Lochiel ainda ficou hesitante ao deixar Alice trabalhando com o magistrado. Balançou a cabeça tentando deixar as preocupações de lado. Sabia que ela poderia fazer muito por eles mesmo a distância e além disso percebia claramente que ela já estava cansada de tudo aquilo, ali no meio da nobreza e de certo luxo era o seu lugar. Ela com certeza saberia se cuidar.
Os cavalos foram preparados para partirem sem demora, o magistrado ofereceu uma caravana, mas os garotos preferiram partir sozinhos. Poderiam se locomover mais rápido utilizando ao máximo dos cavalos.
A cordilheira era visível ao longe, com seus picos extensos, pontudos e nevados. Os tuneis eram antigos, uma rota de mineiros, que explorou o máximo possível do interior daquelas montanhas atras de riquezas. São muitas as histórias que contam sobre o lugar, tanto sobre os grupos que ali exploraram, quanto sobre as criatur
O clima ali era denso. O ar pesado não era natural, deixava aquela sensação de que algo ruim ia acontecer, que iam ser emboscados a qualquer momento ou que estavam na iminência de algum ataque violento.O cenário contrastava geograficamente com as montanhas que acabaram de atravessar. Era como se a neve e o frio estivessem presos somente na região montanhosa, ou que algo impedia o sol de atingir aqueles picos. Se não fosse a sensação ruim, poderiam até curtir a vista do riacho cortando calmamente por entre as rochas e a cidade em ruinas ao fundo do vale. Dava para ver os resquícios de uma civilização antiga e poderosa. Construções que um dia foram imponentes agora jaziam dominadas pela natureza implacável, areia e pedras. O sol deixava brilhos preguiçosos iluminarem todo aquele cenário, fazendo sombras dançantes em vários pontos.A
Não foi uma viagem agradável com toda certeza.Umnati sentiu como se toda sua energia espiritual fugisse do seu “corpo” etéreo. Durante a queda, sua alma se separou forçadamente de Theraquiel, deixando o garoto desnorteado também. Achava que como espírito poderia controlar a queda e talvez até ajudar os outros, mas mesmo ela não podia ver nada e o impacto na água foi doloroso, como se ela tivesse caído diretamente ao chão.Felizmente não caíram longe uns dos outros e demoraram um pouco para se recuperar. Lochiel, por ter os sentidos mais aguçados pela forma lupina, era o que mais sofria. Com a ajuda de um Benialli aos frangalhos, ele saiu da água, quase inconsciente, vomitando e completamente desnorteado.Após um bom tempo, sentados em uma área terrosa e lamacenta, encharcados, conseguiram observar um pouco as redondezas.Pelo
Tharseus não conseguia conter o seu sorriso enorme e louco. Com os olhos arregalados ele conduzia a sombra sinistra do seu mestre através das trilhas tortuosas de Golgoth. Após muitos anos de estudo descobriu os caminhos secretos que levavam aquela prisão eterna e intransponível. Ele havia sacrificado tudo por aquela causa, acreditando piamente que a salvação do mundo estava nas mãos daquele ser incompreendido que poria fim ao legado humano na terra. A natureza iria reinar suprema e as forças magicas retornariam ao que eram antes, inconstantes, imutáveis e livres. Tudo que precisava agora era conduzir seu mestre até os garotos, ele se alimentaria deles, garantindo a sua saída daquele lugar. Era disso que se tratava a profecia afinal. Os sacrifícios.Chegar até o Lorde foi difícil, mesmo para ele. Golgoth não costumava poupar os vivos. Sombras famintas, criaturas gro
