As dúvidas retumbavam na minha cabeça, a atitude ridícula e imprudente que tomei prejudicaram imensamente o senhor Ernie. Pensei em voltar para loja, pedir desculpas ou ir embora antes de ter que explicar o inexplicável que acontecera com o gato, mas não conseguia nem sair do lugar. Pensava e repensava como havia deixado aquilo acontecer, mesmo com os avisos de Perséfone para não me aproximar, mesmo sabendo que estávamos unicamente tentando encontrar o velho e não gastando o dinheiro com besteiras.
Alguma força maior parecia ter me atraído até o gato. Eu pelo menos deveria ter perguntado a ele onde estava o velho, e não uma coisa tão inespecífica.
Depois de um tempo, vi Perséfone saindo do meio da feira a passos pesados, um cachecol laranja enrolado no pescoço, escondendo os arranhões de Lya. Embora uma parte minha se sentisse aliviada por vê-la, outra parte se preparava para um sequencia de chutes e socos pela fúria contida em seus olhos.
Fiquei de pé, encarando o seu rosto pronta para ter o que merecia. Ela parou a poucos centímetros de mim, respirando profundamente e arrumando o cachecol no pescoço.
— Onde você estava?
— Me acalmando, e também comprei esse troço para cobrir os arranhões.
— O que vamos fazer?
— Estou pensando na melhor maneira de te matar, caso contrário nem teria voltado.
— Eu não sei, realmente não entendo o que aconteceu lá! Você sabe que não sou impulsiva, eu jamais teria me aproximado do gato sem antes resolvermos o que nos trouxe aqui. Tinha alguma coisa nele, Perséfone! Você tem que acreditar em mim! Era uma aura que atraía e hipnotizava. Mas sabe, além de tudo, todo o dinheiro do velho ficou na loja. Devíamos tentar recuperar antes de voltarmos e você me matar.
Falei tudo muito depressa, exasperada com minhas justificativas e medo. Perséfone cruzou os braços, analisando as palavras, as sobrancelhas erguidas. parei de falar por perceber que estava exagerando, ela mordeu o lábio e assentiu.
— Vamos buscar a maldita carteira. Mas você vai na frente e se o gato estiver lá vamos embora.
A possibilidade de ficar frente a frente com Aristóteles novamente me apavorou, e uma inquietação me fez dar pequenos pulinhos no mesmo lugar, enquanto as mãos tremiam descompassadamente.
— Claro.
Perséfone se virou, andando calmamente em direção a barraca. Abracei meu corpo a seguindo de perto, o coração saltando até a garganta. A morte poderia ser melhor que encarar aquele gato, mas tentei mentalizar o fato de que não precisava me aproximar ou encarar os olhos dele, e talvez uma certa distância fosse segura.
Ao redor da loja, algumas pessoas olhavam curiosas, mas sem entrar. Tentavam espiar o estrago que estava lá dentro. A lona estava torta e alguns fungados constantes vinham de dentro. Perséfone me segurou pelos ombros e me jogou com força pela entrada, estendi os braços para frente buscando o equilíbrio ao entrar. Estava tudo destruído, como deixamos. Com um olhar rápido, mas cuidadoso, analisei cada pequeno espaço até concluir que Aristóteles não estava lá.
— Tudo limpo!
Lya, encostada em um canto, abraçava os próprios joelhos na frente do corpo, a carteira do velho pendendo entre os dedos. Seus olhos molhados me encararam com um ódio mortal; mais alguém que queria me matar. Ficou de pé em um movimento brusco, vindo em minha direção, mas parou quando Perséfone entrou.
Com alguns passos vacilantes, Lya recuou, apertando a carteira do velho contra o peito.
— VOCÊ!
— Sim, sou eu — Perséfone falou com escárnio.
— O que querem aqui? Terminar de me matar?
— Eu adoraria, mas infelizmente não elaborei um plano para esconder seu corpo. Por enquanto apenas quero que me devolva a carteira.
