É claro que Clarice ria das conversinhas que ouvia aqui e ali entre o filho e Cecília. Geralmente tentando chegar a algum acordo sobre o ritmo do namoro. O que cada um poderia ou não fazer, usar e falar.Não era nada fácil.Cada um acreditava que não fazia nada errado, que não dizia nada errado. Mas, sejamos francos! Ninguém nasce disposto a ceder. Talvez um ou outro desavisado.A medida que os beijos avançavam Guilherme anseava por um contato mais direto e, na maioria das vezes, era cada vez mais difícil retroceder ou parar. Ele sabia disso. Ela sabia disso. Mas o desejo crescente sabia que precisavam estar preparados para algum acidente.- Mãe, como você e o meu pai fizeram?- Bem, eu gostaria de dizer que o seu pai foi paciente, mas ele não foi. Eu já tinha dezoito, ele já se achava meu dono, eu fiz dezenove e acabei ficando grávida. É claro que eu só soube quando eu perdi o bebê. Ele quis voltar, mas eu não deixei. Eu tive que prometer que o esperaria, m
Clarice estava na sala conversando com Catarina na tentativa de relaxar um pouco quando as flores chegaram. Ela olhou para a amiga surpresa e levou para o quarto da filha que dormia um pouco ao lado de Cecília e dos irmãos. - Paulo chegou?- Eu não sei. Mamãe não disse nada.- As flores são dele. "Queria vê-la hoje."- Deixa eu perguntar para mamãe. Mãe? Paulo chegou? Ah... Ela está dormindo. Klaus saiu com Felipe. Guilherme está no hospital e Levy deve estar na praia.- E aí? - Chegou hoje de madrugada sem dizer nada. Saiu com o papai para dar uma volta.- Hum...- Que palhaçada é essa?- Paulo quer falar com você. - Vai ficar querendo. Eu não quero isso no meu quarto. Eu vou sair com o Levy hoje. Não vou desmarcar. Ele que se arranje por aí com alguma piranha. Já tem uns seis meses que a gente não se fala. Eu nem sei o que ele quer.- Fale com ele.- Mãe, eu não quero brigar. Eu estou bem. Estou focada para o meu último ano n
A família de Clarice parecia estar vivendo o seu inferno astral.Guilherme continuava brigado com Cecília. Levy havia levado um soco na faculdade. Os gêmeos estavam tendo pesadelos acordando todos de madrugada. Klaus havia torcido o pé. E Rebecca ainda estava negando os seus sentimentos por Paulo.- Rebecca, Paulo está na sala. Nós estamos indo.- Fala para ele ter paciência. Ele chegou cedo de novo.- Ainda vai tomar banho?- Eu disse que ele chegou cedo, não foi?Rebecca entrou no banheiro e Clarice queria enrolar um pouco mais, mas Klaus estava estressado e eles acabaram indo para a casa dos pais de Klaus onde os outros filhos estavam.Paulo olhou para o relógio novamente. Rebecca parecia estar fazendo de propósito. Ele se levantou, caminhou até a porta do quarto dela e ficou na dúvida se deveria ou não bater antes de entrar. Tirou os tênis e abriu a porta. Sorriu.Rebecca estava com uma toalha enrolada na cabeça e estava vestida apenas por um
Rebecca acordou cedo naquele sábado para estudar. Abriu a porta do quarto com cuidado e foi até a cozinha para comer algo e foi surpreendida pelo irmão Levy que chegava da rua.- Mamãe perguntou por mim?- Ela ainda está dormindo. Onde você estava?- Numa festa. Não achei que fosse tão tarde até entrar no táxi e ver as mensagens dela. Nem li todas. Acho que vou ganhar uma surra.- Não faça barulho!- Oi, pai.- Sua mãe dormiu chorando por sua causa, seu irresponsável. Espero que tenha vindo de táxi. - Mas eu saí de táxi. Eu não fui de carro. O carro está com Guilherme. - O incompetente disse que estava com você. - Ele esqueceu onde estacionou o carro de novo?- Pelo jeito... Essa briga vai durar até quando?- Eu não faço ideia. Ceci só está devolvendo o que ele plantou. Ela está de saco cheio do ciúme dele.- Não é só isso. Ela pegou ele de brincadeira com uma outra residente.- Que tipo de brincadeira?- Ele disse que ela estava mostrando um sinal que havia aparecido bem abaixo da
