Daily foi para casa muito cansada. Erone não havia chegado ainda. Ela foi até o rio e se banhou para tirar toda aquela sujeira e suor de seu corpo. Colocou um vestido limpo e pintou os olhos, finalizando com uma linda tiara de pedras. Estava preparando o jantar quando Erone chegou. Percebeu que ele também havia ido primeiramente se banhar no rio. Ele subiu para seus aposentos sem olhar para ela. Em seguida desceu, vestindo uma roupa limpa. Ele sentou-se à mesa junto dela. Ela decidiu conversar com ele e acabar com aquela situação. Precisavam fazer as pazes. Erone era tudo que ela tinha na vida.
- Meu pai... Preciso lhe falar... Eu desejo do fundo do meu coração que o senhor me desculpe por tudo que eu lhe disse. Não falei por mal, acredite... E nem sinto o que falei. Só queria lhe magoar e errei muito. Jamais pensaria em culpá-lo pela morte de minha mãe, pois sei o quanto a amava.
- Est
- Me procurando?Daily estava de costas, mas reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo: era Mark. Ela virou-se para ele e seu coração bateu mais forte. Não sabia o que dizer... Como ele sabia que ela estava procurando por ele?- Por que acha que estou procurando por você? – disse ela.- Pensei que pudéssemos estar tendo os mesmo pensamentos. – disse ele.Ele usava os cabelos novamente preso num coque no alto da cabeça. Ela podia observar que deviam passar um pouco da altura dos ombros. Usava camisa branca e calça colorida azul. De onde ele tirava aquelas roupas tão bonitas e diferentes?- Não entendi. – disse ela.- Na verdade, eu vim até aqui para ver se encontrava você. – confessou ele.- Bem... Eu também.- Você me disse que os Kasenkinos não costumam mentir. – lembrou ele.- Por que es
Mark bateu na porta da cabana mal fechada, com madeiras bem corroídas pelo tempo, mas bem limpa ao redor, no que pareceu ser um quintal. Demorou até que alguém atendesse. Daily esperava alguém mais nova, mas o que viu foi uma mulher marcada pelo tempo, com cabelos castanhos claros esvoaçantes, ondulados por tranças desmanchadas e algumas poucas ainda feitas caindo sobre o rosto. Olhos castanhos e uma grande cicatriz no lado esquerdo do rosto. Ainda assim era uma mulher linda.- Príncipe Mark, não esperava vê-lo por aqui. – disse ela.
- Eu entreguei meu bebê a uma mulher do reino de Machia. – falou Terry.- Como assim? – perguntou Mark.- Era um garoto forte e saudável... Mas eu não tinha como ficar com ele. O quer seria de mim com um bebê nesta mata fechada? Eu nem sabia se sobreviveria aqui sozinha... Como o abrigaria do frio, das tempestades, como o protegeria dos animais selvagens?- Para quem você o entregou, Guerreira do Sol? – perguntou Mark.- Faz tantos anos... Eu duvido que ela ainda esteja viva, Príncipe Mark.- Como você encontrou uma mulher do reino aqui?- Ela costumava vir à mata buscar ervas para beber e para curar feridas... Eu entreguei meu menino à ela e pedi que cuidasse dele e esquecesse que algum dia me viu. Depois me afastei pra sempre daquele local... Nunca mais voltei até lá.- Como ela se chamava? – perguntou Daily esperançosa.-
Daily saiu dali. Sabia exatamente onde precisava ir. Quanto mais caminhava, parecia que mais longe ficava de chegar ao seu destino. Sua roupa pesava e o véu estava grudado no rosto, por vezes dificultando sua respiração. Seus pés afundavam na terra embarrada onde não havia vegetação. Um leve dor começou em sua cabeça. Quando ela chegou, parou um pouco, respirou e bateu na porta tão familiar. Moa não demorou a atender:- Daily, menina, o que houve com você?- Moa, eu precisava lhe ver...- E precisava sair com toda esta tempestade? O que houve?- Moa...Ela tentou falar, mas sentiu a dor muito forte em sua cabeça e de repente tudo escureceu e ela não conseguiu segurar seu corpo.Daily acordou recostada na cama de Moa. Ele lhe trouxe um chá quente, que ela tomou rapidamente, mesmo queimando um pouco a garganta.- Moa...<