Lya olhou para a carteira apertada entre os dedos, como se só então se desse conta dela. Senti um medo extremo de que ela e Perséfone recomeçassem uma luta física.
— Não vou devolver! Isso fica como pagamento por terem destruído meu negócio, embora não seja suficiente.
Perséfone cerrou os punhos, e antes que outro espetáculo despontasse, uma ideia solta surgiu na minha cabeça e sussurrei em seu ouvido.
— Pensa um pouco. Se acontecer mais algum barulho aqui as pessoas vão entrar e você será a acusada. Em vez de partir para a agressão física, vença ela com argumentos através de um diálogo convincente, como os sofistas fariam.
— O que são sofistas?
Levei as mãos as boca, também não sabia o que era aquilo. O gato podia de alguma forma ainda mexer com as minhas ideias e pensamentos, era a única explicação para aquela palavra esquisita que nunca ouvi falar e a ideia dos argumentos. O enjoo que veio a seguir foi tão forte que não consegui segurar, me inclinei para o lado e vomitei.
Segurando a carteira como se sua vida dependesse disso, Lya assumiu uma posição defensiva. Mas no lugar de atacar para pegar o que queria, Perséfone relaxou os ombros e respirou profundamente. Seu rosto assumiu uma expressão calma e séria, e suas mãos se cruzaram na frente do corpo. Ficou um pouco parecida com o senhor Ernie, quando estava me ensinando uma importante lição de química.
— Minha cara senhora...
Confusa, Lya apenas flexionou os joelhos e estufou o peito, preparando-se para um golpe físico.
— De acordo com a lei vigente no reino de Artémise, a magia é terminantemente proibida no vilarejo, sendo restrita apenas ao uso da família real ou pessoas habilitadas que comprovem o domínio e extrema necessidade de sua utilização para fins profissionais. E ainda assim, nem todos os tipos de magia são aceitos, e os aceitos são severamente monitorados por um membro do governo...
Lya inclinou a cabeça, confusa. Entendi onde Perséfone queria chegar.
— A senhora é uma feirante, trabalho irregular... Sendo assim, a menos que tenha uma licença assinada pela corte, não tem permissão de usar magia dentro do reino. O seu gato parecia um tanto mágico, diga-se de passagem.
— Eu... Isso era só um jogo, adivinhação! Como os mágicos que fazem truques no circo!
— Berth é testemunha dos poderes do seu gato, e a menos que devolva a carteira, ela irá prestar uma queixa contra a senhora à uma autoridade. E considerando que sua magia causou prejuízo emocional, acho que a pena aumentaria. Só não lembro ao certo qual a punição para o uso irregular de magia...
Como se já tivesse passado por uma daquelas punições e fosse familiarizada com seu horror, Lya jogou imediatamente a carteira que defendia com tanto vigor. Perséfone a pegou no ar e agradeceu, retirando-se.
— Eu cumpri minha parte do acordo, não fale nada — Lya me implorou.
— Tudo bem, mas é melhor se livrar do gato.
Saí da tenda e me juntei a Perséfone, que rumava em direção a saída da feira. Ela certamente ainda estava fervendo de ódio, mas conseguir recuperar a carteira era uma pequena vitória. Sem saber o que esperar, me aproximei o máximo possível e andei em seu encalço.
— Que papo foi aquele de vencer com argumentos e não com agressão? — perguntou com educação, para minha surpresa.
— Eu não sei. Só pensei naquilo. E ainda não descobri o que significa a palavra "sofistas". Acho que quando sentimos muito medo acabamos inventando palavras.
—Talvez. De qualquer forma deu certo.
O problema que faltava era o de encontrarmos o velho, mas depois de tudo que passamos não sobrara energia para o procurar pela feira. Tudo que eu queria era voltar para a loja e receber minha punição, seja lá qual ela fosse.
