Mundo de ficçãoIniciar sessão
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A DOR DA MORTE
(Leandro)Sabe aquele momento que você para e pensa: Que merda eu fiz?Foi o que eu pensei quando eu vi a Letícia entrar naquele carro, eu não precisava estar perto pra perceber que ela estava morta por dentro.Por um instante eu pensei estar sozinho, não importava a multidão que estava à minha volta, eu já não sabia mais nem onde eu estava, a minha cabeça estava naquele carro, que aos poucos foi se distanciando, levando embora o amor da minha vida.Freira: Padre?Eu fui obrigado a prestar atenção no que eu estava fazendo, a freira na minha frente estava segurando uma cesta pesada de alimentos esperando que eu a ajudasse e tudo o que eu queria era que aquele dia chegasse ao fim.Depois que finalizamos a entrega das cestas, as pessoas foram se dispersando, e logo a igreja ficou vazia, eu me despedi da liderança, agradeci ao bispo por tudo o que ele havia feito por mim, e quando enfim eu fiquei sozinho, eu senti o peso enorme da solidão.Mesmo tarde, a porta da igreja estava aberta, eu
ESTÁ NA HORA
(Letícia)Três anos depois...Vocês já ouviram falar que o amor é capaz de sobreviver ao tempo? Que quando duas pessoas estão destinadas a ficarem juntas, elas podem até seguir caminhos diferentes, mas um dia elas irão se encontrar e viver esse amor? Eu já ouvi muito isso, e nunca acreditei, na verdade eu parei de acreditar no amor, quando ele não foi o suficiente pra manter o Leandro do meu lado, eu nunca fui capaz de superá-lo.O sexo perdeu a graça, joguei todos os meus objetos sexuais no lixo, quer dizer, quase todos, eu fiquei com um vibrador pra me aliviar de vez em quando, mas eu perdi o desejo de ser tocada por outra pessoa, não que eu não tenha transado com niguém nesses três anos, mas sempre era estranho, eu sempre fingia orgasmos pra depois me aliviar em casa.Eu sofri muito, perdi alguns quilos, mas depois consegui recuperar, aliás, eu recuperei esses quilos na marra, eu fui obrigada a me alimentar e a manter a minha saúde.Lana: Olha mamãe, um “dinossaulo”...— Nossa, que
EU CONHEÇO ESSA VOZ
(Leandro)Três anos depois…Tem pessoas que passam a vida tentando se encontrar, tentando entender o significado da vida, sobre até que ponto a nossa teimosia é capaz de ir, e eu que achei estar no lugar certo, descobri que eu estava completamente enganado, que a minha própria teimosia havia me colocado em um lugar escuro e turbulento. Já faziam três anos que as nuvens inibiram a luz do sol, parecia que eu estava vivendo uma maldição, resultado do meu pecado não confessado, ou talvez tudo se devesse ao fato de eu não ter admitido pra mim mesmo que eu precisava da Letícia pra realmente estar no lugar certo, e eu só conseguia pronunciar o nome dela na minha mente. Em meus sermões, eu sempre disse que existia um tempo determinado pra cada coisa acontecer, na verdade essas eram as palavras do próprio Cristo, se formos analisar bem essas palavras, iríamos descobrir que tudo em nossa vida está programado pelo redentor, até as pessoas que passam por nossas vidas.O nosso Livre arbítrio ser
SEGREDOS
(Letícia)Quando você tem um grande segredo, você fica imaginando a reação das pessoas ao descobrirem ele, eu tinha consciência que ao revelar esse segredo, muita coisa na minha vida iria mudar radicalmente, mas na vida do Leandro iria mudar muito mais. Eu não havia ficado tempo o suficiente com a minha mãe na cidade dela pras pessoas descobrirem o que estava acontecendo entre eu e o Padre da cidade, mas uma filha iria causar grandes transtornos pras pessoas que tinham respeito e admiração por ele. Eu pensei que talvez eu conseguisse me manter escondida, ou talvez conseguisse esconder pelo menos a Lana das pessoa, mas seria impossível, a criança era birrenta, apegada a mim e dificilmente eu conseguiria manter ela caladinha dentro de casa, os vizinhos iriam ouvir as birras dela, e iriam fazer perguntas, e eu não iria poder mentir, eu fiquei pensando também que eu poderia inventar que a filha era do André, mas nós dois sabíamos que havíamos nos prevenido em todas as nossas relações s
