No dia seguinte, ao chegar bem cedo na loja, encontrei o senhor Ernie contrariado, cuidando de todas as encomendas e pedidos de última hora. Tentei começar a ajudar com o que podia, mas ele me impediu. Perséfone queria que eu a esperasse para sair. Tinha pensado um pouco para qual lugar ela queria ir comigo. A possibilidade certa passou por minha cabeça, mas não havia lógica em seu desejo de visitar minha mãe. Aquilo só se tornou realmente palpável quando o senhor Ernie confirmou minhas suspeitas.
— Você não precisa trabalhar hoje, a Perséfone disse que vão sair juntas. E antes que pergunte, sim, eu estou muito preocupado. Mas ela falou que iria visitar sua casa e conhecer seus pais. Não pode ser tão ruim.
— É sério?
— Vocês não tinham combinado?
— Eu não sei, acho que sim. — A intenção de Perséfone ainda permanecia em mistério.
— Ela contou uma mentira ou você acha que tem alguma outra pretensão com isso? Desculpe, mas parece absurdo ela decidir visitar alguém. Mas claro, eu reconheço que vocês podem ter formado uma amizade.
Não soube ao certo o que falar, nossa amizade não parecia muito profunda, se é que já estávamos no nível da amizade. Era certo que estava tramando algo, mas não podia ter certeza e nem acusar, então simplesmente não respondi ao senhor Ernie.
— De qualquer forma, eu fico satisfeito que ela tenha interesse em conhecer sua família. Uma menina como você deve ter uma família linda.
— Ou horrível.
— Como?
— Eu preciso ir, senhor Ernie. Que horas eu devo vir encontrar a Perséfone para irmos até minha casa?
— Não era na hora do almoço? — perguntou confuso.
— Sim, obrigada.
Dito isso, corri o mais rápido possível até minha antiga casa. Quase fui pisoteada por dois cavalos no caminho, e algumas mulheres me xingaram quando esbarrei nelas. Por fim, cheguei completamente suada e descabelada, com a esperança de preparar minha família para a chegada de Perséfone.
A casa estava exatamente igual ao dia em que saí, as janelas estavam abertas e visualizei meus irmãos mais novos correndo e fazendo bagunça. Nossa casa era grande e espaçosa, apesar de um pouco decrépita. Tínhamos quatro quartos, um deles eram dos meus pais e os outros eram divididos ente os 12 filhos. Dos meus 11 irmãos, apenas eu e mais dois havíamos saído de casa, mas mamãe já estava providenciando a saída dos outros. Nosso jardim era amplo, mas não havia nenhum pouco de grama, apenas terra esburacada pelas crianças. As paredes cor-de-rosa eram arranhadas de desenhos que fazíamos com pedras.
Bati na porta por educação, sabendo que o meu lugar já não era ali. Um dos meninos atendeu, o cabelo bagunçado e um dos sapatos do meu pai na mão.
— Mãe, é a Berth! — gritou antes de correr.
— Berth? — Mamãe apareceu limpando as mãos no avental branco, claramente desgostosa por me ver.
— Oi, mãe. Estava com saudades.
— AH! Você veio deixar o pagamento da criação. Entre, por favor. Quer um suco de cereja?
— Não vim deixar o dinheiro, tive um contratempo e na verdade não conseguirei te pagar esse mês.
Mamãe cruzou os braços, me encarando com um olhar tão ameaçador que baixei a cabeça, amedrontada.
— Já sei, foi demitida ou Devan te expulsou? — perguntou, referindo-se ao meu irmão com quem me obrigara morar. — Eu não acredito, Berth! Depois de tudo que fiz por você! Fique sabendo que não há mais espaço para ninguém nessa casa, sua pequena incompetente!
— Nem fui demitida nem Devan me expulsou, ele tem me suportado bem, apesar de tudo. Tive alguns contratempos mas estou mantendo o emprego.
— Então o que você quer? Quais motivos tem para vir aqui se não foi pra deixar o dinheiro?
