Luan ficou chocado e imediatamente assumiu uma expressão séria.— Sim, entendi. Vou verificar isso agora.Clara levantou os olhos e o encarou com um olhar cheio de advertência.— Não fale com meu irmão por enquanto.— Tá bom. — Luan abaixou o olhar.— Pode ir. Descubra tudo o mais rápido possível e me avise. — Ela disse.Luan hesitou um pouco e disse:— Mas não tem ninguém para cuidar de você aqui, vou chamar...— Não precisa. — Clara o interrompeu. — Estou bem. Se precisar, chamo uma cuidadora.— Então, tá certo.Luan saiu do quarto. Apesar de Clara ter insistido várias vezes, pedindo para ele não contar nada para Jorge, assim que Luan virou a esquina, ligou direito para Jorge.Jorge estava jogado no sofá, vestindo apenas uma camisa branca com os botões de cima abertos, revelando o pescoço longo, o pomo-de-adão marcante, a clavícula desenhada e o peitoral forte.As mangas estavam dobradas, deixando à mostra parte do antebraço musculoso.Isabela, com a cabeça baixa, segurava a mão dele
Assim, acabaria aprendendo uma lição valiosa.— Ah, e hoje quando fui ver a Srta. Clara, vi que ela estava brigando feio com o Sandro. Parece que essa história do sequestro tem algo a ver com ele. — Disse Luan.Ao ouvir o nome de Sandro, Jorge levantou os olhos.O olhar dele se fixou nas costas frágeis de Isabela.Isabela estava segurando um copo de água e os remédios e se aproximou.— Entendido, me avise assim que descobrir algo. — Jorge disse.— Sim, senhor.Quando a ligação foi encerrada, Jorge largou o celular.Ele estava um pouco irritado e apertou a ponte do nariz.— O que aconteceu? Está preocupado com alguma coisa? — Isabela perguntou, estendendo os remédios para ele. — Deixe isso de lado, tome os remédios primeiro.Jorge inclinou a cabeça para trás e sorriu para ela.— Você me alimente.Isabela ficou sem palavras.Será que a pessoa na frente dela era realmente o Jorge? Não estaria ele possuído por algum espírito ou algo do tipo?Pensando que a ferida dele tinha sido causada po
A porta se abriu e Isabela e Jorge entraram. Viviane os observou de cima a baixo e perguntou:— Como assim, vocês dois juntos?Isabela ficou sem saber como explicar na frente de Jorge, mas foi salva pela pergunta do professor Davi vindo de dentro:— Quem são?— Professor Davi. — Isabela desviou o olhar de Viviane e entrou.Ela e Jorge haviam passado na loja de doces na rua para comprar bolo de castanha, antes de virem para cá.— Os peixinhos ainda estão vivos? — Ela perguntou, colocando o bolo na mesa com um sorriso.Vendo Isabela e Jorge logo atrás dela, os olhos turvos do professor Davi logo brilharam com intensidade.— Estão vivos, sim. — Ela sorriu, feliz.Viviane cruzou os braços e ficou de pé ao lado, seus olhos se movendo entre Isabela e Jorge, como se estivesse observando atentamente.Com a experiência que tinha, ela logo percebeu: Aqueles dois estavam envolvidos.Era só olhar para a expressão desconfortável de Isabela para saber daquilo.Com tantos anos de amizade, ela conheci
Ela esfregou com força o braço dormente.Isabela riu.— Você continua a mesma. É só começar uma aula de direito que você já fica com sono.Viviane coçou a cabeça.— Pois é... Às vezes acho que fui trocada na maternidade. Todo mundo lá na minha família é da área do direito, menos eu, a diferentona.E além de tudo, ela ainda era filha única.Pelo jeito, a tradição jurídica da família dela ia acabar com ela.O professor Davi não ficou com elas, mas ainda fez questão de lembrar Viviane:— Vai para casa também.Só faltou dizer em alta: "Para de ficar de vela."Viviane olhou para o professor Davi com um olhar triste e cheio de mágoa.— Vovô, você vai mesmo me abandonar?Fez cara de quem merecia toda a pena do mundo.— Vai lá falar com seus pais. — Respondeu ele, fazendo um gesto com a mão, como quem se livra de uma encrenca.— O que foi agora? — Isabela perguntou.— Eles querem me mandar para um encontro arranjado. — Viviane suspirou.Isabela ficou muda na hora. Só de imaginar a Viviane pres
