CAPÍTULO 01

      PARTE UM - O ASSASSINO

      Cidade de “FT”, 13 de janeiro, terça-feira.

      A casa!

      De um pavimento, pintada de verde-claro. Murinho na frente, metade alvenaria, metade grades de ferro. Atrás do murinho, no centro, um jardim bem cuidado. Do lado esquerdo, a porta da sala e sua respectiva grade de proteção. Do lado direito, a espaçosa garagem.

      Havia um carro naquela garagem. Uma BMW azul-búzios. Nova! Reluzente!

      Animou-se, uma vez que a presença do veículo era o claro sinal de que poderia dar início às ações.

      Olhou o relógio: 15h25min.

      Tarde de sol. Calor dos infernos!

      Usava um terno azul-marinho, com sapatos pretos e lustrosos. Roupa que detestava! O maldito tecido, além de sufocante, “pinicava” sua pele! Um lixo!

      Conduzia → na mão direita → uma maleta preta, tipo 007, cujo objetivo era lhe dar a aparência de um empresário bem sucedido.

      Sentia-se um panaca, isso sim!

      Para completar o disfarce, uma peruca loira, um par de óculos escuros e o bigode postiço. A peruca produzia ligeira coceira em seu cocuruto. O bigode causava a impressão de que iria cair a qualquer momento.

      Uma lástima!

      Tudo isso ideia do desgraçado do contato!

      Daria certo? Esperava que sim. Caso contrário, seria preso ou morto. Simples. Sem outro tipo de alternativa. Teria, portanto, que ter cuidado... muito cuidado!

      Parou na frente da casa e deu uma rápida olhada ao redor.

      A rua!

      Era larga e bem asfaltada. Estritamente residencial. Os prédios → a maioria com mais de dez andares → se mesclavam às suntuosas casas, estas quase mansões; inúmeras com dois ou três pavimentos, belos jardins (com flores diversas), garagens e varandas.

      Esta era, sem dúvida, a rua dos endinheirados, dos que não se preocupavam com o futuro!

      Esperava morar num lugar como esse, um dia.

      No lado sul da rua, de onde viera, nenhum carro parado. Apenas uma jovem negra e bonita se aproximava, caminhando displicentemente na calçada. Apenas ela.

      No lado norte, no entanto, viu um Scort prata e um Monza cinza, parados a cerca de oitenta metros, do lado esquerdo. Um casal conversava, na frente de uma das casas, a aproximadamente cento e dez metros. Uma senhora baixinha e gordinha se aproximava, conduzindo um feioso poodle pela coleira.

      No mais, tudo tranquilo. A calmaria da rua era reconfortante.

      Maravilha!

      Preparou-se para o combate.

      Primeiro, depositou a maleta na calçada. Segundo, sacou → de um dos bolsos do terno → um lenço branco. Terceiro, enxugou o suor da testa. Sol miserável! Quarto, envolveu a mão esquerda com o lenço. Quinto, pegou a maleta. E sexto, abriu o portão pequeno, com a mão protegida pelo lenço.

      Tenso!

      Atento aos menores detalhes!

      Percorreu a rampa de cerâmica → com o jardim do seu lado direito → e parou diante da porta. Notou que a grade não estava trancada; evidência do quanto a dona da residência era displicente.

      Era chegado o momento! Não tinha mais como recuar!

      Apertou a campainha. Guardou o lenço.

      Esperou, com a adrenalina a dar-lhes leves arrepios.

      A jovem bonita passou ali na frente, assim como a senhora com o poodle. Não permitiu que as duas vissem seu rosto. Tocou o bigode. O vento que soprava não ameniza o calor.

      Mal via a hora de se livrar do terno!

      Mal via a hora de tomar uma cerveja e fumar um delicioso cigarro de maconha. Não poderia errar! 

      Havia treinado dicção → na quitinete → para evitar as gírias e os palavrões. Ah, sim! Não poderia esquecer do “boa tarde!” e do sorriso amistoso. “Mindows! Meu chefe. Assinar papéis”. Estava com a história na ponta língua.

      Ela não poderia → e não iria! → desconfiar de nada.

      Virou-se, ao escutar o barulho de chave na fechadura. Respirou fundo, para controlar a ansiedade.

      De repente, a porta se abriu.

      Levou um susto!

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