— Minha chefe quer te conhecer.
— Sua chefe? Qual o motivo?
— Eu não sei. Mas resolvi te avisar antes.
— Bom, se ela é dona da loja deve ser gente importante, não é? — mamãe falou, torcendo as mãos nervosamente —, ou será que vem reclamar de você?
— Não, a visita dela é por um bom motivo. — Mesmo tendo altas chances de ser por um péssimo motivo, e de fato era, não queria levar um do famosos puxões de orelha da mamãe, então menti. — Vamos vir para o almoço.
— Certo! Então eu preciso cozinhar algo decente, limpar a casa e dar um jeito nos seus irmãos. Gente decente não gosta de bagunça. Até mais, e veja se trata a senhorita bem. — Empertiguei-me, e com um sorriso fiz menção de entrar para dizer oi aos meninos, brincar um pouco ou pelo menos relembrar o passado visitando meu antigo quarto, mas ela bateu a porta violentamente na minha cara, e ouvi quando começou a gritar ordens.
Um pouco envergonhada, fiquei andando sem rumo por aí, mil possibilidades de coisas que poderiam dar errado passavam por minha cabeça. Comprei algo para comer e continuei vagando, temerosa com o horário do almoço
O vento soprava balançando as folhas das árvores, que flutuavam lentamente até o chão. Não haviam conversas ou barulho, todos estavam dentro de suas casas. O sol escaldante do meio dia fazia até mesmo os pássaros se esconderem. O suor escorria por minha testa enquanto andava inquieta pela frente da loja, esperando por Perséfone. Por fim, ela apareceu; usava um vestido marrom simples de mangas curtas e cinto de couro preto, o cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Comparada com minhas roupas amarrotadas e coque frouxo, estava muito melhor. Sorri meio sem jeito e indiquei o caminho, andando um pouco à frente. Soltei o cabelo para tentar melhorar a situação e esfreguei o rosto para amenizar toda aquela oleosidade. Não conversamos muito, mas arrisquei algumas poucas palavras sobre o clima, que Perséfone não respondeu.
Ao chegarmos na frente da casa de mamãe, fiquei surpresa ao perceber que a terra esburacada agora estava uniforme. A porta permanecia entreaberta e antes de darmos qualquer indício de nossa presença, mamãe saiu com as mãos erguidas e um largo sorriso, desejando-nos amistosamente suas boas-vindas. Usava um de seus melhores vestidos, azul claro com botões coloridos e saia rodada. Apenas um remendo no ombro. Passou por mim e foi diretamente a Perséfone, estendendo a mão de forma calorosa.
— Seja bem vinda a nossa casa, senhorita. Saiba que é uma honra recebê-la.
Com indiferença, Perséfone apertou a mão de mamãe exibindo um sorriso falso. Com gestos exagerados fomos guiadas para dentro, a casa mais ou menos arrumada.
— Onde estão os meninos?
— Ora, Berth, eu mandei que fossem dar uma volta para recebermos nossa convidada. Afinal, deve ser desconfortável para a senhorita visitar uma casa com pirralhos correndo aos montes. Devemos ter um pouco de classe.
Na cozinha, papai segurava os talheres impaciente em seu lugar á grande mesa. Não tinha ligado muito para a aparência, a barba branca estava por fazer e a camisa com manchas de terra. — Devia ter desfeito os buracos dos meninos por ordem de mamãe, ou enterrado eles lá. — Sentei ao lado de Perséfone, e mamãe bem a nossa frente; após um pequeno protesto por parte dela, papai saiu da ponta da mesa e sentou-se mais perto da "ilustre convidada".
— Nós temos torta de cereja, suco de cereja e também geleia de cereja. Espero que goste de cereja. E também frango.
— Se eu não gostasse morreria de fome.
— Seu nome é Perséfone, não é? Tipo a esposa de Hades. — Mamãe falou com um sorriso no rosto, e tive que pegar um copo de suco para não engasgar de pavor, lembrando-me da primeira vez em que disse aquilo a Perséfone.
