Aurora saiu do hotel determinada a ir embora. A discussão com Enrico havia sido a gota d’água. Ela precisava se afastar daquele homem e de tudo que ele representava. Com sua mala em mãos, caminhou pelas ruas movimentadas da cidade, tentando afastar a sensação incômoda de estar sendo observada.
O que ela não sabia era que Enrico, apesar da discussão, não estava disposto a simplesmente deixá-la partir. Assim que soube de sua partida, ordenou que um de seus seguranças a seguisse de longe, garantindo que nada lhe acontecesse.
Poucas quadras depois, um homem alto e de feições duras interceptou seu caminho.
— Aurora Vidal? — Sua voz era fria e calculista.
Ela sentiu um c
Enrico caminhava de um lado para o outro em seu quarto, a mente em ebulição. A situação com Tommaso Ricci era um beco sem saída. Ele poderia simplesmente romper os negócios da Villa e cortar laços com aquele homem repugnante, mas aquilo não significaria que Aurora estaria segura. Tommaso parecia obcecado por ela, e Enrico sabia que ele era do tipo que não aceitava um "não" como resposta. O desgraçado iria atrás dela até o inferno, se fosse necessário.Depois de tê-la trazido de volta para o hotel, Enrico a deixou em seu quarto, protegida por um de seus seguranças, enquanto decidia o que fazer. Ele precisava de tempo para pensar, para elaborar um plano que garantisse sua segurança de forma definitiva. Nenhuma decisão parecia satisfatória, e a raiva que sentia por Tommaso cresci
Aurora estava sentada na beira da cama, os joelhos dobrados e os braços envolvendo o próprio corpo. Desde que Enrico a mandara para aquele quarto, prometendo encontrar uma saída para a situação, sua mente não descansava um segundo. O dia tinha sido um pesadelo. Primeiro, a tentativa de rapto. Depois, a constatação de que Tommaso Ricci estava realmente atrás dela. E agora, o que viria a seguir? O que Enrico faria?Ela não gostava da ideia de depender dele. Mas, no fundo, sabia que estava encurralada. Não podia continuar fugindo para sempre. O som de batidas na porta a fez sobressaltar-se. Antes que pudesse responder, uma voz soou firme do outro lado.— Senhorita, o senhor Mansini quer vê-la em seu escritório.Ela hesitou p
Aurora estava sentada na beira do sofá no escritório de Enrico, os braços cruzados e a expressão carregada de desconfiança. A proposta de casamento ainda martelava em sua mente, e agora, diante dele, tudo parecia ainda mais surreal.— Se vamos fazer isso, então precisamos estabelecer algumas regras. Ela disse, quebrando o silêncio.Enrico, que estava encostado na mesa com os braços cruzados, arqueou uma sobrancelha, claramente interessado no que viria a seguir.— Eu exijo que seja discreto. Nada de alarde, nada de cerimônia grandiosa. Isso tem que ser rápido e sem atrair atenção — continuou Aurora, mantendo a voz firme.Ele inclinou levemente a cabeça, avaliando-a.<
A cerimônia foi tudo o que Aurora pediu: rápida, discreta e sem qualquer resquício de romantismo. O juiz de paz fez seu trabalho em poucos minutos, e logo os dois estavam oficialmente casados. Não houve troca de votos emocionados, nem um beijo simbólico para selar a união. Apenas a frieza burocrática de um acordo selado no papel.O juiz os casou no escritório da grande mansão de Enrico, que ficava na melhor área de Las Vegas. Naquela manhã Aurora juntou seus poucos pertences e seguiu o segurança até o carro que os levaria a casa de Enrico. Estava longe de estar bem com aquele acordo, mas precisava ser fria e calculista, aquela era de longe a sua melhor chance.Aurora observou a aliança simples em seu dedo, sentindo o peso daquilo que tinha acabado de fazer. Ela agor
