Volker controlou a situação com frieza e precisão, mantendo todos sob seu comando. Noah permanecia de joelhos, cercado por soldados com armas apontadas a cada mínima movimentação. — Emilyn? Venha até aqui e me diga se é possível extrair. — Não quero chegar mais perto. — ME OBEDEÇA, EMILYN! — NÃO VOU. — Droga... Maldita insubordinada. — Está bem, chegamos ao limite. Não vamos nos arriscar. Volker destravou a arma apontando à Noah. O gesto tinha a frieza de quem sentia o peso das decisões, mas era decidido a encará-las. — Me desculpe, amigo. Uma sombra veloz cortou o limiar da porta. E a voz chamou a atenção. — ELE NÃO É SEU AMIGO! Lia surgiu de súbito na porta da casa, empunhando a espada com um brilho intenso nos olhos. Sua raiva transparecia: a aura escarlate pulsava, distorcendo o ar e pressionando o peito de quem a observava. — Ela estava em fúria. Muitos dos guardas ergueram as armas em sua direção, congelados pela surpresa. O som único de sua aura emanan
Os céus ainda estavam nublados, um clima agradável para uma conversa que provavelmente seria longa. Noah sentiu o ar pulsar com a energia de Lia, com seus fios vibrando sutilmente em direção à sala. Ao entrar, viu-a encarando Volker, seus olhos o ameaçavam. Sua expressão raivosa manteve-se fixa ao olhar para Noah.— Lia, preciso de um minuto com você. Lia olhou para sua mão conectada aos fios. Noah a tranquilizou.— Não se preocupe, não senti nenhuma ação suspeita. — Ah, só estancava os sangramentos. Já deve ter sido o suficiente. Lia recolheu a energia aos poucos, como se desfiasse um tecido. Acompanhou Noah até o quarto, mantendo a tensão nos olhos. Assim que entrou, bateu a porta, a casa tremeu levemente, ela explodiu:— Seu idiota irracional! Acha que não percebi? – seus olhos brilharam num azul escuro intenso por um segundo, como se a raiva tivesse cor. Noah parecia surpreso, mas sabia do que ela falava. Contudo, não era a prioridade naquele momento. Permaneceu calad
Lia estava completamente confusa. Nada daquilo fazia sentido. Noah, ao seu lado, exibia a mesma curiosidade.— Vocês podem parar de fazer suspense? – disse Noah – Lia me contou como aconteceu; ela despertou normalmente. Então, o que vocês estão tentando dizer? Volker e Emilyn se encararam em silêncio — finalmente entenderam. Volker respirou fundo antes de falar:— O primeiro critério para despertar a Ortus é que a criança não pode ter interferência das energias dos pais. O choque foi imediato: Noah lembrou-se de que era órfão, e fazia todo sentido que Lia não tivesse despertado.— Não. Espere! explique direito. – questionou Noah — Lia, você não precisa esconder se alguém lhe deu seu Ortus. – acalmou Emilyn – O Clã não a repreenderá por isso..— É como Emilyn disse. Mas, se ela afirma que realmente despertou, só há uma explicação. É importante que entendam: os critérios para o despertar são rigorosos. O primeiro é bem conhecido: Se as energias dos pais forem similares às da c
Nesse mundo, há muitas verdades e segredos ocultos. Há muito tempo, aproximadamente 2300 anos atrás, existia uma família relativamente rica e poderosa, com conhecimentos surpreendentes acerca da humanidade: a família Harvens. Ninguém sabe ao certo como esse conhecimento chegou até eles, mas sua linhagem era destinada à criação de crianças extraordinárias, que despertariam uma habilidade chamada apenas de "Ortus". As pesquisas e os conhecimentos complexos sobre isso levaram diversas gerações. Os registros indicavam que as chances de obtê-lo dependiam de muitos fatores, e esses requisitos tinham início bem antes da própria concepção. Apesar disso, a probabilidade de despertar a Ortus entre os 13 e 16 anos ainda era mínima. Com poucas informações, a família continuou acumulando conhecimento por meio de tentativas e erros ao longo dos séculos. Tudo mudou quando, 325 anos depois, em um país do Oriente Médio, receberam notícias sobre um homem que havia despertado o Ortus e a exibia aberta
