Jorge ergueu o olhar, e em seus olhos parecia haver uma leve centelha de expectativa. No entanto, Isabela não percebeu a profundidade daquele olhar e respondeu com sinceridade:— Ganhei de alguém, e pensei que você ainda não tivesse comido..— Não estou com fome. — Interrompeu Jorge, com uma voz fria e cortante.Isabela ficou sem palavras, a confusão tomava conta dela. Ela não conseguia entender o que havia feito para irritá-lo tanto. Com os lábios levemente apertados, colocou o café e o bolo de volta na bandeja e se preparou para sair.— Deixe o café. — Disse Jorge, com voz rouca.Um brilho de alívio apareceu nos olhos de Isabela, e ela rapidamente colocou o café na frente dele, com cuidado. Jorge parecia ter algo a dizer, mas acabou apenas franzindo a testa, engolindo as palavras. Como adulta, ela deveria ser capaz de refletir por si mesma, e ele não precisava explicar tudo.— Volte ao trabalho. — Disse ele, sua voz ainda era distante, mas um pouco mais suave do que antes.Isabela ac
— Que nojo! — Lara cuspiu sem cerimônia, com a voz carregada de repulsa. — Seu canalha, você é mesmo sem vergonha! Refazer o casamento? Minha Isa pode ficar solteira a vida inteira, mas nunca mais vai se casar com você! Foi culpa minha ter sido cega e não perceber que você era um cachorro, dando a você a chance de machucar minha filha. Some daqui, e quanto mais longe, melhor!Lara jogou todos os presentes que Sandro levou para fora da casa e, em seguida, fechou a porta com força, como se quisesse trancar toda a raiva e decepção do lado de fora.Caio ficou parado ao lado, observando a esposa em silêncio, surpreso e, ao mesmo tempo, aliviado. Afinal, Lara já havia adorado Sandro, quase o tratando como um filho.Percebendo o olhar do marido, Lara suspirou, com uma mistura de resignação e determinação na voz:— Para ser sincera, se eu não tivesse visto ele com outra mulher com meus próprios olhos, hoje, quando ele veio pedir reconciliação, eu teria aceitado e até tentado convencer a Isa a
As luzes do elevador se apagaram repentinamente, mergulhando tudo na escuridão.— O que aconteceu? — A voz de Isabela tinha um leve tom de apreensão.Jorge manteve a calma, respondendo com suavidade reconfortante: — Não se preocupe, deve ser apenas uma pane elétrica. Ficaremos bem.Com movimentos precisos, ele pegou o celular, cuja luz azulada iluminou o espaço. Pressionou o botão de emergência e discou para o serviço de socorro, mas nenhuma resposta veio do outro lado linha.— A campainha de emergência também está quebrada? — Perguntou Isabela, controlando a respiração.Jorge examinou os botões sob a luz trêmula. — Parece que sim.Isabela tentou ligar para o 190, mas as barras de sinal haviam desaparecido. — Então, só nos resta esperar pelo resgate? — Perguntou, ansiosa.— Por enquanto, sim. — Confirmou Jorge, acionando sequencialmente todos os botões do elevador como precaução contra quedas bruscas. A lanterna do celular projetava sombras dançantes no rosto pálido de Isabela.— Es
— Posso me agachar? — Sussurrou Isabela, com a voz embargada pela exaustão.Jorge envolveu seu antebraço com firmeza, a protegendo. — Vamos encostar na parede. É mais seguro.Ela assentiu, com seus cabelos esvoaçando na penumbra. — Certo.Tentou mover as pernas, mas horas imóveis deixaram os membros pesados como chumbo, já sentia formigamentos subindo pelas panturrilhas. Ao se curvar para massagear a panturrilha, o elevador mergulhou em queda livre.— Meu Deus! — O grito ecoou enquanto ela agarrava desesperadamente o que encontrava.O elevador despencou como pedra. Jorge cambaleou, seu instinto superou a gravidade. Num piscar de olhos, a puxou contra si num redemoinho de tecido e calor, três passos largos até o canto. A mão direita agarrou o corrimão até os nós dos dedos esbranquiçarem, enquanto a esquerda se moldou à curva da cintura dela como uma luva.O rangido metálico dos cabos cortou o ar quando a queda cessou.Isabela desabou contra o peito dele, ofegante. Seus lábios entreabe
