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1.4 Um completo idiota

Maximilian ficou em silêncio por um instante, os olhos fixos em mim como se estivesse tentando processar o que acabara de acontecer. A tensão no ar era palpável, e eu me senti estranha, como se algo tivesse mudado entre nós. Mas, ao invés de um gesto de agradecimento, ele se levantou abruptamente da cadeira, seus olhos agora mais intensos e carregados de raiva.

— Você não tinha que ter feito isso, Charlotte! — A voz dele cortou o ar, fria e venenosa. — Não era da sua conta. Eu não precisei da sua ajuda. Você se meteu onde não devia e, pior, foi completamente desrespeitosa!

Eu recuei um passo, surpresa com a ferocidade das palavras. Max avançou um passo em minha direção, e pude ver a raiva queimando em seu olhar. Ele estava visivelmente irritado, seus músculos tensos como se estivesse pronto para explodir a qualquer momento.

— Você se acha no direito de intervir e falar por mim? Eu sou perfeitamente capaz de lidar com essa situação sozinho, Charlotte. Não precisava da sua interferência! Você só fez tudo ficar mais complicado! — Ele gritou, a voz tomando um tom mais agressivo a cada palavra.

A sensação de raiva e frustração que ele estava transmitindo me fez sentir um frio na espinha. Eu não tinha esperado essa reação, não depois de tudo o que aconteceu. Tentei manter a calma, mas a pressão era tão grande que eu não sabia o que dizer para acalmar a situação.

Ele me olhou como se eu fosse a última pessoa que ele esperava ver ali, e o desprezo em seu olhar era palpável.

— Eu não pedi para você fazer nada, Charlotte. Não foi para isso que você foi contratada. Não sou um homem que precisa de uma mulher para defender o seu território, e você sabia disso. — Max fez uma pausa, seu olhar ainda cortante. — Se fosse qualquer outra pessoa, eu já teria mandado embora. Mas você... — Ele pausou, dando-me um olhar carregado de desprezo — ...não tem noção de como suas ações afetam tudo.

Fiquei sem palavras, e a raiva de Max parecia estar completamente à flor da pele. Eu havia feito o que achava ser certo, mas ele não via da mesma maneira. Ele estava longe de sentir qualquer gratidão, e parecia que eu havia apenas piorado a situação.

— Não faça mais isso, Charlotte. Não me ajude mais, porque da próxima vez, você vai se arrepender. — Ele falou, a voz mais baixa, mas ainda cheia de rancor.

Eu estava sem reação. Max parecia tão impenetrável quanto antes, mas agora ele tinha um veneno a mais em seus olhos.

Eu senti algo quebrar dentro de mim ao ouvir suas palavras. Meu peito apertou com uma dor que eu não sabia como lidar. Minhas mãos começaram a tremer, e, sem pensar, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. A raiva se misturou com a frustração, e, num impulso, gritei:

— Você é um completo idiota, Maximilian!

Eu estava tão perdida na dor e no ódio que não consegui segurar mais. Batei no peito dele com toda a força que eu tinha, meu corpo inteiro vibrando com o impacto. Ele não se moveu, nem sequer piscou, mas eu senti como se o golpe tivesse atravessado qualquer limite que eu tinha estabelecido até ali.

— Você não vale nada! Nunca valeu! — Eu o xinguei, a voz entrecortada pelas lágrimas. — Só sabe pisar em quem está tentando ajudar, e tudo o que você faz é achar que o mundo gira ao seu redor!

Maximilian me encarava em silêncio, sem reação, e foi como se eu estivesse falando para uma parede, mas isso não me impediu de continuar.

— Idiota! Idiota! Idiota! — Eu estava completamente fora de mim agora, a raiva tomava conta de cada palavra. — Você se acha tão superior, tão intocável! Só que no final das contas, você é só um covarde, incapaz de ver o que tem na sua frente!

Eu respirei fundo, tentando controlar as lágrimas que já escorriam livremente. Peguei minha bolsa com mãos trêmulas e, sem olhar para trás, virei as costas para ele. A porta estava ali, e a necessidade de sair dali, de ir embora daquele lugar, me consumia. Eu precisava de um respiro, de algo que me fizesse sentir que eu ainda tinha algum controle.

Com os pés apressados e a mente em frenesi, corri pela porta do escritório. O som dos meus passos ecoava pelo corredor, e, quanto mais eu corria, mais a raiva e a tristeza se misturavam dentro de mim, tornando tudo insuportável. Eu não queria mais saber de Max, não queria mais ouvir a voz dele, ver os olhos dele, sentir o peso da sua arrogância.

Eu precisava de ar, de liberdade, de escapar daquelas paredes que me aprisionavam. Eu só queria sumir, deixar para trás aquele idiota que não sabia reconhecer quando estava destruindo algo bom.

E eu corri. Corri como se minha vida dependesse disso.

Minhas pernas estavam fracas, mas a adrenalina me mantinha em movimento. O caminho até a saída da empresa parecia interminável, mas minha mente estava clara. O som dos meus passos batendo contra o piso de mármore ecoava, marcando cada momento da minha fuga.

Cheguei à porta de vidro, e antes de abrir, parei por um segundo. Eu sabia o que precisava fazer. A raiva e a mágoa que eu sentia estavam me consumindo, e não havia mais espaço para duvidar da minha decisão. Eu não podia continuar ali, submissa às vontades de alguém que não via além de seu próprio ego. Não mais.

Eu saí pela porta, sentindo o ar fresco da rua contra o meu rosto. Cada passo era mais firme, mais resoluto. Eu sabia o que precisava fazer para tomar o controle de minha vida de volta.

Com as mãos ainda trêmulas, puxei o celular da minha bolsa. Minhas digitais estavam nervosas ao discar o número da secretária de Max. Quando a ligação foi atendida, a voz da mulher do outro lado soou calma demais para a tempestade que se formava dentro de mim.

— Preciso falar com Maximilian agora — minha voz estava firme, sem espaço para hesitações.

— Um momento, por favor.

Respirei fundo, mais uma vez me preparando para o que viria. Ele ainda não sabia, mas eu estava decidida. A empresa, o emprego, aquele homem insuportável — eu estava deixando tudo para trás.

Ele atendia a ligação, e sem sequer dar tempo de ele falar, fui direta:

— Max, estou me demitindo. Hoje. Não suporto mais essa situação, não suporto mais você.

Eu não esperava uma reação dele, mas o silêncio no outro lado da linha foi a confirmação de que ele não tinha nem ideia de que eu chegaria a esse ponto. Eu sabia o que ele pensava de mim — fraca, submissa, pronta para aceitar tudo em nome do trabalho. Mas hoje, não mais.

— Espero que tenha noção do que fez — foi tudo o que consegui dizer, antes de desligar abruptamente.

O peso nos meus ombros parecia ter sumido instantaneamente, mas a decisão estava tomada. Não ia mais me submeter a um ambiente que só me fazia sentir menos. Eu era mais do que aquilo.

Agora, eu tinha que seguir em frente.

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