Daily virou-se e andou rapidamente de volta até o rio e jogou-se na água gelada novamente. Não tinha tempo para pensar, só precisava fazer tudo muito rápido e chegar ao povoado o mais breve possível. Ela correu tanto que tinha certeza de que havia sido a vez que mais rápido havia ido do rio até sua casa.Ela abriu a porta de sua casa e entrou, toda molhada, suja e extremamente cansada. Mas seu véu estava intacto, grudado em seu rosto.Erone esta de pé, próximo a porta:- Daily, onde você estava?- Meu pai...Daily o abraçou. Erone provavelmente não estava entendendo nada do que estava acontecendo naquele momento... Mas ela estava tão cansada, seu corpo doía tanto, mas seu coração estava aquecido. E ela só queria sentir carinho naquele momento, como o que viu de Moa e Terry.- Meu pai... Eu... Gosto muito do senh
-Daily, acorde!Ela abriu os olhos com dificuldade devido à claridade e viu Erone e Burt debruçados próximos a ela.- O que houve? – perguntou ela confusa, colocando a mão na cabeça que estava dolorida.- Pensei que você tinha morrido. – falou Erone.- Isso já aconteceu outra vez... – falou ela. – Não se preocupem.- Você está bem? – perguntou Burt preocupado.- Estou bem...- Por que Ahua fez isto? – Questionou ele.- Eu... Não fui respeitosa. – disse ela.- Daily, ele não poderia ter feito isso... Na frente de todos. Você deve procurar Ahau e dizer o que houve. Ele precisa tomar providências. – disse Burt.- Eu nunca falei com Ahau. – disse Daily confusa.- Ahau é um homem do bem. – disse Erone. Ele olhou para os lados e disse em tom baixo: - Se A
Quando ela chegou em casa, Erone já estava dormindo. Ela olhou pela janela de seu quarto e viu a lua iluminando o céu. Colocou um manto leve e saiu. Não havia nenhuma Kasenkino fora de casa. Todos estavam provavelmente muito cansados do trabalho do dia. Ela correu para o rio, até chegar no lugar onde havia encontrado o príncipe Mark. Procurou por ele, mas não estava ali. Ela sentou-se na beira do rio, sobre as pedras pontiagudas. Conseguia ver refletida a luz prateada da lua nas águas turvas e barulhentas. Ela percebeu o quanto era privilegiada por estar ali, observando aquilo tudo. Adorava aquele lugar, aquele rio que não parava nunca de correr, que não se cansava de banhar toda a imensidão de florestas que eles nem conseguiam ver. De onde vinham aquelas águas? Para onde iam? Quantas pessoas haviam tocado nelas? Quantas pessoas de diferentes lugares haviam usado aquelas águas para alguma coisa? Quan
Daily levantou mais cedo e preparou um chá. Havia dormido pouco na noite anterior, mas estava excepcionalmente muito bem, pois estava feliz. Ver Mark a curava de qualquer coisa.- Daily, como foi a conversa com Ahau ontem? – perguntou Erone.- Não muito diferente do que eu esperava, meu pai. Ahau justificou a atitude de Ahua.- Nunca fui de questionar nada com relação aos hábitos e costumes de nosso povo e você bem sabe disso Daily. Sempre cumpri com todos os deveres enquanto Kasenkino e com muita honra e orgulho, seguindo os ensinamentos de nossos ancestrais e espíritos antigos. Mas não concordo com o que Ahua fez com você. Aquele tapa ainda ecoa em minha mente durante as noites. Foi uma humilhação para nós.- Papai, não se preocupe com isso. Ahua pagará o preço por seus atos. Eu vou me vingar algum dia.- Sua mãe nunca concordou com