— É, tipo a esposa de Hades — respondeu sem o discurso sobre quem de fato era a deusa Perséfone, para minha surpresa.
— Meu nome é Rose, esse é meu marido, Cyrus. Ficamos felizes por sua visita.
Perséfone se serviu de um pedaço de torta de cereja enquanto atacamos o frango, não falou absolutamente nada por algum tempo enquanto mamãe esperava com expectativas. Uma parte de mim, inocentemente, acreditou que tudo já estava passando e não iria acontecer nada de grave. Poucas palavras foram trocadas entre papai, mamãe e eu, mas nada além disso.
Perséfone terminou de comer por último e limpou os lábios com um guardanapo.
— Como estava? — papai perguntou.
— Medíocre.
— Bom, a senhorita deve estar acostumada com culinárias melhores.
— Aqui neste lugarzinho só temos cereja. A torta estava ruim mesmo.
Pigarrei e murmurei um rápido vamos, pressentindo que a partir daquele momento as coisas começariam a dar errado. Mamãe levantou-se, transtornada, mas ainda assim manteve um pouco da postura. Ficava zangada quando falavam de sua comida, e mudou bastante a entonação da voz.
— Afinal, ainda não ficou claro a que devemos a honra. Veio falar sobre Berth ou alguma outra coisa?
— Não, na verdade...
— Oh! Gostaria de mais ajuda na loja? Eu tenho vários filhos desempregados.
— Minha boa senhora, realmente, dada a situação caótica da sua casa, muito embora tenha empurrado o lixo para debaixo do tapete, percebi que possui muitos filhos. Minha pergunta é: por quê?
Sim, claro que Perséfone possuía uma outra intenção com aquela visita, e fui burra em duvidar disso mesmo que por pouco tempo. Arregalei os olhos, sem saber se olhava para ela ou para mamãe, imaginando mais um cenário de destruição.
— Perdão? — Mamãe deu a volta na mesa para ficar mais próxima dela.
— Claro, se procriar feito um coelho for uma estratégia, já que os filhos da senhora precisam pagar por criação, parabenizo-a pelo bom negócio, está indo muito bem. Agora, se tudo é realmente um acidente, recomendo que realize um aborto da próxima vez que ficar grávida, disponibilizo com todo o prazer as ervas necessárias na minha loja.
— Berth, o que significa isso? — papai perguntou.
— Ora, sua desaforada! — Mamãe ergueu a mão bem á altura do rosto de Perséfone, mas antes de qualquer coisa levou um grande empurrão e caiu sentada na cadeira mais próxima. Papai soltou um grito de indignação e a amparou, enquanto fiquei paralisada, sem acreditar no que via. Tudo que ela queria era tirar satisfação e "resolver" o problema do pagamento da minha criação.
— Isso paga pela criação da sua filha e de pelo menos mais cinco filhos seus, por minha conta. — Perséfone retirou uma bolsinha presa no cinto e a abriu, as moedas de ouro tilintaram sobre a mesa. Papai ficou boquiaberto e se afastou, assustado com a quantia. Mamãe levou a mão ao peito e a encarou, perplexa.
— A BERTH NÃO PEDIU PARA TER NASCIDO, NÃO TEM QUE PAGAR A VOCÊ! E PARE DE TER FILHOS. — Perséfone atirou um dos pratos que estavam na mesa ao chão, e saiu sem esperar outra reação da minha mãe. As lágrimas encheram meus olhos diante da situação tão inacreditável e constrangedora, não sabia o que dizer. Apenas queria correr até minha cama e chorar até não aguentar mais.
— Mãe, eu não sabia... Ela é assim. Por favor me perdoe — comecei aos gaguejos.
Mamãe pegou as moedas na mão e começou a contar com a ajuda do meu pai. Fiquei esperando para ver o que diziam, e sem resposta deixei meu choro aparente.
— Me desculpa! Por favor, eu não queria que isso acontecesse! Perdão!
— Sim, Berth, sim!
— Eu tenho que me ajoelhar? — berrei.
