Na Serra próxima da aldeia incendiada, Lochiel, o transmorfo, fechava da melhor maneira que podia a ferida no braço de Alice. Estava cansado e sem energia para realizar magia. Parecia que o perigo já havia passado, mas estava atento a qualquer movimento. Seus sentidos lupinos estavam em alerta máximo. Acendeu uma pequena fogueira para aquece-los quando a noite começou a cair, não tinham nada para comer e sua barriga roncava. Alice ainda dormia, sua vida não corria risco, mas a exaustão da batalha e o uso excessivo de magia chegara ao limite.
Estava quase dormindo também, mas um farfalhar nas moitas próximas o despertou completamente. Uma criatura minúscula espreitava por entre a folhagem. Ao vê-la, Lochiel não pode deixar de sentir um certo alívio.
_ Pelas raízes da Árvore Mãe! Athala, seu demoniozinho feio e sujo! - exclamou, com um misto de alegria e raiva.
O pequeno ser, saudado dessa forma, saiu da moita de onde observava. Com a pele escamosa de um lagarto e as costas cobertas de espinhos, pernas longas e musculosas, bracinhos compridos e três dedos com garras finas e afiadas, a criatura demonstrava grande inteligência e curiosidade pelo brilho dos seus olhos, de um tom esverdeado, cor de folha.
_ Humano menino Lochiel- exclamou a criatura, com voz estridente. - Você sobreviveu a desgraça de sua aldeia. Muitos foram mortos por aqueles outros, mas você e a menina humana estão vivos. Em péssimo estado, eu diria, mas vivos.
_ O que você sabe Athala, diga sem rodeios.
_ Não sei tanto quanto gostaria, mas o pouco que eu sei pode servir de luz a sua treva. É sabido que os Quimeros são uma raça de criaturas criadas com um propósito e que apenas os magos mais talentosos, conseguem criá-los com aptidões suficientes para agir sem o mestre por perto. Partindo desse preceito, podemos resumir em poucos minutos quais tipos de mago conseguiria fazer tão belas obras. O segundo ponto é que eles usavam magia Elemental muito avançada. Ora se os Quimeros só conseguem replicar as magias do mestre, podemos resumir ainda mais quem seria o responsável, ou os responsáveis.
O único lugar que veio a mente do garoto foi a Torre de Laurência, onde os magos se reuniam em conselho. Mas não era um lugar bem visto pelo povo. Dizia-se que lá eles realizavam experimentos em humanos e criaturas, que muitas vezes terminavam com a criação de algum tipo de monstro ou aberração destruidora. Da última vez, criaram uma réplica dragonóide que quase destruiu a cidadela de Glamp, um pacifico lugar ponto de encontro de mineradores. Ninguém soube direito o que aconteceu, mas uma Maga conhecida como Eleonor aprisionou o dragonóide em um subplano onde ele permanece trancafiado. Precisava de alguma forma, descobrir porque Quimeros tão poderosos atacaram a sua vila. O que de fato estava acontecendo? Não pode deixar de imaginar que buscavam algo que talvez seu mentor soubesse, já que em meio a fumaça e o fogo havia notado que a casa estava toda revirada.
Se lembrou de uma vez que brigou com os garotos da aldeia por acertarem uma pedra em Alice, dizendo que bruxas e magos não eram confiáveis. Não conseguiu entender na época o motivo disso, já que seu mentor ajudava a vila de muitas formas possíveis. Agora começava a perceber que existiam muito mais coisas que não conseguia compreender e que deveria começar a buscar respostas. Decidiu então que tomaria o caminho mais curto para a torre e mais perigoso também, através do Desfiladeiro do Canto e a Ponte dos Gnolls. Poderia fazer uma pequena parada em Ilumien a cidade dos comerciantes de safira, reabastecer suas energias e ter um dedo de prosa com Magistrado Dakágora realizar uma denúncia, pedir ajuda.
Precisava dormir e comer. Olhou para Alice que ainda dormia, e se sentiu feliz por ela estar com ele. Ela era inteligente e forte, muito mais do que ele. Não notou durante o seu lapso de pensamentos que Athala havia sumido, mas um cheiro de carne assada despertou seus sentidos.
_ Coma, humano menino. Athala consegue ver suas necessidades e vai ajuda-lo por enquanto.
