Capítulo 6

Era só ele se aproximar que todo aquele fogo retornava. Aron, que parecia perceber o quanto ficava diferente toda vez que nos aproximávamos, enlaçou minha cintura com muita delicadeza e passou a conduzir-me pelo salão, tentando fazer com que me acalmasse, porém, todo o seu esforço era em vão, qualquer atitude dele só fazia aumentar as minhas perturbações.

— Sou muito grato por receber-me tão bem e com uma festa. Não sabia como seria meu retorno e como me receberiam. Pelas cartas de meus pais imaginava que seria bem recebido, mas foram muitos anos longe e temia de certa forma esse retorno. Era muito menino quando fui embora acompanhado de meu tutor para estudar, então sabia que muita coisa havia mudado por aqui, inclusive sobre a vossa coroação e casamento.

— Fiquei ciente de tudo o que acontecia com vossa pessoa, seus pais sempre me contavam, e é claro que também aguardava o seu retorno, porém, ele me surpreendeu. Não imaginava que seria agora e não dessa forma.

— De qual forma minha prima se refere? A quantidade de tempo que passou, e por todos imaginarem que não voltaria mais, ou pelo nosso desastroso encontro no campo? — sorriu ao perceber que eu parecia mais descontraída e sorria também, mais leve do que quando começamos a dança.

— As duas formas, com certeza. — Ambos rimos, recordando daquele momento no bosque, contudo, o riso logo transformou-se e nossos olhares fixaram-se um no outro, fazendo parecer que ele podia, de alguma forma, ler os meus mais profundos pensamentos. Se realmente pudesse ficaria surpreso, com toda a certeza desse mundo, a não ser que fossem os dele também.

Foi ali que tive a certeza de que Aron mexia comigo de uma forma que jamais imaginei. Não parecia ser somente o amor entre primos que nasceram e conviveram por algum tempo, era um sentimento maior e mais forte do que havia sentido em toda a minha vida, e percebi que estava enganada quando acreditei que amava Gerald e que ele seria o meu amor para sempre.

— Vossa Majestade está ciente sobre os planos de nossos pais para mim, quanto ao trabalho a ser feito aqui no reino?

— Eles me confidenciaram em uma de nossas reuniões sobre o seu retorno e fiquei feliz por saber que voltaria para trabalhar conosco.

— Voltei sim! Para ficar e trabalhar no reino. É do vosso agrado? Ficarei muito feliz se assim for!

— Claro que sim! Será uma honra tê-lo ao meu lado no conselho me ajudando a reinar. Após a unificação dos reinos, temos trabalhado muito mais.

— Entendo e agradeço a confiança e por me aceitar de volta. Perdoe-me, esse não é o melhor momento para conversarmos sobre isso.

— Estás certo! Deixemos esses assuntos para um novo dia, hoje devemos apenas comemorar o vosso retorno.

— Sim, e devemos comemorar também o seu reinado e o fato de como aquela prima tão pequenina se tornou essa bela e estonteante Rainha. — O chão, que havia voltado aos meus pés, sumiu novamente com aqueles galanteios vindos de Aron, me fazendo corar.

Por dentro, meu coração acelerava e sentia meu peito subindo e descendo em um ritmo desenfreado, passei a não conseguir mais controlar-me e desviei daquele negro olhar que me possuía por inteira.

Terminamos a dança, sentindo um pouco mais o calor de suas mãos e desejando que aquele momento jamais acabasse. 

Nos despedimos com reverências e voltamos aos nossos lugares. A festa terminou e em nenhum outro instante que nossos olhares se cruzaram foi diferente. Havia uma cumplicidade, um desejo, um diálogo em cada olhar. 

Havia a necessidade de nos comunicarmos e de estarmos perto, um observando o outro. Aquilo parecia impróprio, e ao mesmo tempo, a coisa mais certa desse mundo.

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