Nos afastamos das aglomerações, dos risos e do colorido da feira. Um mundo inteiro de sonhos e brincadeiras que foi transformado em meu pior pesadelo. Conforme tudo ficava para trás, e o último riso de criança ecoou fraco em meus ouvidos, uma imensa tristeza se apossou de mim. Foram muitas emoções intensas que enfrentei em um dia só, e eu não sabia se queria viver assim. Estar com Perséfone significava nunca ter paz. Ou, por outro lado, estar comigo fosse a perdição dela. Nós duas funcionávamos como uma combinação desastrosa de compostos químicos, e enquanto estivéssemos juntas; seja em um salão de beleza, uma feira ou em qualquer outro lugar, levaríamos caos e destruição. Foi a primeira vez que pensei aquilo sobre nossa amizade e até onde poderíamos chegar. Me afastar seria o melhor, mas ainda não estava tão claro para mim que Perséfone era uma bomba relógio, prestes a explodir, uma explosão que arrastaria tudo próximo a ela.
Afastei os pensamentos, limpei uma lágrima solitária que escorria pela bochecha e fiquei. Fiquei bem ali ao lado dela, consciente da explosão.
Ao chegarmos na loja, Perséfone começou a arrumar algumas coisas, dizendo que iria fechar mais cedo, antes do senhor Ernie chegar. Coloquei a carteira do velho em cima do balcão e fechei os olhos, deixando o silêncio reinar. Não sabia bem o que dizer nem como dizer. Pedir desculpas novamente poderia muito bem desencadear outra onda de raiva nela.
— O que eu faço?
— Passe os pedidos de hoje para amanhã no caderno.
— Não quer que eu vá embora?
Perséfone parou e me encarou nos olhos, mexendo no cachecol. O suspense antes de suas palavras faziam meu coração bater muito forte, e o som da minha respiração foi amplamente ouvido.
— Eu deveria fazer isso, mas eu sei que a magia mexeu com a sua cabeça. Então não foi sua culpa. E também, tinha um gato envolvido, não posso culpar alguém que faça besteiras na presença de um bicho tão peçonhento.
— Quando entramos na barraca você sentiu medo de cara. Foi a aura do Aristóteles ou você tem medo de gatos?
— Não interessa.
Satisfeita por não ter sido demitida, resolvi deixar o assunto um pouco de lado no momento. Antes de pegar o caderno e fazer o que Perséfone mandou, abri a carteira do velho e contei o dinheiro.
— Está faltando o que eu paguei para falar com o gato e mais uma pequena quantia, provavelmente Lya tirou.
— Se o dono vier buscar...
Nesse exato momento Perséfone foi interrompida, o velho da cartola entrou anunciando que viera buscar sua carteira esquecida. Ou seja, se tivéssemos esperado simplesmente que voltasse, no lugar de ir procurar ele, não teríamos perdido o dinheiro e evitaríamos muita coisa. Engoli em seco, desviando do olhar aterrador de Perséfone.
— Sim, o senhor esqueceu sua carteira. Permita-me buscar, guardei em um local seguro. Fique a vontade - falei e o velho assentiu.
Perséfone cruzou os braços, e observou com desdém meu desespero, esperando para ver o que faria. Escondi a carteira do velho e fui até atrás do balcão, onde guardei em uma bolsinha o primeiro pagamento que o senhor Ernie havia me dado há um dia. Completei o que faltava na carteira do velho sem muita demora e a devolvi.
— Pronto.
— Desculpe por isso, e obrigado por ter guardado pra mim. — O velho sorriu amigavelmente e se retirou.
Olhei com expectativa para Perséfone, pensando se aprovaria ou não minha solução, mas não encontrei nenhuma pista em sua expressão. Completar com meu pagamento foi a primeira coisa que me ocorreu, e existiam vários motivos que tornavam aquela ideia perfeita.
— Por que fez isso?
