Todos se mostraram extremamente curiosos, principalmente Yuna. Eu até desconfiei das motivações dela, mas no final eram só várias pessoas presas em um castelo sem nada para fazer ou assuntos novos para fofocar.
Perséfone não fez nenhum movimento, não gesticulou, mudou a expressão ou o tom de voz. Era como se estivesse lendo um livro chato em voz alta e sem qualquer vontade. Omitiu várias partes que não julgava necessárias, e para meu desprezo omitiu minha existência. Não que fosse importante para mim ser citada em sua história, mas todas as vezes eu estive lá, não só como observadora, mas como participante ativa. Por que na sua versão eu não existia? Duvido que minha popularidade fosse muita em Artémise. Quando contassem a história de Am
No dia seguinte me senti pronta para começar a colaborar com a sociedade. Era notório que Perséfone não encontraria nenhum tipo de sossego lá, não enquanto o senhor Ernie estivesse tão longe do seu alcance. Talvez, se encontrasse um meio de falar com ele, os dois pudessem morar juntos no castelo. Altamente improvável, eu diria. Yuna não aceitaria um estranho assim. Me peguei pensando que seu conhecimento em fabricar poções poderia interessá-la. Restava saber se ele aceitaria se mudar para um castelo escondido no meio da floresta assombrada na companhia dos piores criminosos do mundo mágico. Será que é algo que um pai faz pela filha?Conversei com Drizella, sempre atenta aos detalhes, e pedi que me desse uma tarefa. Mesmo que Perséfone não favorecesse os outros em nada, e
Esse é um conto de fadas, por favor, leia com seus pais ou professor e discutam sobre a moral da história.Era uma vez, em um reino distante chamado Artémise, uma donzela dotada de beleza espetacular.Amália foi abandonada pelos pais ainda criança, na porta da casa de um comerciante de cerejas, onde cresceu por caridade com 4 irmãos e pais que não se importavam com ela, e, sempre que possível, a faziam de escrava no processo de separação de cerejas podres, que machucava suas delicadas mãos.Um dia, a bondosa rainha de
— O mais ridículo dessa história maldita é que supostamente minha motivação para destruir tudo foi a inveja por causa de um homem e aparência física.Conforme o esperado, também fui excluída da versão dos bonzinhos. O mais revoltante era a narrativa falha e completamente mentirosa envolvendo Justin. Ele nem mesmo estava presente quando os cavaleiros encurralaram Perséfone, muito menos brandindo uma espada. Aliás, eu sozinha roubei a espada dele. Se existia uma heroína na vida de Amália, essa pessoa sou eu, caso contrário ela teria morrido envenenada pela torta de cereja.Mas claro, ninguém sabia da torta de cereja ou da Berth. Me tornei irrelevante para todos, desinteressante até para fazer parte da cantiga popular
Uma bela manhã, após muitas especulações e planejamentos, decidimos falar com Yuna. A ajuda dela era imprescindível. Mesmo que a partícula de sol estivesse perdida eternamente, levada de volta ao castelo, Perséfone ainda queria reencontrar o pai. Não viveria sem seu perdão.Fomos à sala dela em um momento de menor movimentação, para não correr o risco de esbarrar com Drizella ou explicar uma desculpa esfarrapada para qualquer um.Para nossa sorte, estava exatamente lá, sorrindo com Aristóteles ronronando em seu colo. Perséfone até fez menção de sair ao deparar-se com a figura do gato, mas a incentivei a ficar. Já havíamos adiado muito mais que o necessário.
Ernie deu alguns passos pela escada, não tive incertezas quanto a seus sentimentos e o abracei com força. Nós dois começamos a chorar, e quase desmaiei de tanta emoção. Para Perséfone seria mil vezes mais intenso.Ele estava vivo, era o que importava. O plano funcionou.— Está com a minha filha, não é? — A esperança e o desespero em sua voz me encheram de alegria, ele não a odiava.— Estou sim, senhor. Ela me mandou.— Eu sofri tanto, Berth! — Passou as mãos sobre o rosto, e juntos descemos o último lance de escadas. — Pensei que a essa altura minha menina tivesse morrido na floresta maldita. Diga, onde
Yuna providenciou um local reservado para Perséfone e o senhor Ernie ficarem a sós e esclarecem tudo que aconteceu. Contei a ela sobre a facilidade da missão, e fiquei satisfeita por ganhar elogios e um certo reconhecimento.— Aposto que a rainha Evelyne já conta com a morte de Perséfone, por isso não se preocupou tanto com a segurança! — comentei.— Você teve sorte por ter encontrado o senhor Ernie em casa e a partícula de sol, mas não pense que acabou.Os boatos sobre nossa façanha já corriam soltos, espalhando-se como um incêndio descontrolado entre os vilões. Drizella abafava as fofocas com ameaças e gritos pelos corredores.
— Lembra quando nos conhecemos? Procuramos por um velho lá na feira para devolver a carteira, e Aristóteles invadiu minha mente. Foi horrível.— Lembro, eu odiava você.— A mulher disse que eu poderia fazer uma pergunta ao Aristóteles, e eu perguntei qual era o segredo da vida.— Que idiota! Eu teria simplesmente perguntado como ficar rica.— Ele me torturou, me chamou de feia, e disse que a dor que eu sentia, de quebrar os ossos, era o peso da resposta.— E então, qual era o segredo da vida, segundo Aristóteles?— O segredo é que
Bom, já que Berth começou essa história falando sobre mim, nada mais justo do que eu terminá-la falando sobre ela.Hoje é o dia da coroação de Berth, princesa de Artémise. E nesse ponto você já deve ter entendido que a mocinha da história nunca foi Amália nem Justin, sempre foi ela.Não chamaria isto de conto de fadas oficial, pois os papéis se inverteram. A heroína, a personagem secundária e a princesa eram Berth, a melhor amiga da vilãDepois do pedido de Annethy, Berth chorou por quase trinta minutos, falou coisas desconexas e incoerentes com a realidade e cantou uma música sobre sonhos e superação. Ela disse que se