inesperado, e preciso da sua ajuda. Alguns funcionários do governo e policiais apareceram na minha porta, alegando que tenho um filho. Preciso que consiga o melhor investigador da cidade, legalmente. Preciso saber se o que falaram é a verdade. — Entendo, Senhor, vou precisar do nome da criança e número da certidão dele.Procuro na mochila dele e encontro apenas a caderneta da criança, que continha algumas informações sobre ele, mas sobre a mãe, nada. Como se tivessem tirado o nome dela da caderneta e o número dela. “Que Droga…” Passo tudo para Afonso e ele responde. — Certo, essas informações irão ajudar, Senhor. Entro em contato o mais rápido possível. Tenha uma boa noite! Me despeço dele e me deito na cama, suspirando fundo.“ Esse garoto chamado Hugo, quero saber se ele é meu filho mesmo, se for, minha vida toda irá mudar.” Fecho os olhos com força, não gostando nada disso. Decidi voltar para a sala para ver como estava tudo, e quando chego na sala, minha mãe está acariciando o garoto que dorme tranquilamente no colo dela.Me aproximo dela, falando. — Mãe, não se apegue tanto ao garoto, ainda não temos certeza. Falo firme a ela, que apenas sorri para mim, confiando em suas palavras. — Está óbvio que ele é seu filho, você vai ver, meu filho. Eu tenho certeza de que ele é seu filho. E qual o nome dele? Ela pergunta, sorrindo, para o garoto adormecido. — Hugo. — falo sério, cruzando os braços.Minha mãe continua a sorrir, gostando do nome dele, e reviro os olhos, falando a Rita. — Por favor, prepare um quarto para o garoto, a mochila dele está no meu quarto, tire de lá e deixe no quarto onde ele irá dormir. Rita assente e caminha até o corredor que leva aos quartos.— Meu filho, enquanto esperamos que tudo se resolva, que você descubra se Hugo é mesmo o seu filho, mesmo eu tendo a certeza… — ela arqueia a sobrancelha e continua. — Vou contratar uma babá para cuidar dele. Você fica o dia todo no banco e eu não vou conseguir cuidar dele o dia todo, não tenho energia para cuidar de uma criança pequena como ele. Minha mãe tem mais de 60 anos, e eu nunca iria deixar ela cuidar dele o dia todo. Ela tem razão, precisamos de uma babá até tudo se resolver. Eu concordo, e ela finaliza. — Amanhã cedo já providencio tudo, não se preocupe. Você pode ir ao seu trabalho amanhã cedo e vou ficar na sua casa esperando todas elas virem para a entrevista, ok? Não se preocupe com isso e, agora, vá dormir. Eu coloco ele na cama quando o quarto dele estiver pronto. — Obrigada, mãe. Se não fosse por você, não sei o que teria feito. — Vou até ela beijando sua testa. Minha mãe olha para mim, alisando meu rosto e depois para o garoto. — Não tem por que agradecer, agora vai lá. Vá descansar. — Ela sorri para mim e apenas concordo, balançando a cabeça e saio da sala, indo até o meu quarto.Laura Lopes Passo a tarde toda cuidando de várias crianças em um abrigo, só de imaginar elas a pouco tempo em meus braços, eu às fazendo dormir, um grande sorriso aparece em meus lábios, mesmo estando cansada. Abro a porta da minha humilde casa e me arrasto até o sofá. Toda criança dá trabalho, mas o cansaço vale a pena. Eu adoro as crianças, elas tem uma energia contagiante, e sempre me dei bem com as crianças. A alegria delas me contagia. Sorrio ao pensar nisso e me sento no sofá, fechando os olhos e suspirando fundo. — Preciso de um banho. E depois, quem sabe uma soneca. — acabo soltando e me espreguiço mais no sofá, relaxando um pouco. — Vou fazer isso agora. — me levanto do sofá devagar e vou até o banheiro, já pegando um par de roupas, vou me trocar no banheiro mesmo. Tiro as minhas roupas e entro debaixo do chuveiro, deixando a água escorrer em meus cabelos curtos e no meu corpo, que precisava sentir essa água morna. ” Que delícia. ” Tomo um banho demorado e me seco, co