— Eu não podia tirar o dinheiro do seu pai, seria injusto. E tudo isso só aconteceu por minha culpa. Você viu que ele veio buscar, não precisávamos ter ido até a feira. A verdade é que eu achei uma boa oportunidade de fazer uma visita e dar uma olhada nas coisas, e por causa disso toda a confusão aconteceu. Me desculpe, é a verdade. O mínimo que poderia fazer era pagar.
Perséfone assentiu, mas alguma coisa ainda a incomodava.
— Justo. Mas isso não vai te fazer falta para comprar comida ou alguma coisa do tipo?
— Não. Pelos meus cálculos só tirei a parte que seria da minha mãe, eu converso com ela.
— Espera, que história é essa de você ter que dar parte do seu pagamento a sua mãe? — perguntou, levando a mão ao queixo e saindo de trás do balcão.
— Eu te falei. Preciso reservar uma quantia do meu pagamento por um ano a ela, por ter me criado.
— Isso é ridículo! — Arrancou o cachecol do pescoço e o atirou no chão, pisando em cima logo em seguida.
— Acho justo.
— Seu senso de justiça é terrível.
Afastei o cabelo emaranhado do rosto, e Perséfone continuou pisoteando o cachecol com a ponta do sapato enquanto maquinava alguma coisa. O que ela fez no dia seguinte me dividiu de uma forma esquisita. Senti uma mistura de revolta com gratidão. Era uma coisa legal de se fazer por um amigo, ou não, dependia muito do ponto de vista. Ainda não sei se foi exatamente bom, mas suas intenções foram boas.
Será que o que vale é a intenção ou o que acontece?
— Ainda quer que eu passe os pedidos de hoje para amanhã no caderno?
— Sim, mas registre tudo detalhadamente para o meu pai. Amanhã nós não vamos ficar na loja. Vamos fazer uma certa visita.
No dia seguinte, ao chegar bem cedo na loja, encontrei o senhor Ernie contrariado, cuidando de todas as encomendas e pedidos de última hora. Tentei começar a ajudar com o que podia, mas ele me impediu. Perséfone queria que eu a esperasse para sair. Tinha pensado um pouco para qual lugar ela queria ir comigo. A possibilidade certa passou por minha cabeça, mas não havia lógica em seu desejo de visitar minha mãe. Aquilo só se tornou realmente palpável quando o senhor Ernie confirmou minhas suspeitas.— Você não precisa trabalhar hoje, a Perséfone disse que vão sair juntas. E antes que pergunte, sim, eu estou muito preocupado. Mas ela falou que iria visitar sua casa e conhecer seus pais. Não pode ser tão ruim.— É s&eac
Fiquei dois dias inteiros em casa refletindo. Não quis contar a meu irmão, Devan, sobre ter pedido demissão, pois ele poderia ficar desesperado e pensar que teria que me sustentar. Também não podia, de maneira nenhuma, voltar para a casa dos meus pais depois de tudo. Estava pensando em sair e procurar emprego. Seria fácil conseguir algo na feira, mas quando ela fosse embora ficaria desempregada de novo, portanto preferi me concentrar em algo mais sério e duradouro.Com o passar do tempo as emoções foram se aquietando, e comecei a lidar de uma maneira melhor com o que havia acontecido. Afinal, Perséfone me mostrara o que minha família pensava sobre mim, e seu ato não foi de todo tão ruim. Seria melhor que tivesse pensado um pouco e me emprestado o dinheiro no lugar de armar a cena. O tempo sozinha foi proveitoso para me acalmar e colocar as ideias em ordem.No terceiro dia o senho
Os olhos verde-escuros de Aylet analisavam a loja com atenção, os cabelos castanhos caiam-lhe em uma trança assanhada até a cintura, e seu sorriso encantador evidenciava os finos traços de seu rosto. A aura que emanava dela assustava tanto que Perséfone parecia não me representar mais nenhum tipo de ameaça. Deixei o balde com sabão no lugar onde estava e me dispus atrás do balcão como a mais simples das empregadas, observando as duas com curiosidade.Aylet era mais alta que Perséfone, um pouco parecida, todavia mais bela. Eu não diria, jamais, que Aylet seria sua mãe, principalmente por sua aparência excessivamente jovem. Ela retirou a capa preta que usava, de um tecido fino adornado com pequenos detalhes dourados, jogou-a de qualquer jeito sobre uma estante de remédios, revelan