Lochiel arregalou os olhos surpreso. A criaturinha caçara num piscar de olhos uma lebre, arrancara-lhe a pele e as vísceras, recheou com algumas ervas e empalada num graveto colocou para assar. O aroma era tão bom que até Alice despertou.
_ Que cheiro maravilhoso é esse? - disse ela - estou um pouco tonta, mas ainda consigo reconhecer o cheiro de lebre assada que somente Athala sabe fazer.
A criatura arreganhou os dentes pontudos e finos em uma espécie de sorriso grotesco e até Lochiel conseguiu sorrir. Atacaram a lebre como lobos famintos e num instante, saciados, dormiram como pedras no chão frio e úmido. Ainda dava pra sentir o cheiro das casas queimadas, mas não havia mais fogo, tudo já havia virado cinzas e escombros. Athala ficou de vigia, estava curioso até onde eles conseguiriam ir. Isso o prendia aos humanos, em especial aqueles dois, desde que despertara a sua inteligência primordial. Poderia simplesmente ir embora e deixá-los a mercê da sorte, mas inteligência leva a curiosidade ou poderia dizer que a curiosidade leva ao conhecimento. Era isso que buscava. Tirou um pedaço de papiro das escamas, fez uma pequena marca nele com sangue e sua própria garra. A marca brilhou, a luz refletindo seus grandes olhos e sumiu sem deixar traço no papiro. Com uma expressão de satisfação ele o guardou novamente na escama. Passou a noite toda vigiando, olhando e analisando as duas crianças.
O dia seguinte chegou com um calor abrasante e dor nas costas por adormecer em ao relento e no chão frio e duro da serra. Athala não quis acordar as crianças e nem precisou, Lochiel sempre levantava junto com o cantar dos pássaros. Alice estava completamente recuperada. Olhou pra si mesma repugnando a própria aparência, segundo ela, bruxas sempre devem ficar apresentáveis para qualquer ocasião. Com os cabelos negros e compridos embolados e sujos de terra, fuligem e alguns galhos, a sua pele morena e lisa de uma jovem bruxa de quinze anos estava cheia de marcas de uma noite desconfortável, um sinal de olheira nos belos e grandes olhos negros. Ela não era tão alta quanto gostaria e suas roupas descaracterizadas e sem cor de tanta sujeira, definitivamente não demonstravam elegância. E o pior ainda estava sem um par de suas botas, isso era o cúmulo.
Ela expressou sua indignação a Lochi, que sorriu despreocupado.
_ Iremos até o vilarejo Alderim e lá compramos algumas roupas e um par de botas. - disse ele - vamos precisar de provisões para viajem também e seria maravilhoso se tivéssemos prata suficiente para comprar um cavalo, ou até mesmo uma mula.
Não havia nada para juntar. Athala trouxe algumas frutas e após comerem, apagaram e espalharam as cinzas da fogueira e partiram através da serra para o vilarejo Alderim. No caminho Lochiel expôs seu plano para Alice.
_ De fato é uma ótima ideia, até chegarmos lá na torre. O que você vai fazer a respeito? Duelar com o mago? Desafiá-lo parada uma luta até a morte na esperança de obter vingança pelo nosso Mestre?
Alice de todos era a que pensava mais racionalmente e com esses argumentos esperava que Lochiel cedesse a razão. E por um momento o garoto ficou calado. Ela sabia que ele estava pensativo, tentando achar uma resposta válida. Desde que o velho Azaghal pegara o garoto como aprendiz, ela aprendeu a ler suas mudanças de aparência de acordo com o seu humor e sentimentos. Era algo que não conseguia esconder na época e ainda fazia isso muito mal feito, quase sete anos depois. Aos dezesseis, Lochiel se tornou um garoto forte e rápido. Azhagal o ensinou a não se apoiar somente na sua magia natural para viver. Ensinou o garoto a usar espada, bastão e arco, a usar os punhos com precisão e imobilizar os oponentes. Lochiel era mais alto do que o normal, apesar de sempre alterar sua estatura. Por vezes Alice achava que nunca havia visto a aparência original do menino e o mentor, sempre que perguntava, dizia que a aparência não importava enquanto ela pudesse ver o interior.
Desde o início ela o considerava um irmão e como sempre foi mais sensata e com toda certeza mais inteligente, Lochiel sempre a ouvia com o respeito devido a uma irmã mais velha.
