— Não tenho interesse em coisas que homens compram. — Disse Jorge, com um tom de voz que carregava uma leveza quase imperceptível de ciúme.Isabela ficou paralisada, piscando os olhos, completamente confusa.— Homens? Eu mesma comprei essas flores no shopping. Que homem têm a ver com isso? Como ele poderia achar que alguém as comprou para ela?Logo, ela pareceu entender algo e franziu a testa explicando:— Você não está pensando que foi o Sandro quem me deu isso, está? Ele nunca faria algo assim. Além disso, já estamos divorciados. Não temos mais nenhuma ligação. Nós...O rosto de Jorge escureceu, claramente incomodado com a menção ao nome de Sandro, especialmente aquela palavra “nós” parecia uma farpa, o irritando profundamente.Isabela percebeu a mudança em seu humor e ficou ainda mais intrigada. Por que ele estava agindo como o clima de junho, mudando de repente? Um momento estava calmo e ensolarado, e no seguinte, nuvens escuras cobriam o céu, como se uma tempestade estivesse pres
Jorge ergueu o olhar, e em seus olhos parecia haver uma leve centelha de expectativa. No entanto, Isabela não percebeu a profundidade daquele olhar e respondeu com sinceridade:— Ganhei de alguém, e pensei que você ainda não tivesse comido..— Não estou com fome. — Interrompeu Jorge, com uma voz fria e cortante.Isabela ficou sem palavras, a confusão tomava conta dela. Ela não conseguia entender o que havia feito para irritá-lo tanto. Com os lábios levemente apertados, colocou o café e o bolo de volta na bandeja e se preparou para sair.— Deixe o café. — Disse Jorge, com voz rouca.Um brilho de alívio apareceu nos olhos de Isabela, e ela rapidamente colocou o café na frente dele, com cuidado. Jorge parecia ter algo a dizer, mas acabou apenas franzindo a testa, engolindo as palavras. Como adulta, ela deveria ser capaz de refletir por si mesma, e ele não precisava explicar tudo.— Volte ao trabalho. — Disse ele, sua voz ainda era distante, mas um pouco mais suave do que antes.Isabela ac
— Que nojo! — Lara cuspiu sem cerimônia, com a voz carregada de repulsa. — Seu canalha, você é mesmo sem vergonha! Refazer o casamento? Minha Isa pode ficar solteira a vida inteira, mas nunca mais vai se casar com você! Foi culpa minha ter sido cega e não perceber que você era um cachorro, dando a você a chance de machucar minha filha. Some daqui, e quanto mais longe, melhor!Lara jogou todos os presentes que Sandro levou para fora da casa e, em seguida, fechou a porta com força, como se quisesse trancar toda a raiva e decepção do lado de fora.Caio ficou parado ao lado, observando a esposa em silêncio, surpreso e, ao mesmo tempo, aliviado. Afinal, Lara já havia adorado Sandro, quase o tratando como um filho.Percebendo o olhar do marido, Lara suspirou, com uma mistura de resignação e determinação na voz:— Para ser sincera, se eu não tivesse visto ele com outra mulher com meus próprios olhos, hoje, quando ele veio pedir reconciliação, eu teria aceitado e até tentado convencer a Isa a
As luzes do elevador se apagaram repentinamente, mergulhando tudo na escuridão.— O que aconteceu? — A voz de Isabela tinha um leve tom de apreensão.Jorge manteve a calma, respondendo com suavidade reconfortante: — Não se preocupe, deve ser apenas uma pane elétrica. Ficaremos bem.Com movimentos precisos, ele pegou o celular, cuja luz azulada iluminou o espaço. Pressionou o botão de emergência e discou para o serviço de socorro, mas nenhuma resposta veio do outro lado linha.— A campainha de emergência também está quebrada? — Perguntou Isabela, controlando a respiração.Jorge examinou os botões sob a luz trêmula. — Parece que sim.Isabela tentou ligar para o 190, mas as barras de sinal haviam desaparecido. — Então, só nos resta esperar pelo resgate? — Perguntou, ansiosa.— Por enquanto, sim. — Confirmou Jorge, acionando sequencialmente todos os botões do elevador como precaução contra quedas bruscas. A lanterna do celular projetava sombras dançantes no rosto pálido de Isabela.— Es
