Isabela se sentou e abriu a marmita, surpresa ao ver que a comida era de um restaurante chique do outro lado da rua. Ela não conseguia acreditar que Lara tivesse sido tão generosa. Quando foi que ela começou a gastar tanto dinheiro assim?Jorge lhe entregou uma garrafa de água, perguntando com um tom suave:— O que houve? O caso não está indo bem?Apesar da refeição luxuosa à sua frente, ela não tinha apetite e respondeu em voz baixa:— É... Não consigo encontrar nenhum ponto que possa virar o caso.Jorge se recostou no sofá, descontraído, mas com um olhar sério no fundo dos olhos.— Não se prenda em um círculo fechado.Ele reconhecia a capacidade de Isabela, mas sabia que ela ainda carecia de experiência prática. Se ela continuasse nesse ramo por mais alguns anos, certamente se tornaria uma profissional excepcional. Só depois de lidar com todo tipo de pessoa ela seria capaz de identificar as falhas em um caso.Isabela ainda parecia confusa.— O que você quer dizer?— Primeiro, coma. —
Isabela decidiu relaxar um pouco, pensando que um drinque poderia ajudá-la a dormir melhor. Talvez, com a mente clara no dia seguinte, ela encontrasse uma solução para o caso.Uma garrafa de uísque importado foi dividida entre eles e, após duas ou três rodadas, a garrafa já estava vazia. O álcool começou a subir à cabeça de Isabela, a deixando tonta e confusa.Foi então que a porta do camarote se abriu bruscamente, e um casal entrou tropeçando, envolvido em um beijo apaixonado.Dentro do camarote, apenas Isabela e Jorge estavam presentes. Eles não estavam cantando, não haviam chamado acompanhantes, nem estavam jogando. O ambiente estava silencioso, iluminado apenas por uma luz suave e difusa.O casal parecia não perceber que havia outras pessoas no espaço, como se estivessem prestes a se entregar a atos impróprios.O beijo deles era intenso, como lava derretida, consumindo a razão de ambos. Eles buscavam alívio um no outro, as mãos desesperadas puxavam e arrancavam as roupas.O homem a
O pomo de Adão proeminente de Jorge estava levemente avermelhado, se movendo para cima e para baixo enquanto ele tentava se acalmar. Quando finalmente recuperou a compostura, ele gentilmente colocou o braço dela em volta de seu pescoço, se virou de lado e, com um braço sob suas pernas e o outro apoiando suas costas, a levantou com suavimente.Ao sair da balada noturna, ele acenou para o manobrista, pedindo que chamasse um motorista particular. Enquanto esperava, dois carros se aproximaram lentamente.Fabiano e Gabriel saíram do mesmo carro, um após o outro, enquanto do outro carro desceu Sandro.Gabriel avistou Isabela sendo carregada por um homem na entrada e não conseguiu conter uma exclamação:— Puta que pariu!Fabiano, ao lado, parecia desinteressado e deu uma olhada de desprezo para ele.— O que foi? Viu um fantasma ou algo assim?— Não, olha lá! — Gabriel apontou para a entrada.Fabiano apertou os olhos para enxergar melhor.— Aquele homem está carregando a Isabela?— Quem mais
— Nada... Nada mesmo, haha... — Fabiano riu de forma forçada, puxando Gabriel pelo braço e acelerando o passo para alcançar Sandro.Gabriel franziu a testa, seus olhos estavam fixos nas costas tensas de Sandro. Ele não conseguiu segurar a curiosidade e perguntou: — Sandro, o que foi? Parece que você não está bem.Sandro puxou os cantos da boca em um sorriso amargo, dizendo com voz baixa e carregada de emoção: — Estou amaldiçoado.Desde o divórcio com Isabela, ele percebeu que não conseguia tirá-la do coração. Especialmente quando viu a casa, onde viveram juntos por quatro anos, destruída por suas próprias mãos. Era como se seu coração também tivesse sido dilacerado. Ele tentou reconquistá-la, mas Isabela foi implacável, sem lhe dar nenhuma chance. Toda vez que se lembrava do rosto frio dela, sentia uma dor aguda no peito.— Hoje, a gente não vai embora sóbrio. — Sandro declarou com voz rouca, puxando a gravata que o sufocava.Gabriel entendeu na hora. O baixo-astral de Sandro tinha
