Eu tentei matar minha filha? Ela é louca? Do que está falando? Fiquei estupefata com o que a Arlete disse. Lúcius foi como um monstro pra cima dela, a pegou pelos cabelos batendo o corpo da mulher na parede.– Você acha que só porque é a porra de uma Luna pode difamar a Karolina? – Ele disse em tom baixo e ameaçador.– Estou falando a verdade, ela me bateu quando a impedi. – A mulher falava tão convicta que até eu acreditaria se não a tivesse visto com um chicote na mão tentando matar a Kamilla.– Aaah... claro! E a defensora das crianças foi salvar a Kamilla. – Ele disse ironicamente. – Você não passa de louca por riqueza que faz de tudo, até me embebedar para ter na sua cama como fez quando a fodi pela primeira vez, apenas para conseguir seu status de Luna da Tribo Calmon. Não se esqueça que é por causa da Karolina que esse título ainda te pertence, porque eu não quis te julgar pelos erros do verme do Carlos. Por causa da Karolina que você, Arlete, vive no luxo.– O que tem haver co
De repente um brilho forte iluminou meu rosto incomodando minhas pupilas, fiz uma careta e coloquei a mão tapando aquela luz, quando acostumei com aquele clarão vi que estava parada na porta dos fundos da minha casa, com o mesmo vestido que usei no jantar e as tranças no meu cabelo, eu tinha voltado. Olhei ao redor e para dentro da casa, mas a Deusa não estava lá, tudo era silencioso. Fechei a porta e, ainda confusa, caminhei em direção ao meu quarto para poder pensar e entender as visões, mas quando cheguei na sala escutei gritos distantes do lado de fora da casa e um estrondo forte ao lado. Saí para saber o que estava acontecendo e havia várias pessoas correndo desesperadamente, crianças chorando gritando e chamando seus pais, o estrondo que tinha escutado foi das árvores do jardim vizinho que tinham se rompido e caído.As casas ao lado da minha estavam em chamas, pessoas gritavam lá de dentro tentando sair. A aldeia que era linda estava um caos, devastada, e havia corpos de lobos-s
Dois cadáveres na minha frente. O odor de podridão que invade minhas narinas, meu corpo, minha mente e me consumia. O pouco reflexo que tenho da escuridão daquela sala úmida está embaçado pelas minhas lágrimas. Lágrimas? Do que eu estou chorando? Pela morte de alguém? A morte do meu tio? Que tio? A culpa é minha pela morte dessas pessoas. Por que estou me culpando? O que fiz de errado? Alguém falou para mim qual foi meu erro. Lembrei, lembrei! Foi um homem que me culpou por tudo, ele tentou me alertar, me impedir de fazer alguma coisa. Ele não queria que eu fosse uma Luna. Sim! É isso!Luna? Eu não posso ser uma Luna, sou uma escrava. Escrava dos meus pensamentos, dos meus tormentos, dos meus medos. Nem sei quem sou de verdade, qual o meu nome?Kamilla? Esse é o meu nome? Não, não, não... Esse é o nome daquela menininha que está na minha frente fedendo com o pescoço quebrado. Ela saiu de mim, é minha filha. Ohh Céus! Está morta! Quem a matou? Foi aquele homem ali.Aquele cadáver antes
– Mamaaãe... – A vozinha dela me fez sair do quarto rapidamente e correr em lágrimas na sua direção, fiquei de joelhos e a abracei fortemente sentindo seu cheirinho doce e suave de rosas.– Mamãe, tá me apertando. – Kamilla falou. Falou! Minha menininha falou comigo e fez carinho no meu cabelo. – Mamãe, você está suja de terra.Afrouxei o abraço e sorri enxugando minhas lágrimas.– Onde a senhora estava? Ficou sumida porque brigou comigo não foi? Prometo que não vou brigar de novo. – Minha menina cruzou os dedinhos.– Senhora, o Alfa mandou eu te preparar um banho, vou agora mesmo fazer isso. – Clara disse. Afirmei com a cabeça e dei um sorriso gentil para ela.Enquanto a Clara enchia minha banheira com água e pétalas, eu ficava enchendo a Kamilla de beijos e cócegas para ouvir sua risada gostosa.– Está pronto seu banho, senhora, deixe-me ajudá-la. – Entrei no quarto segurando a mãozinha da Kamilla e indo em direção ao banheiro.Clara começou a me despir, não me importei com aquilo,
