Evidente que era tão fácil como papai imaginava, as pessoas da corte não se misturavam aos meros sem titulos, era possível assistir os meros grupos formais rindo alto, conversando, olhando em volta pelo salão. Sabíamos pela tecelagem que poderia ser da corte e quem não, as jovens sempre em grupos rindo, muito bem vestidas em tons claros, rosas de diversas tonalidades, azuis também. Verdes, enquanto meu pai vagou para um grupo, tentei outro de cavalheiros, nosso objetivo é levar a vantajosa fortuna seja lá de quem fosse ao nosso pobre banco, pelo menos cheguei ao baile com esta intenção, até ver o jovem marinheiro em seu grupo de marinheiros olhando perdidamente de um lado a outro. A minha senhora enchia-se do vinho que descia em cascata para as taças, definitivamente mal chegaria a conhecer o filho do conde. Engatei-me a uma conversa com um barão até que a presença do duque e a duquesa de Brunvisque fora anunciada, somente a corte teve essa mordomia, toda a conversa fora cesada. A
– Poderia ter a honra de saber como um marinheiro teve a boa sorte de unir-se a uma linda e jovem dama? – Olhei aos olhos de Henrique, neles eu não vi nada, era como se não houvesse alma, eram apenas olhos para enxengar a sua cor, eu mal saberia dizer, um tom mel, aceitei a dança por ele ser o filho do anfitrião, e Sofia me dizer que eu devia isso a ele. Depois de Henrique me agredir com socos no rosto, tentar rasgar o meu vestido, aquele cavalheiro me defendeu de suas agressões, quando ninguém nunca fez o mesmo, para-lo, Constatine mal saberia a hora de começar, tampouco terminar. – Não sou da nobreza senhor, apenas uma jovem que servia como muitas criadas, ninguém que mereça atenção aos seus olhos. – Jacob nos olhava de canto, mas não somente ele, quase todos os olhos estavam em nós, quando os cavalheiros deram as costas das suas mãos, para as damas enconstarem as suas. Senti o calor do estranho de maneira desonroza no meu punho, retirei de imediato. – Não me parece alguém que já s
Meu nome é Layne Muniz Assunção, tenho vinte e quatro anos de idade, nasci numa cidade do interior baiano, não muito conhecida, somente pelos festejos juninos, as festas, comidas e a carne de sol, a frinha de mandioca da região, a não ser pela festa de são joão, ninguém mais procura a cidade no reconcâvo da Biahia, pelo menos não aqui em São Paulo, onde estou agora.Claro que vão me perguntar, o que uma baiana de vinte e quatro anos de interior, veio fazer aqui em Diadema, São Paulo, primeiro de tudo eu diria que por sonhos, claro que a minha mãe, dona Rosalia Muniz, te dirá em primeira instância que tudo não passa de fogo no rabo, como é muito comum na nossa terra natal, mas não foi tão assim, na verdade, pode até ser fogo no rabo, o combustível necessário para alguém sair do seu lugar de nascimento para uma terra desconhecida, somente com uma trouxa e medo, sim, medo, eu senti, mas não disse a ninguém.Mas a verdade é que eu sou filha de mãe solteira, irmã de três crianças, pelo meno
Inspire... Apenas expire e inspire Eliza. Inspire... Apenas expire e inspire Eliza. Inspire... Apenas expire e inspire Eliza. Disse a mim por três vezes seguida olhando para o homem que me casei forçada, a minha frente com uma arma apontada na minha direção, jamais deixarei o nervosismo me dominar, não me arrependo de nada do que diz, mas como não? Eu mereci tudo isto. Sorri nervosa, olhando para frente, não havia como fugir ou esconder, Ernesto me pegou na cama desprevenida, não tive como avisar a Jacob antes. De repente, todos viraram suas cabeças para o lado, bem lá, totalmente longe, é ele, somente ele. Apenas ele, este não seria o meu fim? Ainda não é o fim, a vida, o amor nunca tem fim. A minha respiração saindo pesada, ofegando, agora não tenho como correr, seria eu ou ele, e entre morrer ou ter que viver sem meu amor, morrer seria a melhor opção. Olhei pela primeira vez para Jacob a muitos metros de distância, galopando com presa, o tecido azul se destacando na roupa branc
Anos depois Fechei os meus olhos ouvindo e sentindo o encontro da água com o chão, mas antes do chão, o frescor da água encontra o meu corpo, a cada gota que encontra a minha pele, é como um alívio para a minha alma. A lama formava-se em meus pés, transformando-se barro, os fios de cabelos molhados grudando ao meu rosto, ainda de olhos fechados girei, senti o sabor de ter vida, e ser da aldeia, as meninas da cidade não tem estes momentos assim diz a minha mãe. Elas não podem aproveitar nada do que a natureza nos dá, do que vivem elas? Sempre pergunto. — Não sei, minha menina, simplesmente não sei. — Suspirei, querendo mais, amo quando chove, além de molhar à terra, trazendo água em fartura para nós, é bom para à terra, faz com que cresça os alimentos, a mesa fica cheia, mas nada se compara a água da chuva. — Aurora venha para dentro! — Meu pai grita ao me ver brincando com a água, a simplicidade de apenas ser e ter me encanta, me fascina. — Por que não entra menina? — Minha mãe rec
— O que houve com os seus sapatos? — Um homem gordo com um chapéu branco de pano na cabeça questionou ao me ver, apontou com uma colher de pau para os meus pés, eu também olhei para os meus pés. — Ela veio da aldeia, sabe como é esse povo.— Bichos do mato. — Este foi o primeiro contato que tive nesta casa. Andando por lugar em lugar, vendo o que cada um fazia, eu não disse uma palavra no primeiro dia, quando chegou a grande sala, de longe ouvia-se o som, era divino, algo tão mágico como aquilo eu nunca escutei na vida, quando a porta foi aberta, imaginei que não existia mais nada a conhecer, só queria saber de onde vinha tal som. — Querida se não me disser seu nome...— Aurora, meu nome é Aurora como o nascer do sol. — Disse com a voz trêmula, meus olhos afiados por tanta beleza que vi, aquela casa não era um lugar nem de longe imaginado em cada paragrafo, cada texto que li, cada livro, ela me apresentava a magia dos livros, a magia dos contos de fadas. Até as paredes tinha desenhos,
Não sabia o motivo que aquele homem olhou para mim, assim, havia pedido ajuda a outras e outros que apenas ignoraram, mas este parou. — Desejo água para a minha senhora. — Foi o que eu disse, inclinando com a cabeça na direção deles para ele, que os olhou e assentiu. — Água? — Afirmei, ele passou a minha frente, eu o segui, andamos pela estação até que chegarmos aos fundos de um lugar com grade. — Aqui tem água? — Perguntei e vi quando riu de maneira estranha, ele parecia zombar, mas como eu poderia voltar?— Aqui não se dá água, senhorita, sua senhora deve ter ficado entediada, pelo menos deu-lhe dinheiro? — Neguei, quando ele entrou no lugar, escuro, parecia ser um quarto, mas não tinha cama. — Entre! — Abriu a mão para eu fazer o que ele disse. Neguei, dei um passo para trás, quando o mesmo colocou o braço a minha frente. — Não aconselharia que uma moça tão... — Seus olhos desceram ao decote do vestido, tive raiva, já não bastava o senhor da casa?— Acabou de dizer que não dá água a
Num baile do grandioso de vinte anos da minha senhorita, não é nada além que uma forma de dizer, olha temos uma filha em idade para casar, pelo menos é o que eu penso, para quê mais um pai e uma mãe faria tal festa? Apresentá-la a sociedade? De novo? Já não fizeram isso aos quinze? Aos dezesseis? Ainda assim penso não haver nada que não me faça ficar tão encantada, desde os tecidos coloridos. Os grandes e espalhafatosos vestidos coloridos no salão, além das músicas, comidas para todos, e bebidas, nas festas sempre aproveito de mais de uma garrafa de vinho, bebo no finalzinho da noite, mas não suspeito que a essa hora na minha aldeia nem todos tenha o que comer, a verdade é que não tem. Essa divisão de classe contratual, na verdade, é uma barganha que apenas se escreve lá nas terras desconhecidas, mas ninguém considera, na verdade, é lindo de se ler, mas tão distante de se viver! O enorme vestido da senhorinha Malvina é grande com tecidos brancos com detalhes dourados rendados, ela pe