— Minha nossa, Rose, nunca vimos tanto dinheiro assim!
— Eu não sabia que a Berth era tão cara! Eu teria comercializado ela como escrava em um desses reinos atrasados que ainda permitem!
— Eu também não, você acha que ela realmente comprou a Berth, querida?
— Eu não sei, mas essa foi a melhor coisa que já nos aconteceu.
— MÃE! PAI!
Os dois se abraçaram e sorriram, começando a fazer planos sobre o dinheiro. A conversa deles sobre Perséfone ter me comprado foi extremamente incomoda. Estava decepcionada por ter percebido o que meus pais achavam de mim, e com raiva de Perséfone por ter me feito passar tanta vergonha. Eu preferia ter pago, sem dúvidas, minha criação do que ter passado por aquilo.
Foi pura humilhação ter sido praticamente comprada. Saí rapidamente para casa e andei rumo a loja, sem olhar para trás. Parei uma vez no meio do caminho, engasgada com as lágrimas. Me apoiei sobre os joelhos e observei algumas gotas escorrerem do meu rosto e mancharem a terra. Uma pessoa que passava me chamou de coitada. Naquele momento a vergonha potencializou ao máximo minha tristeza e dor.
Continuei andando até a loja, antes de entrar limpei o rosto com força e tentei parecer o mais zangada possível, mais do que já estava. Perséfone conversava alegremente com o senhor Ernie atrás do balcão. Sorriu para mim ao me ver entrar.
— Berth, eu estava esperando... — começou
— Vim apenas dizer ao senhor Ernie que me demito! — gritei.
O sorriso no rosto de Perséfone sumiu, continuou me encarando mais agora abismada.
— Eu te odeio! — Corri para casa o mais rápido possível.
Fiquei dois dias inteiros em casa refletindo. Não quis contar a meu irmão, Devan, sobre ter pedido demissão, pois ele poderia ficar desesperado e pensar que teria que me sustentar. Também não podia, de maneira nenhuma, voltar para a casa dos meus pais depois de tudo. Estava pensando em sair e procurar emprego. Seria fácil conseguir algo na feira, mas quando ela fosse embora ficaria desempregada de novo, portanto preferi me concentrar em algo mais sério e duradouro.Com o passar do tempo as emoções foram se aquietando, e comecei a lidar de uma maneira melhor com o que havia acontecido. Afinal, Perséfone me mostrara o que minha família pensava sobre mim, e seu ato não foi de todo tão ruim. Seria melhor que tivesse pensado um pouco e me emprestado o dinheiro no lugar de armar a cena. O tempo sozinha foi proveitoso para me acalmar e colocar as ideias em ordem.No terceiro dia o senho
Os olhos verde-escuros de Aylet analisavam a loja com atenção, os cabelos castanhos caiam-lhe em uma trança assanhada até a cintura, e seu sorriso encantador evidenciava os finos traços de seu rosto. A aura que emanava dela assustava tanto que Perséfone parecia não me representar mais nenhum tipo de ameaça. Deixei o balde com sabão no lugar onde estava e me dispus atrás do balcão como a mais simples das empregadas, observando as duas com curiosidade.Aylet era mais alta que Perséfone, um pouco parecida, todavia mais bela. Eu não diria, jamais, que Aylet seria sua mãe, principalmente por sua aparência excessivamente jovem. Ela retirou a capa preta que usava, de um tecido fino adornado com pequenos detalhes dourados, jogou-a de qualquer jeito sobre uma estante de remédios, revelan
No dia seguinte, foi anunciado que o palco coberto pela lona gigante na feira seria descoberto ao pôr do sol. Todas os estabelecimentos fecharam-se cedo, pois todos estavam animados com a novidade. Eu também estava, afinal, era uma boa oportunidade para me divertir um pouco, e também estava curiosa com as comemorações daquele ano.Infelizmente, os planos de Perséfone incluíam me prender na loja. Ela anunciou que ficaria organizando e arrumando tudo para não restar trabalho atrasado.— Minha filha, não faz sentido ficar aqui. Não há tanto para fazer — o senhor Ernie rebateu, preocupado.— Um cliente pode aparecer.— Ninguém vai ap