Miguel Rodrigues Ao chegar em casa, bem cansado do trabalho exaustivo, suspiro fundo e deixo minha maleta em uma mesa perto da sala de visitas. Caminho até a sala de estar, e ao passar pela porta, eu vejo várias mulheres vestindo roupa social. Todos sorriem para mim e devolvo o sorriso, sendo educado, como sempre. Quando meus olhos pousam em uma jovem, percebo que ela me olha de um modo diferente, parece se sentir envergonhada, e logo após me olhar com atenção, seus olhos se abaixam, parecendo sem graça. Franzo a sobrancelha não entendendo o porquê dela ter agido assim, e minha mãe chama a minha atenção. — Meu filho, seja bem vindo, você chegou em uma boa hora. Acabou a entrevista. — ela puxa o meu braço, falando bem baixinho em meu ouvido. — Vou te apresentar a todas, mas em especial, gostei de uma e quero que a contrate, vi o jeito que ela tratou Hugo, ela tem um dom meu filho, ela o acalmou em um instante, fez ele dormir duas vezes hoje, tão rápido que até me surpreendeu. — qua
Laura Lopes Chego em minha casa e antes de dormir já começo a arrumar minha mala, não tenho muitas coisas, decido colocar na minha mala as melhores roupas e mais casuais e simples. Coloco alguns livros para poder ler nos intervalos do sonho da criança, meus objetos pessoais, e deixo quase pronta duas malas.Após jantar me deito na cama e tento dormir, amanhã é um novo dia.“ Não acredito que o emprego é meu, a criança gostou de mim, e vou morar naquela linda mansão, realmente parece um sonho. Continuo a sorrir, enquanto me cubro e tento dormir, enquanto escuto o som acelerado do meu coração. **** Meu celular desperta e me sento, me sentindo um pouco sonolenta, devagar eu me levanto e começo a me arrumar. Coloco uma roupa confortável e um casaco por cima e o meu tênis. Trabalhar cuidando de crianças, é aconselhável usar tênis, por conta do vai e vem, babás nunca ficam paradas. Como ceral com leite e depois vou para o banheiro fazer minhas higiene e pentear os meus cabelos. Termi
Laura Lopes. Sigo atrás do Senhor Rodrigues, e ao descer as escadas, chegamos na cozinha. — Pode se sentar, eu vou fazer algo quente para você. O que prefere? — Ele parece bastante atencioso, não imaginava que ele poderia agir assim.Fico um pouco sem graça, mas me sento e respondo, ao me acomodar na cadeira. — Pode ser chocolate quente, obrigada. — fico olhando para ele, que apenas balança a cabeça e pega o copo, o leite, achocolatado e começa a preparar.Fico apenas o observando, e ele parece levar jeito com o preparo, ele parece bastante focado.Ao ficar olhando para ele assim, acabo sorrindo sem pensar, percebendo isso, fecho os meus lábios, tentando parar de sorrir feito uma boba. Cruzo as minhas mãos acima da bancada, aguardando, olhando para os lados. Em alguns minutos ele se aproxima com uma caneca grande e de cor escura em minha direção, seus olhos se encontram com os meus e ele sorri para mim. Minha mão se aproxima devagar da caneca e sem querer nossos dedos se tocam, s