NAS ENTRELINHAS
Eu pensei por um instante em ir embora, pois os meus olhos já estavam marejados só em estar naquele local que me trouxe tanta dor, mas eu acabei me mantendo ali, tentando me convencer a revelar pra ele que eu estava lá.Eu fiquei no fim da igreja fingindo que estava rezando e esperei a última pessoa se confessar, então eu caminhei em direção ao confessionário sem pensar muito bem no que eu iria dizer, ele já estava se levantando quando eu falei com ele dizendo que queria me confessar. Eu não tinha ideia de como as palavras saíram da minha boca, já que o meu coração estava quase explodindo no peito.Ele ficou parado, imóvel, como de tivesse reconhecido a minha voz, e na hora que ele olhou pelos buracos do confessionário, eu baixei a minha cabeça pra evitar que ele tivesse essa certeza.A movimentação no confessinário me fez deduzir que ele havia sentado, e então ele perguntou qual era o meu pecado. A voz dele grave fez com que várias lembranças aparecessem de uma só vez na minha ment
QUESTIONAMENTOS
(Leandro)As palavras da Letícia ficaram martelando na minha cabeça, o que seria capaz de libertá-la da sensação de estar morta? Anos haviam se passando e eu ainda me sentia assim, morto por dentro. Depois de um tempo eu me obriguei a sair do confessionário e fui fechar a igreja, mas antes, atravessei a rua e olhei pra casa da Dona Maria, não havia nenhuma movimentação lá.— Onde será que a Letícia está? Perguntei a mim mesmo.É claro que ela não iria ficar exposta, correndo o risco de me encontrar, ela foi até a igreja me atazanar como ela vivia fazendo.— Diaba! Resmunguei.Eu entrei novamente na igreja, fechei as portas e fui pra casa com uma sensação estranha, algo me dizia que a Letícia estava querendo que eu soubesse de algo, mas não tinha coragem de me dizer. Quando a gente conhece de verdade alguém, conseguimos identificar tudo na pessoa, o olhar, as atitudes, e até o jeito de falar, e embora com a passagem do tempo, ainda era possível saber as intenções da Letícia.— Será
MINHA FILHA
Os cabelos dela estavam um pouco mais curtos, porém continuavam extremamente lisos.A moça se aproximou dela e falou algo, e ela olhou pra mim e em seguida olhou pra criança.Eu aumentei os passos e ao me aproximar, notei que a Letícia estava tensa e a respiração dela estava descompassada.Eu a olhei nos olhos, esquecendo de todo o resto, e busquei neles parte daquele amor que eu vi antes dela sumir da minha vida."Meu baião"...A garotinha falou se referindo ao balão que ainda estava nas minhas mãos. Eu tirei os olhos da Letícia e olhei pra garotinha, e eu fui tomado por uma sensação estranha, algo naquela criança era familiar, como se eu já a conhecesse.Eu entreguei o balão pra ela e ela abriu um sorriso angelical e isso só fez aumentar ainda mais a sensação de reconhecimento."Olha mamãe, meu baião"...Ela falou olhando pra Letícia. Eu estava tentando assimilar a cena que estava bem na minha frente, tudo parecia estar passando lentamente diante dos meus olhos.Eu olhei pra moça
A VERDADE
(Letícia)Eu fui chorando o caminho inteiro de volta pro hotel, eu fiquei me perguntando o que iria acontecer quando o Leandro descobrisse o que eu havia escondido, e por mais que eu olhasse tudo por outro ângulo, não existia nenhuma forma de tornar tudo mais fácil.No dia seguinte eu fui visitar a minha mãe depois da médica me ligar dizendo que ela já estava podendo receber visitas, eu não queria vê-la nessas condições e comecei a me sentir culpada por ter tido tantas oportunidades, e não ter aproveitado nenhuma, foi preciso acontecer algo sério pra que eu pudesse tomar a decisão de vê-la.Eu entrei e a encontrei tomando uma sopa que estava sendo servida por uma enfermeira, um dos braços dela estava enfaixado, uma das consequências da queda.Quando ela me viu, ela ficou emocionada, os olhinhos dela marejados fez com que eu me sentisse ainda mais culpada, eu não podia ter feito aquilo com ela.Mãe: Minha menina, você veio…Ela falou esticando o outro braço pra mim.A enfermeira se ret