Enrico se recostou na cadeira de couro escuro do escritório, iluminado apenas pela luz suave que vinha da janela, criando um ambiente sombrio, refletindo o clima da conversa. Seu olhar estava fixo nos papéis que Lucius havia colocado sobre a mesa, como se já estivesse antevendo a vingança se concretizando diante de seus olhos. Ele esfregou as mãos, uma sensação de prazer quase palpável nas pontas dos dedos.Lucius, por outro lado, parecia cada vez mais desconfortável, os óculos escorregando sobre o nariz enquanto ele tentava não demonstrar a crescente indignação. Sabia o quanto Enrico era capaz de fazer para atingir seus objetivos, mas aquilo ia além de qualquer coisa que ele já havia imaginado. O tom de voz de Enrico era calmo, mas havia um gelo nas palavras que deixava claro que a decisão estava tomada. No fundo, Lucius também sabia que seria tolo em tentar dissuadi-lo, mas o peso da ética ainda o incomodava.— Eu entendo que você esteja arrasado por tudo o que aconteceu, Enrico. Ma
Enrico Mansini era, sem dúvida, uma das figuras mais enigmáticas e influentes do setor de hotelaria e entretenimento de luxo, e sua ascensão ao topo não foi obra do acaso. Nascido em uma família de imigrantes italianos que se estabeleceram nos Estados Unidos, ele cresceu em um ambiente onde negócios e lealdades familiares se entrelaçavam de forma indissociável. Seu pai, um homem reservado e estrategista, foi quem fundou os alicerces do império de hotéis e cassinos, sempre mantendo uma estreita ligação com o submundo do crime organizado. Enrico, desde jovem, percebeu a importância dessa relação, e, ao contrário de muitos herdeiros que se distanciaram do legado familiar, ele mergulhou de cabeça nas complexas dinâmicas da máfia italiana, transformando essa herança em uma das maiores fontes de poder e influência do seu tempo.Sua habilidade de negociar com figuras do submundo, ao mesmo tempo que mantinha uma fachada impecável de empresário sofisticado, foi a chave para seu sucesso. Enrico
Aurora Vidal é uma jovem enfermeira de espírito forte e um passado marcado por tragédias. Criada em um bordel pela mãe, que era prostituta, Aurora conheceu desde muito cedo o lado sombrio da vida. As dificuldades e a violência a moldaram, tornando-a uma mulher desconfiada, especialmente em relação aos homens e ao amor. No lugar onde cresceu, viu e ouviu muitas coisas, coisas essas que eram mais que traumatizantes para uma criança. Alguns clientes que esbarravam com ela nos corredores, acreditavam que ela também estava disponível, mesmo quando ainda era apenas uma menina, e não foram poucas as propostas que ela havia recebido. Alguns eram verdadeiramente insistentes, chegando até mesmo a se tornarem perigosos. Com todas essas dificuldades ,ela havia conseguido crescer sem maiores danos, mas verdadeiramente impactada com toda a tristeza e dor que via nas mulheres que trabalhavam com sua mãe. Quando a mãe faleceu, ela tinha quase dezoito anos, seguiu morando no bordel por algum tempo,
Aurora não podia negar que a situação estava ficando cada vez mais surreal. A proposta de Enrico Mancini era insana, mas ele não estava ali para brincar. Ele a havia encurralado, e a única maneira de salvar seu pai era jogar o jogo dele. Mas isso não significava que ela fosse deixar de ser astuta.Ela encarou o homem à sua frente, sem perder a postura, enquanto o contrato ainda estava sobre a mesa, com a tinta fresca de sua assinatura. O estômago de Aurora revirava com a ideia de se submeter àqueles termos, mas havia uma coisa que ela sabia melhor do que ninguém: nem tudo era o que parecia. E, ao que parecia, Enrico Mancini não era apenas um lunático. Ele era astuto, mas ela também sabia jogar o jogo.— Senhorita Vidal.. - Enrico começou com um olhar astuto, mas arrogante.— O contrato está assinado. Agora, temos um acordo.Aurora levantou o olhar devagar, observando-o com uma expressão que misturava desafio e uma leve frustração. Ele podia ter o poder agora, mas ela não se entregaria