— Milho com queijo gratinado. — Disse Isabela, pegando um pratinho para ele. — Pode colocar os grãos aqui.Jorge respondeu com um leve "ok".A torneira continuava aberta, e a água que caía na pia respingava na roupa de Isabela.Jorge largou o milho que estava descascando, pegou o avental pendurado ao lado da geladeira e foi até ela. Passou os braços pela cintura dela e amarrou o avental com cuidado.Isabela recuou um pouco para facilitar.— Obrigada.Jorge parou por um segundo.Depois, ajeitou a barra do avental dela.— Não precisa agradecer. Nada de cerimônia comigo.Isabela já estava acostumada a tratar ele com uma educação polida.O som constante da água preenchia o ambiente da cozinha.Isabela lavou o mini abóbora cabotiá e a batata-doce, cortou tudo e colocou na panela de vapor. Lavou os grãos de milho já soltos e adicionou duas fatias de queijo por cima, para cozinhar tudo junto.— Hoje à noite vamos comer umas coisinhas mais naturais. Não fiz arroz. — Falou ela, enquanto lavava
Jorge a olhou nos olhos, profundamente.— Tá bom.— Então eu vou indo.Ela se virou e saiu caminhando.Depois de sair da garagem, foi em direção ao prédio onde morava.Pegou o elevador até seu andar.Assim que as portas se abriram, deu de cara com Viviane agachada na porta de seu apartamento.Isabela franziu a testa, confusa.— Ué, você não tinha ido conversar com seus pais? Convencer eles a te dar um irmãozinho ou irmãzinha? Que que está fazendo aqui na porta da minha casa?Viviane respondeu num fio de voz:— Abra a porta primeiro, vai.Isabela destrancou e empurrou a porta.— Você e o Jorge estão juntos? — Viviane foi direta.O gesto de Isabela ao fechar a porta deu uma leve pausa.— De onde você tirou essa ideia? — Perguntou ela.Viviane se jogou no sofá, desabando:— Quem está apaixonado exala um cheiro enjoativo de romance.Isabela não respondeu. Não confirmou nem negou.— Preciso de um favor. — Viviane foi ao ponto. — Não consegui convencer meus pais. Eles estão me forçando a ir
O homem ficou surpreso por um momento, e depois sorriu.— Que interessante.A resposta de Isabela foi totalmente inesperada.— De fato, você é da área de Direito, conhece bem as leis. Mesmo sem atuar na área, ainda lembra de tudo, não é?— Você não é o tipo que eu gosto. — Isabela foi direta.O homem ficou surpreso novamente, não esperava que ela fosse tão direta.— Eu tenho uma boa impressão de você. — O homem sorriu, sem parecer irritado com a sinceridade de Isabela.Sua expressão permaneceu calma e gentil.Isabela disse:— Sério? Mas, desculpe, eu não sinto nada por você e sou contra esse tipo de encontro arranjado. Se não fosse por pressão dos meus pais, eu não estaria aqui. Acho que você também está só fazendo isso para agradar sua família, então, não precisamos perder tempo.— Embora eu também tenha sido pressionado pela minha família, depois de conhecê-la, fico feliz por ter aceitado esse encontro.Isabela ficou sem palavras.O que ele queria dizer com aquilo?O homem fez um con
— Na minha opinião, acho que a Milena não vai te deixar tão fácil assim. — Gabriel comentou, tentando adivinhar.Isabela viu os dois e, sem querer qualquer tipo de contato, foi direto em direção ao carro.Mesmo assim, Sandro a viu.Ele parou.Gabriel continuava de cabeça baixa, falando:— Você disse que ela se jogou contra a parede na sua frente... Para mim, ela foi de propósito. Queria te deixar com pena dela, né? Sandro, sinceramente, esse tipo de mulher... Melhor manter distância. Pensa bem, ela armou para a Isabela naquela época, com certeza queria subir na vida e tomar o lugar dela. Ela inventou aquele plano todo e enganou todo mundo. Olha o nível de manipulação dela. Comparada a ela, a Srta. Clara da família Neves parece até fofa. Tá, ela tem aquele jeitinho mimado de rica, mas na sua frente, ela fica toda meiga. Se fosse para escolher entre as duas, acho que a Srta. Clara é a melhor opção.Gabriel tagarelou um monte, mas Sandro não ouviu sequer uma palavra.— Sandro... — Gabriel