O que mais um ser da noite teme se não o próprio sol? Amir, o braço direito de meu rival, e cria mais próxima dele, estava atrás de mim, o cheiro da sua pele queimada pairava em toda a sala, formando uma neblina quase imperceptível, nossos olhos aguçados as viam, mesmo que sutilmente, ao menor movimento ela se dissipa, saindo pela janela. Amir estava sentado, seus pulsos, coxas e pés estão contidos com um material especial. O titânio, único capaz de conter um ser da noite, junto com feitiço de contenção que deixa o metal ainda mais forte. Meus filhos estavam queimando sua pele vagarosamente com luz ultravioleta, e mesmo assim nenhum som sai da sua boca, tampouco preciso deixar de apreciar a vista do meu jardim para saber que seu rosto não expressava dor. Particurlarmente não gostava de ouvir gritos de dor, até um vampiro como eu tem traumas. O motivo disso? Ele tinha uma noiva, eram vinculados, por isso não podia ceder à dor, ou ela sentiria também. Pois, após a vinculação,
Amir ambicionava que eu ordenasse a arrastar sua bunda tostada para as masmorras, talvez tricotar e trançar os cabelos do filho? É claro, o pequeno bastardo cheio de hormônios estava preso, não nas masmorras, e sim nos aposentos de Samantha. E suspeitava que não no sentido literal, noivas recentemente vinculadas faziam muito exercício físico. Falando no diabo. Vindo da porta principal um jovem rapaz entrou no corredor acompanhado da minha única prole feminina, com sorriso no rosto e ar leve ele falava animadamente, olhando para todos os lugares, exceto para a frente. Samantha teve que lhes dar uma cotovelada para que ele reconhecesse minha presença. O susto seguido de olhos arregalados deu-lhe uma espécie de tranco, o jovem estudou-me mais do que seria respeitoso, finalmente inclinou-se numa reverência desajeitada. Ela o transformou, agora tinha que ser babá dele, o coração de Sam era mole em demasia. Samantha somente baixou a fronte, me saudando com um sorriso caloroso, passa
Eu não queria acordar, tateei o chaveiro que Ester me deu de presente dentro do bolso da minha calça jeans, nervosa com o que encontraria a seguir. O lugar para onde me levaram eu nunca tinha visto na minha vida, dizem que o hipocampo quem "decide" o que é importante ser memorizado, fico me perguntando de onde eu tirei essa fachada sombria, só posso imaginar que foi de um filme de terror. Mantenho minha postura ereta, absorta na paisagem, não passamos por nenhum outro carro, a placa à frente diz “Reserva natural, entrada proibida”, de soslaio olhei para os dois vampiros casualmente, ambos então de olho em mim, Viger me encarava descaradamente, o celular na mão aberto em um aplicativo de mensagens. Meu próprio celular não tinha sinal, eu verifiquei três vezes, não pensei muito sobre isso, os sonhos costumam ser estranhos de qualquer forma. Keloi dirige em alta velocidade pela estrada pavimentada e nossos olhos se encontram no retrovisor. O carro diminuiu a velocidade até parar, fic
Claus Treavã me aniquila com seus olhos pretos assustadores, sem análises, julgamentos ou preconceito, apenas a certeza de que eu sou a presa, tenho plena consciência de que é, no mínimo, incomum sentir a nossa própria pulsação, garanto que sinto a minha, ansiosa para crescer, exibindo-se. Ele diz algo, ouço as palavras ecoando pelo grande salão, é impossível assimilar, dou um passo à frente, encantada, respondendo ao chamado invisível que me impele a ir até ele.. Após ouvir, a moça loira rapidamente levanta-se, o vestido cobre sua nudez caindo em cascata, ela cambalea nos degraus, choramingando feito uma criança que deve deixar um playground. Sangue fresco escorre de seu pescoço deixando uma trilha no chão. A loira dá meia volta, e Claus diz entredentes:ㅡDeixe-nos, criança. A mulher praticamente corre do quarto com o tom matador, os fios loiros cobrem seu rosto, vislumbro somente o realce de sua mandíbula. Uma gota d’gua caí e se mistura com seus cabelos claros. Meu sexto sen
Ester Tagarelava sobre seu livro andando pela cozinha com o avental rosa de Antonia com hello kittys por todos os lugares, o cheiro estava uma delícia, minha irmã cozinha tão bem quanto escrevia. Essa história em especial era sua grande paixão, ela a amava tanto que nunca esteve bom o bastante, enfim ela finalmente terminou. Bateram a porta em sua cara diversas vezes, ela não desistiu, correu atrás de seus sonhos e conseguiu um contrato com uma editora famosa. Sabe aquele livro que quase me matou em sonho? Sim, esse mesmo. Agradeci por seu entusiasmo silenciosamente, assim elas não notaria o quão acabada eu estava. Ainda mais que o normal. Tentei esconder minhas olheiras com corretivo e minha meu humor com um sorriso. Até agora estava dando certo.— …Acreditam que queriam mudar todo o enredo? Já não bastasse as mudanças que fizeram, meu editor é um pé no saco. O bom disso é que ele foi chutado hoje de manhã para Santa Catarina, a fofoca está super quente, fui a primeira a saber.