No entanto, Lara ainda tinha uma pulga atrás da orelha. Os advogados que ela conhecia sempre estavam de terno e gravata, bem arrumados, mas Jorge estava vestido de forma casual, quase como se não pertencesse ao ambiente de um escritório de advocacia. Isso a fez questionar se ele realmente era um advogado do escritório de Isabela.Naquele momento, um cliente se aproximou para comprar sushi. Caio foi rápido para atendê-lo, preparando com habilidade o molho de soja e a wasabi, entregando os hashis com um sorriso.Lara hesitou por um instante e sussurrou: — E se eu for lá amanhã de novo?Caio balançou a cabeça. — Melhor não. Pelo jeito, eles ainda estão no começo do relacionamento. Se a gente ficar se intrometendo, pode acabar pressionando a Isa. Quando as coisas ficarem mais sérias, aí a gente se preocupa. Pra mim, não importa tanto o quanto ele ganha ou o que ele faz, só importa que ele seja uma boa pessoa, responsável e que realmente cuide da Isa.Depois de tudo o que aconteceu com S
O olhar de surpresa cruzou os rostos de Isabela e Jorge ao mesmo tempo. Como se obedecessem a um comando invisível, suas mãos se separaram num movimento desajeitado e repentino.Isabela escondeu os dedos dentro das mangas do casaco, sentindo ainda o calor do toque dele pulsando em sua pele como uma lembrança teimosa. Jorge, por sua vez, levou as mãos para trás do corpo, as entrelaçando levemente.— Parece que a primavera já está batendo à porta. — Comentou ele, quebrando o silêncio.Isabela desviou o olhar para o rio que corria tranquilo à distância.— É verdade. Até o vento parece ter perdido um pouco da sua frieza. — Erguendo o rosto para o firmamento pontilhado de luz, deixou escapar um suspiro profundo antes de filosofar. — Passamos tanto tempo tentando sobreviver que esquecemos de simplesmente viver, não é mesmo?Se virando para encará-lo com um brilho renovado nos olhos, exclamou:— Olhe só, Dr. Jorge! Quantas estrelas!Jorge elevou o olhar para o céu.Aquela imensidão escura e
— Bom dia! — Cumprimentou Jorge ao entrar no apartamento.Com um gesto descontraído, desabotoou o paletó e se acomodou à mesa.— Preparei algo caseiro e despretensioso, Dr. Jorge. Espero que seja do seu agrado. — Comentou Isabela.— Se por acaso eu não estiver acostumado, é só eu continuar comendo que logo me adapto. — Respondeu ele, já agarrando os talheres sem qualquer cerimônia.Isabela franziu o cenho, visivelmente confusa.— Está insinuando que minha comida deixa a desejar, Dr. Jorge?— O que quero dizer é que, se estranhar algo, a culpa não é da sua culinária, mas sim do meu paladar que ainda não se habituou ao seu tempero. — Ele explicou, enquanto saboreava um pedaço do omelete recheado de legumes.Em outras palavras, ele tentava deixar claro que o problema não estava no que ela havia preparado, mas em seus próprios gostos ainda não adaptados.Isabela ficou sem reação por um momento. Por que será que ainda tinha a impressão de não ter captado direito a mensagem? Seria sua compre
— O que houve? — Indagou Isabela, franzindo o cenho.Viviane entreabriu os lábios, prestes a mencionar Danilo, mas se conteve no último instante. Revelar aquilo seria imprudente. Na verdade, Danilo havia lhe pedido que convencesse Isabela a passar o fim de semana num resort nas proximidades da cidade. E como talvez precisasse de favores dele no futuro, recusar tal pedido não lhe parecia sensato. Apesar da agenda lotada pelo resto do dia, resolveu aparecer logo nas primeiras horas da manhã.— Que tal escaparmos para aquele resort na Serra Verde neste fim de semana? — Soltou Viviane, tentando soar casual.Isabela semicerrou os olhos, claramente desconfiada.— Só isso? Precisava mesmo aparecer tão cedo da manhã só para isso?— Ah, sabe como é... — Murmurou Viviane, coçando a cabeça num gesto despreocupado. — Estava passando por perto e achei melhor avisar logo.— Este fim de semana acho que não vai rolar. — Respondeu Isabela.— Tem compromisso marcado? — Questionou Viviane, se inclinando