Paramos antes de pisarmos na terra preta a dois metros de distância do Lúcius que me encarou com seu semblante arrogante, olhou sutilmente para nossas mãos entrelaçadas e depois para o Alec que também o encarava. Mesmo não demonstrando nada, eu sabia que o Lúcius estava apertando a mandíbula com muita força. Eu controlava minha respiração para que não acelerasse, não queria deixar parecer meu nervosismo, mas minhas mãos se tremiam.Respirei fundo.Arlete que foi para o lado dele com um sorriso radiante no rosto ficou olhando para mim como se eu fosse um pedaço de bosta.Todos permaneciam calados, principalmente os Bethas do Lúcius que também estavam presentes, cada um dentro do seu território, separados pela extensão de dois metros da fronteira.Alguém limpou a garganta, era o Lucas, Betha do Alec. Quase pulei de alegria quando ele começou a falar, assim aquele silêncio demoníaco ia embora.– É... Bem... O Alfa Calmon exige a volta da Karolina para sua tribo, no entanto o Alfa Boldwin
Fiquei paralisada sentindo o corpo do Lúcius nas minhas costas e a lâmina afiada na garganta. Ele segurava minha cintura com força, um movimento meu faria com que a espada perfurasse minha pele.Todos estavam chocados com aquela reação repentina dele enquanto dávamos passos para trás.– Solta ela, seu filho da puta! – Alec esbravejou caminhando na nossa direção. Ele foi barrado pelos seus Bethas e soldados que o seguravam seus braços e abdômen.– Se você invadir meu território, eu a mato! – Lúcius o ameaçou.– Você não tem coragem de matá-la.– Tem certeza disso? – Senti a lâmina perfurar meu pescoço com uma dor surgindo no local, uma fina camada de sangue desceu pela minha garganta até o peito. Fiz uma careta gemendo baixinho. – Prefiro ela morta do que casada com você.– Meu Alfa, por favor, não faça isso. – Marcus tentou falar com o Lúcius que não deu ouvido.– Lúcius, você me prometeu que tentaria ficar comigo! – Arlete falou entre lágrimas, sem se preocupar com as regras de não p
Ele se levantou e todos me encaravam enquanto eu caminhava rapidamente entrando no território do Boldwin.– Você está bem? Ele te fez alguma coisa? Te machucou? – Alec se aproximou segurando meus braços. Neguei com a cabeça. – Você quer ir embora?– Sim. – Respondi.Ele pegou na minha mão e começamos a caminhar de volta para a aldeia.– Onde está meu marido? – Arlete perguntou furiosa, a ignorei.– Se você tiver um pouco de decência ficará longe dele, sua vagabunda! – Parei de caminhar e fechei os olhos com som da voz dela na minha cabeça.– Karolina, não dê ouvidos a ela. – Alec tentou conversar comigo, eu permanecia de olhos fechados e quando os abri, as árvores na minha frente foram iluminadas por um vermelho intenso.Virei-me lentamente fixando a visão na Arlete que estava com um vestido longo cor roxa de linho com bordados dourados colado na cintura e busto e uma saia rodada da cintura para baixo, usava um colar de ouro que tinha um pingente roxo em forma de lágrima, uma tiara do
Durante toda a caminhada de volta para a alcateia, ninguém falou nada, foi até melhor assim, não queria interrogatórios. Quando cheguei em casa, meus baús de vinho foram colocados na cozinha e eu aproveitei para comer o que a Clara preparou, já era dia e as meninas estavam dormindo. Uma hora depois, um soldado que estava presente na fronteira bateu na minha porta, ele ficou de cabeça baixa e apenas me entregou um bilhete escondido que retirou da manga. No momento que fiquei sozinha, comecei a ler.“Hoje o pôr do Sol vai estar lindo em frente ao morro, perfeito para uma boa conversa ao redor da fogueira, comendo galinha assada e tomando um bom vinho, já que o chá vermelho é horrível.”No bilhete não havia o nome do remetente, mas eu já sabia de quem se tratava e não fiquei surpresa, então li novamente e o queimei, fui para meu quarto dormir.Horas se passaram, e eu entrei no quarto da Clara acordando-a.– Clara, preciso sair, vou ficar ausente algumas horas, se alguém perguntar, diga q