Há milênios os druidas antigos receberam um conhecimento amplo e único de toda a natureza daquelas regiões. Todos eles partiam em uma jornada para conhecer cada aspecto dessa natureza, no deserto, nas florestas quentes e úmidas, nos pântanos e até nas montanhas congeladas. Era necessário entender toda a cadeia de vida de cada lugar para entender o fluxo universal, a cadeia de energia que convergia para o centro do mundo. Era comum entre os druidas chamarem aquela continente até onde as águas do mar sumiam pelo horizonte de Imati Midiri, Terras da Mãe. Claro que cada região tinha seu nome especial e era regido por uma entidade criada pela própria natureza para ser sua guardiã.
Druidas eram respeitados em qualquer tribo, em qualquer aldeia que passassem. Não eram vistos como deuses, mas sim como grandes sábios que podiam curar doenças, ajudar a melhorar o cultivo e o gado e ensinar os jovens o respeito pela terra. No começo de cada inverno, eles se reuniam na Arvore Real, a ma
Lochiel e Alice entraram em uma Alderim em polvorosa. Athala preferiu ficar do lado de fora, criaturas como ele não era muito bem vindo, costumavam causar medo ou até mesmo repulsa em alguns, fora que também, segundo ele, poderia não resistir ao impulso de “pegar emprestada” alguma coisa que não fosse dele. A confusão na “Taberna do Javali Dentado” assumiu proporções assombrosas quando a luta chegou às ruas. A luta só acabou quando os guardas chegaram. As Sentinelas do Rei eram soldados temidos até mesmo pelo mais valente mercenário, era a elite dos guerreiros do Reinado, escolhidos a dedo e treinados com rigor pelos mais experientes. Usavam armaduras completas feitas de um metal raro e caríssimo, portavam claymores, espadas grandes e pesadas, feitas do mesmo metal e carregadas de magia que lhes conferia um brilho acinzentado. Não era possível ver o rosto dos soldados por entre a viseira dos elmos, o que gerava lendas a respeito. Alguns diziam que os soldados eram submetidos
Benialli acordava em lapsos febris. Durante esse tempo podia sentir que tentavam lhe tirar o sabre das mãos, mas ele o agarrava firme. Ele via os rostos já conhecidos de vários guerreiros da guarda que vinham lhe visitar, alguns levando frutas e água fresca. O garoto estava além do cansaço normal de uma pessoa. Com a pele esfolada e diversos hematomas, seu corpo inteiro doía, sem contar com as queimaduras que não eram tão serias, mas doíam da mesma forma. Conseguiu acordar de verdade muito tempo depois, desejando do fundo da alma que tudo que acontecera tivesse sido um sonho. Ao se levantar custosamente da cama devido a uma dor intensa nas costelas, sentiu o toque afiado e frio da lâmina que surgira quando o Efrite foi derrotado pelo sacrifício de seu pai, ainda segurava a arma como se ela lhe desse algum tipo de esperança, como se ela fosse a resposta para algo que ainda nem imaginava. Do lado dele o velho Barbello também acordou, limpando a barba da saliva q
Theraquiel acordou assustado como um coelho acossado. Ouviu o crepitar da fogueira e os ruídos dos sapos e grilos a beira do rio. Ainda sentia o frio que o invadira quando aquela criatura, popularmente conhecida como Ladrão de Mana, começara a sugar sua energia, lembrou-se bem da fraqueza que quase o dominara e a sensação de desespero e impotência causados. Lembrou- se vagamente de quando pulou do penhasco para os braços do rio e da garotinha que, agarrada a ele, pulara junto. Olhando para o lado a viu dormindo calmamente, aconchegada pelo calor agradável e acolhedor da fogueira. A sua frente Umnati o observava curiosa. Theraquiel sustentou o olhar._ Estou muito curiosa em saber o que você fazia no Desfiladeiro do Canto. – disse por fim, a druida depois de alguns minutos de silencio encarando o garoto. – Ou és louco de pedra ou é somente mais um tolo. Todo mundo sabe que ali não &ea