— Posso me agachar? — Sussurrou Isabela, com a voz embargada pela exaustão.Jorge envolveu seu antebraço com firmeza, a protegendo. — Vamos encostar na parede. É mais seguro.Ela assentiu, com seus cabelos esvoaçando na penumbra. — Certo.Tentou mover as pernas, mas horas imóveis deixaram os membros pesados como chumbo, já sentia formigamentos subindo pelas panturrilhas. Ao se curvar para massagear a panturrilha, o elevador mergulhou em queda livre.— Meu Deus! — O grito ecoou enquanto ela agarrava desesperadamente o que encontrava.O elevador despencou como pedra. Jorge cambaleou, seu instinto superou a gravidade. Num piscar de olhos, a puxou contra si num redemoinho de tecido e calor, três passos largos até o canto. A mão direita agarrou o corrimão até os nós dos dedos esbranquiçarem, enquanto a esquerda se moldou à curva da cintura dela como uma luva.O rangido metálico dos cabos cortou o ar quando a queda cessou.Isabela desabou contra o peito dele, ofegante. Seus lábios entreabe
— Não, estou bem. — Isabela baixou a cabeça, dizendo com a voz um pouco fraca.— Precisa ir ao hospital para uma verificação? — O bombeiro perguntou com preocupação.Isabela balançou a cabeça, e Jorge interveio:— Não precisa, obrigado.— É nosso dever. — O bombeiro acenou com a cabeça e então se afastou.A administração do prédio logo chamou os técnicos de manutenção do elevador para verificar o problema. Isabela e Jorge decidiram subir de escada até o apartamento. O local de onde foram resgatados era o térreo, e o destino deles era o sexto andar.Isabela estava exausta, as pernas pareciam feitas de chumbo, cada passo era uma luta. Ela se agarrou ao corrimão, usando a força dos braços para sustentar o corpo, subindo lentamente. Jorge caminhava ao lado dela, com passos firmes e uma expressão serena.O vento frio do lado de fora soprava suavemente, levando embora o suor de ambos. O rosto de Isabela já não estava mais tão vermelho, e sua respiração também se acalmou.Finalmente, ao chega
Isabela queria preparar vários pratos para a refeição, pois era um jantar com convidado, mas no final, a mesa parecia um tanto simples. Ela se desculpou com um sorriso tímido:— Da próxima vez preparo algo melhor. Hoje vai ter que ser improvisado. Dr. Jorge, deve estar morrendo de fome, né?— Na medida. — Respondeu Jorge, mantendo uma expressão serena.Após a refeição, Jorge se despediu com um aceno discreto. Isabela o acompanhou até o corredor escuro do prédio, onde o elevador ainda exibia a placa "Em Manutenção". Ficou observando a silhueta dele descendendo as escadas, a postura ereta desaparecendo degrau após degrau, até que o eco dos passos se fundiu com o zumbido do corredor. Só então ela voltou para dentro.Depois de arrumar a mesa e lavar os pratos, Isabela foi dormir cedo.Na manhã seguinte, ao abrir o celular, ela viu mais de dez chamadas perdidas na tela. No entanto, Isabela ignorou todas. Era o dia do protocolo judicial. Janete, seguindo seu conselho, havia coletado provas
Viviane e Fabiano estavam frente a frente no sofá, sussurrando com a intimidade de quem compartilha segredos. Os rostos colados e os olhares cúmplices fizeram Isabela parar no meio do salão. Como esses dois se misturaram?A pergunta ecoou em sua mente. Afinal, o playboy e sua melhor amiga eram como água e óleo.Janete percebeu a reação dela e perguntou, com um tom suave:— Você conhece eles?— São amigos meus. Desculpe, preciso me ausentar por um instante. — Respondeu Isabela, com um leve ar de desculpas.— Sem problemas, vá. — Janete acenou com a cabeça, sorrindo de maneira gentil.Isabela caminhou rapidamente em direção aos dois. Fabiano a avistou primeiro, os dentes brancos brilhavam sob a luz amarelada.— Sra... Digo, Isabela, o que você está fazendo aqui? — A correção veio abrupta, como quem pisa no freio ao ver a blitz. Quatro anos a chamando de "Sra. Marques" não se apagavam com um estalar de dedos.— Vim com uma amiga. — Isabela retribuiu o sorriso sem mostrar os dentes.Vivian