As crianças brincavam com peças de madeira montando pequenas construções no tapete da sala sendo observadas por Pedro que parecia triste. Todos viram que Anna estava um pouco distante dele. Era algo visível, mas ninguem ousava dizer algo. Ele, por fim, se sentou ao lado do pai para conversar e algo o deixou pior a ponto dele ir deitar no quarto de hóspedes. - O que houve com o Pedro, mãe?- Aniversário do Daniel, seu irmão. - Eu havia me esquecido. Acha que ele vai ficar bem sozinho?- Poderia ir vê-lo? - Tudo bem.Catarina foi até o quarto e Felipe aguardava ouvir gritos, mas os gritos não vieram. Isso o deixou ainda mais preocupado. O que quer que estivesse acontecendo era algo que ele deveria ter atenção.Ele caminhou até o quarto, abriu a porta com cuidado e os viu deitados na cama. Catarina dormia ao lado do pai parecendo exausta. Pedro, de olhos fechados, acariciava os seus cabelos.- Ela está cansada, Felipe. Ter uma filha de dezoito e
Clarice gostava muito de dançar com os filhos mais velhos na antiga casa, mas desde que se mudaram para o apartamento (e este já era o segundo) não havia dançado. Os gêmeos nunca a tinha visto dançar e quando ela acabou encontrando alguns antigos CDs, acabou dançando descalça sobre o tapete fazendo-os rir junto com a babá. Catarina iria apenas deixar Rebecca na portaria do prédio quando recebeu o convite para subir e se juntar a ela e aos gêmeos que haviam desistido de irem para escola naquela sexta-feira.- Sua mãe está aprontando algo.- Pode acreditar que sim.O som alto impediu Clarice de ouvir a campainha, mas a porta estava aberta e elas entraram. Riram ao ver que até a babá estava na pista de dança enquanto Norma apenas batia palmas.- Temos uma boate diurna agora?- Eles nunca me viram dançar, Catarina.- Temos que corrigir isso, mas eu estou com fome.- Então vamos comer.Clarice sorriu. A mesa já estava pronta e a comida também.
Paulo e Rebecca viviam como cão e gato. Uma hora estavam bem com ele lhe dando apelidos ridículos e outra em pé de guerra porque ela havia se negado a ser alguém tão servil. E com as apresentações escolares se aproximando, Paulo não queria que Rebecca se apresentasse.- Eu passei a minha vida escolar me apresentando na escola, Paulo. Eu não vou simplesmente desaparecer por causa da sua insegurança. - Não é insegurança. É cuidado!- Ninguém vai meter a mão em mim. - Mas vai imaginar metendo.- Eu não posso fazer nada. As suas amiguinhas sabem que tem namorada e têm o descaramento em querer lhe beijar. "É só um estalinho, querida."- Ciumenta!- Quer que eu saia cumprimentando meus amigos com estalinho?- É coisa de artista!- Vou tentar a carreira de atriz. O que acha?- Não! De jeito nenhum!- Não é você que escolhe, artista. Se pode sair por aí beijando qualquer uma, eu posso fazer o mesmo. Principalmente quando está viajando.
O dia da apresentação começou às cinco da manhã com Cecília e Rebecca estressadas e sem conseguir dormir. Tanto Klaus como Felipe iriam para o hospital pela manhã e voltariam na hora do almoço se não tivessem alguma emergência. A concentração seria no apartamento de Catarina e Paulo ficaria responsável em levar Rodrigo e os gêmeos na escola enquanto as meninas descansavam ou preparavam o figurino.Uma coisa engraçada para se comentar era que Klaus odiava aquela proximidade entre Paulo e a filha. Mas, do mesmo jeito que conseguiu burlar a atenção dos pais de Clarice, acreditava que o Paulo faria o mesmo. O engraçado nisso tudo é que Paulo não fazia nem a metade do que Klaus havia aprontado com Clarice.- Onde está Rebecca? - No quarto. Paulo está fazendo massagem nas meninas. Até a sua mãe está na fila.- Está brincando?- Seu pai está dormindo no quarto de hóspedes todo relaxado. Ele foi o primeiro.- Não iriam deixar gente na casa de Anna e P