Capítulo 3

— Vossa Majestade Rainha Vitória Malena Forense Trineth, aceita o Senhor Gerald Lowell, Marquês de Burlet, como seu legítimo esposo?

— Aceito! — estava segura de minha decisão.

— Senhor Gerald Lowell, Marquês de Burlet, aceita Vossa Majestade Rainha Vitória Malena Forense Trineth, como sua legítima esposa?

— Sim, aceito! — Gerald sorriu para mim em cumplicidade.

O atual Bispo do reino Dom Charles, nos abençoava em uma bela cerimônia e comemoração que foi festejada durante dois dias.

Gerald, agora meu esposo, havia me conquistado com sua gentileza e cuidado. Sempre muito carinhoso e atencioso, demonstrava desde que nos conhecemos o interesse por cortejar-me, e numa certa manhã, após um passeio em sua companhia, confidenciei aos meus pais que apreciava estar com ele e que o achava muito charmoso. Isso foi o suficiente para que meus pais, Anthony e Felícia, passassem a planejar uma futura união, que foi de absoluto interesse de Gerald e de sua família também.

Após vários encontros entre as famílias, passamos a nos ver, de forma que já não éramos mais somente amigos, e sim o futuro casal mais importante do reino. 

Para minha mãe Felícia aquela situação era perfeita, mais uma vez aconteceria um casamento com amor e não somente por negócios. Se eu o queria bem e o admirava, tudo estava em um bom caminho. Ele também demonstrava gostar muito de mim, ambos nos interessamos um pelo outro e a troca de olhares era evidente, o carinho com que ele pegava em minha mão era notório. Seria uma união abençoada com amor e cumplicidade, assim como foi para meus pais.

Então, com tudo planejado, nos casamos um mês após a minha coroação. Selamos nossa união, devido a interesses em comum, na certeza de que não havia esposo melhor para acompanhar e ser o parceiro da governante da unificação dinástica dos reinos de Minsk e Neveri. 

O Marquês de Burlet, meu esposo, era herdeiro de muitas terras em um condado distante, e seu pai, Lorde Timothy, afirmava que ele se encantou por mim logo no primeiro encontro, e como eu também demonstrei interesse por ele, logo tratou de conversar com meu pai, Anthony, e oficializar aquela propícia união, que seria de muita valia para ambas as partes. 

Meus dias eram ocupados por muitas atividades, porém, em meus momentos de lazer apreciava uma boa leitura e sempre era acompanhada por Gerald. Lamentava muito não ter conseguido viajar para estudar, pois tive que assumir minha herança desde menina, ao contrário de meu primo Aron, que estudava longe há muito tempo, tanto tempo que nem nos reconhecemos ao nos encontrarmos no bosque. Agora ele estava de volta, e aquele encontro fez meu coração disparar e bater mais forte do que o compasso ritmado da mais trágica encenação de um minueto.

Não sabia como agir, não entendia muito bem o que aquele torpor significava. Vi-me, em questão de segundos, entregue àquele profundo sentimento. Passei a dormir pensando nele, sonhar e acordar com a recordação de seu sorriso e de sua voz. Percebi em Aron olhares diferentes e a busca por um contato sempre que se aproximava de mim. Uma dama consegue perceber quando é desejada por um cavalheiro e, apesar de saber que aquele desejo era impróprio, não conseguia controlar meus pensamentos e aquele sentimento inesperado que surgiu como uma tempestade.

Vi-me enganada pelo meu coração, pois ao pensar que amava um homem, casei-me e acreditava estar feliz, porém, o destino me colocou diante de Aron, de quem eu só tinha lembranças de quando era apenas um menino. O que havia acontecido para que ele deixasse, de uma hora para outra, de ser apenas o meu primo desconhecido que morava longe e passar a ser o homem mais interessante e atraente do mundo aos meus olhos? Qualidades que, até então, eu só via em meu esposo, agora se intensificaram em Aron. Parecia que, novamente, a história que me foi contada estava acontecendo. O romance impossível entre a então Rainha Malena e o nobre Cavaleiro Aron. Aquela história de amor platônico se repetia, com seus descendentes. 

O sofrimento apertou meu peito naquele instante, fazendo-me desejar poder voltar no tempo, para não casar e esperar por Aron. Mais uma vez, o destino confabulava contra um coração apaixonado.

— Daria tudo nesse momento para ler seus pensamentos, minha amada! — Gerald aproximou-se sem que eu percebesse, me surpreendendo.

—  O que está dizendo, Gerald? Você assustou-me!

— Peço desculpas. Estás deveras distraída, com o olhar e pensamentos tão distantes que nem percebeu a minha entrada em nossos aposentos.

— Sinto muito, meu querido! Estava mesmo com os pensamentos distantes.

— Devo ousar perguntar-lhe do que se tratam esses pensamentos, ou seria muita indelicadeza de minha parte? — por um instante não soube o que responder e isso era algo novo para mim, que sempre tinha respostas para tudo —  Creio ser indelicado com esse comentário, perdoe-me minha esposa, não quis aborrecê-la, muito menos deixá-la constrangida.

— Não deixou, Gerald, estava apenas pensando em alguns assuntos importantes do reino, decisões que devo tomar e além de tudo isso haverá a festa para o meu primo. Temos muita coisa a fazer para que tudo dê certo. — Menti.

— Fique tranquila que seus tios estão providenciando tudo, não precisa se preocupar com esses detalhes.

— Muito bem então, um problema a menos para mim — tentei disfarçar, porém acredito que não fui muito convincente.

— E esse seu primo? Sabia que ele voltaria para esses tempos? —  ele parecia um tanto curioso por saber mais sobre Aron.

— Na verdade, não! Foi inesperado para todos. Meus tios sabiam que ele voltaria, no entanto, não tinham ideia de quando isso aconteceria, foi realmente uma grande surpresa para eles também.

— Então, foi uma agradável surpresa para todos!

— Certamente, meu querido. Todos ficaram felizes!

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