Daily estava cansada, mas finalmente avistava a cabana de Moa. Sempre que chegava perto ela corria para chegar mais rápido. Mas acabou caindo estreito de terra que levava à entrada. Levantou-se e seguiu. Bateu na porta com insistência e Moa demorou a atender, como sempre.
- Daily, querida. – disse ele surpreso ao vê-la.
- Oh, Moa, quanta saudade. – ela abraçou-o carinhosamente, sentindo-se bem mais calma ao ver aquele semblante de paz.
Era a única história que seu pai lhe contara. Ela achava a mais linda história de amor que era contada entre os Kasenkinos. Mas então lhe veio a mente a cabeça do rei Pollo saindo daquele saco. Ela voltou a correr por seu caminho. Já estava escuro dentro da floresta. Ela chegou ao caminho que se dividia em dois. Poderia seguir por onde sempre ia, o caminho seguro e com frutas gostosas que sempre comia. Ou ir pelo caminho escuro e tentador que aparecia a sua frente, onde acabava o trilho em madeira no chão e tinha no meio um tronco meio caído, meio levantado, como uma incógnita no caminho. Ela sabia que se fosse seguro ir por ali, os Kasenkinos teriam arrumado aquela trilha. No entanto ela estava ali, convidativa, insegura e esperando por uma corajosa desbravadora.Ela respirou fundo e foi pelo caminho que sempre seguia. Mas deu alguns passos e voltou. Precisava usar sua coragem e seguir seus sonhos. Não que
Daily olhou para Mark e para tudo que via a sua volta. Por que havia pegado aquele caminho? Era seu destino conhecer aquele homem? O sol começava a brilhar no céu e por algum motivo ela se sentia muito estranha. Talvez pelo fato de aquele homem ter visto seu rosto pela primeira vez e não seria o seu marido, conforme a tradição milenar de seu povo. Jamais seria perdoada pelos Kasenkinos e era a única culpada por isso... Havia sido descuidada, irresponsável. Talvez se não tivesse dado ouvido aos conselhos de Moa nada daquilo teria acontecido. Mas não poderia culpar ninguém por seu erro... Nem mesmo Moa. Estaria sendo muito injusta culpando alguém pelo que havia acontecido. Não deveria ter pegado o caminho proibido, não deveria ter tirado o vé
Alguém bateu na porta. Daily foi atender.- Oi, Daily.- Burt... – falou ela um pouco decepcionada, pensando que encontraria Erone.- O que você tem? – perguntou ele notando a preocupação e estranheza dela.
Daily foi para casa muito cansada. Erone não havia chegado ainda. Ela foi até o rio e se banhou para tirar toda aquela sujeira e suor de seu corpo. Colocou um vestido limpo e pintou os olhos, finalizando com uma linda tiara de pedras. Estava preparando o jantar quando Erone chegou. Percebeu que ele também havia ido primeiramente se banhar no rio. Ele subiu para seus aposentos sem olhar para ela. Em seguida desceu, vestindo uma roupa limpa. Ele sentou-se à mesa junto dela. Ela decidiu conversar com ele e acabar com aquela situação. Precisavam fazer as pazes. Erone era tudo que ela tinha na vida.- Meu pai... Preciso lhe falar... Eu desejo do fundo do meu coração que o senhor me desculpe por tudo que eu lhe disse. Não falei por mal, acredite... E nem sinto o que falei. Só queria lhe magoar e errei muito. Jamais pensaria em culpá-lo pela morte de minha mãe, pois sei o quanto a amava.- Est
- Me procurando?Daily estava de costas, mas reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo: era Mark. Ela virou-se para ele e seu coração bateu mais forte. Não sabia o que dizer... Como ele sabia que ela estava procurando por ele?- Por que acha que estou procurando por você? – disse ela.- Pensei que pudéssemos estar tendo os mesmo pensamentos. – disse ele.Ele usava os cabelos novamente preso num coque no alto da cabeça. Ela podia observar que deviam passar um pouco da altura dos ombros. Usava camisa branca e calça colorida azul. De onde ele tirava aquelas roupas tão bonitas e diferentes?- Não entendi. – disse ela.- Na verdade, eu vim até aqui para ver se encontrava você. – confessou ele.- Bem... Eu também.- Você me disse que os Kasenkinos não costumam mentir. – lembrou ele.- Por que es
Mark bateu na porta da cabana mal fechada, com madeiras bem corroídas pelo tempo, mas bem limpa ao redor, no que pareceu ser um quintal. Demorou até que alguém atendesse. Daily esperava alguém mais nova, mas o que viu foi uma mulher marcada pelo tempo, com cabelos castanhos claros esvoaçantes, ondulados por tranças desmanchadas e algumas poucas ainda feitas caindo sobre o rosto. Olhos castanhos e uma grande cicatriz no lado esquerdo do rosto. Ainda assim era uma mulher linda.- Príncipe Mark, não esperava vê-lo por aqui. – disse ela.
- Eu entreguei meu bebê a uma mulher do reino de Machia. – falou Terry.- Como assim? – perguntou Mark.- Era um garoto forte e saudável... Mas eu não tinha como ficar com ele. O quer seria de mim com um bebê nesta mata fechada? Eu nem sabia se sobreviveria aqui sozinha... Como o abrigaria do frio, das tempestades, como o protegeria dos animais selvagens?- Para quem você o entregou, Guerreira do Sol? – perguntou Mark.- Faz tantos anos... Eu duvido que ela ainda esteja viva, Príncipe Mark.- Como você encontrou uma mulher do reino aqui?- Ela costumava vir à mata buscar ervas para beber e para curar feridas... Eu entreguei meu menino à ela e pedi que cuidasse dele e esquecesse que algum dia me viu. Depois me afastei pra sempre daquele local... Nunca mais voltei até lá.- Como ela se chamava? – perguntou Daily esperançosa.-
Daily saiu dali. Sabia exatamente onde precisava ir. Quanto mais caminhava, parecia que mais longe ficava de chegar ao seu destino. Sua roupa pesava e o véu estava grudado no rosto, por vezes dificultando sua respiração. Seus pés afundavam na terra embarrada onde não havia vegetação. Um leve dor começou em sua cabeça. Quando ela chegou, parou um pouco, respirou e bateu na porta tão familiar. Moa não demorou a atender:- Daily, menina, o que houve com você?- Moa, eu precisava lhe ver...- E precisava sair com toda esta tempestade? O que houve?- Moa...Ela tentou falar, mas sentiu a dor muito forte em sua cabeça e de repente tudo escureceu e ela não conseguiu segurar seu corpo.Daily acordou recostada na cama de Moa. Ele lhe trouxe um chá quente, que ela tomou rapidamente, mesmo queimando um pouco a garganta.- Moa...<