A SECRETARIA VIRGEM DO CEO E A SUA DUPLA IDENTIDADE
A SECRETARIA VIRGEM DO CEO E A SUA DUPLA IDENTIDADE
Por: Nick Mariah
Prólogo

Alice

Me olho no espelho. A minha boca está pintada de um batom vermelho que nunca ousei usar. Meus seios estão presos por um sutiã de aros tão pequenos, que me deixa constrangida. Eu uso uma calcinha fio-dental cheia de micro pedras de brilho. Meus pés estão envoltos em saltos agulha. O rosto? Enfiado debaixo de um capuz parecido com aqueles que os bandidos usam nos assaltos a banco. Mesma coisa.

Meu Deus, uma puta!

Eu não consigo entender o porquê a minha vida chegou a esse ponto em que me encontro agora. Tudo caminhava tão bem. O início da minha faculdade... O trabalho que meu pai me conseguiu na J’Passión... Meu pai havia se casado com Diana... Estávamos morando no Bronx, NY. Até que veio o acidente!

O Sr. Augusto Vilas, meu amado pai, trabalhava há 20 anos como motorista do Hernandez Johnson, meu chefe. Eles eram muito amigos, havia um forte elo de confiança entre os dois.

Sr. Johnson era um homem simples e, para mim, não existia patrão melhor no mundo. Havia pagado a minha faculdade e ainda me dado uma vaga de emprego na empresa dele.

Ah! Quanta ilusão!

Não que ele tenha sido alguém ruim, até porque a parte do emprego era real. É só que o meu pai havia mentido para mim e Diana, a sua segunda esposa, todo o tempo.

Sr. Hernandez nunca pagou pelo meu curso na universidade. Na verdade, meu pai tomou um empréstimo com um agiota — Bem barra-pesada — para pagar pelo meu curso. Sim!

Meu pai e o senhor Johnson sofreram um acidente de carro, ficando ambos em situação grave. Permaneceram em estado vegetativo por todo esse tempo, cerca de dois anos, até que há quatro meses o senhor Hernandez descansou e, ironicamente, no mês seguinte meu pai também se foi.

Ao longo desses dois anos, dívidas foram se acumulando com o hospital. Algumas coisas o plano de saúde não cobria e eu precisava pagar essas despesas extras com o meu salário de secretária. Mesmo já tendo pagado uma boa parte, ainda tinha um residual considerável a pagar. Eu achava que essa dívida restante — que somavam pouco mais de trinta mil dólares — fosse desesperadora, mas eu estava muito enganada!

Assim que o caixão do meu pai entrou na gaveta, três meses atrás, eu fui interceptada por um homem sombrio, ainda no cemitério. Ele carregava nas mãos uma pasta, e nela, uns documentos que atestavam que Augusto Annésio Vilas devia para ele 260 mil dólares, mais os juros. Quase me joguei na cova porque, sinceramente, eu estava morta!

Não tínhamos nenhuma mísera reserva de dinheiro. O pecúlio do seguro de vida de papai já tinha subido na poeira devido as cirurgias. E, como eu já disse, não cobriu todas as despesas, pois ainda ficou aquele residual que eu parcelei em centenas de vezes para conseguir quitar.

De onde eu tiraria todo esse valor?

Além disso, o miserável deixou claro que caso eu não conseguisse pagar a dívida, seria obrigada a casar-me com ele. Ou pagava, ou se casava, ou morria.

A pressão da notícia foi tão grande que Diana passou mal logo após o tal do Brenner, o agiota, sair da nossa frente. Eu mal tinha assimilado o que me foi dito, quando a levei ao hospital. Assim que ela saiu da sala de exames, o médico trouxe consigo mais uma pancada: Minha madrasta, que era como uma mãe para mim, estava com esclerose múltipla. Um lado de seu corpo estava paralisado e ela ia precisar de fisioterapia e medicação contínua.

Eu também fiquei paralisada. Nem lágrima mais descia.

Desesperada era elogio. Quem sabe a palavra pânico chegue próximo do que senti. E ainda sinto. Brenner quer dinheiro todos os meses, e o valor não é pequeno. Cada mês que deixo de pagar a dívida toda, soma mais juros. É uma bola de neve! E a doença de Diana precisava ser tratada, não tinha cura.

Foi no mais completo terror e angústia que apelei para a Vanessa. Amigas de toda uma vida, feita no antigo bairro que morávamos, recorri a ela. Vanessa seguiu um rumo até então diferente do meu, embora nunca estivéssemos afastadas uma da outra. Ela escolheu ser acompanhante de luxo, teve seus motivos para isso e não julgo.

Van já havia me inteirado, há tempos, sobre como funcionava o esquema e o dinheiro que rolava. Era muito dinheiro MESMO. Também era uma opção melhor do que vender drogas ou me casar com o tal homem tenebroso. Então, liguei para ela e pedi que me colocasse nisso, porque não havia outra maneira de conseguir dinheiro rápido para pagar aquele agiota.

Eu precisava também bancar as despesas de aluguel da nossa casa. Morar no Bronx era mais caro que em Staten Island, porém era mais próximo do meu trabalho e da faculdade.

E tinha o juros! Pai amado, o juros! E a fisioterapia da Diana, e os remédios. O hospital, a comida, as contas básicas, as despesas da graduação... Céus! A pensão dela e meu salário não dariam para tudo isso.

Era o jeito encarar aquela proposta nada decente, porque o prazo para o próximo pagamento do Brenner já estava encerrando. Há duras custas consegui quatro meses com ele para começar a pagá-lo. Três meses já haviam passado e eu não tinha mais escapatória. Mesmo vendendo coisas materiais de valor, não havia conseguido nem 5 mil dólares. A quem eu queria enganar? Não havia escolhas.

Assinei a papelada semana passada, passei pelas instruções necessárias, fiz exames médicos, aulas e aqui estou eu.

Nervosa! É como me sinto. Meu primeiro dia na boate! Estou me sentindo suja, mesmo que com esse capuz na cara ninguém me reconheça. Eu não me reconheço!

Respiro fundo! Sopro! É agora!

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