Isabela lançou um olhar fulminante para Viviane. Mais uma vez a amiga a tinha feito passar vergonha na frente de Jorge, mas Viviane nem ligou e continuou sorridente.— Ah, você nem imagina há quanto tempo estou esperando! — Exclamou ela com entusiasmo. — Se demorasse mais um pouco, seu aniversário já teria passado.Ela puxou Isabela para o lado e perguntou baixinho:— O que diabos o Jorge está fazendo aqui? Com um homem junto, como vamos curtir a festa agora?Isabela suspirou com ar inocente.— Foi ele quem sugeriu vir. Como eu ia dizer não para meu chefe? Ainda estou no período de experiência, quero ganhar um caso para praticar e preciso da aprovação dele.Viviane bufou, claramente contrariada:— Ah, não podia recusar? Se ele pedisse para dormir com você, também ia aceitar?Isabela arregalou os olhos e num impulso tampou a boca da amiga.— Se não tem nada de útil para falar, fica quieta! — Ela sussurrou entredentes.Viviane afastou a mão dela com um gesto impaciente.— Ah, relaxa...A
— Vamos nos divertir! — Exclamou Viviane, tentando manter o ânimo apesar da situação.Janete, no entanto, balançou a cabeça com um suspiro desanimado.— Acho melhor deixarmos para outro dia. Com o Jorge e Isabela lá em cima e apenas as duas ali embaixo, a festa tinha perdido completamente a graça.— Que tal subirmos para comemorar o aniversário da Isabela? — Sugeriu Janete, buscando alguma alternativa.Viviane recusou na hora, quase em pânico:— Nem pensar.Se o avô dela descobrisse que ela tinha interrompido um momento entre Isabela e Jorge, certamente ficaria furioso. E pior, poderia muito bem usar isso como desculpa para tocar no assunto casamento novamente. Se falasse com os pais dela, já era! Depois de alguns dias de paz, ela não estava nem um pouco disposta a voltar para a rotina dos encontros às cegas.Janete piscou várias vezes, confusa com a reação exagerada da amiga.— Como assim nem pensar?Viviane abriu um sorriso misterioso, ergueu a taça rapidamente e mudou de assunto:—
Gabriel ficou imóvel, observando Sandro com um misto de espanto e incredulidade. A reação do amigo ao ouvir o nome de Isabela era completamente desproporcional. Por que tanta agitação? Estava prestes a ficar noivo de outra mulher e ainda se importava tanto assim com a ex-esposa?— Não tenho certeza. — Respondeu Gabriel friamente. — Cara, você simplesmente esqueceu o aniversário da sua ex? Vocês se divorciaram há poucos dias e já apagou isso da memória? Isso só pode significar que você...Não completou a frase, mas o pensamento estava claro que o amigo não amava Isabela o suficiente. Sandro não era ingênuo e captou perfeitamente a insinuação, o que intensificou ainda mais o incômodo que já fervilhava em seu peito.— Então esquecer um aniversário significa que eu não a amo? — Ele disparou, lançando um olhar cortante para Gabriel.Gabriel apenas deu de ombros, preferindo não alimentar a discussão. Não valia a pena bater de frente com Sandro naquele estado. Mas, no fundo, a resposta era cr
A pergunta pegou Gabriel completamente de surpresa, fazendo-o franzir a testa com ar de confusão.— Ué, não são os homens que geralmente preferem mulheres mais novas? — Questionou ele coçando a testa pensativamente. — Tipo você, não é?Gabriel não estava errado em sua observação. Afinal, Milena tinha acabado de se formar na faculdade e era jovem o suficiente para ser considerada um troféu. Clara, por sua vez, apesar de ser um pouco mais velha, possuía traços tão delicados que parecia recém-saída da universidade. Sandro claramente demonstrava preferência por mulheres jovens, e, na verdade, o próprio Gabriel também compartilhava dessa inclinação. Pele macia, jeito tímido e aquela ingenuidade encantadora... Qualquer homem se sentiria naturalmente atraído.Sandro virou o rosto bruscamente e lançou um olhar tão afiado que parecia cortar o ar entre eles. Percebendo imediatamente a tensão que havia criado, Gabriel decidiu se calar antes que piorasse a situação.— Mas, falando nisso... — Ele
Os olhos de Gabriel se arregalaram em sinal de alarme.— Puta que pariu! — Ele exclamou, disparando imediatamente na direção da cabine de comando.Percebendo a gravidade da situação, Fabiano correu logo atrás dele. Na cabine, eles encontraram Sandro com um olhar feroz que lembrava um demônio à espreita, os olhos injetados fixos no iate que navegava à frente deles. Gabriel tentou contê-lo pelos braços, enquanto Fabiano rapidamente assumiu o leme e reduziu a velocidade da embarcação.Com um movimento brusco, Sandro se desvencilhou.— O que você pensa que está fazendo? — Ele vociferou, encarando Fabiano com raiva.Gabriel fechou a cara, ignorando a fúria dele, e se virou para dar instruções a Fabiano:— Dê meia-volta.— Nem tente. — Sandro não hesitou em lançar um olhar cortante na direção dele.Fabiano ficou paralisado, claramente confuso com os comandos conflitantes.— Mas eu fiz alguma coisa errada? — Ele questionou, olhando nervosamente de um para o outro sem saber a quem obedecer.