Mal prestei atenção nas aulas, precisava muito daquela promoção, Tessa vinha segurando as pontas por muito tempo, mesmo que ela começara a ganhar bem, eu não podia jogar todas as responsabilidades nas costas dela. Sabia que ela gastaria cada centavo para pagar a cirurgia de Antonia, esperar na fila do SUS por dois longos anos sem a menor estimativa de quanto tempo mais ela precisava esperar tornava cada mês um tormento. Tempo era um luxo que tia Antonia não tinha. Ela era como uma mãe para nós, não íamos deixar ela morrer, e para pegar um empréstimo tão alto eu precisava da promoção. A mulher cheia de vida e muito implicante criou seis filhos homens e todos eles esqueceram que tinham mãe. Uma coisa sobre tia Antonia, não era só pelo carteiro que ela esquecia que estava doente e corria, o telefone fixo também, cada chamada do telemarketing e ela se jogava na esperança de que fosse um de seus filhos. — …terra para Mari. — Oh! Sim, eu vou assistir a palestra, você vai também? — perg
Suspirei, irritado por ver que ela havia deixado a porta aberta novamente, me agachei paa pegar as duas notas de despejo do chão, guardei-as junto com as chaves no bolso e empurrei a maçaneta. O apartamento dela cheirava a morango, baunilha, tão suculenta, minha boca saliva apenas de imaginar degustar tal sabor. Tirei meus sapatos e chamei Batman estalando a língua, o grande gato rajado não apareceu, ele deveria estar profanando a cama dela, satisfeito de ter seu amor e devoção. Liguei a luz da cozinha sem medo, Kess tinha um sono tão profundo que eu poderia fazer uma vitamina de banana agora mesmo deixando o liquidificador na potência máxima e ela não acordaria, as pílulas que Kess tomava dopariam um cavalo. Guardei algumas coisas que ela havia esquecido em cima da mesa dentro da geladeira, enchi os dois jarros com água também, deixados na prateleira sem uma gota d’água. inspirei mais uma vez o cheiro dela, todo o lugar cheirava a sobremesas, incluindo os jarros de água. Tirei
Nós nunca deveríamos ter criado aquela história. Eu jamais deveria tê-los feito sofrer, as coisas que imaginamos e escrevemos naquelas páginas era para ser algo divertido para duas adolescentes com hormônios à flor da pele passarem o tempo, e não sermos os monstros da história de duas crianças. Os dois irmãos que eu passaria a amar mais que a mim mesma, eu os fiz se transformar nas criaturas que eles mais odiavam. O meu eu inocente, sem conhecimentos das barbaridades que lhes aconteceriam chegou em casa, um apartamento minúsculo para encontrar Ester debruçada, escrevendo ferozmente no seu notebook roxo, ela estava editando a história que criamos anos atrás. Como toda boa história deve começar, com chamas, caos, gritos e sangue. Foi assim que começamos: Mais uma noite que não consegui dormir, meu irmão mais novo não sabia das coisas que estavam acontecendo e caiu feito pedra no travesseiro, ele não costumava ter medo, entretanto, esses últimos dias, Claus tem dormido comigo, ele