Era uma noite fria. Tudo parecia calmo, mas a lua não brilhava por completo. Nuvens escuras começaram a cobri-la, até que os últimos resquícios de sua luz desapareceram da vista de Noah e Lia. Seus olhos cansados se esforçavam para enxergar onde pisavam enquanto corriam. Noah, mesmo sem ver perfeitamente, usava sua habilidade com maestria, desviava dos obstáculos graças ao seu poder, assim como Lia. Escondidos e apressados, tentavam alcançar a cobertura daquele prédio antigo, repleto de entulhos. A exaustão pesava em seus corpos, seus pés doíam, torturas aconteciam mais frequentemente, já fazia duas noites que não dormiam direito, Entre tantos pensamentos, Noah se concentrava apenas em proteger Lia do jeito que podia. Mas será que já não era tarde demais? Esse pensamento intrusivo o incomodava. Ainda assim, eles tentavam, com cada gota de suor e cada fibra de seus corpos, permanecer juntos e sobreviver. Ao longe, ecoava o som dos helicópteros se aproximando. O ambiente lembrav
O desespero tomava conta de Noah, um homem geralmente calmo. Lia se preocupou ao vê-lo assim. — Nos localizaram. – disse Lia, a voz baixa e carregada de angústia. — Não, não, não. Que droga! Não era para isso acontecer. O que vamos fazer? – gritou Noah, correndo para a beirada da cobertura, tentando confirmar a posição dos agentes e buscar uma rota de fuga. — Eu não sei! Você sempre cuidou de mim e de tudo quando eu não conseguia fazer! Eu não quero morrer, Noah! Não quero! – Lia chorava, o pânico transbordando em cada palavra. — Não chore. Isso não vai ajudar em nada – respondeu Noah, lançando-lhe um olhar rápido antes de voltar a escanear os arredores.. — "Não chore"? – A voz dela tremia – É só isso que tem para dizer? Diga algo, por favor! Me diz qual é o plano! Fala que vamos sair dessa, que vamos sobreviver! Que droga, Noah, me diz o que vai acontecer! Lia, incapaz de conter o medo, inquieta, andava de um lado para o outro, os soluços tornando sua respiração irregular
Lia nunca poderia imaginar o quão drástica seria a mudança que a vida lhe reservaria. Desde o seu nascimento, o destino a colocou em um caminho cheio de desafios. Cresceu protegida, cercada pelo carinho e atenção de sua mãe, mas, ironicamente, sempre foi exposta à crueldade do mundo. Desde pequena, testemunhava decisões insensatas de pessoas ao seu redor, atos de egoísmo e destruição. Embora, na época, não compreendesse completamente o significado do que via, essas memórias ficaram gravadas em sua mente. Com o tempo, ela aprenderia a interpretar cada cena, a compreender a verdadeira face do mundo. Ainda muito jovem, Lia já possuía uma visão realista da vida. Foi forçada a amadurecer cedo, a encarar a realidade sem ilusões. E quando teve a oportunidade de tomar suas próprias decisões, acreditou estar preparada. Aos treze anos, começou um novo capítulo de sua vida ao ser transferida para um colégio com melhor estrutura e recursos. A chance de construir um futuro promissor estava a
A busca pela perfeição é uma jornada cruel. Quando se tenta algo diversas vezes e continua a falhar vez após vez, parece totalmente incompreensível, e o desespero se instala. Cada tentativa frustrada parece sussurrar que nunca será bom o suficiente, porque a dificuldade continua a aumentar exponencialmente. O caminho é repleto de dores, angústias, decepções e traições. Alguns desistem. Outros persistem. E alguns poucos desafiam todos os limites para se tornarem algo maior. Noah pertencia a esse último grupo. Mas, por mais que superasse obstáculos, havia uma área em que sempre fracassava: o amor. Ele nem sempre foi forte. No início, era apenas um garoto frágil, sem coragem ou entusiasmo para aprender qualquer coisa. Sofria na infância, como tantas outras crianças esquecidas em um orfanato sem recursos, ele também não era muito inteligente, não se diferenciava em praticamente nada de qualquer outra criança daquele lugar. Chorava, sentia fome, era alvo dos mais velhos, tudo que ele p