Ele simplesmente deixou escapar uma mulher tão compreensiva, sensata, bonita e que o amava de todo coração. Naquele momento, Sandro se sentia consumido pelo desejo de reconquistá-la. Queria-a de volta ao seu lado, de volta para a casa deles.Sentado no carro com as mãos apertando o volante, ele se perguntava o que poderia fazer para ter Isabela novamente. Logo se lembrou que ela adorava ler, especialmente os livros do autor R. Havia um título específico desse escritor que era difícil de encontrar, e que Isabela sempre desejou ter, mas nunca conseguiu comprar. Ele sabia disso há muito tempo, mas nunca deu importância, o considerando apenas um livro qualquer entre tantos outros.Decidido, pegou o celular e ligou para André, se recordando de ter visto aquele livro na estante dele. O telefone foi atendido quase imediatamente.— Sandro? Que surpresa! Justo agora estava pensando em você. — Exclamou André com animação na voz.— Preciso de um favor, professor. — Respondeu Sandro, abrindo um
— Claro que sim! — Respondeu Leonardo prontamente, sem hesitar nem por um segundo.Isabela ficou surpresa com a rapidez da resposta, mal tendo tempo de processar a aceitação imediata dele.— Você está me ajudando tanto. Como posso te agradecer por isso? — Perguntou ela, com sincera emoção na voz.Leonardo deu de ombros com um gesto despreocupado.— Me compra uns doces.Nunca tinha provado doces tão gostosos em sua vida. Na verdade, antes nem apreciava muito essas guloseimas. Talvez porque doces geralmente agradassem mais as meninas, por serem bem açucarados, enquanto os rapazes normalmente não ligavam tanto para isso.Isabela ergueu as sobrancelhas, intrigada.— Só isso?Será que não era uma exigência muito modesta da parte dele?Leonardo piscou um olho com ar brincalhão.— Se quiser compensar mais, me acompanha numa festa?— O quê? — Isabela ficou confusa. Que festa seria essa? Ele nem gostava de eventos sociais, sempre fazia só o mínimo necessário nos compromissos do escritório.— A
Na época do leilão, Jorge estava sentado exatamente atrás de Sandro e Isabela. Como os lances eram feitos digitalmente pelo sistema eletrônico, Isabela não fazia a menor ideia de que a pessoa disputando com Sandro estava logo ali, a poucos metros de distância. Ela nem sequer sabia que Jorge também tinha participado daquele leilão.Isabela ficou atônita de novo, os olhos arregalados de surpresa.— Dr. Jorge, como o senhor sabe disso? — Perguntou ela, completamente incrédula.— Ouvi o professor Davi comentando. — Respondeu Jorge com as mãos cruzadas atrás das costas.Ele nunca tinha sido bom em mentir e, visivelmente desconfortável, parecia não saber o que fazer com as próprias mãos.— Mas eu nunca comentei isso com o professor Davi... — Murmurou Isabela, confusa.Pensando melhor, realmente jamais tinha falado sobre aquilo com Davi. Durante todo o período em que esteve casada com Sandro, mal tinha encontrado com Davi. Além disso, não fazia o menor sentido ter mencionado sua admiração po
O visitante era André, o que realmente pegou Isabela de surpresa.— O senhor está me procurando por algum motivo específico? — Perguntou ela, sem conseguir esconder o espanto.A expressão de Jorge, que observava a cena de perto, se tornou visivelmente sombria. Era fácil perceber que aquela visita repentina não devia ser por um motivo simples.— Na verdade, tem um assunto que eu gostaria de pedir sua ajuda. — Respondeu André com um sorriso. — Que tal a gente conversar lá fora?— Prefiro na cafeteria aqui embaixo. — Sugeriu Isabela rapidamente.André hesitou por um instante, mas acabou concordando com um breve aceno:— Pode ser.Isabela se voltou para Jorge:— Dr. Jorge, vou descer rapidinho.— Certo. Qualquer coisa, me liga. — Recomendou ele, sem disfarçar a preocupação na voz.— Tudo bem. — Isabela acenou com um leve sorriso antes de se virar para o visitante. — Vamos lá, professor André.Já na cafeteria, mantendo sua habitual educação, Isabela perguntou:— O senhor gostaria de tomar a
De repente, Sandro percebeu que há muito tempo enxergava Isabela apenas como uma dona de casa, alguém que lavava, cozinhava e cuidava de tudo. Ignorou-a por tanto tempo que, agora, mal conseguia reconhecê-la diante de seus olhos.Sem pensar duas vezes, ele correu atrás dela pelo corredor.— Isa! — Ele chamou, tentando impedir que ela se afastasse. — Sete anos juntos e você vai mesmo jogar tudo fora assim? Não dá para gente pensar um pouco no que vivemos?Isabela parou no meio do caminho, se virou para ele e soltou uma risada carregada de frieza.— Pensar no quê exatamente? Se eu pudesse escolher, preferia nunca ter me envolvido com você.Sandro apertou o livro nas mãos com tanta força que os nós dos dedos ficaram completamente brancos.— Você acha mesmo que o Jorge gosta de você? — Ele zombou, tentando disfarçar a própria dor. — Na cabeça dele, você é só uma mulher recém-divorciada, carente e fácil de manipular. Ele só quer te usar, e você acha que isso é amor? Não seja tão ingênua...