Lochiel conhecia Ilumien através das narrativas do seu mentor e também por livros que havia lido durante seus estudos. Era a cidade do comercio, onde todas as vias principais, construídas desde a chegada dos primeiros Longinquos convergiam. A maioria dessas estradas eram pavimentadas e bem estruturadas, com postos de guarda e Sentinelas em pontos estratégicos. Eles chegaram a cidade seguindo por uma boa parte dessas vias. Mas tudo que ele lera nos livros ainda não serviria para descrever a grandeza e o brilho da cidade. Já de longe era possível ver a dourada Torre Magistral com seu farol para guiar os navegantes, antigo lar dos magos estudiosos, os primeiros magos como também eram chamados, os mesmos que foram corrompidos pela magia profana de absorção de vida e energia das formas vivas. Agora a torre servia como centro de estudo e pesquisa de estudiosos, não somente relacionada a magia, mas a todo conhecimento acumulado disponível. Isso envolvia desde teatro e filos
Ben tal-Murah e Umnati subiam as ruas bem pavimentadas de Ilumien no rastro do elfo, que andava a passos rápidos e precisos. Ele se desviava com graça dos transeuntes que, após a explosão no porto, desciam em polvorosa para ver o que estava acontecendo abaixo do monte. Passando as ruas principais o caminho para a torre estava livre, não havia passantes, não havia sentinelas. Se é que fosse possível o elfo acelerou ainda mais o passo. Os dois garotos foram obrigados a correr, largando qualquer disfarce e cautela. _ Temos que interceptá-lo antes que chegue a torre. Ele vai liberar um djinn, se isso acontecer estaremos em maus lencóis. _ Está certo, senhor lutador, - respondeu a druida – vamos interromper a corrida dele então, para que se esconder? – respondeu Umnati. Logo em seguida ela gritou a plenos pulmões – Ei, senhor Elfo! Pare de andar desse jeito! O elfo parou,virando- se para os dois olhando sem se surpreender. _ Já estava me perguntando até on
Assim que saíram da taverna com o plano traçado por Alice e o grupo devidamente dividido, a explosão no porto, abaixo da colina, atraiu a atenção de todos, inclusive das Sentinelas. Todo mundo presente na parte baixa da cidade abandonou os seus afazeres e negócios em andamento para observar dos muros o que estava acontecendo. Os mercenários pareciam aguardar esse sinal e se misturaram na multidão, que emergia de todos os lados. Ate mesmo os moradores das partes altas desceram para os muros, empurrando e brigando por uma vaga para assistir o que acontecia lá em baixoAlice precisou de toda sua concentração para não perder os mercenários de vista. O que facilitava um pouco era o fato de que o bárbaro se destacava na multidão pela sua altura. Segundo ela até poderia ser descendente de gigante.Os mercenários atravessaram facilmente a multidão rumo
Assim que a porta se fechou atras do trio as proporções se tornaram diferentes do que os garotos imaginaram. De fora a casinha era pequena, com seu telhado pontudo no nível das demais casas, mas pequena no geral. Os detalhes em madeira a transformavam em uma construção única somada com seu charmoso quintal cheio de flores e ervas simetricamente plantadas. Por dentro as proporções se tornaram absurdas e irreais. A brisa que corria para dentro do túnel era fresca, levando a impressão que o que estivesse a frente fosse uma área aberta e arborizada, diferente do ar urbano, cheio de pessoas como a área principal de Ilumien. No escuro Lochiel precisou usar, com o resquício de energia que restava, sua visão lupina e vendo o que os demais ainda não viam, não conseguiu conter seu assombro. Passavam por um túnel largo, sem iluminação, por toda a parede de troncos grossos instalados com maestria e milimetricamente iguais, até mesmo nos acabamentos de corda trançada. O garoto viu Alice
Os garotos acamparam em uma clareira a alguns quilômetros de Ilumien, fora da estrada principal. Acenderam a fogueira, alvoroçados, contando detalhes dos últimos eventos. Umnati estava empolgada pelos efeitos positivos de sua poção e porque conseguiram encontrar o cristal com certa facilidade. Imaginou o quão era pequeno o mundo. Encontrar em perigo um garoto que também buscava pelo cristal, ir para uma cidade em busca de pistas e se deparar com o atual dono do artefato em sua jornada buscando respostas. Ben tal-Murah não se surpreendera ao ver a criaturinha Athala conseguir o jantar e o próprio ficou empolgado ao ver seus companheiros voltando com mais amigos. Em um piscar de olhos ele capturou e limpou um coelho e um lagarto e o ensopado da noite prometia ser caprichado, digno de um banquete de rei. O garoto retirou sua armadura e após acenderem a fogueira sentou-se para polir e reparar os estragos causados pela luta contra os clones do elfo. Ao retirar a camisa os