Daily conseguia sentir as mãos de Erone junto das dela. Não sabia o que sentia naquele momento com relação a ele. Uma vida inteira de mentiras... Sentimentos que ela não sabia mais identificar. Sentia afeto por ele. Fora bom com ela tantas vezes... Mas ainda assim a oferecera em casamento ao próprio pai. Quem conseguia fazer isso e depois viver normalmente? Ele, o homem que trouxera a cabeça do rei Pollo para ser queimada entre os Kasenkinos. O homem que matou mais pessoas que todos os Kasenkinos juntos. Como Darla pudera amar aquele homem? Quem era Darla na verdade? Nem sequer Moa sabia daquele segredo que os dois esconderam. Sentimentos bons e ruins se misturavam a dor horrível que ela sentia. Um líquido quente escorreu por suas pernas e ela sabia que o bebê iria nasce
CAPÍTULO 1Daily olhou novamente para o povoado. Todos caminhavam de um lado para outro, desnorteados. Ela não sabia o que estava acontecendo. Mas temia que fosse uma batalha. Correu até o ponto de encontro no rio, onde estava a maioria dos Kasenkinos. Ahau e Ahua estavam sobre a grande pedra que ficava metade na água, outra na terra. Assim que Ahau, líder Kasenkino levantou o braço, todos se calaram para ouvi-lo.- Povo Kasenkino. – falou Ahau. – Recebi finalmente o aviso que tanto esperava. Os antigos espíritos dizem que está na hora da grande batalha. Vamos atacar o rei Pollo e todo o Reino de Machia. Esperamos muito por este momento e estamos preparados para vencer esta guerra. Quero que derramem todo sangue necessário... Matem todos. Têm minha permissão e a dos velhos espíritos para irem... Os deuses estarão do nosso lado.Assim que Ahau abaixou o bra&ccedi
CAPÍTULO 2Daily olhou para ele quase implorando. Aquele velho feiticeiro, de olhos azuis desbotados poderia lhe contar tudo sobre sua mãe, o que ela esperou por toda sua vida para saber. Daily sempre acreditou que Moa era o mais forte dos feiticeiros Kasenkinos, pois ele tinha bondade no coração, o que parecia que Ahua não tinha. Não entendia o porquê de ele estar banido.- Dá para ver que estou envelhecendo mais rápido do que esperava, não é mesmo? Cada vez se aproximo mais do fim da minha vida. Você merece ouvir a minha versão antes de eu me ir. – disse ele calmamente.- Feiticeiros morrem? – perguntou ela curiosa. Não achava que sim.- Não morremos... Somos mortos. Sempre haverá alguém mais forte que nós. E conforme ficamos mais velhos, vamos enfraquecendo. Este é o nosso destino... O meu destino. Mas sou grato
Daily seguiu seu longo caminho de volta ao povoado Kasenkino. Iniciou correndo, mas logo cansou e voltou a caminhar novamente, em passos largos. Ela foi costeando o rio. O sol já estava alto no céu. Ela não estava muito preocupada com isso, pois sabia que seu pai não estava em casa. Estava na batalha com os demais Kasenkinos. Ela parou e olhou para o outro lado do rio. Aquele lado da floresta era escuro e não havia caminhos abertos em lugar algum. Além das árvores, o mato cobria tudo. Nunca se ouviu falar de alguém daquele lado do rio, nem mesmo outros povos. Todos diziam que lá não havia árvores frutíferas, pouca caça e animais ferozes que rondavam em todos os lugares. Daily se sentou sobre as pedras pequenas e arredondadas que ficavam na margem do
Alguns dias se passaram e não se tinha notícias de como estava a guerra entre os Kasenkinos e o Reino de Machia. Mas naquela tarde uma intensa movimentação no povoado fez com que Daily fosse ver o que estava acontecendo. Os guerreiros estavam de volta... Ou melhor, o que havia restado deles. As mulheres estavam muito felizes com a volta dos entes queridos. Em pouco tempo todo povo se reuniu no espaço de terra que ficava no meio do povoado. Daily embrenhou-se na multidão. Queria muito ver seu pai entre os sobreviventes. Sentiu tristeza ao ver algumas mulheres chorando a perda de seus maridos ou filhos. Ela começou a sentir o coração bater descompassado e um medo por não encontrar Erone em lugar algum. Ela olhava para todos os rostos conhecidos e abatidos, mas só queria encontrar um. Inevitavelmente as lágrimas começaram a rolar por suas faces. Olhou para a margem do rio. Seu véu estava g
Daily levantou-se e saiu dali. Não sabia ao certo para onde ir, só tinha certeza de que não queria mais ver aquela cena. Ninguém a entendia. E seu coração doía ao ver o Rei Pollo morto por seu pai. Ela não sabia mais quem era o certo e quem era errado naquela batalha entre os Kasenkinos e o reino de Machia. Ela foi puxada bruscamente pelo braço, sendo obrigada a parar. Era Burt.- O que você quer? – perguntou ela.
Daily estava cansada, mas finalmente avistava a cabana de Moa. Sempre que chegava perto ela corria para chegar mais rápido. Mas acabou caindo estreito de terra que levava à entrada. Levantou-se e seguiu. Bateu na porta com insistência e Moa demorou a atender, como sempre.- Daily, querida. – disse ele surpreso ao vê-la.- Oh, Moa, quanta saudade. – ela abraçou-o carinhosamente, sentindo-se bem mais calma ao ver aquele semblante de paz.
Era a única história que seu pai lhe contara. Ela achava a mais linda história de amor que era contada entre os Kasenkinos. Mas então lhe veio a mente a cabeça do rei Pollo saindo daquele saco. Ela voltou a correr por seu caminho. Já estava escuro dentro da floresta. Ela chegou ao caminho que se dividia em dois. Poderia seguir por onde sempre ia, o caminho seguro e com frutas gostosas que sempre comia. Ou ir pelo caminho escuro e tentador que aparecia a sua frente, onde acabava o trilho em madeira no chão e tinha no meio um tronco meio caído, meio levantado, como uma incógnita no caminho. Ela sabia que se fosse seguro ir por ali, os Kasenkinos teriam arrumado aquela trilha. No entanto ela estava ali, convidativa, insegura e esperando por uma corajosa desbravadora.Ela respirou fundo e foi pelo caminho que sempre seguia. Mas deu alguns passos e voltou. Precisava usar sua coragem e seguir seus sonhos. Não que
Daily olhou para Mark e para tudo que via a sua volta. Por que havia pegado aquele caminho? Era seu destino conhecer aquele homem? O sol começava a brilhar no céu e por algum motivo ela se sentia muito estranha. Talvez pelo fato de aquele homem ter visto seu rosto pela primeira vez e não seria o seu marido, conforme a tradição milenar de seu povo. Jamais seria perdoada pelos Kasenkinos e era a única culpada por isso... Havia sido descuidada, irresponsável. Talvez se não tivesse dado ouvido aos conselhos de Moa nada daquilo teria acontecido. Mas não poderia culpar ninguém por seu erro... Nem mesmo Moa. Estaria sendo muito injusta culpando alguém pelo que havia acontecido. Não deveria ter pegado o caminho proibido, não deveria ter tirado o vé