Não sabia o motivo que aquele homem olhou para mim, assim, havia pedido ajuda a outras e outros que apenas ignoraram, mas este parou. — Desejo água para a minha senhora. — Foi o que eu disse, inclinando com a cabeça na direção deles para ele, que os olhou e assentiu. — Água? — Afirmei, ele passou a minha frente, eu o segui, andamos pela estação até que chegarmos aos fundos de um lugar com grade. — Aqui tem água? — Perguntei e vi quando riu de maneira estranha, ele parecia zombar, mas como eu poderia voltar?
— Aqui não se dá água, senhorita, sua senhora deve ter ficado entediada, pelo menos deu-lhe dinheiro? — Neguei, quando ele entrou no lugar, escuro, parecia ser um quarto, mas não tinha cama. — Entre! — Abriu a mão para eu fazer o que ele disse. Neguei, dei um passo para trás, quando o mesmo colocou o braço a minha frente. — Não aconselharia que uma moça tão... — Seus olhos desceram ao decote do vestido, tive raiva, já não bastava o senhor da casa?
— Acabou de dizer que não dá água aqui? O que pensas que sou? Uma tola? — Arqueou a sobrancelha negra grossa ao me ouvir, de fato, sim, eu sou tão tola que o segui. Ao erguer a sua mão recuei, recuei até que senti a parede em mim. — Tola, és muito tola, não tem muito tempo na cidade, tem? — Neguei, neguei ao sentir o avanço sobre mim. A sua mão tocou o meu rosto, era as costas da mão dando para sentir o seu pelo nela, e até mesmo as linhas dos dedos.
Fechei os olhos, ao sentir medo, até que da mão senti o seu bigode, abri os olhos e seus olhos negros estavam nos meus. — És muito bonita, para andar por aí sem companhia, senhorita. — Tive medo, mais medo quando a sua boca abriu abocanhando o meu queixo, o chupou sem parar, até que engolia os meus lábios. Dava calor a sua aproximação, ao sentir a sua mão em minha nuca, aqueceu ainda mais, até que ele forçou com a sua língua que invadiu a minha boca.
Não tinha ideia do que tentava, mas a sua língua lutava sobre a minha, a sua outra mão passou a caminhar pelo meu corpo, a medida que ela deslizava sobre o tecido, encolhi-me. — Me deixe senti-la. — Neguei, ele já sentia muito de mim, muito, tudo aquilo mesmo desconhecido eu sabia ser errado. Foi naquele momento que lhe empurrei, o empurrei para longe de mim. — Não! — Gritei, gritei para o homem que perdeu o chapéu, mas logo veio até mim. — Não! Não se aproxime!
— Não grite! Seremos presos. — O que ele poderia estar dizendo, mas colocou a mão em minha boca, era forte, alto, cabelos na altura das orelhas, além de negros cacheados, arrastou-me para dentro do quadrado. — Quem está aí? Quem está aí? — Tentei mordê-lo, mas a mão era maior que a minha boca, ao ver perder a luta, cobriu a minha boca com a sua, ali mesmo naquele lugar escuro, sua boca foi da minha boca aos meus seios, abriu o cordão apenas com uma mão, e com muito jeito fez a minha boca encher de saliva.
Ele o abocanhou de um a um, enquanto eu lhe olhava sem fazer mais nada, pior que aquilo me deu sensações desconhecidas ao ponto que quando ele soltou a minha boca, eu não gritei mais, nem reagi, apenas ofeguei. Da mesma maneira que desatou, o fechou novamente. — Eu espero vê-la novamente, senhorita, e só para saber tem belos seios. — Suspirei fundo quando me vi vestida, o calor que tomou a minha barriga, ali entre as minhas pernas até a altura do meu estômago, era diferente.
Ao pegar na minha mão, saímos daquele lugar, e ao chegar a claridade, ele desapareceu, fiquei ali desorientada de um lado a outro, não sabia o que ou a quem procurar, de fato meus olhos queria ver aquele homem novamente, mas não o vi, no mesmo lugar de antes avistei o meu senhor de pé, olhando de um lado a outro, andei até a direção deles. — Ah, Aurora onde esteve? — A senhora perguntou com uma voz fresca, bem calma e baixa, parecia uma fada de tal maneira, mas já lhe conhecia de casa, sabia de perto o quão forte e alto ela pode falar.
— Não encontrei água, senhora, aqui não dá água. — Seus olhos me olharam de cima a baixo. — Onde esteve Aurora, você... você esta... — Parou quando o apito ressoou alto, olhei para os meus seios, não sabia que neles podia sentir algo tão, tão... desconhecido e incontrolável, mas senti, arrumei o vestido, passei a mão em meu cabelo, sobre aquele estranho nunca mais soube nada, o que ele havia feito comigo?