— Srta. Isabela, você se parece muito com uma garota que eu amei. — Confessou Jorge, fixando nela um olhar profundo e intenso, impossível de se decifrar.Isabela arqueou uma sobrancelha e abriu um sorriso descontraído. — Nossa... Que honra a minha. — Ela respondeu com uma pitada de ironia. — Se ela era alguém que você amava, deve ser uma mulher incrível.Jorge sorriu de canto, com um quê de amargura. — Mas ela era cega e acabou se casando com um idiota.A resposta direta pegou Isabela desprevenida, deixando-a sem palavras. — Bom, foi ela quem saiu perdendo. — Ela murmurou enfim, tentando reconfortá-lo.Jorge se aproximou um pouco e abaixou o tom de voz:— Quem saiu perdendo fui eu. Não tive a chance de me casar com ela.Isabela ficou pensativa diante daquela confissão. Se até Jorge, um homem tão bem-sucedido e incrível, tinha sido deixado para trás, então talvez ser traída nem fosse algo tão absurdo assim. No final das contas, não importava o quão bom você fosse se a pessoa errada n
Se Sandro havia sido capaz de trair Isabela, certamente poderia fazer o mesmo com Clara no futuro. As pessoas raramente mudavam seus padrões de comportamento.— Deixa ela. — Jorge suspirou, passando a mão pelos cabelos.Ele conhecia bem sua irmã. Mimada desde pequena, Clara só aprendia quando se machucava. Não adiantava ninguém tentar convencê-la do contrário. Apenas a própria vida seria capaz de ensinar essa lição tão amarga.Luan abriu a boca para argumentar, mas logo desistiu. A teimosia de Clara era lendária. Se ela decidisse que o céu era verde, não haveria força no mundo capaz de fazê-la enxergar o azul.Jorge encerrou a chamada e, ao levantar os olhos, notou um iate ancorado perigosamente próximo. Franzindo a testa com desconfiança, observou a embarcação vizinha. Era estranho. Quem vinha para o mar geralmente buscava privacidade, não era comum duas embarcações ficarem tão próximas assim.Da posição onde estava, Jorge não conseguia distinguir Sandro e os outros na cabine de com
A gola levemente aberta da camisa de Jorge revelava seu pescoço longo e sedutor, enquanto seu pomo-de-Adão subia e descia quando ele quebrou o silêncio com voz rouca:— Te assustei?Isabela balançou a cabeça em negativa, mas seus olhos fugiram instintivamente dos dele. O olhar de Jorge era intenso demais, havia algo ali, indefinível e perturbador, que a deixava desconfortável.Aquela conversa anterior ainda martelava em sua mente como um eco persistente. Ele havia dito que ela se parecia com a mulher que ele nunca conseguiu ter. Será que ele estava a usando como substituta? Um estranho alívio percorreu seu peito ao chegar a essa conclusão. Só podia ser isso, a única explicação plausível para aquele olhar, porque Jorge não gostava dela de verdade. Não podia gostar."Ainda bem que percebi isso a tempo. Ainda bem que não me deixei iludir.", refletiu ela consigo mesma.— Ora...Janete apareceu de repente, prestes a dizer algo para Isabela, mas parou abruptamente no meio do caminho. A ce