Miguel Rodrigues Ao olhar para aquele rosto meigo e delicado, não consigo me conter. Há muito tempo que não fico tão perto de uma mulher assim, o trabalho me consome. E estar perto dela assim, faz com que minha mente não raciocine antes de agir, simplesmente sou tomado por esse instinto, de tomar os seus lábios. Minhas mãos alisam o seu rosto enquanto toco em seus lábios, doces e gentis aos meus. Nunca beijei assim na vida, de um modo calmo, sem desespero. Ela move sua boca na minha e o beijo começa a ficar intenso. Encontro a sua língua, o que me faz querer mais, sentir mais sua boca na minha. Meu coração começa acelerar em um ritmo que não conheço. Não consigo parar, desejo mais de Laura. Porém, sinto que suas mãos pequenas e delicadas me afastar um pouco. Nossos lábios se afastam, e meus olhos se abrem. Vejo os seus lindos olhos puxados me olhando, ela parece assustada, como se tivesse feito algo errado. “ Por que ela está assim? Somos dois adultos, isso não foi nada errad
Laura Lopes Os dias seguintes se passam e tento a todo custo evitar me esbarrar com Miguel. Realmente não sei o que dizer a ele quando nos vermos." O que poderia dizer? Eu nem sei como olharia para ele." É melhor assim, mas eu sei que esse momento chegará a qualquer momento. — Hugo, vem aqui, hora de tomar banho. - chamo o garotinho que não para de coçar os seus olhos. Ele estende os seus pequenos braços até mim e o seguro contra o meu corpo. Vou com ele até o banheiro e já coloco ele devagar na banheira que já está com água morna e com os brinquedos que ele gosta. Fico de olho nele, enquanto ele brinca com os brinquedos e tento dar a atenção a ele. Mas, a minha mente volta naquele dia. Naquela cena que não consigo tirar da cabeça... os seus lábios macios aos meus. Consigo ainda sentir o gosto da bebida forte da sua boca misturado com o chocolate quente da minha boca. — Droga! — digo sussurrando, não acreditando que eu estou pensando nele desse jeito. Depois de terminar o ba
TRÊS ANOS ATRÁS. Carmen Martínez Estou me arrumando para uma reunião que tenho com o CEO Miguel Rodrigues, um dos meus sócios, assinamos um contrato recentemente.Ao terminar de me arrumar e me perfumar, pego meu carro dirigindo até a reunião que irá acontecer em um restaurante chique.Ao estacionar o carro, sigo até a entrada e sou bem recebida.Digo que tenho uma reserva e me levam até a mesa, eu me sento e espero por Miguel, que chega em alguns segundos, acompanhado de seus outros sócios.Quando ele se senta, não consigo desviar os meus olhos dele. Ele é incrivelmente lindo, está mais usando esse terno escuro.“ Continua lindo como da primeira vez, estou me segurando para não o beijar, aqui e agora.”Penso e mordo meu lábio, segurando meu sorriso e tentando prestar atenção no que os outros homens dizem.Quando meus olhos encontram os dele de novo, percebo que ele também me olha atentamente, reparando na minha roupa, no meu decote, seus olhos pousam em meus lábios, e percebo como e
TRÊS ANOS ATRÁS. Carmen Martínez Dias depois… — Você já está chegando? — pergunto, segurando o celular na minha orelha. — Estou a caminho, em alguns minutos já estarei aí. — Miguel diz com a voz firme e eu começo a sorrir. " Como sinto saudade de beijar sua boca." Penso ao imaginar seus lábios quentes nos meus. — Tudo bem, te espero. — Mando um beijo e subo até o meu quarto, para colocar uma roupa sexy para ele. Quero que essa noite seja melhor do que as outras, quero ver ele totalmente saciado ao sentir o meu corpo. Ao escolher um vestido vermelho vinho, um pouco transparente em meu decote, coloco um salto da mesma cor do vestido e desfilo em meu quarto, me sentindo muito atraente, gostosa. Coloco o dedo na boca ao desfilar mais um pouco e logo a seguir escuto a campainha. Desço as escadas com cuidado e, chegando perto da porta, a abro, olhando o belo homem à minha frente. Miguel olha para mim com atenção, arqueando uma das sobrancelhas, fixando seus olhos em meu decote,