Tanto a senhora Margarida, como o senhor caminharam para perto do trem, pessoas desciam, algumas eram recebidas, outras saiam como se conhecesse tudo aquilo, mas de repente tudo ficou tão... tão diferente, era como se de fato, houvesse um nascer do sol em meio a escuridão, naquele trem desceu uma jovem de cabelos loiros tão alvos, olhos azuis, pele tão branca tão limpa, que talvez os anjos perdessem para ela.
O sorriso em sua boca alargou-se, estando na casa branca a um mês, eu nunca havia visto vestido tão belo como o seu, rosa com flores em tom rosas mais escuros, lindo tal como ela, de luva branca nas mãos. — Filha, minha filha querida e amada! — Era a primeira vez que eu vi o senhor sorri, era largo o seu sorriso como o dela, o da jovem, a senhora Margarida apenas esperou, enquanto o senhor no longo abraço pegou a jovem nos braços, ergueu para cima dele, lhe levantou no ar como uma bailarina.
— Alfred, Alfred pare, todos olham, irá envergonhar a nossa princesa.
— Mamãe, oh, mamãe, eu não me importo com o que pensam e a senhora sabe bem disso. — Quando ele lhe desceu do ar, ela foi para os braços da senhora que mal a tocou nas costas, era estranho, mas nunca entenderia a vida deles, tampouco os seus sentimentos, haviam dias em que o senhor dormia num quarto longe dela, e nem por isso ninguém na casa questionava, os meus pais nunca dormiram separados, por isso suspeitei que o mal deles, era não haver nem cama, e nem espaço de sobra em casa para se dá a tal luxo.
Pobre pai, pobre mamãe, em um mês nunca mais soube nada deles. — Olha, olha querida, arrumei uma acompanhante para você, para que a mande para onde quiser, faça o que quiser. — Sorri para aquela jovem, era mais que uma prece, ela tá linda como um anjo que eu tive certeza que daria o meu melhor para a mesma, por garantia que por não ofendê-la iria para o céu, era como se fosse uma obra de arte, feita pelo próprio Deus.
Com o sorriso largo na boca, esperei algo, que foi um olhar, ela me olhou, e logo o meu coração acelerou em muitas batidas. — Ao menos sabe ler? — Assenti, ajoelhei-me a sua frente, toquei no seu pé, como me foi ensinado. — Sim, senhorinha, estarei ao seu dispor, a qualquer dia, momento e hora que desejar. — Mas a minha submissão se transformou num riso. — Ah, o que é isso? Em que ano acha que esta? Que século?
A jovem de vestido rosa, deu-me as costas, virou-se caminhando, e como eu, a sua mãe foram largadas ao vento, sua atenção maior era única, seu pai. — Vá, vá, ajude com as bagagens da sua senhora. — Era o meu dever, dá o meu melhor, ajudando os carregadores, peguei seis malas da minha jovem patroa. A chegada dela ofuscará tudo que eu senti com aquele estranho que eu nem sabia o nome, alguns flashs dele passando a sua boca em meu queixo, fazendo um trilho de beijos em meu pescoço, vieram algumas vezes em minha cabeça.
Mas olhando para a fila de criados, para quem eu iria perguntar o que estava sentindo? — Aurora a partir de hoje sua missão é apenas servir a senhorinha, nada além que isso, obedeça a todos os seus pedidos e recados, tudo que ela lhe disse em confidencialidade, será segredo entre ambas, não deve sobre hipótese nenhuma ser revelado a ninguém. — Engoli em seco, a lista que ganhei em um mês de serviço, pensei que seria diminuída.
Mas ela simplesmente sumiu, toda e qualquer lista, resumiu-se a senhorinha. Aquela nobre e bela garota que é bela andando, sorrindo, falando, acenando, sim, a mim, foi dada a missão de servi-la, de agradá-la e guardar todos os segredos sobre ela, tudo que me contasse seria confidencial. Nos primeiros dias, tudo era tão comum, quando eu acordava, ela demorava duas ou três horas para acordar, a primeira missão do dia, era recolher seu xixi.
Trocar seus lençóis, depois ajudar a vesti-la, havia tantas roupas, que o importante era vesti-la e não contar, a vantagem com a sua chegada era o que os livros tornaram-se algo de acesso livre, não para mim, evidente que não, mas todos que ela lia, eu também, em segredo. A senhorinha após o café da manhã sentava-se no piano, e foi vendo o seu mestre lhe ensinar que eu aprendi, a tocar aquele instrumento magnifico, com uma cauda retumbante, destacando-se na grande sala.
