Assim que Lara terminou de falar, a recepcionista ao lado arregalou os olhos. Dr. Jorge estava namorando sua assistente? A notícia era simplesmente inacreditável.Ao ouvir aquilo, Jorge não confirmou nem negou. Apenas apertou levemente os lábios, como se estivesse ponderando algo.— Ai, deixa eu te convidar para almoçar. — Lara agarrou o braço de Jorge, como se temesse que ele fugisse.Jorge não se esquivou, permitindo que ela o levasse.Lara o guiou até uma mesa do lado de fora da cafeteria e, sem perder tempo, perguntou:— Me conta, até onde você e minha filha chegaram?Mal terminou a pergunta, ela já sentiu que havia sido precipitada e rapidamente acrescentou:— Você ainda não almoçou, né? Aqui, eu fiz uns sushis. Experimenta!Ela abriu a marmita, e o aroma dos sushis se espalhou no ar. Eles não só estavam visualmente impecáveis, mas também pareciam deliciosos, dignos de serem vendidos em um restaurante.Ela entregou os hashis a Jorge, que os aceitou com um sorriso educado.— Obriga
Isabela se sentou e abriu a marmita, surpresa ao ver que a comida era de um restaurante chique do outro lado da rua. Ela não conseguia acreditar que Lara tivesse sido tão generosa. Quando foi que ela começou a gastar tanto dinheiro assim?Jorge lhe entregou uma garrafa de água, perguntando com um tom suave:— O que houve? O caso não está indo bem?Apesar da refeição luxuosa à sua frente, ela não tinha apetite e respondeu em voz baixa:— É... Não consigo encontrar nenhum ponto que possa virar o caso.Jorge se recostou no sofá, descontraído, mas com um olhar sério no fundo dos olhos.— Não se prenda em um círculo fechado.Ele reconhecia a capacidade de Isabela, mas sabia que ela ainda carecia de experiência prática. Se ela continuasse nesse ramo por mais alguns anos, certamente se tornaria uma profissional excepcional. Só depois de lidar com todo tipo de pessoa ela seria capaz de identificar as falhas em um caso.Isabela ainda parecia confusa.— O que você quer dizer?— Primeiro, coma. —
Isabela decidiu relaxar um pouco, pensando que um drinque poderia ajudá-la a dormir melhor. Talvez, com a mente clara no dia seguinte, ela encontrasse uma solução para o caso.Uma garrafa de uísque importado foi dividida entre eles e, após duas ou três rodadas, a garrafa já estava vazia. O álcool começou a subir à cabeça de Isabela, a deixando tonta e confusa.Foi então que a porta do camarote se abriu bruscamente, e um casal entrou tropeçando, envolvido em um beijo apaixonado.Dentro do camarote, apenas Isabela e Jorge estavam presentes. Eles não estavam cantando, não haviam chamado acompanhantes, nem estavam jogando. O ambiente estava silencioso, iluminado apenas por uma luz suave e difusa.O casal parecia não perceber que havia outras pessoas no espaço, como se estivessem prestes a se entregar a atos impróprios.O beijo deles era intenso, como lava derretida, consumindo a razão de ambos. Eles buscavam alívio um no outro, as mãos desesperadas puxavam e arrancavam as roupas.O homem a
O pomo de Adão proeminente de Jorge estava levemente avermelhado, se movendo para cima e para baixo enquanto ele tentava se acalmar. Quando finalmente recuperou a compostura, ele gentilmente colocou o braço dela em volta de seu pescoço, se virou de lado e, com um braço sob suas pernas e o outro apoiando suas costas, a levantou com suavimente.Ao sair da balada noturna, ele acenou para o manobrista, pedindo que chamasse um motorista particular. Enquanto esperava, dois carros se aproximaram lentamente.Fabiano e Gabriel saíram do mesmo carro, um após o outro, enquanto do outro carro desceu Sandro.Gabriel avistou Isabela sendo carregada por um homem na entrada e não conseguiu conter uma exclamação:— Puta que pariu!Fabiano, ao lado, parecia desinteressado e deu uma olhada de desprezo para ele.— O que foi? Viu um fantasma ou algo assim?— Não, olha lá! — Gabriel apontou para a entrada.Fabiano apertou os olhos para enxergar melhor.— Aquele homem está carregando a Isabela?— Quem mais
— Nada... Nada mesmo, haha... — Fabiano riu de forma forçada, puxando Gabriel pelo braço e acelerando o passo para alcançar Sandro.Gabriel franziu a testa, seus olhos estavam fixos nas costas tensas de Sandro. Ele não conseguiu segurar a curiosidade e perguntou: — Sandro, o que foi? Parece que você não está bem.Sandro puxou os cantos da boca em um sorriso amargo, dizendo com voz baixa e carregada de emoção: — Estou amaldiçoado.Desde o divórcio com Isabela, ele percebeu que não conseguia tirá-la do coração. Especialmente quando viu a casa, onde viveram juntos por quatro anos, destruída por suas próprias mãos. Era como se seu coração também tivesse sido dilacerado. Ele tentou reconquistá-la, mas Isabela foi implacável, sem lhe dar nenhuma chance. Toda vez que se lembrava do rosto frio dela, sentia uma dor aguda no peito.— Hoje, a gente não vai embora sóbrio. — Sandro declarou com voz rouca, puxando a gravata que o sufocava.Gabriel entendeu na hora. O baixo-astral de Sandro tinha
No entanto, Lara ainda tinha uma pulga atrás da orelha. Os advogados que ela conhecia sempre estavam de terno e gravata, bem arrumados, mas Jorge estava vestido de forma casual, quase como se não pertencesse ao ambiente de um escritório de advocacia. Isso a fez questionar se ele realmente era um advogado do escritório de Isabela.Naquele momento, um cliente se aproximou para comprar sushi. Caio foi rápido para atendê-lo, preparando com habilidade o molho de soja e a wasabi, entregando os hashis com um sorriso.Lara hesitou por um instante e sussurrou: — E se eu for lá amanhã de novo?Caio balançou a cabeça. — Melhor não. Pelo jeito, eles ainda estão no começo do relacionamento. Se a gente ficar se intrometendo, pode acabar pressionando a Isa. Quando as coisas ficarem mais sérias, aí a gente se preocupa. Pra mim, não importa tanto o quanto ele ganha ou o que ele faz, só importa que ele seja uma boa pessoa, responsável e que realmente cuide da Isa.Depois de tudo o que aconteceu com S
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele