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— Bom dia! — Proferi para Amanda assim que passei pela porta giratória na entrada do prédio. Ela me aguardava ali. Minha amiga era pau para toda obra, a gente era cúmplice dentro daquela empresa. Ela estava a par do meu segredo e por isso grudou em meu braço, louca para ouvir sacanagens.
— Bom dia! Estou ansiando para saber todos os detalhes do seu submundo. — Me disse entre risos.
— Só no horário de almoço. — Avisei-a. — Hoje é a estreia do chefinho novo e quero estar concentrada em meus afazeres. Preciso ganhar a amizade dele. Não aguento mais o Mário. — Virei os olhos ao citar o nome daquele infeliz. Estávamos diante dos elevadores. Amanda e eu trabalhamos no mesmo andar, mas em setores diferentes.
— Certo. Aguardarei. Até porque também espero não ter que olhar mais para aquele homem pavoroso. — Revelou. — Por mim ele volta para o financeiro, de onde ele saiu, e permanece lá por todo o sempre. — Ela ergue as mãos aos céus, pedindo clemência.
Amanda trabalha no setor de marketing. É a secretária da poderosa Sra. Bettany Johnson. A mulher é uma visionária em publicidade e minha amiga a venera. Não é para menos, ela é demais! Não entendo por que se recusou ao cargo de CEO interina, até a chegada do filho. Se bem que, sim, eu a entendo. Sra. Johnson não tinha como assumir um posto destes com toda a aflição que estava vivendo.
O imenso salão era preenchido apenas por mesas e não havia divisórias entre elas. Somente o CEO dispunha de tal regalia e nisso eu possuía vantagens, pois a minha mesa de trabalho ficava dentro da sala dele e me deixava isolada dos demais, do barulho das vozes e teclas e das fofocas. Contudo, havia uma parede de vidro entre nós. Com as cortinas persianas abertas, poderíamos nos ver o dia todo. Esse detalhe tinha sido um terror, até então, pois olhar a cara do Mário por dois anos fora um verdadeiro martírio. Ainda bem que ele fechava as cortinas durante a tarde e me dava a alegria de poder fazer minhas caretas para ele e falar sozinha sempre que queria.
Subimos de elevador até o nosso andar. Amanda ficou em sua mesa e eu segui para a minha. Busquei as chaves da sala em minha bolsa e abri a porta. Lancei minha tiracolo preta e surrada no móvel a ela destinado e liguei computadores, os ares-condicionados e luzes da sala. Da minha e do chefe. Retornei para a minha mesa, ajeitei uma maquiagem leve para cobrir as olheiras e abri as planilhas.
Eram 8h em ponto quando o telefone da minha mesa tocou.
— Diretoria Executiva, Alice, Bom dia! — Atendi.
— Alice, o seu chefe chegou. O novo! Que delícia! — Amanda disse depressa e sussurrado, e desligou.
Coloquei o aparelho na mesa e passei a mão nos cabelos. Eu estava com meu rabo-de-cavalo de sempre. Ele abriu a porta e eu me levantei.
Céus! Fiquei corada porque... caramba! Sr. Ethan... Gato! Gostoso!
—Bom dia, Sr. Johnson! Alice Vilas! — Estendi minha mão para ele. Ele sorriu para mim.
— Bom dia, Srta. Vilas — Tocou a minha mão. — Eu prefiro que me chame de Ethan, por favor. Você é a filha de Augusto, sim?
— Sou, sim. — Confirmei. Ele sorriu de maneira larga e meu dia estava ganho. Quanta diferença em relação ao interino maldito. E nem estou comparando pela beleza. Aquele babaca sequer sorria de nada.
— Me acompanhe até minha sala, temos algo para tratar. — Alertou e meu corpo enrijeceu automaticamente.
Serei demitida? Trocada? Não... Por favor, não diga que aquele sapo vai continuar sendo meu chefe!
— Claro! — Respondi e passei pela porta que ele mantinha aberta esperando eu passar. Sentei-me sem convite. Estava suando de tanto nervosismo.
Ele se sentou na cadeira de frente a mim, atrás de sua mesa e mexeu em sua pasta em busca de um papel.
— Alice... — Iniciou e minha barriga contraiu em pânico. — O meu pai estimava muito o seu. Eles eram realmente bons amigos e a confiança era a palavra-chave da relação entre os dois. — Fez uma pausa e pigarreei porque sabia o que viria. Vou ser demitida.
— Verdade! — Concordei.
— Eu quero que a nossa relação de trabalho seja exatamente como a deles. Não de maneira unilateral. Eu também quero ser objeto de sua confiança. Não quero que sejamos engessados no tratar um ao outro, quero ouvir você, suas ideias, quero que me aponte as falhas e quero que possamos ter uma amizade, saber que posso confiar totalmente em você me deixa tranquilo.
— Isso significa que continuarei aqui! — Afirmei em voz alta. Ele sorriu.
— Sim. Te assustei? — Ele perguntou sorrindo e sacudi a cabeça positivamente, rindo em resposta. — Não se preocupe, não vai sair. Até porque existe uma cláusula em seu contrato de trabalho que diz que você não pode ser demitida da empresa. — Ergui a sobrancelha para ele. — Foi um presente da minha mãe para você, uma maneira de a gente poder compensar o ocorrido com seu pai, que o levou embora de nossas vidas, assim como levou o meu também. — Explicou e arregalei os olhos para aquela informação.
— Minha nossa! Muito obrigada! — Eu disse emocionadamente. As lágrimas não foram obedientes. Ele pegou um guardanapo em sua gaveta e me entregou. — Eu ainda nem agradeci o suficiente pelo funeral. E agora mais essa? — Sorri em meio às lágrimas.
— O seu pai trabalhou por muitos anos para nós. O funeral era nosso dever. — Ele disse. — Mas, não quero lágrimas aqui. Quero resultados e sorrisos de muitas vitórias que conquistaremos em equipe. — Disse. Concordei, ainda sem palavras. Enquanto eu secava as lágrimas, espiei o rosto lindo do meu chefe, enquanto ele sacava mais papéis de sua pasta.
Que homem! Mesmo já o tendo visto na versão adulta, por fotos, havia me surpreendido com tamanha beleza. O seu ar despojado contradizia com seu terno elegante. Cabelos desarrumados, de tom loiro escuro, combinavam com a barba por fazer de seu rosto. Ethan tinha uma tonalidade incrível de írises, que beiravam estreitamente o laranja, protegidos por cílios densos e longos. Era magnífico! E seus lábios... Céus! Faz quanto tempo que eu estou encarando meu chefe? Porque eu perdi a noção do tempo e da moral e fui pega no flagra encarando a sua boca rosa e carnuda por tempo demais. Tentei disfarçar, ele sorriu de lado.
— Preciso que assine uns papéis, certo? É sobre o contrato de emprego vitalício. — Ele disse e me entregou os papéis. Minha mão estava trêmula.
Que vergonha! Fui totalmente antiprofissional.
— Tudo bem! — Respondi. — Obrigada mais uma vez. E se me permitir, gostaria de ir até o setor de marketing para agradecer a sua mãe por este presente.
— Nem precisaria pedir, se ela estivesse aí. Minha mãe viajou a trabalho. — Sacudi a cabeça e lhe dei uma olhada rápida, apenas para confirmar que o ouvi, voltando a encarar os papéis que eu assinava, antes que eu cometesse o mesmo ultraje.
— Você ficou diferente do que me lembrava. — Afirmou e fiquei como um tomate maduro.
— Espero que seja um diferente bom! — Eu disse. Ele sorriu alto.
—Sim, com certeza é. Nos vimos pela última vez creio que ainda crianças, eu devia ter uns 12 anos e você uns 10. — Me disse e não tive como não olhar para ele novamente, com esse comentário. Ele sorriu e me encarou de maneira profunda, baixando os olhos em seguida.
— Acho que está certo. E, a propósito, você mudou bastante também. — Eu disse. Ele meneou a cabeça.
— Para falar a verdade, não lhe reconheceria, em outras circunstâncias, como sendo a filha de Augusto. — Declarou.
Sorrimos um para o outro, em cumplicidade.
Ele tinha covinhas nas bochechas. E seus olhos eram brilhantes demais.
— Alice do céu, como está sendo trabalhar de frente para aquela rica paisagem? — Amanda perguntou, enquanto segurava a bandeja de comida. Ela vinha logo atrás de mim, enquanto fazíamos nosso prato, no refeitório.
— Difícil. Preciso falar para mim constantemente a palavra foco! — Explico. Sorrimos. — Lindo, simpático, simples e acessível. Só estou esperando agora os defeitos.
— Todos perdoáveis. Já viu aquela bunda? Analisou? É perfeita! — Minha amiga comenta. Sorrio novamente. Eu e ela amávamos olhar as bundas masculinas.
— Sim! Eu vi muito bem. Até porque já percebi que ele tem o hábito de falar ao celular andando pela sala. E as persianas abertas durante toda a manhã me permitiu avistar aquilo tudo e com detalhes. Eu estou ferrada! Não rendi 1/3 do comum. — Ela sorri alto e me dá tapinhas de conforto. Ela me entende.
Sentadas nas mesas mais afastadas possíveis dos ouvidos alheios, começamos a almoçar.
— Agora comece a contar, Annie. — Ela ordena, erguendo a sobrancelha em desafio ao proferir meu codinome.
— Foi diferente do que eu esperava. Ninguém força a barra, não dá para saber quem é quem. Tudo muito sigiloso, sabe? — Contei. O interesse de Amanda era genuíno, então prossegui nos detalhes. Aproveitei para contar do Mark, sobre o desejo dele em ser meu primeiro cliente no sexo e sobre meu próprio comportamento em relação a ele.
— Talvez você possa ir devagar, não? — Aconselha.
— Preciso de dinheiro e acho que vender o momento vai me ser mais lucrativo. Mais difícil também, para mim. Me sinto horrível dizendo isso. Fazendo isso. — Confesso. Amanda alisa a minha mão, em consolo.
Conversamos mais um bocado e depois retornamos para nosso andar. A minha sala estava vazia, o chefe tinha saído para almoçar, por isso fui para o sofá e deitei-me ali um pouco.
Quando o chefe chegou, eu estava em meu lugar. Estava acompanhado de Tereza, uma das designers do marketing. E ao que se parece, pelo que ouvi nos grupinhos de fofoca, ela e o atual CEO já tiveram um breve romance.
Tereza é enteada de Mário, e sempre frequentou a casa e ambientes em comum com o Ethan. Parece até que estudaram juntos, ou coisa parecida. Sinceramente, não gosto muito dela. A acho chata, esnobe e interesseira.
Sr. Ethan olha para mim por mais tempo que necessário ao entrar e meu rosto esquenta, mas não desvio. A ex-namorada o segue sem perceber nossa troca de olhares um pouco indecente.
Ethan não fecha as persianas enquanto eles estão na sala de vidro. Senta-se em sua cadeira e mexe no computador, enquanto Tereza parece não parar de falar nem para respirar. De cá da minha mesa o vejo várias vezes olhando para mim, por cima da tela de seu notebook. Fico me perguntando, qual seria sua curiosidade sobre mim? Será que fez uma investigação minuciosa e descobriu que tenho um contrato de trabalho com a Sex?
Sorrio de mim. Claro que não.
— Chegou um pouco tarde, hoje. — É a Vanessa quem diz. Ela já me aguardava dentro de seu carro, para me dar a carona para a faculdade.Estou em meu 7º semestre do curso de Engenharia Química, falta apenas meio ano para me formar. Contudo, mês que vem já iniciam as seletivas de estágios e estou ansiosa para estagiar na J’Passión. Ela tem a própria fábrica de seus cosméticos. Com orgulho, digo que são os melhores do mercado nova-iorquino na atualidade. Tanto, que é o queridinho das grandes célebres contemporâneas. Quero muito uma oportunidade de fazer parte do time que cria esses produtos. Apesar de amar ser a secretária do CEO.Já a Van estuda Ciências Contábeis, e está quase se formando.Enquanto trafegamos, ela me faz as mesmas perguntas que Diana e Amanda me fizeram, sobre o primeiro dia na boate e dou-lhe as mesmas respostas.Vanessa acaba me dando uns conselhos importantes e aproveito para fazer minhas notas mentais.Assim que amanhece o dia, me levanto. Talvez eu ande animada dem
Sábado. Meus olhos abriram com dificuldade após o barulho insistente do despertador.Fiz o de sempre que devo fazer pela manhã e depois retornei para o meu quarto, pegando no sono como se não tivesse levantado. Próximo da hora do almoço acordei de novo, isso porque meu celular tocava de forma insistente.— Alô? — Proferi sonolenta.— Alice! Está em casa? — Era Amanda.— Sim, estou. Estava dormindo até agora. — Sorri ao dizer.— Então desperte, porque estou chegando e levando uma lasanha para nós. Richard está no futebol com os amigos e eu não quero ficar em casa sozinha, pensando besteiras. — Avisou. Sorri e meu estômago roncou com a notícia da lasanha.— Te aguardo. Vou pedir um vinho por delivery. — Eu disse. Precisava de uma bebida alcóolica. Eu ainda teria que ir até a boate de novo e não sabia se resistiria ao toque do Mark, caso eu o visse.Levantei, tomei banho e saí do quarto. Diana estava sentada no sofá da sala, assistindo uma programação na TV. Um desses shows de calouros m
Aceitei e fui conduzida para a pista de dança. Ele se aproximou de mim e me abraçou pela cintura, me fazendo apoiar as mãos em seus ombros fortes.Mark é mais alto que eu. Ele usa uma camisa de manga comprida preta de linha. Calça jeans preta. Seu perfume impregna minhas narinas. Seu capuz preto também é de lã.Dançamos uma música lenta, com batidas remixadas. Enquanto nos movemos de um lado a outro, ele alisa minhas costas, vez ou outra. Seu corpo está muito perto.— Queria que fôssemos para o quarto. Prometo que não irei forçá-la a nada, só quero ficar a sós. É estranho te tocar em meio a todo mundo. Acho que isso a faz se sentir mal. — Diz, em meu ouvido.Concordo. Não há muito o que se fazer, mais dia, menos dia, eu irei para a cama com ele.Subimos. Estou tensa, por mais que me force a não estar. Mark pega um quarto no último andar. Uma cobertura muito bonita. De verdade, aquele lugar nem de longe parecia ser destinado ao fim que lhe era imposto. Era um quarto bonito, chique, neu
— Certeza que pode me acompanhar? Eu não estou atrapalhando nada? — Ethan me pergunta, virando o rosto para mim. O encaro sorrindo, seus olhos brilham em minha direção, naquele tom alaranjado fascinante. Nossos olhares ficam presos e confirmo que podemos ir com gesto de cabeça. Ele olha para os meus lábios. Me ajeito no banco, tirando o cabelo da frente do rosto e o colocando detrás da orelha. Nervosa. Céus!— Eu sou estudante de química. Não sei se você sabe. — Conto. Ele dá partida no carro e saímos. Ele aciona o ar-condicionado.— Eu sei. Analisei seu currículo. Gosto de saber um pouco mais sobre as pessoas que trabalham comigo. — Me diz. Olho para ele, que me olha em retorno. Sorrimos.— Quero estagiar lá na fábrica. Já me inscrevi para as vagas. — Ele ergue a sobrancelha.— Vai me abandonar? — Pergunta e faz um olhar de tristeza, em brincadeira.— Não! — Respondo, aos risos. — Será apenas à tarde e parte da noite. Gosto muito da área da cosmetologia, tenho muito a ganhar caso con
— Eu conversei com você em nosso primeiro dia sobre estabelecermos uma relação semelhante à de nossos pais. Confiança, parceria, amizade. Lembra? — Confirmei, ao passo em que ele prosseguiu. — Por algum motivo que desconheço, não percebi isso hoje, vindo de você. Pedi a sua ajuda, não só porque teve a brilhante ideia, mas porque confio em você. Nos entendemos, temos intimidade para conversarmos abertamente sobre qualquer assunto. Pelo menos foi o que pensei. Isso mudou? — Seu olhar era como uma lâmina afiada sobre mim.— Não. Entenda, eu não quero me envolver em algo que não domino. — Justifico, sem jeito.— Alice, não questionei o seu domínio. Eu quero a sua opinião, não sua decisão. Quero ouvir você, gosto da maneira como lida com as coisas. Eu tive minhas observações e queria compará-las com a de alguém que confio e que não faz parte da equipe. Isso se chama lisura. — Ele argumenta. Suas mãos seguravam o tampo de vidro da sua mesa.Respiro fundo, resignada. — Okay. Não gostei da pr
— Dany? O que foi? — Perguntei. Ela nunca havia conversado comigo dentro daquele lugar.— O seu cliente e Pfeiffer estão no gabinete. O que nosso chefe queria com você? — Ela perguntou. Parecia um pouco insegura.— Saber quando irei aceitar sexo. — Ela abaixou a cabeça. Continuei. — Porém, contei que estava decidida quanto ao Mark e que não iria abrir negociações. — Ela pareceu até respirar melhor após saber. — O que me intrigou foi o recado que me deu. Relembrando sobre a regra de confidencialidade total.— Ah, ele sempre nos lembra sobre isso. Já houve casos de clientes que quebraram o protocolo. Não imagina a dor de cabeça que rolou. A propósito, vai ter que tomar anticoncepcionais. Já está fazendo uso? — Confirmo que sim. — Annie, não esqueça do preservativo. Isso é muito importante. Não ceda a nenhuma investida sem preservativo. — Alertou.— Fique tranquila. Sou virgem, não tola. — Assegurei. Ela aquiesceu e saiu para buscar seus clientes.Permaneci dançando por meia hora, até qu
Toda essa conversa me fez esquecer um pouco dos meus problemas, mas não os evitou. Segunda-feira bem cedinho, o Brenner estava em minha porta. Seus homens, vestidos em macacões tipo de mecânicos, ficaram atrás dele.— Bom dia, Alice! — O homem sinistro de meia-idade saudou.— Bom dia! — Respondi, com seriedade. — Aqui está o cheque deste mês, mais o aluguel. — Estendi a mão com o papel contendo o valor a ser pago. Ele tocou e analisou-o.— Ótimo! Não vai me convidar para beber um café? — Perguntou. Eu o mantinha do lado de fora da casa.— Não. Estamos pagando aluguel, não tem direito a entrar na casa sem meu consentimento. Está no contrato. — Eu disse. Odeio a forma como esse homem me olha. Irônico. Ele sorri mostrando um dente prateado.— Como está conseguindo todo esse dinheiro? Uma simples estudante levantar 25 mil por mês... — Ergue a sobrancelha em desafio.— Isto é problema meu. — Respondo-o.— Tudo bem, Alice. Até mês que vem. — Ele avisou-me. Colocou o cheque em seu bolso do p
— Como assim vocês ficaram a sós e não deram uns amassos? — Amanda zombou. Estávamos na cafeteria. Eu contava para ela sobre o quase beijo de ontem, no Ethan.— O telefone dele tocou. Céus! O que eu estava fazendo, Amanda? Devo estar louca. Quem sabe não foram os hormônios? — Me culpo.— Não, Alice. Pare de coisinhas. Você e o Ethan só estão aumentando a tensão entre os dois. É lógico que esse beijo vai sair. Parem de pensar tanto. — Ela embroma.Reviro os olhos e pago meu café expresso, saindo de lá com o copo na mão. Na minha sala, faço meu rito de todos os dias e aproveito para soltar os cabelos que estavam presos. Meu batom é um rosa clarinho, suave, que combinava com a blusinha rosa que eu usava por baixo do terninho.Já estava de frente para o computador, digitando minhas pendências, quando ele chegou. Meu chefe, lindo, terno preto de corte moderno e camisa azul escura. Ele parecia muito forte usando esse traje. Seu porte físico era semelhante ao Mark em muitos aspectos. Seu per