Quatro anos passou-se diante dos meus olhos, quando ela fez vinte, eu completei dezenove. Apesar de ser diferentes as comemorações, para a dela a sua mãe enviou convite para grandes pessoas para la prestigia, a sala na primeira manhã antes ao seu aniversário ficou cheia de presentes, flores. Eu não vi tantas vantagens em receber tantas flores, sei que ela mal irá analisar cada uma delas, os presentes, os mais valiosos irá ficar, os menos serão guardados no sótão, podem haver alguma serventia no amanhã.
Enquanto para mim, lendo e relendo livros descobri que o aniversário não era uma data importante, exceto pelo envelhecimento, sem ele não era possível saber quantos anos temos de vida, é como cronometrar para a chegada da morte, ainda assim tudo que eu queria, era fechar os meus olhos e voltar àquele momento em que meu pai me perguntou se eu poderia aceitar tal proposta, o trabalho nunca acabava, as manhãs começavam mais cedo, e terminavam tão tarde, além de ninguém enxergar a criadagem.
Num baile do grandioso de vinte anos da minha senhorita, não é nada além que uma forma de dizer, olha temos uma filha em idade para casar, pelo menos é o que eu penso, para quê mais um pai e uma mãe faria tal festa? Apresentá-la a sociedade? De novo? Já não fizeram isso aos quinze? Aos dezesseis? Ainda assim penso não haver nada que não me faça ficar tão encantada, desde os tecidos coloridos. Os grandes e espalhafatosos vestidos coloridos no salão, além das músicas, comidas para todos, e bebidas, nas festas sempre aproveito de mais de uma garrafa de vinho, bebo no finalzinho da noite, mas não suspeito que a essa hora na minha aldeia nem todos tenha o que comer, a verdade é que não tem. Essa divisão de classe contratual, na verdade, é uma barganha que apenas se escreve lá nas terras desconhecidas, mas ninguém considera, na verdade, é lindo de se ler, mas tão distante de se viver! O enorme vestido da senhorinha Malvina é grande com tecidos brancos com detalhes dourados rendados, ela pe
Depois de sair do quarto da senhora Malvina, voltei ao meu, sentei-me na cama perplexa, estática como diria na física moderna, as ideias ou melhor a imagem circundando a minha cabeça, ele é o seu pai, nem na aldeia eu vi esse tipo de coisa, também se não tivesse ido lá agora eu não veria, existia isso na aldeia? Me perguntei. Os pensamentos não se organizavam direito, mas é pecado, ainda assim é pecado, mesmo que seja coisa de gente rica, mas é pecado, a não ser que Deus tenha olhos diferentes para as situações.Inebriada pelo que vi, peguei a jarra de alumínio virei o galão de vinho na boca, bebi por inteiro até me faltar ar nos pulmões, limpei a boca com as costas da mão, andei de um lado a outro, indo e vindo no pequeno calabouço, que é destinado a criadagem, a ideia de pecado, não saiu da minha cabeça. Bebi, bebi mas não me embriaguei, rolei na cama a noite inteira, se é que ainda poderia chamar aquilo ainda de noite.Pela manhã mole para levantar, ainda me levantei, vesti-me vend
Ser a criada da senhorita Malvina, não era ter o alivio com o seu casamento, descobri isto somente, assim que fomos visitar a sua casa, a casa que o senhor Florêncian presenteou os dois futuros casados. Uma casa linda em cores brancos e amarelo, com jardim, portões negros compridos, enquanto analiso cada comodo eu mal sabia o que senti, nausea? Dores antecipadas pelos trabalhos. Talvez, mas voltava a mim a cada grito e aplausos da senhora Margarida que com maior berro em excitação, aplaudia a tudo.–– Menos mamãe, essas não são as ultimas janelas de coleção em Paris. –– A senhorita Malvina não estava tão animada, enquanto a cada olhar que dava em direção a turma, sentia os olhos de Jacob sobre mim, como ele estava me procurando, se eu nunca havia lhe visto antes daquela rodovia? Andou vasculhando a cidade de peito em peitos? Os seus olhos me diziam palavras ou sentimentos que eu não saberia entender, mesmo lendo mil livros se fosse possível.–– Ah olha tem uma lareira! –– Desvecilhei
VII- AuroraOs dias findáveis finalmente chegavam, o longo vestido branco dourado com pedras em gotas espalhadas pelo tecido fino, era lindo, mas se algum dia eu me casasse jamais escolheria algo exagerado, exuberante, talvez esse homem pudesse algum dia existir, mas como não existia, casamento é algo além da minha imaginação, ajeitando ainda o véu, quando Maria chegou a porta, olhou-me, apontou com a cabeça pra fora.Abri os olhos, eu devo?Eu devo sair agora? –– Com licença, já retorno! –– Tampouco a costureira, nem mesmo a noiva, nem as as assistente deram-me atenção, passei pela porta. –– Seja breve. –– Abri os olhos, até sentir o pequeno bolo de dinheiro em minha mão, olhei para Maria, ela estava me dando a chance de ir embora? –– Seu pai esta nos portões dos... –– Nem precisou dizer o resto, sai correndo escadarias a baixo, o sapato preto, salto pequeno, o vestido cinza, corri para os portões dos fundo as pressas passei pela cozinha, não vi em quem esbarrei.Ao chegar aos jardins
Os preparativos do casamento começaram, a correria na grande casa burguesa aristocrata não era para amadores, se era a única amadora era eu. Malvina acordou ao meio-dia, o casamento estava marcado para as dezoito horas, o sino da igreja tocou permitindo que todos nós ouvissémos de casa. Depois do que houve não vi mais Jacob, e a verdade é que eu não queria vê-lo.–– Aurora já arrumou suas malas? –– Olhei para a Senhorita Malvina, para voltar para casa eu não precisava de malas. –– Qual será o meu destino após o seu casamento senhora? –– Não ergui os meus olhos ao pergunta-la, a mulher ainda embelezava a sua pele quando me perguntou, a porta do quarto foi aberta. –– Papai não deveria bater na porta antes de entrar? –– A sua voz de garota em transição para senhora, não mudou muito. –– Esta casa é minha entro e saio dela quando eu quiser. –– Foram as palavras como resposta, permaneci de cabeça baixa.–– Seu marido tem fundo suficientes para contratar dúzias de empregados minha querida, a
–– Ela não pode morrer! –– Cheguei naquela manhã desesperado a este mesmo consultório a alguns anos atrás. August ajeitou os óculos observando a mulher baleada em meus braços. –– Jacob não há muito o que fazer, ela já se foi! –– Não tinha como aceitar a partida de Elisa, não, isso era o mesmo que me matar. –– Coloque-a na cama, talvez Sízia tenha algo a dizer sobre isso. –– Coloquei a minha amada de cabelos longos, negros, crespos sobre a maca. Andei de um lado a outro, as paredes mudaram, Sízia se foi, August agora já não atende mais.–– Então o que ela tem? –– Petrônio virou-se me olhando, não era uma circuntância agradável ver a minha amada de pernas abertas na frente de outro homem. –– Digamos que você a machucou, deveria ter ido com mais cautela, afinal era uma donzela. –– A observei cobrindo-se envergonhada me olhando. –– Isso pode prejudica-la? –– O garoto somente ajeitou os óculos, suspirou fundo. –– Você acabou de se casar Jacob, como pode estar se estreitando a outras relaçõ
Tive certeza da minha loucura, estou louco, e não há como fugir do meu estado, deitei-me na cama tendo certeza que no dia seguinte procuraria qualquer médico, algum que me atestasse pela loucura que me deixei levar, a minha quietudade permaneceu junto ao arrependimento como pude me convencer de algo anormal por tanto tempo?Virei-me no meio da noite olhei para Malvina dormindo, é inocente, apesar do péssimo gênio não merece o que eu fiz, senti o peso na consciência, o correto agora já que me casei é dar-lhe o que de direito, ser um bom marido. –– Estas acordada? –– Perguntei na escuridão do quarto, mas só veio longos e compridos supirros, talvez fosse melhor assim, o melhor é desfaz-nos de Aurora, manda-lhe de volta a sua antiga morada. Viver perto dela é alimentar tal loucura.Levantei pelo quarto fui ao banheiro, lavei-me vagarosamente, cheguei a cozinha em busca do que me alimentar, destampei as panelas, ao terminar de saciar a minha fome, desci as escadas, cheguei ao seu quarto ve
–– Traga a sua dama de volta! –– As palavras que sairam da minha boca, após uma noite em claro ao lado da mulher com selei matrimônio não me surpreendeu, a mulher de cabelos longos loiros apenas moveu-se na cama. –– Papai não permitirá, quando ele cisma com algo só o deixa livre quando se cansa. –– Virei -me de imediato, confuso, aflito o que as palavras querem me dizer?–– Não estou lhes fazendo um pedido, es uma ordem. Não teremos filhos por hora, precisará de alguém pra lhe distrair, fazer-te companhia . –– Não precisavamos chegar ao extremo de dizer um ao outro que a nossa nupcias foram umfiasco ter relações com a senhora Scraam era igual ou como estar num quarto com a mais surrada mulher do bordell, até mesmo os seus gemidos soaram falsos . A angustia apenas crescendo por dentro,me fazendo lutarcom os meus demônios.––A Quero esta noite Malvina! –– Não omitir a minha exigência lhe vi sentar na cama de frente pra mim indagou-me irritada como se tivesse direito a algo. –– Como ousa