— Não, estou bem. — Isabela baixou a cabeça, dizendo com a voz um pouco fraca.— Precisa ir ao hospital para uma verificação? — O bombeiro perguntou com preocupação.Isabela balançou a cabeça, e Jorge interveio:— Não precisa, obrigado.— É nosso dever. — O bombeiro acenou com a cabeça e então se afastou.A administração do prédio logo chamou os técnicos de manutenção do elevador para verificar o problema. Isabela e Jorge decidiram subir de escada até o apartamento. O local de onde foram resgatados era o térreo, e o destino deles era o sexto andar.Isabela estava exausta, as pernas pareciam feitas de chumbo, cada passo era uma luta. Ela se agarrou ao corrimão, usando a força dos braços para sustentar o corpo, subindo lentamente. Jorge caminhava ao lado dela, com passos firmes e uma expressão serena.O vento frio do lado de fora soprava suavemente, levando embora o suor de ambos. O rosto de Isabela já não estava mais tão vermelho, e sua respiração também se acalmou.Finalmente, ao chega
Isabela queria preparar vários pratos para a refeição, pois era um jantar com convidado, mas no final, a mesa parecia um tanto simples. Ela se desculpou com um sorriso tímido:— Da próxima vez preparo algo melhor. Hoje vai ter que ser improvisado. Dr. Jorge, deve estar morrendo de fome, né?— Na medida. — Respondeu Jorge, mantendo uma expressão serena.Após a refeição, Jorge se despediu com um aceno discreto. Isabela o acompanhou até o corredor escuro do prédio, onde o elevador ainda exibia a placa "Em Manutenção". Ficou observando a silhueta dele descendendo as escadas, a postura ereta desaparecendo degrau após degrau, até que o eco dos passos se fundiu com o zumbido do corredor. Só então ela voltou para dentro.Depois de arrumar a mesa e lavar os pratos, Isabela foi dormir cedo.Na manhã seguinte, ao abrir o celular, ela viu mais de dez chamadas perdidas na tela. No entanto, Isabela ignorou todas. Era o dia do protocolo judicial. Janete, seguindo seu conselho, havia coletado provas
Viviane e Fabiano estavam frente a frente no sofá, sussurrando com a intimidade de quem compartilha segredos. Os rostos colados e os olhares cúmplices fizeram Isabela parar no meio do salão. Como esses dois se misturaram?A pergunta ecoou em sua mente. Afinal, o playboy e sua melhor amiga eram como água e óleo.Janete percebeu a reação dela e perguntou, com um tom suave:— Você conhece eles?— São amigos meus. Desculpe, preciso me ausentar por um instante. — Respondeu Isabela, com um leve ar de desculpas.— Sem problemas, vá. — Janete acenou com a cabeça, sorrindo de maneira gentil.Isabela caminhou rapidamente em direção aos dois. Fabiano a avistou primeiro, os dentes brancos brilhavam sob a luz amarelada.— Sra... Digo, Isabela, o que você está fazendo aqui? — A correção veio abrupta, como quem pisa no freio ao ver a blitz. Quatro anos a chamando de "Sra. Marques" não se apagavam com um estalar de dedos.— Vim com uma amiga. — Isabela retribuiu o sorriso sem mostrar os dentes.Vivian
— Homem ou mulher? É bonito? — Viviane perguntou com os olhos brilhando como faróis, o coração palpitando de curiosidade.Isabela lançou um olhar reprovador a ela. — Que tipo de lixo você armazena nessa cabeça oca?— Dra. Isabela... — A interrupção veio em forma de voz melodiosa.Janete aguardava com paciência, como um felino observando suas presas.Isabela se virou com sorriso profissional pronto. — Janete, minha amiga parece ter exagerado no...— Não estou bêbada! — Viviane se endireitou como soldado em parada militar, a voz clara como cristal. — Estou perfeitamente lúcida.Os olhos âmbar de Janete cintilaram ao percorrerem as duas mulheres. — Amiga da Dra. Isabela é amiga minha. Que tal nos divertirmos juntas?Antes que a advogada pudesse protestar, Viviane já batia palmas como criança diante de parque de diversões. — Ótimo! Maravilhoso! Sensacional!Isabela suspirou, dando um sorriso com o canto dos lábios. Ela sabia que tinha sido derrotada.A antiga sala privativa do ex-marid