Era a segunda vez que eles se encontravam no tribunal. Na primeira ocasião, ela estava sentada no banco de réu, enquanto Sandro atuava do outro lado como advogado de acusação. Agora, mais uma vez, ela ocupava o banco da defesa, mas com uma diferença fundamental. Antes era a acusada, hoje estava ali como defensora.Isabela vestia um elegante terninho azul-marinho com lapela pontuda e camisa lisa da mesma cor por baixo. O corte ajustado na cintura e o único botão fechado realçavam sua silhueta esguia, enquanto a calça impecavelmente alinhada e os sapatos de salto preto completavam o visual, junto ao corte curto e preciso do cabelo. O conjunto todo emanava seriedade e uma presença marcante. Desde que entrou na sala, Isabela não havia olhado diretamente para Sandro nem uma única vez, enquanto ele, por sua vez, não tirava os olhos dela. Mesmo naquela situação, continuava pensando que Isabela estava se iludindo. Sem falar na diferença de experiência entre os dois, ele com anos de prática
— Você está dizendo que... — Sandro começou, mas foi interrompido.— Por favor, Dr. Sandro. — Isabela avançou com voz firme, não lhe dando chance de defesa. — Se a sua esposa o traísse, você não ficaria com raiva?Sandro a encarou fixamente, sem desviar os olhos dos dela, completamente atônito. Embora seu cliente fosse a vítima, a argumentação perspicaz de Isabela estava paralisando o andamento do caso.Mas o que realmente o incomodava não era o desenrolar do processo. Ele tinha aceitado essa causa apenas para desafiar Isabela, querendo lhe mostrar que ela não conseguiria vencer. Desejava que ela sentisse o quanto a profissão de advogado era difícil depois de tanto tempo afastada daquela vida, cuidando apenas da casa. Queria que percebesse que, quando estava em casa sem preocupações financeiras, na verdade vivia em grande conforto.No entanto, parecia estar completamente enganado. Isabela não demonstrava qualquer deslocamento. Pelo contrário, estava mais afiada do que nunca, com uma ló
Desde o início, quando ele disse que queria ser o advogado de César, seu alvo sempre foi Isabela.Naquele momento, parecia que ele havia alcançado seu objetivo.Isabela finalmente cedeu. Ela finalmente voltou os olhos para ele.Com um olhar desafiador, ele deu uma olhada para Jorge, que estava na plateia, como se dissesse: "Você sempre será o segundo, e nunca vai ficar à minha frente."Isabela lançou um rápido olhar para Sandro, mas percebeu que ele estava encarando alguém na plateia.Ela virou a cabeça e viu que ele estava olhando para Jorge.Uma expressão fria apareceu em seus olhos.O juiz bateu com o martelo.— Agora, a palavra é da parte do autor.Sandro desviou o olhar e se levantou. Sua postura era imponente, um homem realmente atraente. Embora fosse um canalha, ele tinha uma aparência privilegiada. Seu corpo esguio e alto, junto com seus traços faciais bem definidos, fazia com que fosse difícil não admirar sua presença.Bastava ele ficar com o rosto fechado e se posicionar ali,