No dia seguinte, foi anunciado que o palco coberto pela lona gigante na feira seria descoberto ao pôr do sol. Todas os estabelecimentos fecharam-se cedo, pois todos estavam animados com a novidade. Eu também estava, afinal, era uma boa oportunidade para me divertir um pouco, e também estava curiosa com as comemorações daquele ano.Infelizmente, os planos de Perséfone incluíam me prender na loja. Ela anunciou que ficaria organizando e arrumando tudo para não restar trabalho atrasado.— Minha filha, não faz sentido ficar aqui. Não há tanto para fazer — o senhor Ernie rebateu, preocupado.— Um cliente pode aparecer.— Ninguém vai ap
Chegamos a loja e Perséfone ficou andando de um lado para o outro, o rosto enterrado entre as mãos. Não soube o que dizer por um bom tempo, então apenas fiquei calada esperando uma manifestação dela.— Meus pais vão passar aqui antes de irem pra casa, vamos fazer de conta que ficamos e que nada aconteceu.— Você acha que vamos ter problemas maiores?— Eu não sei, espero que não. — Ela finalmente parou de andar, parou a minha frente e respirou fundo, buscando recuperar a calma.— Como isso aconteceu? — Tive coragem de perguntar. É comum tirar conclusões precipitadas ou criar explicações falhas sobre as at
No dia seguinte, cheguei à loja mais cedo do que todos. As ruas estavam vazias e silenciosas naquela horário, exceto por um ou outro pequeno pássaro voando longe do ninho. Sentei-me na calçada em frente, apoiando os braços nos joelhos e baixando a cabeça. O sol elevava-se no céu, trazendo consigo mais um calorento dia animado e feliz para Artémise, cheio de surpresas para mim e para a pobre Perséfone.Foi por ela que saí tão cedo. Queria perguntar-lhe se ouvira o boato da revolução, se estava assustada com a possibilidade de que alguém a reconhece-se. As palavras de Justin sobre alta traição voltavam a minha mente todo segundo enquanto tentava achar pistas, dicas, qualquer coisa que pudesse ajudar Perséfone.Conforme os
Ficamos um pouco desnorteadas, a princípio, em relação ao que fazer. O arauto mencionara que naquele mesmo dia Perséfone iria até o palácio. Andamos como baratas tontas por um bom tempo, nervosas. Chegamos a procurar o senhor Ernie, mas por fim retornamos à loja onde ele já nos aguardava juntamente com Aylet, para nossa surpresa.— Estou tão orgulhosa de você, minha filha! — Aylet se lançou em direção a Perséfone, abraçando-a e apertando suas bochechas. Lágrimas brotavam dos seus olhos, de tanta felicidade. — Minha menina irá conhecer a família real! Vai por os pés no próprio castelo.Calado, o senhor Ernie apenas assentiu. Seu olhar demonstrava um pouco de preocupação
As três horas que Silas mencionara passaram voando, e logo que cheguei á frente da loja, após pensar muito tempo no banco de madeira, uma imensa carruagem dourada estava parada a nossa espera. Parecia ter saído direto de um conto de fadas, com seus detalhes desenhados, duas janelas, uma de cada lado, e uma pequena porta de entrada. Dois cavalos brancos a puxavam, guiados pelo cocheiro.Nem consegui raciocinar direito, era inacreditável que uma pobre como eu viajaria ali diretamente para o castelo. Teria desmaiado de deslumbramento, não fosse a decepção que passara em casa pouco tempo antes.Perséfone estava parada roendo as unhas, desinteressada. Silas dava umas últimas informações a seus pais enquanto Aylet gritava enfurecida que deveria ir com a filha.