Chegamos a loja e Perséfone ficou andando de um lado para o outro, o rosto enterrado entre as mãos. Não soube o que dizer por um bom tempo, então apenas fiquei calada esperando uma manifestação dela.— Meus pais vão passar aqui antes de irem pra casa, vamos fazer de conta que ficamos e que nada aconteceu.— Você acha que vamos ter problemas maiores?— Eu não sei, espero que não. — Ela finalmente parou de andar, parou a minha frente e respirou fundo, buscando recuperar a calma.— Como isso aconteceu? — Tive coragem de perguntar. É comum tirar conclusões precipitadas ou criar explicações falhas sobre as at
No dia seguinte, cheguei à loja mais cedo do que todos. As ruas estavam vazias e silenciosas naquela horário, exceto por um ou outro pequeno pássaro voando longe do ninho. Sentei-me na calçada em frente, apoiando os braços nos joelhos e baixando a cabeça. O sol elevava-se no céu, trazendo consigo mais um calorento dia animado e feliz para Artémise, cheio de surpresas para mim e para a pobre Perséfone.Foi por ela que saí tão cedo. Queria perguntar-lhe se ouvira o boato da revolução, se estava assustada com a possibilidade de que alguém a reconhece-se. As palavras de Justin sobre alta traição voltavam a minha mente todo segundo enquanto tentava achar pistas, dicas, qualquer coisa que pudesse ajudar Perséfone.Conforme os
Ficamos um pouco desnorteadas, a princípio, em relação ao que fazer. O arauto mencionara que naquele mesmo dia Perséfone iria até o palácio. Andamos como baratas tontas por um bom tempo, nervosas. Chegamos a procurar o senhor Ernie, mas por fim retornamos à loja onde ele já nos aguardava juntamente com Aylet, para nossa surpresa.— Estou tão orgulhosa de você, minha filha! — Aylet se lançou em direção a Perséfone, abraçando-a e apertando suas bochechas. Lágrimas brotavam dos seus olhos, de tanta felicidade. — Minha menina irá conhecer a família real! Vai por os pés no próprio castelo.Calado, o senhor Ernie apenas assentiu. Seu olhar demonstrava um pouco de preocupação
As três horas que Silas mencionara passaram voando, e logo que cheguei á frente da loja, após pensar muito tempo no banco de madeira, uma imensa carruagem dourada estava parada a nossa espera. Parecia ter saído direto de um conto de fadas, com seus detalhes desenhados, duas janelas, uma de cada lado, e uma pequena porta de entrada. Dois cavalos brancos a puxavam, guiados pelo cocheiro.Nem consegui raciocinar direito, era inacreditável que uma pobre como eu viajaria ali diretamente para o castelo. Teria desmaiado de deslumbramento, não fosse a decepção que passara em casa pouco tempo antes.Perséfone estava parada roendo as unhas, desinteressada. Silas dava umas últimas informações a seus pais enquanto Aylet gritava enfurecida que deveria ir com a filha.
Acordamos cedo pela manhã, ou o melhor, os outros acordaram. Passei grande parte da noite pensando nas maravilhas que me aguardavam no castelo. Vesti-me apressada, doida para sair daquele quarto. Como eu já sabia, o vestido me caiu muito bem. Até consegui fazer um penteado, mesmo que desengonçado, com a presilha.Me sentei na sala de estar com os outros, Perséfone e Amália usavam exatamente a mesma roupa que eu, diferenciando-se apenas a cor. O vestido de Amália era bege e o de Perséfone cor-de-vinho. Tenho que admitir que ficaram muito melhores do que eu, ganhei somente no quesito habilidade com a presilha.A senhora Hilde se recusou a vestir roupas "pomposas", alegou que não queria ser assediada por nobres atrevidos, apenas concordou em usar uma capa por cima dos ombros ap