De fato, ele pensava no que deveria ser feito. Na noite anterior o plano parecia perfeito. Chegar a torre, inquirir sobre o mago que provocou tanta desordem e foi responsável pela morte do seu mentor e de muitos outros, com seus Quimeros descontrolados, levá- lo a justiça. Uma prisão, ou até mesmo sentença de morte já o deixaria satisfeito. Mas agora que Alice falava parecia ser uma coisa absurda a se fazer e enquanto caminhavam descendo a serra permaneceu em silencio.
_ O que faremos então, Alice? - perguntou ele depois de um longo tempo, quando já avistavam o vilarejo a distância. - Iremos até Alderim, arrumamos um trabalho, ganhamos algumas moedas e seguimos com a nossa vida, como se nada tivesse acontecido? O mínimo que podemos fazer é buscar justiça! - sua voz estava rouca, furioso, seus cabelos cresceram e assumiram tons vermelhos, logo começaram levemente a crepitar, queimando vagarosamente. Seus dentes cresceram, pontudos e afiados. - Se for preciso, eu vou pegar o mago responsável e eu mesmo o coloco na fogueira e mando sua alma para os cães!
Alice suspirou. Como era difícil lidar com pessoas como Lochiel. Impetuosos, hiperativos, muitas vezes fazendo coisas sem pensar e na maioria delas quebrando a cara. As vezes falar com jeito ajudava, mas requeria trabalho e paciência. No fundo Alice sabia que o seu irmão estava certo, não poderiam deixar isso acabar assim.
Viviam em uma época difícil. Os ataques a aldeias, vilarejos, campos e fazendas era algo quase comum de acontecer. Por vezes eram ataques de criaturas famintas em busca de comida, outras vezes eram ataques de outras pessoas em busca de comida, abrigo ou dinheiro. Não podiam esquecer da guarda imperial que mandava soldados regularmente para coletar impostos e eles nunca eram gentis. Tinham de pensar em um jeito de obter justiça com certeza. Suas dúvidas eram as mesmas do irmão. Mataram muitas pessoas, mas estava claro que o ataque foi direcionado ao mestre.
- Você precisa saber disso irmão. - Disse então. Quando ouvi os primeiros ruídos de combate na nossa casa corri pra ajudar, os Quimeros já tinham revirado a casa toda e Azaghal estava preso em uma cadeira. Quando ele me viu chegar, tentou atacar as criaturas antes que me aproximasse e foi atingido diretamente por uma magia mortal. Derrubei um dos monstros logo antes da sua chegada. Enquanto você lutava com a criatura restante o mestre me deu isso.
Ela tirou uma pequena caixa do bolso. A caixa era grossa e escura, parecendo entalhada em um tronco bruto de madeira. Em volta dela diversas runas e símbolos de um idioma nativo a muito tempo perdido. Lochiel estava surpreso e seus olhos se esbugalharam ao ver o conteúdo da caixa, uma carta escrita com letras floreadas "Para meu único filho, Lochiel, para que leia quando for chegada a hora." Junto com ela uma pequena pedra envolvida em um trapo escuro e velho cheirando a mofo. uma pequena pedra que revelou um intenso brilho azulado assim que foi desenrolada do trapo. O garoto não deu atenção à pedra, mas à carta que segurava com as mãos trêmulas.
"Meu filho,
Espero que a essa altura você já tenha aprendido a dominar suas habilidades. Não pude ser um pai presente devido à constante ameaça que estamos vivendo agora.
Todos os dias que eu vivo, eu vivo pensando em como seria se estivéssemos juntos. Poderia ensinar-te tanta coisa!
Ninguém desconfiará que o Cristal da Graça estará com você, longe e em segurança. Deixo- te aos cuidados do meu velho amigo Azaghal, confie nele assim como eu confio.
Quando estiver de posse da pedra tenha cuidado. Vá até Illumien e procure Dorovan ele saberá o que fazer.
Não tenho muito tempo, não posso deixar mais detalhes para que não corra risco de ser descoberto.
Saiba que me arrependo de muitas coisas, mas o que mais me destruiu foi não poder ter você e sua mãe ao meu lado".
O papel da carta estava rasgado, como se tivesse sido puxado às pressas. O garoto não sabia o que pensar e não conseguia segurar os seus sentimentos. Seu cabelo estava cinza como o de um ancião, o olhar vazio. quando tocou na pedra, sentiu o calor que ela emanava e uma sensação de conforto foi tomando conta do seu corpo.
_ Vamos, Alice - disse então, com uma ponta de esperança. Seus olhos brilharam e seu cabelo de cinza passou a preto vivo. - Vamos para Illumien, mas antes vamos adquirir o que precisamos aqui nesta vila.
Um sino soou e na entrada do vilarejo um garoto magro e pálido, de cabelos escuros e escorridos sobre o rosto passou calmamente por eles. Claramente tentava esconder sua presença com magia, mas algo o denunciara. Alice não prestou muita atenção a ele, mas Lochiel notou que o garoto o encarava com um misto de curiosidade e desconfiança. Sentiu um impulso de indagar o que queria, mas preferiu seguir seu caminho. O barulho de soldados pesadamente armados chamou sua atenção para a vila, que estava em polvorosa. Algum tipo de confusão estava acontecendo. Nesse segundo de distração o garoto pálido já estava longe, andando a passos rápidos, para leste.
Há milênios os druidas antigos receberam um conhecimento amplo e único de toda a natureza daquelas regiões. Todos eles partiam em uma jornada para conhecer cada aspecto dessa natureza, no deserto, nas florestas quentes e úmidas, nos pântanos e até nas montanhas congeladas. Era necessário entender toda a cadeia de vida de cada lugar para entender o fluxo universal, a cadeia de energia que convergia para o centro do mundo. Era comum entre os druidas chamarem aquela continente até onde as águas do mar sumiam pelo horizonte de Imati Midiri, Terras da Mãe. Claro que cada região tinha seu nome especial e era regido por uma entidade criada pela própria natureza para ser sua guardiã. Druidas eram respeitados em qualquer tribo, em qualquer aldeia que passassem. Não eram vistos como deuses, mas sim como grandes sábios que podiam curar doenças, ajudar a melhorar o cultivo e o gado e ensinar os jovens o respeito pela terra. No começo de cada inverno, eles se reuniam na Arvore Real, a ma
Lochiel e Alice entraram em uma Alderim em polvorosa. Athala preferiu ficar do lado de fora, criaturas como ele não era muito bem vindo, costumavam causar medo ou até mesmo repulsa em alguns, fora que também, segundo ele, poderia não resistir ao impulso de “pegar emprestada” alguma coisa que não fosse dele. A confusão na “Taberna do Javali Dentado” assumiu proporções assombrosas quando a luta chegou às ruas. A luta só acabou quando os guardas chegaram. As Sentinelas do Rei eram soldados temidos até mesmo pelo mais valente mercenário, era a elite dos guerreiros do Reinado, escolhidos a dedo e treinados com rigor pelos mais experientes. Usavam armaduras completas feitas de um metal raro e caríssimo, portavam claymores, espadas grandes e pesadas, feitas do mesmo metal e carregadas de magia que lhes conferia um brilho acinzentado. Não era possível ver o rosto dos soldados por entre a viseira dos elmos, o que gerava lendas a respeito. Alguns diziam que os soldados eram submetidos
Benialli acordava em lapsos febris. Durante esse tempo podia sentir que tentavam lhe tirar o sabre das mãos, mas ele o agarrava firme. Ele via os rostos já conhecidos de vários guerreiros da guarda que vinham lhe visitar, alguns levando frutas e água fresca. O garoto estava além do cansaço normal de uma pessoa. Com a pele esfolada e diversos hematomas, seu corpo inteiro doía, sem contar com as queimaduras que não eram tão serias, mas doíam da mesma forma. Conseguiu acordar de verdade muito tempo depois, desejando do fundo da alma que tudo que acontecera tivesse sido um sonho. Ao se levantar custosamente da cama devido a uma dor intensa nas costelas, sentiu o toque afiado e frio da lâmina que surgira quando o Efrite foi derrotado pelo sacrifício de seu pai, ainda segurava a arma como se ela lhe desse algum tipo de esperança, como se ela fosse a resposta para algo que ainda nem imaginava. Do lado dele o velho Barbello também acordou, limpando a barba da saliva q
