Isabela queria preparar vários pratos para a refeição, pois era um jantar com convidado, mas no final, a mesa parecia um tanto simples. Ela se desculpou com um sorriso tímido:— Da próxima vez preparo algo melhor. Hoje vai ter que ser improvisado. Dr. Jorge, deve estar morrendo de fome, né?— Na medida. — Respondeu Jorge, mantendo uma expressão serena.Após a refeição, Jorge se despediu com um aceno discreto. Isabela o acompanhou até o corredor escuro do prédio, onde o elevador ainda exibia a placa "Em Manutenção". Ficou observando a silhueta dele descendendo as escadas, a postura ereta desaparecendo degrau após degrau, até que o eco dos passos se fundiu com o zumbido do corredor. Só então ela voltou para dentro.Depois de arrumar a mesa e lavar os pratos, Isabela foi dormir cedo.Na manhã seguinte, ao abrir o celular, ela viu mais de dez chamadas perdidas na tela. No entanto, Isabela ignorou todas. Era o dia do protocolo judicial. Janete, seguindo seu conselho, havia coletado provas
Viviane e Fabiano estavam frente a frente no sofá, sussurrando com a intimidade de quem compartilha segredos. Os rostos colados e os olhares cúmplices fizeram Isabela parar no meio do salão. Como esses dois se misturaram?A pergunta ecoou em sua mente. Afinal, o playboy e sua melhor amiga eram como água e óleo.Janete percebeu a reação dela e perguntou, com um tom suave:— Você conhece eles?— São amigos meus. Desculpe, preciso me ausentar por um instante. — Respondeu Isabela, com um leve ar de desculpas.— Sem problemas, vá. — Janete acenou com a cabeça, sorrindo de maneira gentil.Isabela caminhou rapidamente em direção aos dois. Fabiano a avistou primeiro, os dentes brancos brilhavam sob a luz amarelada.— Sra... Digo, Isabela, o que você está fazendo aqui? — A correção veio abrupta, como quem pisa no freio ao ver a blitz. Quatro anos a chamando de "Sra. Marques" não se apagavam com um estalar de dedos.— Vim com uma amiga. — Isabela retribuiu o sorriso sem mostrar os dentes.Vivian
— Homem ou mulher? É bonito? — Viviane perguntou com os olhos brilhando como faróis, o coração palpitando de curiosidade.Isabela lançou um olhar reprovador a ela. — Que tipo de lixo você armazena nessa cabeça oca?— Dra. Isabela... — A interrupção veio em forma de voz melodiosa.Janete aguardava com paciência, como um felino observando suas presas.Isabela se virou com sorriso profissional pronto. — Janete, minha amiga parece ter exagerado no...— Não estou bêbada! — Viviane se endireitou como soldado em parada militar, a voz clara como cristal. — Estou perfeitamente lúcida.Os olhos âmbar de Janete cintilaram ao percorrerem as duas mulheres. — Amiga da Dra. Isabela é amiga minha. Que tal nos divertirmos juntas?Antes que a advogada pudesse protestar, Viviane já batia palmas como criança diante de parque de diversões. — Ótimo! Maravilhoso! Sensacional!Isabela suspirou, dando um sorriso com o canto dos lábios. Ela sabia que tinha sido derrotada.A antiga sala privativa do ex-marid
Isabela havia estado tão ocupada com os julgamentos nos últimos dias que quase desmaiava de exaustão, sem tempo para mais nada. Diante do questionamento de Danilo, explicou com um ar apologético:— Vi suas ligações, mas estive tão ocupada que esqueci de retornar.Danilo não insistiu no assunto, apenas disse com alívio:— Só queria ter certeza de que estava tudo bem.— Estou. — A resposta foi curta.Sandro, que observava de lado, parecia ter algo a dizer. Mas diante de todos, não conseguiu engolir o orgulho. Seu comentário veio afiado:— Uma assistente tem tanto trabalho assim?Isabela evitou a provocação. Engoliu o orgulho e manteve o silêncio.Percebendo a frieza emanando de Sandro, Gabriel interveio com diplomacia:— Sra. Marques, que tal se juntar a...— Me chame pelo meu nome. — Isabela o corrigiu pela enésima vez.— Desculpe, vício de linguagem. Vou me policiar. — O sorriso do Gabriel se ampliou.— Não, obrigada. Estou com amigas. — A recusa foi direta.Fabiano, sabendo que Vivian
