Sandro franziu a testa.— Pare com esse temperamento de princesinha. Eu não marquei nada com você. Então, se você acha que eu te chamei, cadê a prova?— Foi você que me mandou uma mensagem! Não sou cega nem analfabeta! Meu celular se perdeu enquanto eu fugia, então não tenho como provar. — Ela estendeu a mão. — Me mostre seu celular.Sandro sabia muito bem que não tinha enviado nenhuma mensagem de convite, mas, mesmo assim, pegou o celular e entregou para Clara olhar.Clara vasculhou as mensagens, e realmente não encontrou nenhuma mensagem dele a convidando.— Você apagou a mensagem?! — Clara jogou o celular nele. — Não vou deixar isso barato, Sandro!O celular caiu no chão, perto dos pés de Sandro, e a tela quebrou.Sandro a encarou com um olhar furioso.Ao ver o rosto de Sandro, todo cheio de raiva, Clara se sentiu intimidada e não teve coragem de olhar diretamente nos olhos dele.Sandro pegou o celular do chão, colocou no bolso e olhou para Clara com um olhar gélido, como um vento d
Luan ficou chocado e imediatamente assumiu uma expressão séria.— Sim, entendi. Vou verificar isso agora.Clara levantou os olhos e o encarou com um olhar cheio de advertência.— Não fale com meu irmão por enquanto.— Tá bom. — Luan abaixou o olhar.— Pode ir. Descubra tudo o mais rápido possível e me avise. — Ela disse.Luan hesitou um pouco e disse:— Mas não tem ninguém para cuidar de você aqui, vou chamar...— Não precisa. — Clara o interrompeu. — Estou bem. Se precisar, chamo uma cuidadora.— Então, tá certo.Luan saiu do quarto. Apesar de Clara ter insistido várias vezes, pedindo para ele não contar nada para Jorge, assim que Luan virou a esquina, ligou direito para Jorge.Jorge estava jogado no sofá, vestindo apenas uma camisa branca com os botões de cima abertos, revelando o pescoço longo, o pomo-de-adão marcante, a clavícula desenhada e o peitoral forte.As mangas estavam dobradas, deixando à mostra parte do antebraço musculoso.Isabela, com a cabeça baixa, segurava a mão dele
Assim, acabaria aprendendo uma lição valiosa.— Ah, e hoje quando fui ver a Srta. Clara, vi que ela estava brigando feio com o Sandro. Parece que essa história do sequestro tem algo a ver com ele. — Disse Luan.Ao ouvir o nome de Sandro, Jorge levantou os olhos.O olhar dele se fixou nas costas frágeis de Isabela.Isabela estava segurando um copo de água e os remédios e se aproximou.— Entendido, me avise assim que descobrir algo. — Jorge disse.— Sim, senhor.Quando a ligação foi encerrada, Jorge largou o celular.Ele estava um pouco irritado e apertou a ponte do nariz.— O que aconteceu? Está preocupado com alguma coisa? — Isabela perguntou, estendendo os remédios para ele. — Deixe isso de lado, tome os remédios primeiro.Jorge inclinou a cabeça para trás e sorriu para ela.— Você me alimente.Isabela ficou sem palavras.Será que a pessoa na frente dela era realmente o Jorge? Não estaria ele possuído por algum espírito ou algo do tipo?Pensando que a ferida dele tinha sido causada po
A porta se abriu e Isabela e Jorge entraram. Viviane os observou de cima a baixo e perguntou:— Como assim, vocês dois juntos?Isabela ficou sem saber como explicar na frente de Jorge, mas foi salva pela pergunta do professor Davi vindo de dentro:— Quem são?— Professor Davi. — Isabela desviou o olhar de Viviane e entrou.Ela e Jorge haviam passado na loja de doces na rua para comprar bolo de castanha, antes de virem para cá.— Os peixinhos ainda estão vivos? — Ela perguntou, colocando o bolo na mesa com um sorriso.Vendo Isabela e Jorge logo atrás dela, os olhos turvos do professor Davi logo brilharam com intensidade.— Estão vivos, sim. — Ela sorriu, feliz.Viviane cruzou os braços e ficou de pé ao lado, seus olhos se movendo entre Isabela e Jorge, como se estivesse observando atentamente.Com a experiência que tinha, ela logo percebeu: Aqueles dois estavam envolvidos.Era só olhar para a expressão desconfortável de Isabela para saber daquilo.Com tantos anos de amizade, ela conheci
Ela esfregou com força o braço dormente.Isabela riu.— Você continua a mesma. É só começar uma aula de direito que você já fica com sono.Viviane coçou a cabeça.— Pois é... Às vezes acho que fui trocada na maternidade. Todo mundo lá na minha família é da área do direito, menos eu, a diferentona.E além de tudo, ela ainda era filha única.Pelo jeito, a tradição jurídica da família dela ia acabar com ela.O professor Davi não ficou com elas, mas ainda fez questão de lembrar Viviane:— Vai para casa também.Só faltou dizer em alta: "Para de ficar de vela."Viviane olhou para o professor Davi com um olhar triste e cheio de mágoa.— Vovô, você vai mesmo me abandonar?Fez cara de quem merecia toda a pena do mundo.— Vai lá falar com seus pais. — Respondeu ele, fazendo um gesto com a mão, como quem se livra de uma encrenca.— O que foi agora? — Isabela perguntou.— Eles querem me mandar para um encontro arranjado. — Viviane suspirou.Isabela ficou muda na hora. Só de imaginar a Viviane pres
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q