Theraquiel acordou assustado como um coelho acossado. Ouviu o crepitar da fogueira e os ruídos dos sapos e grilos a beira do rio. Ainda sentia o frio que o invadira quando aquela criatura, popularmente conhecida como Ladrão de Mana, começara a sugar sua energia, lembrou-se bem da fraqueza que quase o dominara e a sensação de desespero e impotência causados. Lembrou- se vagamente de quando pulou do penhasco para os braços do rio e da garotinha que, agarrada a ele, pulara junto. Olhando para o lado a viu dormindo calmamente, aconchegada pelo calor agradável e acolhedor da fogueira. A sua frente Umnati o observava curiosa. Theraquiel sustentou o olhar._ Estou muito curiosa em saber o que você fazia no Desfiladeiro do Canto. – disse por fim, a druida depois de alguns minutos de silencio encarando o garoto. – Ou és louco de pedra ou é somente mais um tolo. Todo mundo sabe que ali não &ea
Lochiel conhecia Ilumien através das narrativas do seu mentor e também por livros que havia lido durante seus estudos. Era a cidade do comercio, onde todas as vias principais, construídas desde a chegada dos primeiros Longinquos convergiam. A maioria dessas estradas eram pavimentadas e bem estruturadas, com postos de guarda e Sentinelas em pontos estratégicos. Eles chegaram a cidade seguindo por uma boa parte dessas vias. Mas tudo que ele lera nos livros ainda não serviria para descrever a grandeza e o brilho da cidade. Já de longe era possível ver a dourada Torre Magistral com seu farol para guiar os navegantes, antigo lar dos magos estudiosos, os primeiros magos como também eram chamados, os mesmos que foram corrompidos pela magia profana de absorção de vida e energia das formas vivas. Agora a torre servia como centro de estudo e pesquisa de estudiosos, não somente relacionada a magia, mas a todo conhecimento acumulado disponível. Isso envolvia desde teatro e filos
Ben tal-Murah e Umnati subiam as ruas bem pavimentadas de Ilumien no rastro do elfo, que andava a passos rápidos e precisos. Ele se desviava com graça dos transeuntes que, após a explosão no porto, desciam em polvorosa para ver o que estava acontecendo abaixo do monte. Passando as ruas principais o caminho para a torre estava livre, não havia passantes, não havia sentinelas. Se é que fosse possível o elfo acelerou ainda mais o passo. Os dois garotos foram obrigados a correr, largando qualquer disfarce e cautela. _ Temos que interceptá-lo antes que chegue a torre. Ele vai liberar um djinn, se isso acontecer estaremos em maus lencóis. _ Está certo, senhor lutador, - respondeu a druida – vamos interromper a corrida dele então, para que se esconder? – respondeu Umnati. Logo em seguida ela gritou a plenos pulmões – Ei, senhor Elfo! Pare de andar desse jeito! O elfo parou,virando- se para os dois olhando sem se surpreender. _ Já estava me perguntando até on
Assim que saíram da taverna com o plano traçado por Alice e o grupo devidamente dividido, a explosão no porto, abaixo da colina, atraiu a atenção de todos, inclusive das Sentinelas. Todo mundo presente na parte baixa da cidade abandonou os seus afazeres e negócios em andamento para observar dos muros o que estava acontecendo. Os mercenários pareciam aguardar esse sinal e se misturaram na multidão, que emergia de todos os lados. Ate mesmo os moradores das partes altas desceram para os muros, empurrando e brigando por uma vaga para assistir o que acontecia lá em baixoAlice precisou de toda sua concentração para não perder os mercenários de vista. O que facilitava um pouco era o fato de que o bárbaro se destacava na multidão pela sua altura. Segundo ela até poderia ser descendente de gigante.Os mercenários atravessaram facilmente a multidão rumo
Assim que a porta se fechou atras do trio as proporções se tornaram diferentes do que os garotos imaginaram. De fora a casinha era pequena, com seu telhado pontudo no nível das demais casas, mas pequena no geral. Os detalhes em madeira a transformavam em uma construção única somada com seu charmoso quintal cheio de flores e ervas simetricamente plantadas. Por dentro as proporções se tornaram absurdas e irreais. A brisa que corria para dentro do túnel era fresca, levando a impressão que o que estivesse a frente fosse uma área aberta e arborizada, diferente do ar urbano, cheio de pessoas como a área principal de Ilumien. No escuro Lochiel precisou usar, com o resquício de energia que restava, sua visão lupina e vendo o que os demais ainda não viam, não conseguiu conter seu assombro. Passavam por um túnel largo, sem iluminação, por toda a parede de troncos grossos instalados com maestria e milimetricamente iguais, até mesmo nos acabamentos de corda trançada. O garoto viu Alice