— Vamos. — Alertou Janete, percebendo a tensão crescente no ambiente. Como mulheres em minoria, a saída estratégica era a única opção sensata.— Deixa que eu te levo, Vivi. — Ofereceu Fabiano, todo solícito.Viviane lançou um olhar cortante a ele.— Nem você presta. Você é farinha do mesmo saco que ele.Fabiano engoliu em seco, sem entender como foi arrastado para aquela situação.— Eu as levo. — Propôs Danilo, visivelmente preocupado em não deixar Isabela sozinha com Sandro.Gabriel observou Sandro com cautela. O ex-marido estava lívido, os olhos faiscando de raiva, como uma bomba-relógio prestes a explodir. O silêncio pesava como chumbo no ar.Num movimento súbito, Sandro atravessou o grupo, agarrou o pulso de Isabela e a arrastou para fora.Viviane e Danilo tentaram segui-los, mas Fabiano e Gabriel os bloquearam.— Pelo amor de Deus. — Tentou Gabriel apaziguar. — São sete anos de história, quatro de casamento. Ele só quer conversar, não vai fazer nada.— É verdade. Sandro errou, mas
Isabela não se perturbou, apenas perguntou com calma: — Isso aqui tem algum sentido?— Não tem? Antes você adorava fazer amor comigo. Aliás, nunca fizemos num ambiente assim... — Sandro a empurrou contra uma pilha de tábuas, arrancando suas roupas com violência, tentando reavivar suas memórias daquela forma.Isabela o encarou com frieza, declarando com um tom de desdém:— Sandro, você só está tornando tudo ainda mais patético.— Eu não ligo, só quero você de volta. — Murmurou ele, com uma voz abafada, afundando o rosto em seu peito. — Você esqueceu? Foi nesse apartamento que você me deu sua virgindade. Naquela noite você chorou tanto...Ele também havia ficado com o coração apertado, com medo de machucá-la.Isabela fechou os olhos, se recusando a reviver aquelas lembranças, muito menos a olhar para o rosto dele.Quando ele tentou tirar seu suéter e lhe ergueu a cintura, ela se contorceu para se livrar, mas algo pontiagudo perfurou sua pele. — Ah... — Ela soltou um gemido de dor.— O
Isabela puxou os cantos da boca num sorriso tênue.Mandou a mensagem quase que por impulso: [Quando você volta?] Imediatamente se arrependeu. Não cabia a ela questionar sobre os deslocamentos do chefe, e o questionário parecia ultrapassar limites. Tentou apagar a mensagem, mas já havia passado um minuto. Era impossível deletar.Envergonhada, estava prestes a deixar o celular de lado quando recebeu um áudio. Ao abrir, ouviu uma voz grave e rouca, como se tivesse acabado de acordar ou estivesse embriagada: [Amanhã.]Isabela respondeu quase por reflexo: [Vou te buscar no aeroporto.]A resposta veio rápida: [Ok.]Mal colocou o aparelho na mesa, o toque voltou a soar. Atendeu e ouviu Danilo:— Sandro te importunou?— Não. — Respondeu laconicamente.— Onde você está? Vou aí. — A voz dele transbordava preocupação.Isabela estava exausta físicamente e mentalmente, sem forças para lidar com mais ninguém. Então ela recusou:— Já voltei para casa. Estou cansada, não quero sair.— E amanhã? Podem
— Onde? Onde? — Janete, ao ouvir Viviane, pensou que Isabela realmente tivesse escondido um homem em casa e começou a olhar em volta, tentando encontrar qualquer sinal masculino. — No armário? — Ela brincou com um sorriso. — Não estará sem roupa, né?Isabela suspirou, colocando a mão na testa, enquanto Viviane a encarava com um olhar interessante. — Fala aí.— Eu não escondi nenhum homem aqui. — Respondeu Isabela com naturalidade. — A roupa é do meu chefe, ele esqueceu aqui.— Do Jorge? — Perguntou Viviane, arqueando uma sobrancelha.Isabela acenou com a cabeça. — Sim, quem mais seria? Você sabe que ele é meu chefe.Janete, que estava toda animada, ficou decepcionada ao descobrir que era só uma roupa. — Ah, só uma roupa? — Ela suspirou, mas logo ficou curiosa novamente. — É aquele homem alto e bonito que eu vi da última vez? Aquele que eu te falei para você dar em cima?— É ele. — Respondeu Isabela com indiferença.Viviane não deixou barato, indagando com um tom de interrogatório:—