Os garotos se guiavam por aquelas terras, guiados pela nova Umnati, que voejava por todo o canto. A druidisa estava cheia de planos a medida que sua energia magica voltava ao normal. Ela conseguia usar as habilidades de Midiri normalmente e por isso conseguiam evitar encontros que seriam no mínimo perigosos. Ela ficou muito curiosa ao ver alguém que parecia um humano normal como eles. Com os cabelos longos em coque, o estranho trajava uma túnica surrada amarrada com uma faixa cinza, presa a faixa uma espada longa, fina e levemente curva. ele estava calmamente pescando em um pequeno lago, concentrado em sua tarefa, mas olhou diretamente para o corvo assim que notou sua presença. A druida preferiu seguir seu caminho, ignorando-o, não tinha como saber se ele seria perigoso, mas a aura que o envolvia demonstrava perturbação e inquietude.Ela se guiava por uma grande quantidade de energia magica que vagava por ali. Haviam vár
Não foi difícil para o grupo e com o auxilio do Olho de Midiri de Umnati encontrarem um ponto de transição entre os mundos para escapar daquele lugar caótico. A druidisa agora conseguia transitar entre formas, as vezes utilizando sua forma humana, outras vezes utilizando a de outros animais, mas sempre voltando para seu corpo permanente de corvo. A derrota de Ellumar, marcara o fim dos ataques das criaturas. Os exércitos reunidos em todas as principais cidades do Reinado, saíram em incursão desbaratando completamente as hordas do caos controladas por Tharseus. Os garotos tiveram pouco tempo para descansar e cada um deles ajudou em alguma frente junto com as tropas, onde fosse mais necessário. Theraquiel ficou muito feliz de reencontrar Alice e os dois estabeleceram um relacionamento corrido e quase a distância. A Bruxa era conselheira direta do magistrado, o que causava inveja em alguns nobres e tinha pouco tempo para distrações. Apos um descanso merecido, o
Theraquiel aproximou-se do balcão sujo, que pingava restos de bebida e outros líquidos de aparência grotesca e pegajosa, correu os olhos ao redor, observando o lugar, que conseguia ser mais feio e fedorento do que disseram.Nas paredes corria a mesma gordura do balcão e as cabeças decorativas penduradas nelas tinham a aparência putrefata de uma taxidermia mal executada. O lugar estava cheio de homens, meio orcs, gnomos, elfos e diversas outras espécies de criaturas que habitavam ou vieram fazer fortuna no continente. Não foi difícil encaixar-se no meio deles, pois era franzino e pálido, passava despercebido como um fantasma na escuridão. O taverneiro, homem gordo, pele visivelmente gordurosa e brilhante, calvo e com pequeninos e astutos olhinhos de suíno, veio lhe atender, saltitando e prevendo as brilhante
Lochiel entrou de súbito no aposento mal iluminado pelas poucas e desgastadas velas que ainda estavam de pé. Os móveis quebrados deixavam claro a fúria do combate que acontecera. Havia marcas de queimado pelas paredes e dois homens encapuzados jaziam mortos, queimados até os ossos na sala. Estava tudo um caos e mesmo assim o garoto sabia onde sua presença era necessária. Usou as sombras para se esgueirar e foi até o quarto principal onde um vulto encapuzado abria uma brecha na parede da casa e saltava para fora, mas o garoto não ligou pra ele. Um corpo conhecido jazia estendido no chão com mais dois encapuzados fora de combate estendidos ao lado dele.O menino abandonou seu disfarce ao ver seu mestre e amigo agonizando com um enorme buraco cauterizado no peito. De joelhos ao lado do corpo estava Alice, a bruxa, versada nos mais diversos tipos de feitiços e
A garota estava remoendo sua dúvida. Seus antepassados, todos homens, de uma linhagem de guerreiros poderosos e musculosos, honraram a família com a vitória de grandes batalhas. Todos eles foram mestres em algo. Espadas, arcos, lanças, porrete, luta corporal, bestas, alabardas e tudo mais que era conhecido neste mundo em relação a armas.Ela nascera em um dia chuvoso e triste, antes do tempo previsto e sua mãe não conseguiu esconder a decepção ao ver nos seus braços aquela criatura frágil, careca e fêmea.Em toda a sua vida até agora, ela havia demonstrado total inaptidão as armas e a luta. Se não fosse pelo fato de ser filha do chefe e ter quebrado a linhagem de valorosos guerreiros homens, estaria tudo certo. Não foi por falta de tentativas e treinos duros, muita